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És a nossa Fé!

O espanhol errado

Vendo o que jogou a Espanha e o onze que montou o espanhol seu treinador com base no Atlético de Bilbau e na Real Sociedad, e vendo o que jogou Portugal e o onze que montou o espanhol nosso treinador com base na "turma do Pepe" e no Jorge Mendes, se calhar o ex-vice presidente do FC Porto contratou o espanhol errado.

Ou então não, a ideia era essa mesmo.

Sobra ao Cristiano o recurso ao DVD.

 

PS: Entretanto o bombeiro Jorge Mendes prossegue na sua missão de salvar o tal clube do ex-vice presidente do buraco em que o deixou o Pinto da Costa:

1) https://www.noticiasaominuto.com/desporto/2597684/francisco-conceicao-interessa-a-juventus-e-jorge-mendes-entra-em-acao

2) https://www.record.pt/futebol/futebol-nacional/liga-betclic/fc-porto/detalhe/jorge-mendes-vai-sugerir-o-nome-de-diogo-costa-ao-real-madrid

SL

Ecos do Europeu (24)

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Nem sempre podemos dizer isto, mas desta vez ninguém tem dúvidas: venceu a melhor selecção. Aquela que exibiu melhor futebol, aquela que obteve melhores resultados, a que seduziu milhões de pessoas em todo o mundo durante este Euro 2024, disputado ao longo dum mês. A Espanha do seleccionador Luis de la Fuente, digna herdeira daquele já quase lendário plantel orientado (primeiro) por Luis Aragonés e (depois) por Vicente del Bosque que venceu dois Europeus e um Mundial em apenas quatro anos.

Ontem à noite, no Estádio Olímpico de Berlim, nuestros hermanos venceram o seu quarto Campeonato da Europa, juntando-o aos de 1964, 2008 e 2012. Isolaram-se como país mais conquistador deste cobiçado troféu - que foi nosso em 2016. E revelaram ao Planeta Futebol dois extraordinários jogadores, que fizeram a diferença: Nico Williams e Lamine Yamal, extremos de pés trocados, dignos herdeiros da eterna magia do futebol de rua.

Foram eles a construir o golo inicial, aos 47'. Num magnífico exemplo de futebol de ataque, concretizado com toques rápidos e olhar fixo na baliza. Bem servido por Carvajal junto à linha direita, Yamal fez um passe de ruptura, lateralizado, Olmo deixou-a passar arrastando os centrais e Williams apareceu solto de marcação pela esquerda, culminando o lance da melhor maneira num remate cruzado.

Futebol clássico, futebol moderno, o futebol de sempre. Protagonizado por um miúdo de 22 anos do At. Bilbau, filho de imigrantes do Gana, e por um miúdo que na véspera festejara 17 anos, nascido na Catalunha de pai marroquino e mãe da Guiné Equatorial.

Vieram do quase-nada, já conseguiram quase tudo.

 

E no entanto até foram os ingleses a criar a única oportunidade de golo da primeira parte. Aos 45'+1, por Foden. Unai Simón estava lá para o travar.

A Inglaterra tentou reagir. No banco e no campo. Aos 61', o seleccionador Gareth Southgate mandou sair Harry Kane, trocando-o por Watkins: tinha a fezada de repetir a fórmula que resultou na meia-final frente à Holanda. Aos 64', Bellingham - goleador do Real Madrid, apagado a jogar como interior esquerdo na selecção - fez a bola roçar o poste num remate rasteiro. Aos 66', a genial dupla Nico-Lamine construiu um golo que só o guarda-redes Pickford conseguiu travar. Aos 73', o recém-entrado Palmer empatou num fortíssimo remate rasteiro.

Renascia por instantes a esperança inglesa. O espectáculo refinava-se, digno de uma final, em ritmo de parada-e-resposta. Aos 82', nova parceria Nico-Lamine com toque de brilhantismo: Pickford voltou a brilhar entre os postes.

Adivinhava-se prolongamento. Mas não foi necessário: Oyarzabal - que substituíra Morata aos 68' - sentenciou a partida aos 87', com preciosa assistência de Cucurella, este indiferente aos assobios que lhe dirigiam nas bancadas desde o início da partida. 

Tudo ainda podia acontecer. Esteve quase para ocorrer o empate, no minuto 90. Unai Simón defendeu à queima-roupa e Olmo, em missão defensiva, afasta-a de cabeça na recarga em cima da linha de baliza. Festejando o corte como se tivesse marcado golo.

 

Caía o pano. Southgate confirmava a fama de pé frio: segunda final consecutiva perdida, após a queda em casa, há três anos, frente aos italianos, na roleta dos penáltis finais. A Inglaterra continua em estado virgem, sem títulos nos Europeus. E o único Mundial que venceu foi o de 1966, aquele em que Eusébio mais brilhou.

Espanha inteira festeja. E com motivos para isso. Após vitórias sucessivas contra a Croácia (3-0), Itália (1-0), Albânia (1-0), Geórgia (4-1), Alemanha (2-1), França (2-1) e agora Inglaterra. Três antigos campeões do mundo derrubados. 

Craques, além do mencionados? Rodri, que não hesito em qualificar como melhor médio actual do mundo: é o verdadeiro pêndulo da equipa, o principal factor de segurança, um referencial de estabilidade. Sem surpresa, foi designado Jogador do Torneio

Outro: Fabián Ruiz. Longe de ser titular absoluto no PSG, revelou-se um dos grandes obreiros deste título europeu de Espanha. A construir golos e a marcá-los. Conciliando eficácia com talento desportivo.

Outro ainda: Dani Olmo, médio ofensivo do Leipzig. Começou no banco, terminou a titular. Imprescindível na selecção campeã. Autêntico todo-o-terreno, este catalão que «parece alemão», como dizem por lá. 

Sai do Europeu como melhor marcador, a par de Kane, Musiala (Alemanha), Mikautadze (Geórgia), Cody Gakpo (Holanda) e Schranz (Eslováquia): todos com três marcados. Soube a pouco. Longe dos cinco de Cristiano Ronaldo, rei dos marcadores no Euro 2021. Único aspecto em que este Campeonato da Europa disputado na Alemanha desiludiu.

 

Com dois golos e uma assistência, Williams foi eleito melhor jogador da final do Euro 2024. Com todo o mérito, com toda a justiça. Numa selecção campeã que integrava nove jogadores oriundos do País Basco: nada como o futebol para limar divergências políticas. 

Irá voar agora mais alto, rumo ao Barcelona. Onde promete fazer parceria inesquecível com Yamal. Mas isso já é outra história.

 

Espanha, 2 - Inglaterra, 1 (final do Euro 2024)

 

Leitura complementar: A Espanha é campeã da Europa porque o futebol ainda sorri de volta a quem não o jogar com medo. De Diogo Pombo, na Tribuna Expresso.

Ecos do Europeu (23)

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A Inglaterra, no futebol, sofre um trauma profundo: não ganha nenhum título a nível de selecção principal desde 1966 - o Mundial do nosso descontentamento, em que estivemos muito perto de atingir a final mas tombámos no confronto decisivo frente aos ingleses, anfitriões nessa prova. 

Cinquenta e oito anos de jejum é muito tempo. A culpa não é dele, mas as críticas ao seleccionador inglês, Gareth Southgate, são constantes. Muitos ainda lhe cobram o facto de não ter concretizado um penálti no desempate contra a Alemanha na meia-final do Europeu de 1996 - já depois da chamada «geração de ouro» portuguesa ter caído nos quartos-de-final frente à República Checa.

Ficou-lhe daí a fama de pé frio. Acentuada há três anos, quando a Inglaterra perdeu a final, também nos penáltis, contra a Itália - no Euro "covid", realizado em 2021 com Cristiano Ronaldo a sagrar-se rei dos marcadores e autor de um dos mais belos golos do torneio. Logo houve gritos contra Southgate, exigindo a sua destituição. Como fosse dele a culpa por três jogadores (Rashford, Sancho e Saka) terem sido incapazes de converter os respectivos pontapés de penálti.

 

Este ano as críticas redobraram. Desta vez contra o excessivo calculismo e "resultadismo" (à Fernando Santos) da selecção inglesa, protagonizando um futebol pastososo e lento, nada espectacular. Nos três primeiros jogos só conseguiram marcar dois golos - Bellingham contra a Sérvia, Harry Kane contra a Dinamarca. O Eslovénia-Inglaterra terminou 0-0: deu vontade de dormir.

Contra a Eslováquia, Kane resolveu no prolongamento: vitória inglesa por 2-1. Nos quartos, exibição inferior frente à Suíça, mas sorte nos penáltis que decidiram o apuramento para a meia-final após 1-1 ao fim de duas horas (Saka empatou aos 80', cinco minutos após Embolo ter facturado pela Suíça). Foi apenas a segunda vez, na história dos campeonatos europeus, em que três partidas dos quartos-de-final se decidiram após os 90 minutos regulamentares.

 

Chegou-se enfim ao confronto com a Holanda em Dortmund. Quarta-feira, 10 de Julho. Quando já se sabia que Espanha será finalista deste Euro 2024. Quando já abundavam adeptos ingleses a clamar de novo contra o pé frio Southgate.

Aos 7', os holandeses adiantaram-se com um golaço de Simons: recuperou e disparou com força a mais de 30 metros: a bola rumou, imparável, ao fundo das redes. Um dos grandes golos do torneio.

Ao contrário dos restantes, em que as defesas se impuseram, este foi um jogo mais aberto, dando primazia aos ataques, ao ritmo de parada-e-resposta. Neste contexto, a experiência de Kane revelou-se fundamental: aos 14' foi carregado em falta numa incursão na grande área. Houve demora no vídeo-árbitro, mas quatro minutos depois lá foi assinalado o penálti, que o já veterano avançado inglês converteu com a frieza habitual.

Foden esteve prestes a aumentar a vantagem aos 23'. O desafio prosseguiu a ritmo intenso, nada bocejante. Aos 30', Dumfries, numa grande impulsão, cabeceou à trave: o 2-1 favorável aos holandeses esteve à vista. Dois minutos depois, Foden - novamente em evidência - voltou a brilhar num tiro ao poste. A defesa holandesa, marcando à zona, desguarnecia o centro, facilitando a vida ao dinâmico tridente ofensivo adversário.

O empate 1-1 ao intervalo sabia a pouco. Europeu com poucos golos, este.

 

Ambas as equipas regressaram algo apáticas ao relvado. Mas a pressão do relógio impôs-se: Simons quase marcou o segundo, aos 78', num remate picado. Pickford, com bons reflexos, impediu o golo.

No minuto seguinte, Saka meteu-a lá dentro, com assistência de Foden. Foi rebate falso: havia fora-de-jogo.

Aos 80', espanto geral: Foden e Kaen recebem ordem para sair. Deram lugar a Palmer e Watkins. E foram estes, precisamente, a construir o golo do triunfo. No minuto 90, quando já quase todos anteviam o prolongamento. O avançado do Aston Villa recebeu-a de costas e desferiu um remate cruzado, lateral, de ângulo quase impossível: a bola encaminhou-se para o poste mais avançado, passando entre as pernas de Stefan de Vrij. 

Já não havia tempo para os holandeses reagirem: a Inglaterra chegou à segunda final consecutiva. Defronta Espanha, indiscutível favorita, amanhã à noite. Southgate mantém a fama de pé frio. A verdade, porém, é que a selecção inglesa perdeu apenas um dos últimos vinte jogos oficiais em que participou. 

 

Inglaterra, 1 - Suíça, 1 (5-3 nos penáltis)

Holanda, 1 - Inglaterra, 2

O velho, o rapaz e os burros

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Estádio do Jamor, 8 de Junho de 2024, Croácia e Portugal preparam o Euro 2024. Os croatas tiveram azar com o sorteio, em vez da Geórgia saiu-lhes a Itália e em vez da Chéquia saiu-lhes a Espanha. A Croácia tinha que enfrentar selecções a sério na fase de grupos do Euro e por isso encarou o desafio com Portugal com concentração e competência. Venceria, fora de casa, com golos de Modric (38 anos) e Budimir (32 anos).

Depois veio o primeiro jogo do euro.

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O velho Luka foi esmagado pelo rapaz Lamine. O estatuto, a bola de ouro, o passado de pouco valeu. Croácia 0, Espanha 3. Os 16 anos de Lamine derrotaram os 38 anos de Luka.

Uma derrota com a Espanha, um empate com a Albânia e um último jogo para decidir tudo, o Croácia vs. Itália.

90'+7'; a Croácia vence por um a zero e vai seguir em frente para os oitavos de final.

90'+8', Zaccagni (29 anos) empata o jogo, a Itália segue em frente e a Croácia, que venceu Portugal no Jamor, é eliminada.

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Os burros escocinharam no estádio mas o mal estava feito, a Croácia estava fora.

Foram as más decisões que eliminaram a selecção croata, a decisão de jogar com cinco velhos, Brozovic, 31 anos, Kovacic, 30 anos, Modric, 38 anos, Budimir, 32 anos e Perisic, 35 anos, seria fatal.

Já a Itália aos 81' tirou Darmian, 34 anos e Jorginho, 32 anos, deixou de ter em campo jogadores com mais de 30 anos, apostou num jogo com mais exigência física e as entradas aos 81' de Fagioli, 23 anos e de Zaccagni foram decisivas.

Este Croácia vs. Itália mostrou-nos que os jogos se ganham muitas vezes a partir do banco, com as substituições, tirando os velhos, pondo rapazes.

Whodunit

Na terminologia de Hollywood os "whodunits" são aqueles filmes sobre um crime e um "Columbo" qualquer a tentar descobrir o culpado. A estratégia básica é perceber quem é que ganhou com o assunto.

Se considerarmos a campanha da nossa selecção no Euro um crime dada a qualidade dos melhores jogadores portugueses do momento, e isso é evidente pelos silêncios envergonhados de presidente, treinador e capitão, temos seguir a mesma estratégia.

Então quem é que ganhou com o crime?

O Sporting não foi. Campeão nacional, quatro potenciais candidatos afastados da convocatória, e o Inácio afundou-se em tanto improviso. Mesmo se olharmos aos ex-jogadores mais recentes, o Matheus Nunes foi aquecer o banco. Salvaram-se o Palhinha já com o futuro assegurado e o Nuno Mendes, quanto a mim o melhor jogador do torneio, que está bem onde está. Quanto é que o Sporting lucrou com o Euro? Zero.

O Benfica também não parece que tenha sido. As duas estrelas vendáveis jogaram miseravelmente e, em termos da suposta excelência do Seixal, Félix foi um fracasso, Gonçalo Ramos foi passear à borla, o Semedo saiu como entrou. A única coisa que o Benfica ganhou com o Euro foi a desvalorização do puto fetiche do Rui Costa.

O Cristiano Ronaldo não foi. A imagem que deu de velho chorão agarrado à bengala não foi digna do melhor jogador do mundo, e foi caricaturado um pouco por todo lado, até na BBC. Querer jogar sempre, marcar todos os livres, marcar todos os golos (mesmo com duas "abébias" ao Bruno Fernandes), ter ao lado todos os "manos", tornou-se numa armadilha a que não soube escapar. E lá foi para a Arábia pensar se vale a pena continuar. 

Os mais valiosos jogadores de Portugal no momento, no topo das respectivas carreiras e figuras de proa nos respectivos clubes não foram. Rúben Dias, Bruno Fernandes, Bernardo Silva e Vitinha valem muito mais do que mostraram.

Para o Mendes foi "business as usual". A montra foi quase toda dele, tem para todos os gostos e todos os milhões, a comissão é sagrada.

Para o Martínez também. Está como o Schmidt, ordenado brutal, não gostam paguem que eu saio, até lá aguentem. 

Para o Porto foi uma taluda. Atolado em dívidas que andavam camufladas pelo Pinto da Costa, vai poder encaixar muitos milhões com o Diogo Costa e o Francisco Conceição, e poder fazer uma bela festa de despedida ao Pepe. E mesmo assim falhou a operação Galeno. É o que dá ter linha aberta com o seu antigo vice-presidente.

Quem foi o culpado então?

SL

Parece que salta do banco já cansado

«5 años después de la inversión, no vale la mitad»

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João Félix teve uma prestação miserável no Euro 2024. Parece que salta do banco já cansado.

Fez ontem um mês escrevi aqui sobre ele. 

Recordo dois parágrafos desse texto:

«Uma nulidade, este suplente no Barcelona, para onde foi remetido por empréstimo após escassa utilização no Atlético de Madrid, onde jogava com os olhos, na posição sentado.

Diego Simeone disse quase tudo sobre este suposto craque numa frase cruel mas verdadeira: "Perto da área joga bem, mas se tem de vir um metro para trás, custa-lhe..."»

 

.............................................................

 

Fui menos cáustico, apesar de tudo, do que o jornalista espanhol Pedro Simón, escrevendo há dias no El Mundo sobre o mesmo jogador.

Anotou ele (mantenho o idioma castelhano, sem tradução):

«La única persona que ha puesto de acuerdo a Simeone, Xavi, Roberto Martínez, Lampard y mi cuñado Ramón - cinco formas tan diferentes de ver el fútbol - es João Félix: nadie lo quiere. Hoy, el luso es como esa casa comprada en Marina D'Or justo antes de la caída de Lehman Brothers: cinco años después de la inversión, no vale la mitad.»

Ecos do Europeu (22)

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Finalmente a França foi capaz de marcar um golo em lance corrido. Ao sexto jogo. Que foi também o último. Com Mbappé a assistir, num centro irrepreensível (repara, Rafael Leão: é assim que se faz), e Muani a erguer-se, enviando-a de cabeça na direcção do segundo poste até terminar aninhada nas redes.

Aconteceu ontem, ao minuto 8 do Espanha-França, espécie de final antecipada do Europeu de Futebol disputada em Munique. A vice-campeã mundial em título dava enfim um ar da sua graça após ter eliminado Portugal nos quartos-de-final com a colaboração do inútil João Félix, que falhou um penálti na ronda decisiva.

 

Mbappé, astro maior da França, esgotou o seu engenho naquela assistência madrugadora. Não voltou a causar perigo. Aos 57', rematou frouxo, à figura, para defesa fácil de Unai Simón. Aos 86', desperdiçou ocasião soberba despejando a bola para a bancada. Se fosse Cristiano Ronaldo a fazer tal coisa, logo a turba tuga desataria aos gritos, exigindo-lhe que metesse os papéis para a reforma.

A França, quase sempre inferior à Espanha, pareceu conformada com aquele magro avanço. Pura ilusão: em quatro minutos, nuestros hermanos viraram a meia-final a seu favor.

Aos 21', golaço de Lamine Yamal num remate em arco a meia-distância fazendo a bola embater no ferro antes de entrar. O benjamim do Barcelona, com 17 anos incompletos, tornou-se assim o mais jovem artilheiro da história dos campeonatos da Europa. Merece tal distinção: é um dos grandes obreiros do magnífico percurso espanhol no Euro 2024. 

Aos 25', consumava-se a reviravolta. Num remate cruzado de Olmo que ainda embateu no pé de Koundé. Repunha-se a justiça no marcador.

Estava construído o resultado. Na segunda parte, os espanhóis seguraram o resultado, mesmo tendo concedido a iniciativa pontual de ataque à selecção adversária. A vitória estava atada e bem atada. Com Rodri a confirmar-se como um dos melhores médios do mundo: quase toda a construção de lances ofensivos passou por ele. Olmo, desta vez titular, justificou a aposta nele feita pelo seleccionador Luis de la Fuente. E Nico Williams, embora muito policiado por Koundé, exibiu todo o seu engenho como extremo-esquerdo clássico (embora de pé trocado).

 

Nem sempre ganha a melhor equipa. Desta vez aconteceu. Espanha está na final, a sélection bleue regressa a casa. Com um triste título: foi, neste século, o semifinalista com menos golos marcados num Europeu: apenas quatro. Ficando aquém da Grécia, com seis golos no Euro 2004 que venceu à nossa custa.

Portugal está vingado? Nem por isso. Mas não restam dúvidas: os espanhóis merecem seguir em frente. Ninguém como eles exibe futebol de tanta qualidade no Europeu da Alemanha.

 

Espanha, 2 - França, 1

Viva Portugal, viva o Futebol, viva Ronaldo

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Alguns dizem que Portugal não cumpriu os objectivos com esta participação no Europeu de Futebol.

Discordo em absoluto.

Portugal caiu nos quartos-de-final, juntamente com a Alemanha e a Suíça. Figurámos entre as oito melhores equipas do continente.

À frente de outras que foram eliminadas mais cedo. Como a Itália, campeã europeia em 2021. Ou a Polónia, a Bélgica, a Croácia, a Dinamarca.

Fizemos muito melhor do que a Suécia, a Grécia ou a Irlanda - que nem sequer se qualificaram para esta fase final disputada em território alemão.

 

Pergunto: tínhamos obrigação de voltar a ser campeões, como fomos em 2016?

Respondo: não.

 

É certo que com Cristiano Ronaldo no onze nacional o patamar de exigência subiu imenso. Basta lembrar isto: com ele na selecção, nunca mais voltámos a falhar uma participação numa fase final dum Mundial ou dum Europeu.

Antes dele, durante 74 anos, só participámos em três Mundiais (1966, 1986, 2002).

Depois dele, estivemos em cinco.

Antes dele, durante 44 anos, só participámos em três Europeus (1984, 1996, 2000).

Depois dele, estivemos em seis.

 

Pergunto: em que outro sector de actividade figuramos entre os oito melhores países do continente europeu?

Respondo: nenhum. 

 

Viva Portugal.

Viva o Futebol.

Viva Cristiano Ronaldo.

Ecos do Europeu (21)

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Como jogaram há três dias os jogadores portugueses contra a selecção da França na nossa derrota por penáltis de desempate em Hamburgo, em desafio dos quartos-de-final do Campeonato da Europa:

 

Diogo Costa. Seguro. Esteve sempre bem entre os postes, defendendo remates de Mbappé (22', 50', 90'+3). Infelizmente desta vez não neutralizou nenhum dos penáltis finais.

Cancelo. Discreto. Tinha ordens rigorosas do treinador para subir pouco no seu corredor, cortando a marcha a Mbappé. Missão cumprida.

Rúben Dias. Sólido. Deu pouco nas vistas, o que é bom sinal. Mas aos 66' protagonizou um corte precisoso e decisivo, abortando um ataque rápido dos franceses.

Pepe. Incansável. Exibição portentosa como comandante da nossa defesa. Ninguém diria que tem 41 anos ao vê-lo correr 50 metros aos 91' para bloquear Thuram. Digno de aplauso.

Nuno Mendes. Desequilibrador. Dínamo dominando a nossa ala esquerda, mais como extremo do que como lateral. Mesmo extenuado, ainda marcou penálti no fim. Melhor em campo.

Palhinha. Influente. É hoje um dos melhores médios defensivos da Europa. Atento e competente a distribuir jogo, com variações de flancos. Muito útil nas recuperações.

Vitinha. Pendular. A maioria dos passes verticais da nossa equipa saiu dos pés dele. Teve uma actuação em crescendo no jogo. Ninguém consegue roubar-lhe a bola.

Bruno Fernandes. Irregular. Teve um dos desempenhos mais discretos da equipa nacional neste Europeu. Nem nas bolas paradas fez a diferença. Bateu mal vários cantos e um livre.

Bernardo Silva. Apático. Mais de uma hora encostado à linha, sem tentar desequilíbrios, sem iniciativa. Melhorou com a saída de Bruno, ao assumir o jogo interior. Marcou penálti no fim.

Rafael Leão. Veloz. Autorizado a concentrar-se apenas em tarefas atacantes, ganhou quase todos os duelos a Koundé. Foi driblando e cruzando, mas quase sempre para ninguém. 

Cristiano Ronaldo. Perdulário. Tentou marcar de calcanhar (63'). De cara para a baliza, atirou para a bancada (93'). Nem parecia ele. Pelo menos converteu primeiro penálti da ronda final.

Francisco Conceição. Inconformado. Mexeu com o jogo quando entrou, aos 74', rendendo Bruno Fernandes. Atacou a linha de fundo para servir Ronaldo (93') e ofereceu golo a João Félix (108').

Nelson Semedo. Dinâmico. Substituiu Cancelo aos 74', sem afectar o rendimento da equipa. Desarme irrepreensível a Mbappé (92'). Assegurou a cobertura defensiva à direita.

Rúben Neves. Apagado. Entrou aos 90'+2 substituindo Palhinha, já amarelado: o treinador quis assim prevenir outro cartão. Foi sempre muito menos influente do que o colega.

João Félix. Nulo. Rendeu Leão (106'). Entrou para os penáltis finais. Desperdiçou golo ao cabecear à malha exterior (108'). No fim, mandou a bola ao poste, atirando Portugal para fora do Euro.

Matheus Nunes. Invisível. Rendeu Vitinha aos 119'. Ninguém percebeu o motivo desta entrada tão a destempo: seria para marcar um penálti no fim? Acabou por nem tocar na bola.

A voz do leitor

«Fizemos um jogo muito melhor [do] que eu antecipava. Ao mesmo nível dos franceses. Caímos de pé. Como tem sempre de ser. Não houve tremedeira do antigamente. Se o esquema contemplasse um segundo avançado perto de Ronaldo teria sido ainda melhor. Mesmo o penálti falhado não foi daqueles que eu chame de incompetente. Foi pena. Espero que o seleccionador sacuda as influências externas e continue a melhorar.»

 

Manuel Cunha, neste meu texto

Uma oportunidade perdida

A selecção de Portugal foi eliminada anteontem pela da França nas grandes penalidades, depois do 0-0 nos 120'. Exactamente como tinha sido apurada contra a Eslovénia. 

E Portugal foi eliminado sem razão de queixa de seja o que for. O jogo foi repartido, as oportunidades de golo aconteceram para ambos os lados, cada equipa tinha a sua forma de ferir o adversário, uma demorando mais com a bola outra menos, os guarda-redes e as defesas conseguiram manter as balizas invictas até ao fim. Depois vieram as grandes penalidades. Se alguém ainda pensa que as grandes penalidades são questão de sorte, que veja a forma como Ronaldo marcou a sua e o Félix falhou a dele. 

 

Portugal foi eliminado por uma França com a qual sempre poderia ser eliminado, mas depois duma campanha que deixou muito a desejar contra adversários de menor estatuto, que incluiu uma derrota humilhante contra a Geórgia. Foram 2-1, 3-0, 0-2, 0-0 e 0-0 os resultados, 5-3 em golos, sendo que, dos cinco, dois foram autogolos, outro um ressalto num defensor e outro um escorreganço dum defesa contrário que quebrou a linha de fora de jogo.

A selecção portuguesa dispunha dum meio-campo de luxo. Com Palhinha (agora Bayern de Munique), Bruno Fernandes (Man. United), Vitinha (PSG) e Bernardo Silva (Man. City) e dois alas perfurantes de grande classe como Nuno Mendes (PSG) e Cancelo (Barcelona). E depois Diogo Costa, Rúben Dias (Man. City), Pepe, Cristiano Ronaldo e Rafael Leão (Milan). Como é que com tanta qualidade não se consegue ter uma jogada colectiva que resulte num golo numa sequência de cinco jogos?

Não é difícil adivinhar a resposta.

 

Sendo assim, a selecção fracassou na Alemanha. Não há minutos de posse de bola nem choros convulsivos nem conversa da treta que prove o contrário. Para mim o grande responsável chama-se Roberto Martínez e a selecção Ronaldo & Pepe que montou sob o alto patrocínio de Jorge Mendes. Como é que um João Félix, a acumular fracassos por onde passa, que se ausenta para "jogar às cartas" enquanto a Itália joga, é seleccionado, joga pessimamente e mesmo assim vai marcar um penálti decisivo? 

No final do jogo, enquanto os dois manos choravam agarradinhos, alguns outros passavam ao lado de tanta ternura. Pepe fez um grande jogo de facto, mas a selecção já podia estar em casa à conta dele contra a Eslovénia. Ronaldo fez um péssimo jogo contra a França, também é um facto, mas tanto minuto de jogo e tanto livre marcado dá cabo do melhor jogador do mundo. Ainda assim converteu dois penáltis nos desempates finais.

Depois veio Martínez a falar no exemplo de Pepe para os portugueses. Qual Pepe? Aquele do murro ao Coates, da bofetada ao Matheus Reis, aquele do pontapé ao adversário caído no chão quando ao serviço no Real Madrid, aquele que colecciona expulsões e goza com os árbitros, o Pepe exemplo de quê? De que alguém pode ser um santo na selecção e um bandido no clube? De alguém já despedido do clube pelo novo presidente e que vai não sei para onde e que se calhar a Portugal não volta, já facturou o que pôde? Se gosta tanto, que compre o livro da história da vida dele quando for publicado. Já agora, se tivesse apostado de início numa dupla de centrais Rúben Dias-Gonçalo Inácio, com Nuno Mendes a lateral esquerdo e Rafael Leão a extremo, não teríamos outro desenvolvimento de jogo pela esquerda?

Sobre Rafael Leão, prometo nunca mais dizer mal dos cruzamentos do Nuno Santos. Nunca mais. 

 

Tínhamos jogadores de elite para muito mais. E no que respeita ao lançamento duma nova geração, Gonçalo Inácio, António Silva e João Neves vão precisar de psicólogos, como os dois guarda-redes suplentes, e o Gonçalo Ramos vai precisar de psiquiatra. Safou-se mesmo assim o Francisco Conceição que, com alguma trapaceirice "genética", conseguiu demonstrar a sua utilidade. O seu a seu dono.

Porque é que foram convocados Rúben Neves e Danilo? Para proteger o Pepe? E Pedro Neto? Para recuperar o valor de mercado do rapaz?

E pronto. Lendo e ouvindo o que se diz nos jornais e nas tvs, já temos um bode expiatório, o Cristiano Ronaldo, é malhar à vontade. Eu ofereço-me para ocupar a mansão na Quinta da Marinha. E não o deixo entrar.

 

PS: Se vier algum morcão a dizer que perdemos o Europeu pela falta do Otávio e do Galeno... ou do Evanilson... faça favor.

SL

Hora de (uma pequena) renovação na selecção

Finda a honrosa participação no Euro 2024, é altura de olhar para os jogadores que fizeram parte da convocatória e começar a pensar no próximo ciclo, que começa com a fase de grupos da Liga da Nações na primeira metade da época 2024/2025, seguindo-se a fase de apuramento para o Mundial 2026 na segunda metade da época.

Esta pequena "pausa" para a Liga da Nações era uma excelente altura para excluir os jogadores em fim de linha, caso não se excluam eles próprios, e chamar algum sangue novo.

 

Assim, divido os jogadores em seis grupos, que são:

  • Jogadores em fim de linha:
    • Rui Patrício (36 anos)
    • Pepe (41 anos)
    • Cristiano Ronaldo (39 anos)
  • Jogadores de médio prazo (estarão quase todos no Mundial 2026, mas muitos já não estarão no Euro 2028):
    • José Sá (31 anos)
    • Nélson Semedo (30 anos)
    • João Cancelo (30 anos)
    • Danilo (32 anos)
    • Bruno Fernandes (29 anos)
    • Bernardo Silva (29 anos)
    • João Palhinha (28 anos)
    • Ruben Neves (27 anos, mas já está a jogar nas Arábias)
  • Jogadores com os melhores anos ainda pela frente:
    • Diogo Costa (24 anos)
    • Ruben Dias (27 anos)
    • Diogo Dalot (25 anos)
    • Vitinha (24 anos)
    • Matheus Nunes (25 anos)
    • Rafael Leão (25 anos)
    • João Félix (24 anos)
  • Jogadores com futuro risonho:
    • Gonçalo Inácio (22 anos)
    • António Silva (20 anos)
    • Nuno Mendes (22 anos)
    • João Neves (19 anos)
    • Francisco Conceição (21 anos)
    • Gonçalo Ramos (23 anos)
  • Erros de casting/ fretes:
    • Pedro Neto (24 anos)
    • Otávio (29 anos) (não esquecer que estava convocado para o Euro, tendo saído por lesão)
  • Jogadores que podem/devem entrar nas convocatórias futuras:
    • João Mário (o do Porto) (24 anos)
    • Florentino (24 anos)
    • Fábio Vieira (24 anos)
    • Pote (26 anos)
    • Francisco Trincão (24 anos)
    • Jota Silva (24 anos)
    • André Silva (28 anos)

Ecos do Europeu (20)

Caímos de pé frente à vice-campeã mundial

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Foi um jogo muito dividido, este dos quartos-de-final do Europeu entre Portugal e França - vice-campeã mundial - ontem disputado em Hamburgo.

O nosso melhor jogo do Euro 2024.

Tivemos mais "posse de bola" (63%), mais remates, mais cantos, mais oportunidades de golo. Mas não bastou para seguirmos em frente, rumo à meia-final do Euro 2024.

Caímos de pé nas grandes penalidades finais - como nos tinha acontecido frente à Espanha na meia-final do Campeonato do Mundo de 2012. Não caímos como a Alemanha, derrotada horas antes pela selecção espanhola. Eliminada em sua própria casa por um adversário claramente superior.

Saímos de cena num desafio com grandes exibições de Nuno Mendes (melhor em campo), Vitinha, Palhinha, Pepe, Diogo Costa, Rafael Leão, Rúben Dias. 

Bastou no entanto um caso de incompetência na marcação de penáltis para nos pôr fora do Europeu. E desta vez, infelizmente, Diogo Costa não defendeu nenhum.

Não caímos porque a França tivesse sido superior ou tivesse mais solidez colectiva. Longe disso.

Ficamos nos quartos-de-final por erro manifesto de um jogador português. Que estava fresco, repousado, tinha entrado dez minutos antes.

Os franceses irão disputar a meia-final com os espanhóis, na próxima terça-feira, sem um golo marcado por mérito próprio. Beneficiaram de dois autogolos adversários e de um penálti mais que duvidoso.

Em cinco jogos, só isto. É pouco, quase nada.

 

Portugal, 0 - França, 0 (3-5 nos penáltis)

É dia de jogo

E eu vou lá estar... a apoiar via TV.

Chegados aqui já não merece a pena estar a agoirar o pior, pela fórmula do Martinez ou por outra qualquer, França em dez jogos ganha sete ou oito contra Portugal, são fisicamente superiores, muito mais objectivos ou cínicos na forma de entender o jogo, para eles o que importa é o resultado e apenas isso. Os outros que levem a taça do bom futebol, para eles isso vale tanto como a cerveja quente num dia de Verão. Por tudo isto é que ainda têm atravessada aquela derrota em 2016 em Paris e nunca perdoaram ao Éder por aquele pontapé improvável.

E para ganhar é preciso defender bem, o que não é difícil com seis ou sete "armários" no onze, e esperar que dois ou três artistas resolvam a questão.

Portugal é tudo ao contrário, é quase tudo artista da bola na melhor "colecção de cromos" de sempre. Quase todos têm mostrado que querem marcar o golo da carreira e são incapazes de assistir na perfeição para o golo fácil, o experimentalismo do Martínez convida a isso mesmo, e sobra o Palhinha para tapar as aventuras dos outros e evitar que o Pepe escorregue e ajoelhe uma vez mais.

Estando as duas equipas mais confortáveis a jogar com as linhas juntas e aproveitar as transições, quem marcar primeiro vai ficar com o jogo a seu gosto. E mais perto de ganhar.

Que seja Portugal e já agora Cristiano Ronaldo a marcar. Por todos os motivos que já conhecem.

E que a vitória sorria a Portugal, que grande alegria para todos os Portugueses mas muito em particular para os emigrantes na França e em todos os países ali à volta. 

Até mais logo e viva Portugal!

SL

Estádios de 2.ª divisão no Euro 2024

Apesar de morar a apenas 60 km de Hamburgo, não vou assistir ao vivo ao jogo de hoje entre Portugal e a França. Por um lado, é dificílimo arranjar bilhete. Por outro, custar-me-ia muita energia emocional. Não estarei, assim, entre os portugueses que se deslocarão ao Volksparkstadion, um dos maiores estádios da Alemanha, com capacidade para 57.000 pessoas. E pertencente a uma equipa da… 2ª divisão!

Volksparkstadion.jpg

Imagem Wikipedia

Não é o único. Muita gente em Portugal não saberá que, na verdade, metade dos estádios alemães, onde se disputam as partidas deste Euro, pertencem a clubes da 2ª divisão. Cinco, entre os dez escolhidos: Düsseldorf, Köln (Colónia), Gelsenkirchen (pertencente ao Schalke 04), Berlim (o Estádio Olímpico, com lotação para 74.000 pessoas, é a “casa” do Hertha BSC) e Hamburgo, onde hoje se jogará os quartos de final entre Portugal e a França.

Hamburgo (onde morei durante sete anos) é a segunda maior cidade alemã (1,852 milhões de habitantes), à frente de Munique, Colónia e Frankfurt. Além disso, o Hamburger SV conta com uma Taça dos Campeões, uma Taça das Taças e seis campeonatos no seu palmarés. E, até 2018, era a ÚNICA equipa alemã que nunca tinha estado na 2ª divisão, desde a criação da Bundesliga, em 1963, nos moldes que hoje se conhecem (o Bayern de Munique, nessa altura, não foi convidado para participar na Bundesliga; ficou na 2ª divisão, só subindo à 1ª na época de 1965/66).

De há dez anos para cá, os adeptos do Hamburger SV vêm precisando de nervos de aço. Como aqui registei, o clube esteve quase a descer, em 2014, mas assegurou a sua permanência no play-off por uma unha negra. Nessa altura, o capitão da equipa era a antiga estrela da seleção neerlandesa Rafael van der Vaart. E, depois deste susto, anunciaram-se medidas drásticas para tirar o clube da crise, incluindo a dissolução de todo o management.

Enfim, as “medidas drásticas” não conseguiram tirar o Hamburger SV do último terço da tabela e, em 2018, acabou mesmo por descer. Não preciso de dizer que os adeptos se acostumaram à máxima “para o ano é que vai ser”. O Hamburgo ficou, desde então, três vezes no quarto lugar (épocas 21/22, 22/23 e 23/24) e outras tantas no terceiro, sendo que este lugar permite o play-off, com o ante-penúltimo classificado da Bundesliga.

Esta época, que até começou muito bem, acabou, mais uma vez, no quarto posto. E a humilhação foi ainda maior, perante a subida à Bundesliga da segunda equipa de Hamburgo, eterna rival do Hamburger SV: o FC St. Pauli.

O FC St. Pauli é uma clássica equipa de 2ª divisão. Passou uma época na Bundesliga nos anos 1970 e outra em 2010/11. Mas também já desceu à 3ª divisão, vendo-se obrigada a jogar na chamada Liga Regional do Norte, de 2003 a 2007. Como se depreende, esta subida significa muito para este pequeno clube. E deprime ainda mais os adeptos do Hamburger SV.

Millerntor-Stadion Gudrun Becker.jpg

Millerntor-Stadion - Foto Gudrun Becker

O Millerntor-Stadion, com lotação para quase 30.000 pessoas, e onde o FC St. Pauli está “em casa”, tem, desde ontem, servido de treino para as seleções de Portugal e da França.

Curiosidade: O bairro de St. Pauli inclui a rua Reeperbahn, onde se situa o famoso red-light district de Hamburgo.

A viola enfiada no saco

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No jogo contra a Eslovénia, Cristiano Ronaldo respondeu em campo, mostrando a todos como se dá a volta por cima. No futebol tal como na vida.

Falha um penálti. Ou melhor: não falha, pois o penálti foi bem marcado, mas com defesa excelente de Oblak. Um quarto de hora depois, volta a marcar - sem tremer, sem vacilar, sem virar a cara ao desafio.

E mete-a lá dentro.

Oblak, ex-Benfica, deixou de ser herói daquele desafio dos oitavos no Euro 2014.

O herói foi também guarda-redes, mas português. Compatriota de Cristiano Ronaldo. Nosso compatriota.

E lá teve a tribo do Ódio ao Ronaldo, uma vez mais, de enfiar a viola no saco. Temos pena.

Llorando Dolores

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Não há nada mais humano que o choro. O momento mais feliz, mais gratificante, mais impactante (já cá faltava uma palavra da moda) da minha vida foi ver o meu bebé nascer e ouvi-lo chorar. Chorou ele e chorei eu.

Já chorei com o Sporting, também, de tristeza e de alegria.

Não sei a razão das lágrimas de Cristiano Ronaldo (provavelmente nem ele) o Record diz que Ronaldo chorou ao ver Dolores no écran do estádio, penso que as dores (dolores em castelhano) seriam outras, julgo que não será difícil perceber quais.

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Estamos no dia 27 de Junho de 2012, os ponteiros já quase apontam as dez e meia da noite, vão bater-se penalties na Dunbass Arena, em Donetsk, cerca de 28 000 pessoas no estádio e milhões pela televisão, preparam-se para ver quem seguirá em frente.

O "bates bem", bateu mal, Bruno Alves bateu na trave, Cristiano Ronaldo não bateu, nem bem nem mal e abandonámos a Ucrânia.

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Parece que temos Cristiano Ronaldo de volta. A atitude do capitão ao pegar na bola e bater o primeiro penalty mostrou-nos que não se deixou abater pelo falhanço anterior e que as lágrimas não eram de desespero.

Teria sido muito mais fácil para Cristiano deixar que fosse Bruno Fernandes a bater o primeiro penalty mas os grandes campeões forjam-se nas dificuldades, remam contra as marés.

Critico Cristiano quando penso que o devo fazer (a questão do arremesso da braçadeira de capitão, por exemplo) mas elogio quando é para elogiar.

A atitude de Cristiano Ronaldo de querer ser ele a marcar o primeiro penalty não foi valorizada, nem elogiada, assim fica aqui registada.

Obrigado, Cristiano, vamos precisar de ti na sexta-feira.

{ Blogue fundado em 2012. }

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