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És a nossa Fé!

Afonso Moreira merece lugar neste plantel

Everton, 1 - Sporting, 0 (jogo de preparação)

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Rúben Amorim: cada vez menos dúvidas sobre a escolha do onze titular

Foto: António Cotrim / Lusa

 

A esta hora, Rúben Amorim tem certamente cada vez menos dúvidas sobre o onze titular da sua equipa que entrará em campo na jornada inaugural da Liga 2023/2024, frente ao Vizela. Salvo questões do foro clínico, a única grande incógnita relaciona-se com esta questão: chegará ou não o novo médio defensivo a tempo de integrar os trabalhos do colectivo leonino antes do apito inicial do campeonato?

Se havia incógnitas, ontem ter-se-ão dissipado no último jogo de preparação do Sporting na temporada prestes a terminar. Testes a sério, nada de amigáveis com equipas da terceira divisão suíça. Enfrentámos o segundo classificado do campeonato belga (Genk), o quarto e quinto da exigente La Liga (Real Sociedad e Villarreal) e agora, em Liverpool, o Everton - da Premier League, o mais competitivo campeonato do planeta futebol. 

Recapitulo aqui os nossos jogadores que agora entraram de início: Adán; Eduardo Quaresma, Diomande, Gonçalo Inácio; Geny, Morita, Daniel Bragança, Matheus Reis; Pedro Gonçalves, Trincão e Gyökeres. Quase todos com exibição positiva.

Estivemos, portanto, desfalcados de três titulares habituais. Coates nem seguiu viagem, magoado. Paulinho, também com queixas musculares, ficou de fora. Nuno Santos está parado há vários dias, fazendo companhia a St. Juste nas sessões de recuperação física em Alcochete.

 

Foi a nossa primeira e única derrota desta pré-época - tangencial, em casa do adversário, debaixo de chuva copiosa e com temperatura muito abaixo da média, mais parecia fim do Outono do que auge do Verão. O golo solitário do Everton foi marcado aos 45'+2, de penálti, nesta partida sem vídeo-árbitro, num lance mais que duvidoso, em que a bola parece embater no braço de Eduardo Quaresma estendido no chão após lhe tabelar no corpo.

Em futebol corrido, ficámos empatados. Israel viu a bola arrancar tinta ao poste esquerdo da baliza à sua guarda - num tiro de Onana, o melhor da turma inglesa, aos 74'. Mas onze minutos depois Pedro Gonçalves fez o mesmo, num remate em arco, mais em jeito do que em força, já com o guardião Pickford batido. Teria sido outro golaço do nosso n.º 8.

 

Novidades? Várias.

Desde logo, um inédito trio defensivo: Quaresma à direita, Diomande (em estreia nestes jogos de preparação) ao meio, Gonçalo Inácio à esquerda. Também em estreia, o duo titular no corredor central: Morita e Daniel Bragança. Com o primeiro a disfarçar a principal lacuna da equipa, imitando o melhor possível a tarefa habitual de um médio defensivo - algo para que não tem vocação inata no plano táctico.

Ao nível das ideias de jogo, dois factos merecem registo: abdicámos aparentemente daquela "saída de bola" lenta, pastosa e previsível que nos consumia precioso tempo e dava alento aos adversários; e reforçámos em larga medida o ataque à profundidade, onde aquele que é até agora o nosso único reforço, Viktor Gyökeres, parece sentir-se como peixe na água.

 

Nas bancadas do histórico Goodison Park, onde a selecção portuguesa cilindrou a Coreia do Norte nos quartos-de-final do Mundial de 1966, talvez houvesse ainda testemunhas desse jogo mítico, em que virámos um resultado negativo de 0-3 transformando-o numa vitória por 5-3. Com um Eusébio do outro mundo, um Simões a brilhar na ala esquerda, um Coluna como inteligente médio de transição e um bloco defensivo onde avultavam três leões: Hilário da Conceição, Alexandre Baptista e João Morais.

Neste recinto, que não tardará a ser demolido, o Sporting apresentou-se sem complexos nem temores, praticando um futebol fluido embora com desequilíbrios pontuais. Matheus Reis foi muito mais contido na ala esquerda, contrastando com um exuberante Geny no lado oposto. Gyökeres parecia estar em todo o lado - e protagonizou a melhor oportunidade do primeiro tempo em lance corrido ao cabecear com intenção e força, para a defesa da noite de Pickford: só este conseguiu travar o endiabrado internacional sueco.

 

Na tarde fria de Liverpool, registava-se 1-0 ao intervalo. E assim ficou até ao fim.

Faltava ver talvez o melhor da equipa portuguesa, mesmo sem traduzir essa boa exibição em golos. Aos 69', Rúben Amorim fez quatro trocas simultâneas que aumentaram a dinâmica da equipa e foram encostando a equipa inglesa ao seu reduto e a recorrer em excesso ao jogo faltoso (cartões amarelos por faltas "alaranjadas" sobre Esgaio e Morita). 

Se a troca de Daniel Bragança por Mateus Fernandes pouco adiantou, já na ala esquerda Afonso Moreira trouxe muito mais dinâmica, na comparação com um apático Matheus Reis. Estamos perante um jovem cheio de talento que merece não apenas integrar o plantel leonino como fazer parte das apostas efectivas do treinador. Duas das nossas três oportunidades de golo neste segundo tempo tiveram a marca dele.

Quem já não esteve do nosso lado foi Chermiti: vai estrear-se dentro de dias como profissional do Everton. Desejo-lhe boa sorte, mas creio que muda para pior.

 

Breve avaliação dos nossos:

Adán. Grande exibição enquanto esteve em campo, durante todo o primeiro tempo. Salvou dois golos no mesmo lance, aos 33', com defesas aparatosas. Só lhe faltou parar o penálti aos 45'+2.

Eduardo Quaresma. Melhora de jogo para jogo. Enfrentou sem temor Onana, o melhor do conjunto inglês. No lance do penálti, já no chão, a bola embate-lhe no braço. Faltou o VAR para ver à lupa.

Diomande. Estreia nesta pré-temporada leonina, precisamente no jogo de encerramento. Logo com a responsabilidade de ocupar o posto do ausente Coates. Cumpriu, com nota positiva.

Gonçalo Inácio. Oscilou entre o menos bom, quando pareceu pecar por falta de velocidade, e aquilo que mais se espera dele, nos passes longos, a lançar o ataque. Foi capitão na segunda parte.

Geny. Cria desequilíbrios na ala direita. Não vira a cara aos duelos, vai para cima do adversário e centra com critério. Falta-lhe apurar o remate. Falhou por pouco aos 67', a rasar o poste.

Morita. Quem disse que não aguenta 90' em campo? O japonês desfez esta dúvida, numa das missões mais desgastantes, em constante vaivém entre o meio-campo e a defesa. Fundamental.

Daniel Bragança. Distribui com precisão, alterna o passe curto com o passe longo, sabe pensar o jogo. Peça importante na organização do nosso meio-campo.

Matheus Reis. Demasiado contido nas incursões pelo seu corredor, indisciplinado quando mais se lhe exigia cabeça fria, arriscando o cartão. Foi o segundo mais fraco do nosso onze titular.

Pedro Gonçalves. Esteve no pior durante o primeiro tempo (três vezes servido por Gyökeres, desperdiçou com remates à figura) e no melhor no segundo (acertou no poste aos 83').

Trincão. A chuva copiosa e o relvado empapado em nada facilitaram o seu futebol tecnicista. A verdade é que passou ao lado do encontro. Amorim confiou nele sem ser correspondido.

Gyökeres. Dispôs da melhor oportunidade da primeira parte, num forte cabeceamento para defesa apertada de Pickford (9'). Combativo, surgiu em excesso nas alas. Tem de jogar mais no centro.

Israel. Jogou toda a segunda parte, sem sofrer golos. Ainda apanhou um calafrio, quando viu Onana atirar a bola ao poste (74').

Mateus Fernandes. Rendeu Daniel Bragança aos 69'. Sem vantagem para a equipa, excepto no refrescamento físico. Arrisca-se a passar outra época na obscuridade.

Esgaio. Substituiu Geny aos 69'. Entrou com energia e vontade de mostrar serviço: faz-lhe bem ter concorrência. Melhor momento: um centro rasteiro, aos 80', oferecendo o golo a Afonso.

Edwards. Entrou para o lugar de Trincão, aos 69', e pareceu menos apático. Protagonizou bom lance individual aos 83'. Mas agarra-se demasiado à bola ou desinteressa-se dela. Tem de melhorar.

Afonso Moreira. A maior surpresa. Entrou muito bem aos 69', substituindo Quaresma. Veloz, intenso, agitou o corredor esquerdo. Atirou com perigo à malha lateral (80'). Tiro a rasar o poste (90'+2). 

O dia seguinte

No último dos jogos de preparação o Sporting perdeu com o Everton no seu estádio de Liverpool por 1-0. Com Genk, Real Sociedad e Vilarreal foram 2V,1E,1D com equipas das primeiras Ligas da Bélgica, Espanha e Inglaterra, equipas chatas e durinhas, excelentes para identificar os pontos fracos do modelo e do plantel de acordo com os objectivos desta temporada sem presença na Champions.

Sem Coates, Paulinho e Nuno Santos, e debaixo de chuva constante, o onze colocado por Rúben Amorim em campo deixava a desejar do ponto de vista físico, com os baixinhos e macios Bragança e Morita muito juntos no miolo, um Catamo falso extremo que pouco defendia na ala direita, e dois interiores também eles semelhantes fisicamente. A falta de poder de choque no meio-campo deixava Quaresma entregue à sua sorte e os dois outros centrais em trabalhos forçados em lances iniciados nas costas de Catamo. Do outro lado, um Matheus Reis mais recuado e um Pedro Gonçalves deambulando pela zona central deixava toda a ala para as arrancadas de Viktor, tarefa que o esgotou precocemente. Trincão tentava sem grande sucesso ser a cola daquilo tudo, ajudando a defender na esquerda e a transportar a bola pelo centro.

Com isto uma primeira parte de oportunidades para os dois lados, as maiores do Sporting por Pedro Gonçalves e Catamo, e um penálti duvidoso a fechar a primeira parte de Quaresma, julgado sem recurso ao VAR para perceber se houve remate contra o braço, ou um ressalto do corpo para o braço.

 

Na segunda parte o Everton apertou ainda mais no meio-campo. O Sporting passou por dificuldades, a perder bolas que davam contra-ataques perigosos, com Morita "de cadeirinha" a marcar com os olhos e Bragança a trote atrás de médios adversários a galope. No ataque, com o sueco já sem a mesma disponibilidade, os lances eram resolvidos com centros por alto a que Pickford e a sua defesa chamavam um figo. 

Vieram então as substituições. Saiu todo o lado direito do onze: Catamo, Quaresma, Trincão e Bragança. Esgaio e Edwards equilibraram o jogo desse lado e com Afonso Moreira muito activo do outro, tudo foi diferente. As oportunidades começaram a surgir, Pedro acertou na barra e Afonso teve dois remates que mereciam melhor sorte.

 

Se dúvidas ainda existissem, este jogo tornou evidente a falta dum 6 fisicamente possante que faça esquecer Palhinha. Deixou de haver saída a jogar desde o guarda-redes atraindo os avançados contrários para ganhar espaço atrás deles, passou a haver a intenção de colocar a bola rapidamente no sueco para com as suas arrancadas desestabilizar a defesa contrária e ajudar a surgirem os espaços por onde aparecerão Pedro Gonçalves e Trincão a rematar ao golo.

Mas se a bola rapidamente chega ao ataque, tambem rapidamente pode voltar e o meio-campo tem de ter capacidade de parar as iniciativas do adversário, preferencialmente sem falta e em zonas distantes da linha defensiva. Morita e Daniel Bragança, se individualmente já têm grandes carências a esse nível, como dupla não servem de todo.

Imaginando que chega o tal 6, dinamarquês ou brasileiro, e "pega de estaca", o resto do onze titular está mais ou menos definido. Com Pedro Gonçalves a médio ou a avançado, e Paulinho a entrar para o lado do sueco, conforme os adversários e o momento do jogo:

Adán; Diomande, Coates e Inácio; Esgaio, o tal 6, Pedro Gonçalves e Nuno Santos; Edwards, Viktor e Trincão.

Na retaguarda todos os outros, mas Afonso Moreira é mesmo craque.

Sem lesões a atrapalhar não estaria nada mal. Com mais um 6/8, melhor ainda, já que um St.Juste recuperado terá sempre lugar no onze, mesmo que na ala direita. Quem quiser perceber porquê basta rever o Arsenal-Sporting.

SL

Marco Silva

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Em cinco anos e três meses de consulado Carvalho, que englobou quatro treinadores, foi ele o único a conseguir um título digno desse nome. A Taça de Portugal 2015. Recebeu como paga dessa conquista o despedimento imediato, com a cumplicidade e o aplauso de figuras que então gravitavam em torno do desvairado presidente e se apressaram a virar a casaca assim que o vento soprou em sentido contrário, tipo "antifascistas de 26 de Abril".

Para o lugar dele chegou alguém a embolsar dez vezes mais sem conseguir vencer nada de relevante. Mesmo assim, Marco Silva manteve a classe: ninguém o viu envolvido em sessões públicas de lavagem de roupa suja - especialidade de quem o despediu em Alvalade. Hoje no Reino Unido, como treinador do Everton, acaba de ser notícia em todo o mundo com a goleada que aplicou ao poderoso Manchester United. E segue em sétimo na classificação da Premier League: a sua equipa é a primeira após os Seis Grandes (Liverpool, City, Tottenham, Arsenal, Chelsea e United). 

«There may have been some doubts expressed about Silva's position not so long ago, but this blistering run of home form - and a style which will win full favour from Everton's fans - surely means he will be given time to build, as he should», escreve a BBC, entre elogios à «devastadora forma» apresentada pelos toffees em campo. 

Marco Silva merece estes elogios. E merece também uma palavra de apreço dos sócios e adeptos do Sporting que não são ingratos, conservam boa memória e jamais se deixam iludir com bravatas verbais destinadas a disfarçar a ausência de troféus.

{ Blogue fundado em 2012. }

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