«O Sporting Clube de Portugal vive, sem margem para dúvidas, um dos períodos mais consistentes e vitoriosos da sua história recente.»
«Rui Borges conseguiu reinventar o colectivo, potenciando outros protagonistas e mantendo uma consistência competitiva notável. O capitão Hjulmand assumiu um papel central, não só como líder em campo mas também como elo de ligação entre a herança táctica do passado e a ambição renovada do presente.»
«Mesmo sem Ruben Amorim, o Sporting está à beira de provar que é uma estrutura vencedora, preparada para o presente e virada para o futuro. Com Rui Borges ou outra liderança, o caminho está traçado.»
Os 74,3 milhões de euros que o Sporting se prepara para receber pelas saídas de Quenda (17 anos) e Dário Essugo (20 anos), ambos para o Chelsea, configuram uma das melhores receitas da história leonina.
Cerca de 52,1 milhões pelo nosso ala, 22,2 milhões pelo médio - que vem jogando no Las Palmas, a título de empréstimo.
Quenda - lançado ainda por Ruben Amorim no onze leonino, onde não tardou a destacar-se, conquistando os adeptos - tem uma vantagem suplementar: vai continuar na próxima temporada ao serviço do Sporting, já emprestado pelo clube londrino, que lhe garante o pagamento do salário. Excelente notícia.
Estamos perante o segundo melhor negócio alguma vez fechado no futebol verde-e-branco. A escassa distância do primeiro. Bruno Fernandessaiu por valor mais elevado (65 milhões de euros), mas tinha custado 9 milhões à SAD leonina em Junho de 2017.
Quenda entra directamente para o pódio, na segunda posição. Custos, só os da formação.
Segue-se Ugarte, que saiu para o PSG por 60 milhões - mas o Sporting tinha apenas 80% do passe dele, recebendo portanto cerca de 48 milhões.
E depois?
Matheus Nunes (Wolverhampton), Porro(Tottenham) e Nuno Mendes (PSG), todos por 45 milhões de euros.
Anos antes tinham saído João Máriopor 40 milhões (Inter de Milão), Slimani por 31 milhões (Leicester), Nani por 25,5 milhões (Manchester United) e Adrien igualmente por 25,5 (também para o Leicester).
A lista dos "doze mais" encerra com Gelson Martins (transferido para o Atlético de Madrid por 22,5 milhões) e agora Dário.
Uma curiosidade: dois terços destes futebolistas são fruto da nossa formação - a melhor de Portugal e uma das melhores do mundo.
Outra: oito foram negociados durante o mandato presidencial de Frederico Varandas. Três (João Mário, Slimani e Adrien) são da era Bruno de Carvalho e há um (Nani) ainda do consulado de Filipe Soares Franco.
Há quem não goste? Paciência: as coisas são o que são.
Quando Ruben Amorim saiu, a 11 de Novembro, o Sporting tinha cinco pontos de avanço sobre o Benfica.
Quando Rui Borges chegou, a 26 de Dezembro, esse avanço fora anulado e o SLB até nos ultrapassara na classificação.
Hoje o Sporting segue com mais seis pontos do que os encarnados. A distância aumentou face ao período de Amorim, mesmo tendo o Sporting meio onze titular lesionado.
As coisas são o que são. Mérito de quem passou a comandar a nossa equipa.
Em quase cinco anos de permanência de Ruben Amorim no Sporting nunca o ouvi dizer uma frase, uma palavra, contra jornalistas. Nem contra árbitros. Nem contra treinadores, jogadores ou dirigentes de outros clubes.
Além de nos ter fornecido inegáveis provas de competência profissional, também nos deixou estes louváveis exemplos de civilidade desportiva. Mesmo quando empatava, mesmo quando perdia.
Rúben Amorim é claramente o treinador de referência nestes anos 20 do futebol português: duas vezes campeão. Roger Schmidt e Sérgio Conceição ocupam os restantes lugares do pódio, cada qual só com um título na Liga desde o início da década.
Ao fim de 28 jogos, temos mais golos marcados (83) do que Manchester City (76), Arsenal (75) e Liverpool (72) na Premier League, em 32 jornadas. Muito mais do que o PSG (65) também em 28 rondas do campeonato francês. Mais golos marcados do que o Bayer Leverkusen (74) e o Bayern de Munique (82) após 29 desafios na Bundesliga. Muito mais do que o Real Madrid (67) e o Barcelona (62) nas 31 jornadas já cumpridas da Liga espanhola.
Futebol de ataque? É no Sporting. Pontaria frente à baliza? É no Sporting. Capacidade de decisão no momento certo? É no Sporting. As coisas são o que são.
Arrefecidas as emoções, dissipada a azia, se calhar é altura de evidenciar o evidente, nomeadamente:
1. Que João Pinheiro, que anda a ser levado ao colo pela APAF, juntou mais um episódio ao já vasto cadastro de roubos ao Sporting, quer como árbitro quer como VAR. A lista de roubos de que A Bola dá notícia hoje peca apenas por defeito.
2. Que Frederico Varandas, ao contrário de intervenções anteriores sobre a arbitragem onde quis dar confiança a um APAF Fontelas Gomes sempre disponível para lhe enfiar uma faca nas costas, esteve muito bem naquilo que agora disse sobre o tema. E é exactamente nesse registo que o Sporting deve continuar, sem "ladrar ao vento" sem quaisquer consequências como fazia Bruno de Carvalho, mas sem deixar de passar em claro, sem calimerices, apontando factos evidentes, a parcialidade deste CA / APAF e o ressabiamento de determinados árbitros e ex-árbitros agora VAR ou comentadores relativamente ao Sporting. Isso inclui denunciar quaisquer tentativas desta gente de montar esquemas potencialmente ainda mais mafiosos do tipo Organismo Autónomo de Arbitragem ou lá o que seja. Frederico Varandas teve o pleno do Sporting com ele, incluindo até aparentemente a JuveLeo, tenha ou não tido mais uma cena canalha e caricata de mandar tochas para a área do Adán com o Sporting a ganhar.
3. Que Rúben Amorim tem de medir muito bem o risco antes de ir atrás da vitória num jogo desfavorável em vez de segurar o empate. O campeonato é longo e todos os pontos contam, é pela segurança do controlo do jogo e não pelo risco do descontrolo que o Sporting lá irá, quem não gostar de ver o Sporting a jogar por vezes para trás e para os lados que mude de canal para o campeonato inglês. E a equipa ter isso bem presente também. Sim, mas o Sporting foi campeão a arriscar no final dos jogos e a apostar na anarquia criativa? Realmente foi mas duvido que volte a ser. Se for ao casino, arriscar e sair de lá rico, o melhor que tenho a fazer é jogar com calma na próxima vez que lá voltar.
4. Que Hugo Viana, de acordo com Amorim, precisa de reforçar o plantel no mercado de Inverno a começar pela linha média. Pretender que nesta época St. Juste seria um Diomande, Bragança um Matheus Nunes e Essugo um Ugarte, se calhar foi mesmo sonhar acordado. Pretender que Trincão seria um novo Sarabia também. Em vez de dois altos e louros, deviam ter vindo três ou quatro. O melhor onze do Sporting continua a ser o melhor onze da 1.ª Liga. O problema é quando deixa de poder estar em campo.
PS : Comentários de papagaios azuis, assumidos ou travestidos de sportinguistas ou tasqueiros, seguem directamente para a ETAR.
Não faltam adeptos indignados com o seleccionador nacional de futebol considerando inadmissível que Fernando Santos tenha excluído jogadores do Sporting da mais recente convocatória.
Eu não me excluo deste filme. Cheguei a agradecer ironicamente a Santos ter mantido Pedro Gonçalves à margem da lista que divulgou, enquanto chamava "craques" como João Félix e Pedro Neto.
Devo, porém, reconhecer que neste preciso momento nenhum dos jogadores portugueses que integram o plantel leonino merece alinhar na selecção A. Até Pedro Gonçalves - que teve prestação medíocre frente ao Santa Clara e um desempenho calamitoso contra o Marselha em Alvalade - está muitos furos abaixo da excelente prestação revelada na época em que fomos campeões.
Morita (pelo Japão), Coates e Ugarte (pelo Uruguai) são convocados com regularidade para as selecções dos seus países. E até Sotiris, suplente no Sporting, vem comparecendo na equipa nacional grega. Mas isso é outra história.
Mais depressa se justificaria hoje a chamada de Edwards à selecção inglesa e de Porro (fora as frequentes lesões) à selecção espanhola do que a convocação de portugueses.
As coisas são o que são e não aquilo que gostaríamos que fossem. Lamento muito.
Nos últimos doze títulos e troféus de futebol profissional disputados em Portugal, desde que Frederico Varandas ascendeu à presidência do Sporting, vencemos cinco. Tantos como Benfica e FC Porto somados. Os restantes dois são do Braga.
Fica a lista, indesmentível:
Sporting,5 - Campeonato 2021, Taça de Portugal 2019, Taça da Liga 2019, Taça da Liga 2021, Supertaça 2021
FC Porto, 3 - Campeonato 2020, Taça de Portugal 2020, Supertaça 2020
Benfica, 2 - Campeonato 2019, Supertaça 2019
Braga, 2 - Taça de Portugal 2021, Taça da Liga 2020
Pode ser surpreendente para alguns, até para uns quantos adeptos leoninos, mas nas últimas três épocas futebolísticas o Sporting é o clube português com mais títulos - a par do Porto e perdendo apenas um troféu na comparação com os azuis-e-brancos.
Em títulos, no mesmo período, o Benfica segue empatado com Aves e Braga.
Fica o inventário, para evitar certas inverdades que vou lendo e ouvindo por aí, até em órgãos de informação que tinham a obrigação de perceber um pouco mais de futebol:
- FC Porto: 3 títulos e 1 troféu (campeonato 2018, Supertaça 2018, campeonato 2020, Taça de Portugal 2020)
- Sporting: 3 títulos (Taça da Liga 2018, Taça da Liga 2019, Taça de Portugal 2019)
- Benfica: 1 título e 1 troféu (campeonato 2019, Supertaça 2019)
- Aves: 1 título (Taça de Portugal 2018)
- Braga: 1 título (Taça da Liga 2020)
Nestas coisas, o melhor é argumentarmos sempre com a linguagem dos números. Que não enganam.
Chegamos agora ao fim de mais uma década desportiva e, no capítulo do futebol, o balanço não podia ser mais desolador:
Campeonatos: zero.
Taças de Portugal: duas (2015 e 2019)
Supertaças: uma (2015)
Taças da Liga: duas (2018 e 2019)
Entre 2011 e 2020, portanto, apenas cinco troféus - nenhum deles o mais cobiçado - em 40 possíveis.
Só um por cada oito.
Nesta triste década tivemos cinco presidentes, um dos quais interino: José Eduardo Bettencourt, Godinho Lopes, Bruno de Carvalho, Torres Pereira e Frederico Varandas.
No mesmo período, passaram pela equipa principal do Sporting nada menos do que 16 treinadores: Paulo Sérgio, José Couceiro, Domingos Paciência, Ricardo Sá Pinto, Oceano Cruz, Franky Vercauteren, Jesualdo Ferreira, Leonardo Jardim, Marco Silva, Jorge Jesus, José Peseiro, Tiago Fernandes, Marcel Keizer, Leonel Pontes, Silas e Rúben Amorim.
Destes, apenas três inscreveram os nomes na galeria de vencedores: Marco Silva (uma Taça de Portugal numa só época em Alvalade), Jorge Jesus (uma Supertaça e uma Taça da Liga em três épocas) e Marcel Keizer (uma Taça de Portugal e uma Taça da Liga em dez meses). Todos foram despedidos após a conquista do último troféu - único, no caso de Marco Silva.
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Campeonatos nacionais de futebol conquistados pelo Sporting por décadas, a partir dos anos 40:
1941/1950: cinco 1951/1960: cinco 1961/1970: três 1971/1980: dois 1981/1990: um 1991/2000: um 2001/2010: um 2011/2020: nenhum
Esta foi, portanto, a primeira década em que não conseguimos festejar sequer um título de campeões nacionais.
3
Enquanto não assimilarmos estes factos e estes números, extraindo deles as devidas conclusões, nada de significativo mudará no Sporting. Excepto para pior.
Cromo da série Salazar era lampião: o ditador, muito sorridente, posa com a equipa do "seu" Benfica em 1961. Entre outros jogadores, a imagem mostra Coluna, Costa Pereira, Germano, Cavém, José Augusto, Mário João, Cruz e Santana.
Vimos do Funchal com um empate: 1-1. O pior começo de campeonato do Sporting desde a época 2014/2015, quando sob o comando de Marco Silva empatámos pela mesma marca com a Académica em Coimbra.
Em Agosto de 2015, na jornada inaugural, vencemos fora de casa o Tondela por 2-1.