É isto que se pede após assistirmos a mais um triste episódio de arbitragem no futebol nacional.
Coragem a todos os profissionais do Sporting Clube de Portugal, e não só, que, infelizmente, semanalmente, têm de enfrentar indivíduos com falta de carácter, sede de protagonismo e moralmente desonestos, dentro e fora do relvado.
Coragem às grandes instâncias do futebol português para que de uma vez por todas ponham fim às práticas criminosas que vêm ocorrendo há décadas e contribuam para o crescimento do nosso futebol, seja punindo árbitros, observadores e dirigentes, seja disponibilizando diálogos do var ou despenalizando profissionais injustamente sancionados.
Respeito pelos profissionais que apenas querem desempenhar o seu trabalho e que infelizmente, de forma ridicula se veem proibidos de o fazer.
Respeito pelos adeptos que querem ver bom jogos com os melhores intervenientes e discutir o espectáculo e não fenómenos praticamente sobrenaturais que insistentemente ocorrem.
Respeito pelas instituições que, com cada vez mais dificuldades, trabalham de forma séria com o intuito de atingir os seus objetivos desportivos e que ao serem condicionados veem em risco de ser comprometidos possiveis retornos financeiros que advêm da performance desportiva.
Agora, mais que nunca, contra tudo e contra todos. Venha o Benfica na segunda-feira.
Cada vez é mais notório que o futebol há muito que deixou de ser somente um desporto. É neste momento uma indústria que move pelo Mundo um número com demasiados algarismos. De tal forma é importante que, em países como o nosso, o desporto-rei ganhou estatuto de um Estado, dentro de outro Estado.
O nosso futebol tem tamanho poder que não há político que não goste de aparecer ao lado dos homens da bola. Então em competições europeias é vê-los. Mesmo que noutros desportos a presença de equipas lusas em finais seja mais frequente.
A propósito, gostaria de saber quantos políticos estiveram presentes no Pavilhão João Rocha aquando da Final da Liga dos Campeões em Hóquei-em-Patins entre o FC Porto e o Sporting. Acho que nem é necessário responder. Agora imagine-se o que aconteceria se fosse no futebol…
Este novel Estado pretende ser tão independente que nem permite a intervenção da justiça fora dos seus próprios tribunais.
Mas, como qualquer Estado que se preze, este tem também os seus aliados. E as televisões são um dos exemplos.
Venho agora discorrer sobre este tema porque ainda estou para perceber porque é que a final da Supertaça se jogará domingo perto das 21 horas. É que se não houver atrasos, nem prolongamentos, nem grandes penalidades, este jogo acabará por volta das onze da noite.
Os adeptos da equipa vencedora certamente irão ficar no campo até a sua equipa receber a taça. O que equivale a dizer que só muito perto da meia-noite esses mesmos adeptos estarão de regresso a casa. Agora imagine-se se houver tempos adicionais a que horas se sairá do estádio…
Seria bom que este Estado percebesse que realmente o futebol só existe… porque há adeptos. E estes deveriam ser os primeiros a merecer respeito. No entanto tal não acontece.
Os clubes envolvidos são os verdadeiros culpados, ao deixaram que a organização deste evento esteja não só refém de um canal de televisão, mas também por não se imporem perante os patrocinadores.
Percebo que o adepto de sofá é deveras importante. Mas aquele que vai ao estádio mereceria muito mais consideração por parte das entidades organizadoras.
O antigo presidente do Gil Vicente, António Fiúza, desfere hoje, em entrevista ao jornal Record, um ataque sem quartel ao actual presidente da Liga de Clubes, Pedro Proença, e não só. Entre as principais críticas, destacam-se estas:
"Pedro Proença é um pau-mandado da Olivedesportos"
"Esta gente não é séria"
"Este homem não tem carácter"
"O presidente da Liga é uma pessoa muito maleável, é falso e traiçoeiro"
"Já viu que ele [Pedro Proença] com todos estes imbróglios de emails e de greves dos árbitros só diz ´nim`?"
"Tenta passar entre os pingos da chuva"
"Quem esteve no sistema há uns anos? Foi o FC Porto"
"O presidente do Benfica não quis ficar atrás e tentou entrar no sistema"
"O sistema tem rosto, mas ninguém tem coragem de o denunciar"
"E o Apito Dourado? E os emails? Somos uma República das Bananas"
"Esses cinco senhores (Madaíl, Amândio de Carvalho, Pedro Mourão, Frederico Cebola e Cunha Leal) faziam parte de uma máfia. Um deles recebeu 100.000 euros para salvar o Belenenses da descida"
Será que depois destas arrasadoras declarações sobre o estado do futebol português e o papel da Liga, tudo vai ficar na mesma? O Governo, as autoridades judiciárias, a Liga, a Federação, irão ficar a assobiar para o lado?
A Liga de Clubes organiza as competições profissionais. Estas, fazendo fé neste testemunho e no que se vai ouvindo e lendo por aí, enfermam, no mínimo, de promiscuidades, conflito de interesses e tráfico de influências. Na medida em que este ruído prejudica o produto a ser vendido, a Liga não pode continuar inoperante. Não se trata de abafar o ruído, mas sim de atacar as suas causas. Da mesma forma que não se combate um cancro repudiando a opinião científica expressa pelo médico seu mensageiro, também não se vá agora calar as vozes que se queixam da não integridade das competições. Investigue-se! A Liga e a Federação não podem continuar à espera de uma decisão da Justiça Cívil. A Liga, a montante, tem de criar um Código de Ética do agente desportivo e legislação em matéria de prevenção de conflito de interesses, tráfico de influências e promiscuidade que puna exemplarmente quaisquer tipos de violações nesta matéria. A jusante, através da sua Comissão de Instrução e Inquéritos, também tem poderes para instruir processos contra os infractores. Já a Federação tem mecanismos, através do Conselho de Disciplina, para levantar inquéritos e definir procedimentos disciplinares. O que é que o consumidor final do produto conhece sobre quaisquer iniciativas nesta matéria dos dois organismos reguladores do sector? Sem tratar das causas, não vale a pena estar a criar mecanismos para punir quem se queixa de desigualdade de tratamento, assim a modos como matar o mensageiro, ficando tudo na mesma.
Por outro lado, o que vemos é determinados dirigentes constantemente penalizados por "lesão de honra e de reputação", ou seja, a justiça federativa é relativamente célere em matéria de punir quem se queixa, eventualmente de uma forma desabrida e que ainda não consegue provar. Se vier a ser claro para todos que os motivos de queixa eram válidos o que irá fazer o CD da Federação? É que a recente divulgação dos emails vem pôr em causa a honra e a reputação de muito boa gente. O problema é que isso não parece constituir motivo suficiente para punir os envolvidos, em sede desportiva, o que contrasta com os castigos já entretanto pronunciados. Mandaria o mais elementar bom senso que, estando as competições sob o radar da desconfiança, se investigasse o "modus operandi" que os emails abundantemente indiciam. Mas, sobre isto, a Liga continua a não dizer nada e a Federação limita-se a enviar informação às autoridades judiciárias. Eu não quero acreditar que os "mais de 30.000 euros mensais" que Fiúza alega ser o ordenado de Pedro Proença o inibam de tomar as atitudes correctas. Mas, se se sente bloqueado, obviamente demita-se. Isso, sem dúvida, seria uma posição honrada e que contribuiria para a sua boa reputação.
{ Blogue fundado em 2012. }
Subscrever por e-mail
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.