Depois do empate em casa do campeão neerlandês em título e actual líder invicto do campeonato, o Sporting segue com 4 pontos no grupo “do meio”, aquele que vai ter de conquistar num “play-off” a passagem à fase seguinte. Dos seis adversários seguintes, três seguem com zero pontos no grupo “de baixo” a lutar pela fuga à eliminação.
Segue-se a visita ao Sturm Graz. Em caso de vitória ficamos com um pé no "playoff" e podemos gerir os jogos com os dois "tubarões" ingleses com a maior tranquilidade.
Chegados aqui, importa relembrar o percurso europeu do Sporting com Amorim ao comando, deixando de lado as comparações com treinadores e épocas imediatamente anteriores:
Num Jogos: 34
Vitórias: 12
Empates: 11
Derrotas: 11
Golos Marcados: 52
Golos Sofridos: 48
As equipas que nos derrotaram foram todas de países de ranking UEFA superior a Portugal excepto uma:
Alemanha (2) – B.Dortmund, E.Frankfurt
Italia (2) – Atalanta, Juventus
Inglaterra (1) – Man. City
França (1) - Marselha
Holanda (1) – Ajax
Áustria (1) – Lask Linz
Estes números mostram um Sporting bem diferente das competições internas. O balanço é positivo mas está longe de demonstrar um estatuto de grande europeu.
Alguns dirão que tudo tem a ver com o treinador e o modelo de jogo. Para mim a questão é a insistência (justificada pela vertente financeira) em plantéis curtos e falhos de peso e altura em termos europeus, mesmo que tenha havido mais recentemente uma evolução importante nesse sentido.
Repare-se que em Eindhoven, com quatro lesionados no plantel, tivemos de recorrer a dois jovens da B, Mauro Couto e Luís Gomes, que nem sequer são destaques nessa equipa, para preencher o banco de suplentes. Porque os melhores tinham vencido o mesmo PSV para a Youth League horas antes. Saímos de lá com mais um lesionado, Diomande, e aquilo pareceu grave.
Dos jogadores de campo do onze inicial, metade eram pesos-pluma (Quenda, Morita, Nuno Santos, Trincão e Geny) sistematicamente a perder no confronto físico com os corpulentos adversários, a levar "no osso" jogada após jogada, muitas vezes assistidos no relvado.
Que falta fazia neste Sporting um jogador como Shouten (27 anos, 1,85m) para permitir rodar quatro médios entre a Liga e a Champions. Mas não havendo Shouten porque não promover no imediato para a equipa A um dos médios centro da B, o Arreiol (19 anos, 1,87m) ou o Felicíssimo (17 anos, 1,87m)?
Esta época é bem importante para que o Sporting se defina em termos europeus, sair da mediania ou ficar pela “linha de água”. Não esquecendo que o objectivo primeiro é o bicampeonato e o segundo é voltar à Champions do próximo ano.
Que a sorte nos acompanhe, que bem precisamos.
Segue a lista dos jogos, com os da Champions a negrito:
O Sporting segue na liderança da Liga, está na luta pelo primeiro lugar no grupo da Liga Europa, segue em frente na Taça de Portugal, dificilmente a situação seria melhor.
Algo que muito incomoda lampiões, andrades e comentadeiros "amigos", habituados a um cenário bem diferente, e que não deixam de procurar argumentos para menosprezar o desempenho do Sporting. Que conseguiu o que conseguiu com algumas arbitragens APAF tendenciosas e que tentaram roubar o Sporting de forma invisível para o radar do VAR, a expulsão de Diomande foi o melhor exemplo disso. Enquanto os rivais tiveram colinho arbitral nos momentos em que mais precisavam.
Mas ainda incomoda mais alguns "de dentro", os ressabiados letais ao Sporting que não aguentam esta realidade. Um dos argumentos que esta seita utiliza para menosprezar o nosso treinador, a que chamam todo um conjunto de nomes mais feios uns que outros, é a sua mediocridade em termos europeus.
Mas qualquer análise rigorosa revela que Rúben Amorim conduziu o Sporting ao melhor desempenho europeu dos últimos dez anos. Se recuasse mais só teria comparação, mesmo assim penso que favorável, com Paulo Bento:
2013/2014 Leonardo Jardim ZERO
2014/2015 Marco Silva 80% CL, 33% PONTOS (2V 2E 4D)
CL 17-09-2014 Maribor 1 – SPORTING 1
CL 30-09-2014 SPORTING 0 – Chelsea 1
CL 21-10-2014 Schalke 4 – SPORTING 3
CL 05-11-2014 SPORTING 4 – Schalke 2
CL 25-11-2014 SPORTING 3 – Maribor 1
CL 10-12-2014 Chelsea 3 – SPORTING 1
EL 19-02-2015 Wolfsburgo 2 – SPORTING 0
EL 26-02-2015 SPORTING 0 – Wolfsburgo 0
2015/2018 Jesus 53% CL, 41% PONTOS (11V 4E 15D)
CL 18-08-2015 SPORTING 2 – CSKA Moscovo 1
CL 26-08-2015 CSKA Moscovo 3 – SPORTING 1
EL 17-09-2015 SPORTING 1 – Lokomotiv Moscovo 3
EL 01-10-2015 Besiktas 1 – SPORTING 1
EL 22-10-2015 SPORTING 5 – Skenderbeu 1
EL 05-11-2015 Skenderbeu 3 – SPORTING 0
EL 26-11-2015 Lokomotiv Moscovo 2 – SPORTING 4
EL 10-12-2015 SPORTING 3 – Besiktas 1
EL 18-02-2016 SPORTING 0 – Bayer Leverkusen 1
EL 25-02-2016 Bayer Leverkusen 3 – SPORTING 1
CL 14-09-2016 Real Madrid 2 – SPORTING 1
CL 27-09-2016 SPORTING 2 – Légia Varsóvia 0
CL 18-10-2016 SPORTING 1 – B. Dortmund 2
CL 02-11-2016 B. Dortmund 1 – SPORTING 0
CL 22-11-2016 SPORTING 1 – Real Madrid 2
CL 07-12-2016 Légia Varsóvia 1 – SPORTING 0
CL 15-08-2017 SPORTING 0 – Steaua Bucareste 0
CL 23-08-2017 Steaua Bucareste 1 – SPORTING 5
CL 12-09-2017 Olympiacos 2 – SPORTING 3
CL 27-09-2017 SPORTING 0 – Barcelona 1
CL 18-10-2017 Juventus 2 – SPORTING 1
CL 31-10-2017 SPORTING 1 – Juventus 1
CL 22-11-2017 SPORTING 3 – Olympiacos 1
CL 05-12-2017 Barcelona 2 – SPORTING 0
EL 15-02-2018 Astana 1 – SPORTING 3
EL 22-02-2018 SPORTING 3 – Astana 3
EL 08-03-2018 SPORTING 2 – Viktoria Plzen 0
EL 15-03-2018 Viktoria Plzen 2– SPORTING 1
EL 05-04-2018 Atl. Madrid 2 – SPORTING 0
EL 12-04-2018 SPORTING 1 - Atl. Madrid 0
2018/2020 Peseiro/Tiago/Keizer/Silas 0% CL, 60% PONTOS (9V 2E 5D)
EL 20-09-2018 SPORTING 2 – Qarabag 0
EL 04-10-2018 Vorlska Poltava 1 – SPORTING 2
EL 25-10-2018 SPORTING 0 – Arsenal 1
EL 08-11-2018 Arsenal 0 – SPORTING 0
EL 29-11-2018 Qarabag 1 – SPORTING 6
EL 13-12-2018 SPORTING 3 – Vorlska Poltava 0
EL 14-02-2019 SPORTING 0 – Villarreal 1
EL 21-02-2019 Villarreal 1 – SPORTING 1
EL 19-09-2019 PSV Eindhoven 3 – SPORTING 2
EL 03-10-2019 SPORTING 2 – LASK Linz 1
EL 24-10-2019 SPORTING 1 – Rosenborg 0
EL 07-11-2019 Rosenborg 0 – SPORTING 2
EL 28-11-2019 SPORTING 4 – PSV Eindhoven 0
EL 12-12-2019 LASK Linz 3 – SPORTING 0
EL 20-02-2020 SPORTING 3 – Istambul Besaksehir 1
EL 27-02-2020 Istambul Besaksehir 4 – SPORTING 1 (a.p.)
2020/… Amorim 56% CL, 44 % PONTOS (9V 6E 10D)
EL 24-09-2020 SPORTING 1 – Aberdeen 0
EL 01-10-2020 SPORTING 1 – LASK Linz 4
CL 15-09-2021 SPORTING 1 – Ajax 5
CL 28-09-2021 B. Dortmund 1 – SPORTING 0
CL 19-10-2021 Besiktas 1 – SPORTING 4
CL 03-11-2021 SPORTING 4 – Besiktas 0
CL 24-11-2021 SPORTING 3 – B. Dortmund 1
CL 07-12-2021 Ajax 4 – SPORTING 2
CL 15-02-2022 SPORTING 0 – Manchester City 5
CL 09-03-2022 Manchester City 0 – SPORTING 0
CL 07-09-2022 Eintracht Frankfurt 0 – SPORTING 3
CL 13-09-2022 SPORTING 2 – Tottenham 0
CL 04-10-2022 O. Marselha 4 – SPORTING 1
CL 12-10-2022 SPORTING 0 – O. Marselha 2
CL 26-10-2022 Tottenham 1 – SPORTING 1
CL 01-11-2022 SPORTING 1 – Eintracht Frankfurt 2
EL 16-02-2023 SPORTING 1 – Midtjylland 1
EL 23-02-2023 Midtjylland 0 – SPORTING 4
EL 09-03-2023 SPORTING 2 – Arsenal 2
EL 16-03-2023 Arsenal 1 – SPORTING 1 (3-5)
EL 13-04-2023 Juventus 1 – SPORTING 0
EL 20-04-2023 SPORTING 1 – Juventus 1
EL 21-09-2023 Strum Graz 1 – SPORTING 2
EL 05-10-2023 SPORTING 1 – Atalanta 2
EL 26-10-2023 Rakow 1 – SPORTING 1
Considerando um primeiro nivel europeu de clubes de Espanha, França, Itália, Inglaterra, Alemanha e Holanda, e um segundo nível de clubes doutros paises,
Vitórias do Sporting com clubes do primeiro nível:
EL 15-03-2018 Viktoria Plzen 2– SPORTING 1 (Jesus)
EL 12-12-2019 LASK Linz 3 – SPORTING 0 (Peseiro/Tiago/Keizer/Silas)
EL 27-02-2020 Istambul Besaksehir 4 – SPORTING 1 (a.p.)(Peseiro/Tiago/Keizer/Silas)
EL 01-10-2020 SPORTING 1 – LASK Linz 4 (Amorim)
A realidade dos números é esta. Por bem menos do que as derrotas de Jesus Sousa Cintra despediu Sir Bobby Robson mais a sua equipa técnica de excelência (Manuel Fernandes, José Mourinho e Roger Spry) em pleno avião de regresso a Lisboa.
Se calhar faltou atitude, faltou exigência, faltou compromisso, faltou muita coisa ao presidente da altura. Faltou tudo aquilo que a seita que deixou no clube exige agora aos berros nas redes sociais que os atascam (porque quotas não pagam, ao estádio não vão, Sport TV também não, vêem os jogos aos soluços no "Inácio").
PS: Não fiz as contas mas penso ter estado presente em cerca de 60% dos jogos, em casa quase todos e fora contra o Bayer Lerverkusen (Jesus), Juventus (Jesus), Real Madrid (Jesus), Arsenal (Tiago Fernandes) e Borussia Dortmund (Amorim). Sem convites e tudo à minha custa, como vai acontecer amanhã no Bessa. Atitude, exigência e compromisso começam por cada um de nós, como diz a canção "O mundo sabe que".
Ontem tivemos mais uma gloriosa jornada europeia de dois clubes portugueses. Esperemos que pelo nosso lado, Sporting, não se verifique mais uma apenas com derrotas, que ainda faltam jogar os nossos rapazes amanhã e o Porto hoje.
Isto é o reflexo da pobreza franciscana do futebol entre portas, com o favorecimento constante dos mesmos do costume, Porto e Benfica à cabeça. Não deixam os chamados pequenos crescer e depois queixam-se que não têm opositores internos à altura e o blá, blá do costume de quem é mau pagador.
Neste interim vai-se safando a selecção, porque é constituída maioritariamente por jogadores que jogam nos campeonatos de topo e por um velhote que ainda ontem fez mais dois belos golos para a sua conta pessoal.
Distribuam lá os direitos televisivos como em Inglaterra e preocupem-se em defender uma "indústria" que lhes dá de comer, caso contrário em meia-dúzia de anos estarão na cauda da Europa também no jogo da bola.
Enquanto continuarem a olhar apenas para o seu umbigo, os dirigentes dos clubes e dos órgãos que regem o ludopédio luso, arriscam-se a ser os seus próprios coveiros.
E à boa maneira tuga, um dia hão-de ir para o Panteão!
O golo de Matheus ao Braga no ano em que fomos campeões foi um dos momentos de maior felicidade que tive nas últimas décadas. Foi um lance fortuito, carambólico, uma sorte do caraças, que nasceu de manha, sentido de oportunidade e coragem do antigo empregado de pastelaria rematar à baliza, assumindo responsabilidade.
Claro que Amorim tem razão quando diz que este ano tem sido 'assim'. Nas nossas vidas também temos anos assim. Insisto numa ideia que venho repetindo: o único clube em Portugal que tem em si a força para vencer sempre a adversidade é o Porto.
Benfica e Sporting, por razões diferentes, são demasiado contingentes à sorte e ao momento. Também porque só de vez em quando se acerta nos pontas-de-lança que se têm ou se compram.
Acaso o Sporting eliminaria a Juve com o Gonçalo Ramos e o Musa? Não. Mas talvez nem tivessemos caído na fase de grupos se o Enzo que foi para o Chelsea fosse nosso.
Só mais uma coisa. Os nossos clubes já fazem muito, imenso, na Europa. Caso não tenham reparado, Portugal é um país pobre, extremamente envelhecido, que vive de dinheiro europeu e de servir pastéis de nata aos turistas. Onde é que um fabricante de automóveis português se bate de igual para igual com a Fiat? Onde é que uma marca de mobiliário lowcost se bate com a Ikea? Que cadeia de hamburguers se bate com a McDonald’s? E que marcas de moda rivalizam com a Zara, a M Dutti e essa malta?
Tenho ideia de que as mudanças de regulamento no futebol acabam sempre por prejudicar o Sporting. Se a vitória ainda valesse dois e não três pontos, como valia até 1994, o Sporting teria sido campeão em 2007 e 2016. (Creio que, até agora, são os únicos casos em que o campeão mudaria com as regras antigas.) Não é do meu tempo, mas quando introduziram a regra dos "golos fora", na década de 70, o Sporting foi logo nesse ano eliminado com essa regra nas competições europeias, num episódio que ficou para a história (o árbitro não sabia da nova regra, e fez com que se disputasse um desempate por penáltis, que o Sporting ganhou, inutilmente). Com este antecedente, eu não gostei da ideia de acabar com a regra de desempate dos golos fora (e, honestamente, parecia-me um bom critério). Estaria longe de imaginar que o Sporting viria a beneficiar com o fim dessa regra (foi o que sucedeu nesta eliminatória com o Arsenal). O Rúben Amorim mudou mesmo o fado do Sporting.
O Sporting já encaixou nesta época 45 milhões de euros nas competições europeias. Péssima notícia para todos quantos estavam a torcer para que nada desse certo.
«Ficarei feliz no ano em que Braga ou outro clube ganhem o campeonato desde que o façam com todo o esforço e todo o mérito dentro de campo. Ligas com um lote de quatro ou cinco equipas que podem ganhar (como em Inglaterra) são sempre muito mais emotivas e apetecíveis. (...) O Atlético Madrid pode ganhar a liga [espanhola], o PSG não está em primeiro lugar em França e a Juventus provavelmente não irá ser campeã em Itália este ano (...) Falta apenas haver outro campeão na Alemanha, mas creio que o Bayern já tem concorrência à altura.»
12 clubes de três ligas europeias resolverm juntar se e criar uma nova competição a que chamaram superliga europeia. 6 clubes ingleses, 3 espanhóis e mais 3 italianos acharam que era este o momento para enfrentarem o poder da Uefa e Fifa e de certa forma rebelarem-se.
Não deixa de ser curioso que uma revolução deste tipo surja dos clubes mais poderosos e com mais capacidade financeira. São na sua maioria clubes que transcendem o seu país de origem em termos de adeptos, talvez aqui a excepção sejam o Tottenham, o Arsenal e o Atlético Madrid, com 4 clubes a destacarem se claramente neste aspecto, o Real, Barcelona, Manchester United e Juventus. Num negócio normal, esta revolução seria vinda dos mais fracos, dos que se sentissem explorados. No mercado do futebol é o contrário que acontecesse. Os clubes mais poderosos, os que mais ganham anualmente, revoltam-se contra a “casa-mãe” por acharem que dão mais ao futebol, financeiramente, do que aquilo que recebem. Sentem se espoliados de verbas, que são distribuídas por todos os outros clubes europeus, e que esses clubes consideram, sendo eles os principais responsáveis pelas receitas que permitem essa distribuição, que lhe são devidas. Assim, estes clubes resolveram avançar para uma superliga europeia em que pelas regras criadas por eles mesmos, têm lugar sempre garantido anualmente e permitem, é este o melhor termo, que outros, poucos, clubes ali possam competir, recompensando-os financeiramente. Há aqui alguns pontos interessantes, temos uma desvirtuação total da competição, em que os clubes fundadores para lá do que possa ser o desenrolar da competição não sofrem qualquer punição de uma eventual saída da competição. Temos também o caso de alguns destes clubes fundadores não terem, nem de perto, um papel desportivo relevante na europa. Se não têm uma presença europeia de registo só sobra a parte financeira para terem lugar nesta suposta elite das elites. E então aqui entramos no que verdadeiramente causa esta fractura nas competições europeias de futebol. É tudo uma questão financeira, nada mais. Estes clubes querem mais dinheiro. Muito mais dinheiro. O interesse no desenvolvimento do futebol, não é aqui tido nem achado. Não há qualquer preocupação em dinamizar uma competição justa e competitiva. Para lá destes 12 clubes fundadores, diz-se que mais três se juntarão ao grupo inicial, todos os outros serão peças secundárias, devidamente recompensadas para participar nesta espécie de competição, com os dados claramente viciados desde o início. Esta farsa assumida sem pudor pelos seus organizadores vai, de acordo com os estudos que fizeram, permitir encaixes financeiros nunca antes vistos, aos clubes fundadores. Acreditam que a sua massa de adeptos exterior ao seu país de origem, vai-lhes permitir obter receitas colossais e querem essas receitas, nem que para isso tenham que desvirtuar totalmente uma competição.
Os adeptos “locais”, aqueles que são a base, a “nascença” de qualquer clube, não foram sequer considerados, nem ouvidos. Os actuais presidentes destes clubes acreditam que os adeptos serão sempre adeptos, desde que lhes seja dado jogos para ver, não interessando a competição e as suas regras, ao bom estilo do Wrestling, todos sabemos que é uma farsa, todos sabemos que nada daquilo é real e que tudo está previamente combinado, quem ganha e quem perde. Não deixa mesmo assim de ser um espetáculo que gera receitas. É nisto que estes clubes pensam quando criam uma superliga europeia. Uma farsa, todos sabemos que é uma farsa, não há sequer a intenção de esconde-lo e haverá sempre audiências para gerar milhões de receitas. Se será o fim do futebol? Não me parece. Será o fim sim de muitos clubes tal como os conhecemos hoje, incluindo os clubes portugueses. Mas não nos podemos esquecer que foi a própria Uefa que dinamizou esta política remuneratória aos maiores clubes europeus, abrindo um fosso destes em relação a todos os outros.
O único trunfo, se o for mesmo, que a Uefa e Fifa têm, será a proibição de jogadores destes clubes, poderem competir pelas respectivas seleções nacionais. É fraco argumento, pois serão as próprias federações a pressionar a Uefa e Fifa, para tal não acontecer. Alguém imagina a nossa seleção sem os seus principais jogadores, CR7 à cabeça?
Portanto resta um caminho à Uefa: Dar mais e mais dinheiro a estes clubes. É o que lhe resta e é o que estes clubes querem.
Começa a desenhar-se uma tendência: o coronavírus apressou mesmo o fim das competições futebolísticas europeias.
A 2 de Abril, a liga belga de futebol deixou-se de rodeios e anunciou o fim prematuro da temporada 2019/2020, quando haviam sido disputadas 29 jornadas: o Clube Brugge, que liderava o campeonato com 15 pontos de vantagem, foi declarado campeão, confirmando-se o Gent no segundo posto e consequente entrada na próxima Liga dos Campeões.
A 24 de Abril, foi a vez de a federação holandesa dar por finda a época 2019/2020. Neste caso adoptando um modelo diferente, como eu já tinha anotado aqui: sem atribuição de título de campeão, quando faltavam disputar nove rondas do campeonato. Com Ajax e Alkmaar em igualdade pontual no topo da classificação.
Já ontem, o Governo de Paris dissipou as dúvidas que restavam: o campeonato francês não será retomado, à semelhança de todas as competições desportivas referentes à época 2019/2020. Estádios e pavilhões permanecerão encerrados até Setembro. Não haverá sequer desafios à porta fechada, como a liga francesa de futebol havia sugerido, entre 17 de Junho e 25 de Julho. Ficam por jogar dez rondas, quando o Paris Saint-Germain liderava por larga margem - vantagem de 12 pontos com um jogo a menos - sobre o Marselha, segundo classificado.
Parece vir a ser diferente o desfecho em países como Alemanha (com o possível regresso do futebol no fim de Maio) e em Espanha (onde as competições talvez possam retomar-se na primeira quinzena de Junho, algo ainda incerto).
Quanto a Portugal, saberemos provavelmente na próxima quinta-feira. Mas nesta fase já poucos se admirarão que as partidas do futebol profissional tenham mesmo chegado ao fim, o que abrirá um rombo financeiro em todos os emblemas desportivos portugueses envolvidos na alta competição.
Como escrevi há mais de um mês no És a Nossa Fé, só antevejo duas opções: ou o FC Porto é proclamado vencedor ou não haverá título de campeão nacional na temporada 2019/2020.
Chegou a altura de vos perguntar qual destes cenários preferem.
Fizemos o pleno. Todos os clubes portugueses foram hoje eliminados da liga europa. Não, não foi sequer da liga dos campeões, foi mesmo na segunda divisão europeia. Agora, e estamos ainda em Fevereiro, resta a todos os clubes hoje eliminados, a disputa do campeonato português, sendo que Benfica e Porto têm para Maio a final da taça de Portugal.
A falta de competitividade do nosso campeonato pode ajudar a explicar esta total incapacidade dos clubes portugueses perante adversários que não fazem parte dos chamados colossos europeus. Hoje em dia qualquer clube português é encarado na europa como um clube acessível, da terceira divisão europeia. E este cenário só tende a piorar. Andamos meses atrás de meses, épocas atrás de épocas, enredados num futebol menor, clubes sem adeptos, sem estádio, assistências miseráveis que se conjugam com um futebol também ele miserável e pobre, muito pobre. É este o nosso estado actual.
Mas, houvesse coragem e podia, aliás devia ser diferente.
O Sporting não pode ter medo de liderar, de promover uma mudança radical no futebol português e ibérico. Temos as condições para o fazer, poderá ser mesmo a salvação dos clubes portugueses e mesmo uma solução para um problema político e social dos nossos vizinhos. Já vimos como funciona a Uefa quando confrontada por clubes poderosos. Poderia inclusive ser o motor de arranque de outras ligas supranacionais na Europa, uma forma de ligação de Estados, de Nações, onde o futebol seria o elo perfeito.
Fascinante o poderio do futebol da premier league (não é sinónimo de futebol inglês). Um futebol “positivo”, de táticas fluídas, desde que seja sempre com os olhos na baliza. Acredito que por teima e exigência do público e da própria cultura desportiva e de espetáculo do país. Impressionante a disponibilidade física e a ditadura do “jogo de equipa” a que os craques se submetem. Ficou bem visível que dez jogadores do Barça, enjoados com a velocidade dos de Liverpool, estavam à espera que Messi tirasse um coelho da cartola. Destaque para a ausência de jogadores portugueses nas finais. E dos nossos treinadores. Na Champions, que acompanhei mais de perto, foram jogos sem momentos mortos, simulações de lesões, controle do meio campo, manobras de diversão ou teatros, com faltas e livres a serem marcados depressa e com poucas ou nenhumas reclamações das decisões da arbitragem. Falando por mim, tendo a gostar de treinadores e jogadores mais estratégicos e menos dados a correrias, mas devo admitir que há anos que não me empolgava tanto com bola como nesta “jornada europeia”. Indo ao nosso Sporting e ao futebol português, não parece assim tão impossível aspirar a um futebol deste tipo. Jogos intensos, sem claques arruaceiras, com equipas olhos nos olhos, sem tipos a refilar com o árbitro, misturados com jovens da formação em quem tem de se apostar e a quem se pagam milhões, somados a aquisições de refugo, pequenas agendas, adversários de amigos, tipos que deviam ser atores em vez e jogadores e árbitros com medo de serem competentes. Deixo uma palavra para Silas, que foi vítima da extrema incompetência de vários dos seus jogadores ao mesmo tempo naquela segunda parte. E deixo uma palavra, porque me parece que ele é um homem deste futebol de jogo jogado que tanto nos impressionou nesta jornada europeia. E, claro, uma palavra mais forte ao Sporting que (além desse fenómeno que é Bruno Fernandes) também me parece estar a mecanizar um espírito práfrentex que me agrada.
Fomos eliminados à tangente pelo futuro vencedor da Liga Europa.
Mas somámos vários pontos no ranking europeu, fomos de longe a equipa do futebol português com melhor prestação nas competições do continente, defrontámos três colossos do desporto-rei à escala mundial (Barcelona, Juventus, Atlético de Madrid) e demos um contributo essencial para que o Sporting recupere a partir da próxima época um lugar nas 25 primeiras equipas da tabela oficial da UEFA
Vencemos o Atlético de Madrid em casa, empatámos com a Juventus em casa.
Enquanto outros, também em casa, foram goleados pelo Basileia e pelo Liverpool.
Na relação Europa e provas domésticas, as modalidades dão 15 a 0 ao futebol.
Nas últimas duas épocas, no futebol, o Sporting melhorou bastante o seu nível competitivo nos jogos frente aos colossos europeus, mas não conseguiu, infelizmente, transpor esse nível com a regularidade e intensidade desejadas para as provas domésticas, nomeadamente, nos jogos contra as ditas equipas acessíveis.
Em contraponto, veja-se o exemplo da equipa de andebol/hóquei/futsal esta época: a participação na Champions obrigou a um nível competivo ainda mais elevado nos jogos disputados, tendo a equipa conseguido, com sucesso, mantê-lo nas competições nacionais, com uma regularidade impressionante, incluindo nos jogos contra as equipas acessíveis.
No ano do Marco Silva como treinador, Bruno de Carvalho promoveu um encontro entre os treinadores do futebol e modalidades (hóquei e futsal). Na altura achei uma iniciativa interessante e útil, tendo pena que não mais tenha sido replicada. Todos têm a aprender com todos (Jorge Jesus refere, muitas vezes, que alguma da sua criatividade foi inspirada no basquetebol), ganhando o Sporting com isso. Parece-me de todo conveniente retomá-la já na próxima época.
Confirmo: aqui na Europa (mais ou menos: Inglaterra) fala-se muito do Sporting, embora não por boas razões. Perguntam-me se é verdade que há um clube em Portugal onde o "dono", em vez de despedir o treinador, despediu os jogadores todos. Eu bem explico que não é assim, mas não vale a pena: a história de um qualquer "dono" alarve de um clube que faz aquilo que nunca se viu na história do futebol pegou (ilustração: https://www.theguardian.com/football/2018/apr/07/sporting-lisbon-president-suspends-19-players-after-social-media-spat). Ainda tive esperança de que este ano o Sporting seria falado por chegar à final da Liga Europa. Afinal não: o presidente gasta tanto tempo (segundo diz) a trabalhar para o Sporting que não tem um segundo que seja para pensar. Por muito que se lhe deva a ressurreição do Sporting das catacumbas do sétimo lugar, não é possível ver o clube continuar refém de explosões de personalidade, aleatórias e inesperadas, que podem acabar por devolvê-lo ao sítio de onde foi retirado.
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