Entendo a necessidade específica de um central canhoto, embora tenhamos o Ewerton nos quadros, e por isso deixo aqui a minha humilde sugestão de um dos mais promissores centrais canhotos que vi nos últimos tempos: Milan Skriniar, actualmente na Sampdoria.
Onde, curiosamente, também joga um médio defensivo com muito potencial: Lucas Torreira. Mas que dificilmente encaixaria no perfil morfológico exigido por JJ para a posição.
O que escrevemos aqui, durante a temporada, sobre EWERTON:
- Edmundo Gonçalves: «Que dizer de um central que anda a passo, não faz um passe de jeito e que cada vez que a bola vai na sua direcção toda a equipa treme?» (16 de Janeiro)
- Eu: «Foi duas vezes à frente com vontade de marcar. À terceira resultou: grande desmarcação do nosso central, elevando-se ao primeiro poste e dando a melhor direcção ao canto marcado por Bryan Ruiz. Foi o primeiro golo do Sporting nesta partida e também o primeiro golo de Ewerton neste campeonato. Além disso teve um desempenho impecável na defesa, onde esteve sempre muito atento.» (22 de Fevereiro)
Esta noite ficaram desfeitos alguns fantasmas que começavam a instalar-se nesta caminhada do Sporting rumo ao título. Que fantasmas eram esses? Que o Sporting tinha tendência para sofrer golos e perder pontos em Alvalade.
Nada disso sucedeu hoje. Vencemos com relativa tranquilidade o Boavista num jogo quase sem casos e sem brindes da arbitragem. Os golos surgiram naturalmente, ainda na primeira parte, na sequência de lances de bola parada, marcados por Ewerton (37') e Bryan Ruiz (45').
É certo que o Boavista entrou bem em campo, exercendo pressão alta e mal deixando o Sporting assumir o controlo do jogo. Foi uma espécie de teia montada pelos axadrezados no meio-campo. Mas aos 20 minutos a nossa equipa libertou-se da pressão e mostrou-se em grande nível. Nesse período surgiram os dois golos, ficando o resultado final selado logo ao intervalo.
No segundo tempo voltou a haver períodos de equilíbrio e o Boavista podia até ter marcado com um remate indefensável que esbarrou na baliza à guarda de Rui Patrício. Mas João Mário (76'), Slimani (81') e Carlos Mané (81') quase ampliaram a nossa vantagem, forçando Mika, guarda-redes do Boavista, a duas grandes defesas.
Para mim o melhor em campo foi o regressado Ewerton.
RUI PATRÍCIO (7). Sempre muito interventivo, mostrou-se seguro durante toda a partida. Lançou muito bem o nosso ataque aos 19'. Boas defesas aos 59' e 78'.
SCHELOTTO (6). Vai ganhando ritmo e entrosamento com os colegas. Foi uma unidade móvel quase sempre em destaque. Faltou-lhe centrar com mais acerto.
RÚBEN SEMEDO (6). Jesus reiterou-lhe a confiança apesar da exibição menos conseguida frente ao Bayer. Começou intranquilo mas ganhou consistência ao longo do desafio.
EWERTON (8). Regressou à titularidade e fez tudo bem. Audaz, foi à frente procurando o golo. E marcou mesmo, de cabeça, aos 37'. Cortes defensivos impecáveis (77' e 84').
MARVIN (5). Esforça-se mas tarda em demonstrar a mesma utillidade que o ausente Jefferson. Falta-lhe mais intenção atacante e maior pontaria nos cruzamentos.
ADRIEN (6). Jogou na posição habitual de William, hoje ausente por acumulação de cartões. Voltou a evidenciar-se na dinâmica da equipa, embora sem a influência revelada noutros jogos.
JOÃO MÁRIO (7). Qualidade de passe, admirável domínio de bola nos espaços curtos, grande capacidade de desmarcação. Podia ter marcado aos 76'. Merecia esse golo.
GELSON MARTINS (7). Muito dinâmico, foi travado em falta várias vezes pelos axadrezados. Numa dessas faltas, aos 40', o árbitro poupou o cartão vermelho directo ao defesa agressor. Mereceu a titularidade.
BRYAN RUIZ (7). Começou a dar nas vistas aos 18' com um cruzamento soberbo que Teo desperdiçou. Marcou muito bem o canto de que resultou o primeiro golo. E marcou o segundo, de livre.
TEO GUTIÉRREZ (4). Jesus voltou a apostar nele como titular, mas foi mais uma oportunidade desperdiçada: o colombiano limitou-se a rematar uma vez para fora. Saiu aos 62', desta vez sem assobios.
SLIMANI (6). Muito marcado, desta vez ficou em branco. Andou demasiado tempo longe da zona de tiro. Rematou forte e bem colocado aos 81', forçando Mika a uma excelente defesa.
CARLOS MANÉ (6). Substituiu Teo aos 62', com melhor desempenho do que o colombiano. Quase marcou o terceiro golo numa recarga, acabando por rematar ao poste.
AQUILANI (5). Entrou aos 78', rendendo Gelson Martins. Nessa fase da partida, o treinador pedia contenção à equipa. Missão que o italiano cumpriu.
MATHEUS PEREIRA (4). Substituiu um fatigado João Mário aos 85'. Quase não chegou a ter tempo para mostrar os dotes que já evidenciou nesta temporada.
Da vitória. Consolidamos o comando do campeonato com o tranquilo triunfo obtido hoje em casa frente ao Boavista, por 2-0. Sem deslumbrar mas cumprindo o objectivo essencial: amealhar mais três pontos.
De ganhar sem sofrer golos. A defesa leonina cada vez mais se confirma como a melhor deste campeonato.
Da nossa boa organização ofensiva entre os 20' e os 45'. Foi o período em que acelerámos o jogo e conseguimos bons frutos. Os dois golos surgiram aí.
Do bom aproveitamento dos lances de bola parada. Ao contrário do que tem vindo a ser costume, os dois golos nasceram de jogadas de laboratório: um canto aos 37' e um livre aos 45'.
De Ewerton. Muito dinâmico, foi duas vezes à frente com vontade de marcar. À terceira resultou: grande desmarcação do nosso central, elevando-se ao primeiro poste e dando a melhor direcção ao canto marcado por Bryan Ruiz. Foi o primeiro golo do Sporting nesta partida e também o primeiro golo de Ewerton neste campeonato. Além disso teve um desempenho impecável na defesa, onde esteve sempre muito atento. Grandes cortes aos 77' e 84'. O melhor jogador em campo.
De Bryan Ruiz. Esteve um pouco abaixo da qualidade que já demonstrou noutros jogos, mas não lhe faltaram apontamentos bem reveladores do grande jogador que manifestamente é. Marcou de livre o segundo golo do Sporting.
De João Mário. Voltou a ser essencial na movimentação colectiva do Sporting. Poucos dominam a bola tão bem como ele. Quase marcou o terceiro golo, aos 76', forçando o guardião do Boavista a uma excelente defesa.
Da nossa estrelinha da sorte. Funcionou - e de que maneira - quando um remate indefensável do Boavista esbarrou aos 53' no poste da baliza leonina.
Do apoio das bancadas. Hoje acorreram a Alvalade 37.083 espectadores.
De vencer sem penáltis-fantasma. Não precisamos dos brindes de árbitros incompetentes.
De ver reforçada a nossa liderança. Continuamos em primeiro. Com mais três pontos do que o Benfica e seis pontos acima do FC Porto.
Não gostei
De ver o Boavista dominar no quarto de hora inicial do desafio. Há muito que não me lembro de um jogo do Sporting com tantos atrasos para Rui Patrício. Só ao minuto 7 conseguimos aproximar-nos pela primeira vez da baliza adversária.
Da agressão a Gelson Martins à cotovelada que passou impune. Aos 40' o nosso extremo foi alvo de uma falta que merecia cartão vermelho. O agressor axadrezado, Philipe Sampaio, nem amarelo viu.
Do estado do relvado. Os jogadores escorregaram inúmeras vezes, o que prejudicou a qualidade do espectáculo.
Da lesão de Coates. Titular nos últimos jogos, o internacional uruguaio desta vez nem chegou a ser convocado. É mais um defesa do Sporting com problemas físicos.
De Teo Gutiérrez. Voltou a ser o mais discreto jogador leonino. Mal se deu por ele em campo.
O Sporting assegurou Ewerton no clube durante as próximas quatro temporadas ao accionar a cláusula de rescisão prevista no contrato de empréstimo com o Anzhi, emblema russo. O nosso defesa central, que tão boas provas deu no terço final da época, mantém-se assim em Alvalade, por 1,5 milhões de euros - o valor daquela cláusula. Nos 11 jogos que efectuou com a camisola leonina, Ewerton foi titular em dez e marcou dois golos.
O que escrevemos aqui, durante a temporada, sobre EWERTON:
- Paulo Gorjão: «Ewerton conhece o nosso campeonato, jogou em tempos no Braga (os andrades chegaram a manifestar interesse nele), tem idade para justificar, porventura, outro tipo de investimento. Até nisso o negócio me parece bem feito: empréstimo com posterior opção de compra, se se justificar, por valor acordado que não é inalcançável.» (22 de Janeiro)
- Edmundo Gonçalves: «Pelo que mostrou, vai haver luta renhida pela titularidade no centro da defesa. Mostrou ser aquilo que penso ser necessário a este Sporting: menos macio, meter mais o pé, duro (sem ser violento).» (10 de Março)
- Eu: «Nota positiva nesta estreia como defesa titular. Revelou segurança e personalidade tanto nas situações de corte de bola como no lançamento das acções ofensivas da equipa. Falta-lhe ainda algum ritmo competitivo, mas fica a ideia de que se habilita a permanecer muito mais tempo como titular.» (15 de Março)
Da notória falta de motivação do Sporting. A nossa equipa deslocou-se à Amoreira disposta a cumprir os mínimos. E assim aconteceu. Fez o que pôde, que não foi muito, e veio de lá com um tristonho empate. O décimo do campeonato.
Da primeira parte. Como tantas vezes aconteceu ao longo desta época, demos 45 minutos de avanço à equipa adversária. Lenta, previsível, desenrolando mecanicamente o seu 4-3-3 clássico, a turma leonina facilitou o sucesso da manobra táctica do Estoril e foi para o intervalo a perder 0-1.
Da desorganização defensiva que permitiu o golo do Estoril. Aproveitando o adiantamento de Cédric, a equipa anteriormente treinada por Marco Silva fez o que quis no corredor esquerdo, galgando terreno e chegando ao golo com facilidade após uma sucessão de falhanços do nosso lado.
Que a nossa primeira oportunidade de golo tenha ocorrido sóaos 49'. Um grande cruzamento de Cédric para a cabeça de Montero.
Da falta de remates a meia-distância. Esta poderia ter sido uma forma de quebrar o bloco defensivo do Estoril. Mas raras vezes foi tentada. E, quando aconteceu, não obteve qualquer êxito. Contra a equipa que apresenta a segunda defesa mais batida deste campeonato.
Das ausências de Jefferson, Slimani e Nani. Fizeram falta.
Gostei
De Ewerton. Muito seguro na defesa, com cortes cirúrgicos e bom sentido posicional, foi ainda ele a ir à frente marcar o nosso golo, aos 55', na sequência de um livre lateral marcado por Carrillo e de um passe defeituoso de Jonathan Silva que o brasileiro acabou por aproveitar. O melhor sportinguista em campo.
De 20 minutos leoninos na segunda parte. Até aos 65'. Foi, de longe o nosso melhor período. Além do golo, tivemos neste período duas flagrantes oportunidades para vencer a partida: uma aos 57', com um grande remate de Montero à entrada da área; outra aos 64', com um cabeceamento de Tanaka após excelente iniciativa individual de Carlos Mané pelo flanco esquerdo. O guarda-redes do Estoril, Kieszek, correspondeu com grandes defesas. Depois o Sporting baixou os braços, como se estivesse satisfeito com o empate e definitivamente conformado com a terceira posição no campeonato.
Da poupança nos cartões. O árbitro Duarte Gomes mostrou amarelos a Carrilo e Cédric. Mas os nossos quatro jogadores que arriscavam ficar fora do desafio com o Braga - Carlos Mané, João Mário, Montero e Paulo Oliveira - foram poupados.
Que o Sporting não perca há nove jornadas. Um sinal claro de que a estabilidade finalmente se instalou no nosso eixo defensivo. E veio para ficar.
Que o Sporting se mantenha como a equipa com menos derrotas. Apenas duas, fora de casa: em Guimarães e no Dragão.
Da atitude dos adeptos do Estoril. Aplaudiram calorosamente o seu ex-técnico Marco Silva, confirmando que a ingratidão não tem de estar ausente dos estádios de futebol.
Foi talvez o cartão vermelho mais injusto desta temporada. Foi, pelo menos, o que recebeu mais críticas dos especialistas em arbitragem. Refiro-me àquele que, por acumulação de amarelos, o ainda árbitro Benquerença exibiu aos 64' para mostrar o caminho do duche ao nosso defesa Ewerton.
Não há uma só voz na imprensa de hoje que justifique o sucedido. Pelo contrário, Benquerença é arrasado em vários tons.
Fica o registo. Para mais tarde recordar:
Bernardo Ribeiro (Record): «Expulsão ridícula: Ewerton vê o segundo amarelo por pretensa falta sobre Suk, num lance em que o coreano se projecta. Má leitura de Olegário.»
Hugo Forte (A Bola): «Há falta de Ewerton sobre Suk, mas é claramente exagerada a decisão de Olegário Benquerença de mostrar o segundo cartão amarelo ao brasileiro.»
José Leirós (O Jogo): «Ewerton colocou o corpo e o braço, mas não agarrou nem puxou, apenas empurrou, derrubando o adversário. Falta bem assinalada, mas o amarelo não se justificava, muito menos sendo uma punição máxima de expulsão.»
Pedro Henriques (O Jogo): «Suk não tinha a bola dominada, estava de costas para a baliza e havia vários defensores por perto, razão pela qual apenas se justificava o livre directo, sem acção disciplinar.»
Jorge Coroado (O Jogo): «Suk, sendo asiático, já se latinizou demasiado. Antes, havia molhado a sopa no 'sururu' de Frederico Venâncio com Ewerton; aqui simulou e cavou bem a falta que levou à expulsão do sportinguista.»
Não faltaram jarretas, na altura, a desprezar a contratação de Inverno do Sporting. Hoje já ninguém tem dúvidas. Basta aliás espreitar as capas dos jornais desta manhã: Ewerton foi um excelente reforço e já pegou de estaca como titular na defesa. Além de mostrar aos avançados como se marcam golos.
De carimbar o acesso ao Jamor. Três anos depois, o Sporting volta a marcar presença na final da Taça de Portugal.
De ganhar. Mas cumpre reconhecer que o Nacional deu luta nas duas mãos. Lá, empatámos 2-2. Hoje a vitória foi tangencial, suada e tardia: só surgiu aos 85'.
De Ewerton. Autor do golo solitário, de cabeça, na sequência de um livre muito bem marcado por Jefferson. Confirma-se que foi um grande reforço para o Sporting: voltou a estar bem a defender, desta vez em parceria com Paulo Oliveira, revelando maturidade, segurança e qualidade de passe. Estreou-se a marcar pela nossa equipa. Golo merecido: é para mim o homem do jogo.
De Jefferson. Começou retraído, mas foi-se soltando à medida que o jogo progredia. Um dos melhores sportinguistas do segundo tempo, desequilibrando na sua ala em termos ofensivos. Participa na construção do golo: foi ele a marcar o livre ao qual Ewerton deu a melhor sequência.
De Carrillo. Muito batalhador, foi dos pés dele que saíram os melhores passes destinados a gerar golos, sobretudo na primeira parte. Serviu primorosamente Slimani aos 29', 33' e 60' - cruzamentos que infelizmente o argelino não aproveitou. Entendi mal a sua substituição por André Martins, aos 73': o peruano estava a ser um dos melhores em campo.
De Rui Patrício. Muito atento e seguro entre os postes. Fez três importantes defesas: aos 45'+1, 52' e 59'.
De ver os nossos jogadores com o equipamento Stromp. Salvo erro ainda não perdemos um jogo com esta bela camisola.
Que o Sporting permaneça invicto esta época no nosso estádio frente a equipas portuguesas. Até agora só o Chelsea venceu em Alvalade.
Não gostei
De sofrer tanto, uma vez mais. A tranquilidade só chegou aos 85'. A qualquer momento, se o Nacional marcasse num súbito contra-ataque, diríamos adeus à final no Jamor.
De tanta ansiedade da nossa equipa. Uma vez mais, muitas hipóteses de golos desperdiçadas (Slimani destacou-se hoje nesta matéria). Tivemos 17 cantos, mas fomos incapazes de aproveitar um só deles para nos adiantarmos no marcador. Houve mais coração do que razão.
Da falta de velocidade inicial. Quando acelerámos o jogo - no segundo tempo, enquanto permanecia o empate a zero - a diferença de classe entre o Sporting e o Nacional tornou-se logo mais notória. Podia e devia ter acontecido mais cedo.
De largos momentos do jogo. O Nacional soube anular algumas peças nucleares da nossa equipa - com destaque para William Carvalho e João Mário. Durante quase toda a primeira parte o nosso corredor direito mal funcionou. E no meio-campo sobraram passes falhados e faltou determinação nas recuperações de bola.
Do calendário da Taça de Portugal. A primeira mão desta meia-final tinha decorrido a 5 de Março. A segunda acabou de jogar-se mais de um mês depois. E só a 30 de Abril saberemos quem será o nosso adversário no Jamor: o Rio Ave-Sp. Braga disputa-se apenas nesse dia.
Ao ler as notícias que dão conta da péssima forma de Ewerton, as declarações de Marco Silva que dizem que o jogador brasileiro está "no nível zero" e, mais recentemente, o alegado interesse no defesa central Bruno Uvini, pergunto-me que estranha abordagem do mercado de Inverno é aquela que vem sendo feita pelo Sporting, em que se compram jogadores (Shikabala, agora Ewerton) que qualquer boa gestão desaconselharia.
Como no célebre filme "Filadélfia", alguém consegue explicar-me, como se eu tivesse 5 anos, como é que para a fase mais importante da época o clube vai contratar jogadores que vêm para fazer uma espécie de "pré-época", em vez de estarem prontos para entrar em campo?
Por muito que me digam que o investimento financeiro nesses jogadores apenas se reconduz aos salários, não deixa de ser dinheiro que é mal gasto e que poderia ser melhor aplicado (por exemplo, no scouting).
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