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És a nossa Fé!

Sporting Clube de Lisboa

No domingo, houve uma larga maioria de votantes favoráveis à introdução do voto electrónico não-presencial: 70%. Mas a medida não passou por exigir maioria qualificada de 75%. O que significa isto? Só percentagens coreanas ou albanesas permitem verdadeiras alterações estruturais no Clube.

Na prática mantém-se, até ver, Sporting Clube de Lisboa em vez de Sporting Clube de Portugal. Mudança bloqueada por uma minoria absoluta - de lisboetas. Três mil e poucos a introduzir um papel na urna bastam para porem e disporem. Querem o clube só para eles. Imunes à tecnologia só aqui, quando usam a tecnologia em quase tudo - da gestão da conta bancária às compras mais diversas.

Fui contra isto, mantenho-me contra isto. Estarei sempre do outro lado. Quero um Sporting verdadeiramente representativo do país inteiro - e não de uns quantos bairros da periferia alfacinha. Quero um Sporting do século XXI. Não quero um clube refém dum mundo analógico que já deixou de existir.

 

ADENDA: Convém ter a noção das proporções: o bloqueio ao voto electrónico à distância foi corporizado nas urnas por 630 sócios.

Alterações estatutárias: voto sim a isto

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Sou favorável à introdução do princípio do voto à distância no Sporting. Refiro-me ao voto electrónico não-presencial, medida que democratiza o Clube e amplia largamente os direitos dos associados - sobretudo todos aqueles que residem fora da Grande Lisboa. Não apenas em nome da equidade e da representatividade, mas também como conceito básico do universo leonino: o Sporting presume-se, e bem, de Clube de expansão nacional, não acantonado num bairro alfacinha, devendo agir em consonância com este princípio.

Há que pôr fim, portanto, à anacrónica obrigação de voto presencial em Lisboa - com a exigência expressa de que o escrutínio seja auditado por uma entidade independente cuja idoneidade esteja acima de qualquer suspeita. Devemos incentivar as boas medidas e as boas práticas - seja qual for a equipa directiva que estiver ocasionalmente em funções - de olhos sempre no futuro. Os ciclos presidenciais passam, o Sporting permanece.

 

ADENDA: 

Transcrevo a opinião aqui expressa há mais de três anos, em 3 de Agosto de 2020. Num texto em que também defendi a regra da maioria absoluta para a escolha do presidente do Conselho Directivo e o regresso ao método de Hondt para eleger o Conselho Fiscal e Disciplinar. Além da introdução progressiva e faseada do princípio "um sócio, um voto".

Às moscas por opção?

Excluindo o último jogo no passado Domingo com o Porto em que, como diria o outro, "obtivemos" uma desastrosa derrota que nos arredou definitivamente do acesso à Liga dos Campeões, as assistências ao estádio têm sido de uma pobreza franciscana e mesmo neste jogo em particular o número de lugares ocupados não chegou aos 40 mil.

Os bilhetes para o jogo da amanhã contra o colosso Mit-qualquer-coisa-land, foram postos à venda há cerca de quinze dias, por valores que eram tão "convidativos" que talvez se vá assistir à pior casa da época. Ou não, que perante o descalabro de vendas (só assim se entende), a partir de ontem é oferecida uma entrada a quem comprar outra, que não é situação virgem, o que denota alguma teimosia ou pior, incompetência. Não seria de todo o interesse ter o estádio cheio a apoiar a equipa, que bem precisa?

Isto poderia entender-se, a falta de interesse, após o afastamento de todos os objectivos da época, mas o prazo-limite para aquisição de bilhetes para os lugares de GB terminou muito antes do jogo com o Porto. Eu diria que propositadamente, não esperava era a cabecinha que colocou os bilhetes a preços estapafúrdios, que o desinteresse pelo jogo fosse o que demonstrou ser.

Eu tenho para mim que isto é propositado. Nenhum dirigente, no seu perfeito juízo ou sem outros interesses que não os de servir o clube, complica a vida a quem quer assistir aos jogos e parece fazer gáudio do número cada vez mais reduzido de gente no estádio (alguns se calhar não põem lá os pés até pelo barulho infernal d'aquela música maluca do pasodoblismo, parafraseando Ary).

Ao que temos vindo a assistir é à depreciação escandalosa da marca Sporting e das duas, uma: Se é por incompetência há que arrepiar caminho, se é propositado e com interesses obscuros, é crime de lesa-estatutos e o remédio é o mesmo que já foi aplicado a outros anteriormente e outra vez arrepiar caminho.

Há dias, no rescaldo do jogo com o Porto, escrevi aqui que Braga e Vitória estão na nossa peugada e a breve trecho corremos o risco de ser por eles definitivamente ultrapassados. Pois ontem o Vitória vendeu 46% da SAD ao grupo dono do Aston Villa, o que aponta para uma "cena" perecida com o Braga, que investe cada vez mais e melhor e vai consolidando a sua posição.

E nós, quo vadis?  Continuamos a permitir que o clube e SAD sejam dirigidos por gente incapaz e a conduzi-los em espiral até ao fundo, um fundo tão profundo donde dificilmente sairão? Estaremos disponíveis para deixar que dirigentes que já se percebeu nada entenderem de futebol e muito pouco de gestão, desportiva e outras, deem cabo de 116 anos de história gloriosa? Estaremos disponíveis para que dirigentes, todos, sejam eleitos por meia-dúzia de sócios?

Volto à minha "luta" por um sócio/um voto. Pesemos bem, pelo andar da carruagem haverá apenas uma opção para o clube, que é vender a SAD. E se a opção não for lavagem de dinheiro, ninguém investe um cêntimo se não tiver a maioria do capital social. E aí, vale bem a pena ter um ou dez votos, que o peso dos sócios será o mesmo, zero. Pode ainda acontecer um cenário pior, que é o que acontece em Inglaterra, a venda do próprio clube e aí adeus sócios, passará a fazer lei a máxima de Soares Franco, "os sócios têm que passar a ser meros clientes".

É certo que a alteração estatutária de um sócio/um voto não será garantia de que aparecerá um génio da gestão para comandar o clube, mas garantirá, não tenho a menor dúvida, a sobrevivência do Sporting. O sentimento de participação e a importância que cada voto terá, dará a cada um dos sócios a responsabilidade de utilizar bem o seu voto e de participar na vida do clube. Ao contrário de hoje, em que a maior parte dos votos não conta para nada. Pode ser que finalmente se abra os olhos e se entregue o clube à Democracia, seria o que se esperaria do clube campeão no ano da libertação do País do regime fascista.

O faminto e os fatos Hugo Boss

Sendo importante a discussão das alterações estatutárias no Clube, é preciso fazer um sublinhado: não nos podemos que a mesma desvie a nossa atenção do urgente. 

Não nos iludamos: a casa está a arder... A evolução conhecida da realidade financeira do clube é alarmente. Os resultados desportivos (falta deles...) são os que sabemos. A desmobilização da massa adepta é notória. O Clube continua sem orçamento aprovado. A gestão do Clube é errática a todos os níveis. A comunicação um desastre, protegendo a direcção e atirando areia diariamente para os olhos dos sócios e adeptos, disfarçando a má gestão, incompetência e incapacidade de corrigir erros. Na próxima época o terceiro lugar dá acesso à Champions, mas Braga e Guimarães serão seguramente candidatos e estão a construir plantéis fortes.

A quem interessa que falemos agora, neste preciso momento, de estatutos? Eu diria: aos incompetentes barricados na direcção, que não querem reconhecer a sua incapacidade para gerir um Clube da dimensão do Sporting Clube de Portugal.

Por acaso estes estatutos impediram o Sporting de ir à Champions há 3 anos? De construir uma grande equipa com jogadores como Bruno Fernandes ou Mathieu? De lutar pelo título?

Falar de estatutos nesta fase é um pouco como um faminto estar entretido a ver um catálogo de fatos Hugo Boss.

Sobre a grave situação financeira do Clube, é importante (e urgente...) ler a escalpelização feita pelo Pedro Azevedo aqui:

https://castigomaximo.blogs.sapo.pt/

Sobre as propostas de Poiares Maduro

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Miguel Poiares Maduro, ao que parece representando um grupo alargado de sócios, vem agora propor um conjunto de alterações estatutárias a que o jornal Record dá destaque na edição de hoje, com chamada de capa e uma página inteira no interior. 

Há quem considere que este não é o momento para promover grandes alterações aos estatutos leoninos. Penso o contrário. Se há ocasião indicada, é esta mesmo. Terminou uma temporada desportiva, o próximo campeonato de futebol só começa na segunda quinzena de Setembro, não concebo melhor altura para debatermos estas questões. Antes de a bola começar novamente a rolar.

Tudo deve ser debatido. Sem tabus.

 

Li com atenção as propostas de Poiares Maduro e confesso alguma decepção. Salvo erro de interpretação da minha parte, o documento é omisso num tema fundamental: a adopção tendencial do princípio "um sócio, um voto". Não adianta empurrar com a barriga: este é um assunto que não deixará de figurar na agenda leonina dos próximos anos.

Porque não começar a debatê-lo já?

 

O antigo ministro rejeita o voto electrónico à distância, que já defendi aqui, optando por uma solução muito conservadora, quase imobilista: quer manter o voto presencial em exclusivo, forçando todos os sócios a deslocarem-se a Lisboa, embora admitindo que "quatro núcleos" possam funcionar também como futuras mesas eleitorais. Não especifica, no entanto, por que motivo só abre a excepção a quatro núcleos nem menciona em que zona do País se situarão, o que não adianta grande coisa ao debate.

Mas o que me merece mais reservas, entre as propostas agora apresentadas por Poiares Maduro, é a criação de dois novos órgãos na estrutura directiva leonina. Um Conselho de Ética e Disciplina, que funcionaria apenas no âmbito do Clube, para «avaliar, sanar e punir situações relacionadas com falta de transparência», e um Conselho Geral e de Supervisão, em exclusivo para a SAD, com a missão de «garantir o cumprimento dos princípios e das regras previstos e reportar aos associados do Clube sobre aspectos estratégicos da sociedade».

 

Isto parece replicar o pior das instituições políticas: quando há um problema por resolver, cria-se mais uma comissão. Ou duas.

Ora, salvo melhor opinião, o Sporting não carece de novas estruturas orgânicas, que acabariam por colidir com as já existentes, conduzindo à paralisia dos processos de decisão.

O Sporting necessita, simplesmente, de dirigentes mais competentes e de órgãos que funcionem melhor. Multiplicar conselhos e comissões, numa espécie de fuga para a frente, não resolverá nenhum problema actual e poderá desencadear outros. É a última coisa de que precisamos.

 

ADENDA: Propostas detalhadas aqui.

Sobre o i-voting...

São preocupantes as notícias que vamos lendo diariamente sobre reforços da equipa de futebol. Oxalá esteja enganado, mas não confio na capacidade de Frederico Varandas e Hugo Viana para apresentarem no início da próxima época, um plantel equilibrado que possibilite um nível de competitividade que a dimensão do SCP exige.

Sabemos que o Sporting Clube de Portugal é bem mais que futebol, mas este é a mola real que movimenta milhões e exacerba paixões.

Agastados pelos fracos resultados alcançados, enquanto aguardam com desconfiança o que fará o presidente com mais esta oportunidade que a pandemia lhe ofereceu, muitos sócios, entre os quais me incluo, pretendem fazer ouvir a sua voz e mostrar o descontentamento aos órgãos sociais que dirigem o clube. Votação do orçamento, adiada não se sabe bem para quando, relatório e contas e i-voting, serão decisivos para o futuro do clube e determinantes para levar o mandato até final, ou antecipar eleições. Por maior que seja a legitimidade para continuar em funções, os órgãos sociais não poderão assobiar para o lado sem retirar consequências, caso os associados chumbem as propostas que apresentem. O contrário também é verdadeiro, aqueles que contestam, terão que ler com a devida atenção aquilo que vier a acontecer.

Sobre o i-voting, mixed feelings. Vivi alguns anos fora de Portugal, impossibilitado de participar e votar em várias AG e nas eleições de 2013, 2017 e 2018 e até na histórica AG de 23 de Junho de 2018. Por razões profissionais, com mais de 40 anos de sócio e quotas em dia, não consegui participar em momentos importantes da vida do meu clube. O voto por correspondência não era solução no meu caso, além de ser muito dispendioso. E não existia qualquer núcleo por perto, aliás, cheguei a estar a mil kms do consulado mais próximo. Sou por isso favorável à sua implementação, se garantida a segurança do mesmo, porque não sou ingénuo e detesto chapeladas eleitorais. Convém aliás ler posts anteriores sobre o assunto, aqui no blog.

Estou tentado a votar favoravelmente uma alteração estatutária que introduza o i-voting, se vier acompanhada da 2ª volta na eleição, caso não exista maioria absoluta à 1ª volta e se for recuperado o método de Hondt na eleição do CFD, colocando assim um ponto final na bizarra eleição em lista única dos diferentes órgãos sociais. O clube precisa de mais alterações estatutárias, mas não será este o tempo para uma discussão séria sobre a matéria. Estas serão talvez as mais urgentes e também consensuais.

É incompreensível que proponham aos sócios a aprovação do i-voting de forma isolada, mas também fica mais fácil em consciência rejeitar, pelo que os meus votos irão neste sentido. Tal como votarei contra o orçamento, relatório e contas e tudo o mais que apresentarem.

 

Aplauso à renumeração

Texto de JMA

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Penso que os sócios que tenham um ano de quotas em atraso deveriam ser eliminados [dos cadernos eleitorais e do processo de decisão interno]. Pelos vistos só os verdadeiros Sportinguistas se mantêm. Aqueles que deixaram de pagar quotas pelos resultados, pelo presidente ser este e não aquele, pelo treinador ser este e não outro, por jogarem os jogadores A e B e não o C e o D, mais aqueles que ainda esperam pela reintegração do D. Sebastião de Telheiras, não fazem falta nenhuma ao Sporting Clube de Portugal.

Sou sócio há mais de 30 anos, com qualquer presidente (e a maior parte deles detestei), qualquer treinador (e poucos tiverem qualidade) e com quaisquer jogadores. Eu não sou sócio do presidente (não votei em Varandas), dos treinadores ou dos jogadores. Sou, com muito orgulho, sócio do Sporting Clube de Portugal!

Ainda bem que houve esta limpeza, o ar está mais respirável...


P. S. - Nunca compreendi aqueles "ignorantes" que não sabem (ou não querem saber) que o valor da quotização vai integralmente para as modalidades e não para o futebol. Assim, não serve e é até patético um sócio deixar de pagar quotas por a equipa de futebol jogar pouco (ou muito) e o presidente ser o Manuel e não o Joaquim.

 

Texto do leitor JMA, publicado originalmente aqui.

Alterações estatutárias: voto sim a isto

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1. Sou favorável à introdução do princípio do voto à distância no Sporting. Refiro-me ao voto electrónico não-presencial, medida que democratiza o Clube e amplia largamente os direitos dos associados - sobretudo todos aqueles que residem fora da Grande Lisboa. Não apenas em nome da equidade e da representatividade, mas também como conceito básico do universo leonino: o Sporting presume-se, e bem, de Clube de expansão nacional, não acantonado num bairro alfacinha, devendo agir em consonância com este princípio.

Há que pôr fim, portanto, à anacrónica obrigação de voto presencial em Lisboa - com a exigência expressa de que o escrutínio seja auditado por uma entidade independente cuja idoneidade esteja acima de qualquer suspeita. Devemos incentivar as boas medidas e as boas práticas - seja qual for a equipa directiva que estiver ocasionalmente em funções - de olhos sempre no futuro. Os ciclos presidenciais passam, o Sporting permanece.

 

2. Sou favorável à introdução progressiva e faseada do princípio "um sócio, um voto", mediante compensações destinadas a premiar a antiguidade da filiação clubística, a par de outras que acautelem a inscrição em massa de falsos sócios para condicionar processos eleitorais. É inevitável caminharmos neste sentido, também em nome da transparência e do aprofundamento das boas práticas democráticas no Sporting.

 

3. Finalmente, urge introduzir a regra da maioria absoluta para a escolha do presidente do Conselho Directivo - considerado órgão social do Clube desde a mais recente (e muito controversa) alteração estatutária, aprovada em Fevereiro de 2018, e reverter o método de eleição do Conselho Fiscal e Disciplinar, que desde então resultou de lista fechada e monolítica. É fundamental reabrir este órgão a várias sensibilidades, eleitas pelo método de Hondt a partir de listas autónomas, e consagrar um segundo escrutínio para a presidência do Clube sempre que do primeiro não saia designado um novo titular com pelo menos 50,01% dos votos expressos. A estabilidade do Sporting assim o exige. E de instabilidade andamos todos fartos.

Mudar estatutos: claques

Nos estatutos deveria constar que, respeitando a autonomia, a Direcção do Clube tivesse poder de veto sobre qualquer decisão das claques (grupos organizados de adeptos) oficialmente reconhecidos. As claques servem tão só para aquilo que o dicionário define como sendo sua função “grupo de indivíduos encarregados de aplaudirem uma equipa”, não servem para mais nada, pois mais nada está nas suas funções. Em tempos, as claques do Sporting – nomeadamente a Juve Leo – eram reconhecidas por o fazerem bem:

« (…) “Alvalade sempre teve ambientes apaixonados, mas isto era outra coisa», diz Carlos Xavier (…). “A Juventude Leonina era na altura uma claque com grande influência brasileira. Havia muitos batuques, um ritmo de samba. Estávamos lá em baixo a ouvir aquilo e queríamos comer o adversário. Até entravamos arrepiados.” (...)

“Tínhamos a melhor claque da Europa, acrescenta o extremo-esquerdo Mário Jorge. “Tive momentos na minha carreira em que estava no relvado e olhava embasbacado para as bancadas a dizer para mim próprio: ‘Isto é inimaginável!’ Allison explorou esse calor do público com grande imaginação. Anos mais tarde, numa eliminatória com o Feyenord, a Juventude Leonina utilizou pela primeira vez raios laser. Os jogadores holandeses no relvado viravam-se para nós e diziam: ‘Isto nem num concerto do Bruce Springsten.’”»

 

É isso que queremos que volte a acontecer.

Carlos Vieira: antes e depois

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Carlos Vieira parece apostar na desmemória dos sportinguistas. Nas suas últimas intervenções públicas vem procurando fazer-nos crer que não teve responsabilidades institucionais no clube onde durante mais de cinco anos foi o número dois de Bruno de Carvalho. 

Num texto de opinião publicado na passada sexta-feira no Record, Vieira preconiza um novo processo de alterações estatutárias como se fosse um recém-chegado. Eu também sou pela mudança, e já aqui dei um modesto contributo, tal como fizeram vários outros colegas do blogue, para alterações a introduzir na "constitução" leonina. Em defesa, por exemplo, da consagração do princípio um sócio/um voto, da limitação de mandatos acompanhada da redução dos ciclos eleitorais, do reforço dos mecanismos de idoneidade na apresentação de candidaturas, da ampliação das incompatibilidades, da introdução do voto electrónico remoto e da existência de uma segunda volta que permita eleger sempre um presidente com maioria absoluta dos votos expressos.

Isto só para lembrar as mais recentes, que até originaram uma série autónoma de postais.

 

Acontece que, ao contrário de nós, Carlos Vieira já ocupou funções de relevo no Sporting. Foi vice-presidente do Conselho Directivo e, nessa qualidade, subscreveu a ampla revisão estatutária de Fevereiro de 2018, aprovada em ambiente de psicodrama, com o então presidente a lançar um verdadeiro ultimato aos sócios: ou aprovavam aquelas alterações com uma percentagem esmagadora (mínimo de 75%) ou dar-se-ia a demissão em bloco dos órgãos sociais. Isto a meio de uma época desportiva, quando a nossa equipa de futebol profissional até ia na frente.

Esta alteração reforçou a posição do presidente, que passou a ser considerado um dos órgãos sociais do clube, pôs fim ao método de Hondt na eleição para o Conselho Fiscal e Disciplinar, que agora integra apenas os representantes da lista mais votada, e consumou a extinção do Conselho Leonino. Excepto este último ponto, relativamente pacífico, as alterações há dois anos introduzidas nos estatutos apontaram na direcção errada. Tal como as mudanças ocorridas em simultâneo no regulamento disciplinar do clube, que endureceram drasticamente as penalizações aos sócios - e à luz do qual, por ironia, o próprio Carlos Vieira e o antigo presidente já foram sancionados.

 

Aparece agora Vieira em defesa de «um processo de primárias que elegesse as duas listas mais votadas e posteriormente sufragadas pelos sócios», o que permitiria colmatar a inexistência de segunda volta nas eleições, e também de «um modelo que insira a limitação de mandatos para os cargos de presidentes dos três órgãos do clube».

São bons princípios, mas apetece perguntar-lhe por que motivo não os submeteu à consideração dos sócios quando dispôs de poder para tal. 

Da mesma maneira que surge em defesa do «reforço do investimento na formação» quando integrou um elenco directivo marcado pelo desinvestimento nesta área - e que teve um ponto emblemático na extinção da equipa B, onde actuaram futuros internacionais, como Quaresma, João Mário, Bruma ou Eric Dier, e que chegou a contar com a prestação de um muito jovem Cristiano Ronaldo. Sem esquecer Palhinha, Esgaio, Podence, Gelson Martins, Domingos Duarte ou Matheus Pereira. 

O ex-vice leonino aproveita enfim para enaltecer os «critérios democráticos que subjazem ao funcionamento dos clubes», sublinhando que esta «é uma riqueza que não pode ser colocada de parte, seja para facilitar assembleias gerais seja para retirar o poder democrático na gestão do futebol». Acho óptimo que hoje pense assim. Há dois anos, remava no rumo oposto. Ao integrar uma direcção que recusou uma assembleia geral destitutiva e nomeou "órgãos sociais" fictícios, à revelia dos estatutos.

 

Todos os contributos para o debate são bem-vindos. Mas quando vêm de alguém que já ocupou o poder no Sporting, temos sempre o direito de perguntar por que motivo não aplicou então o que defende agora.

Não se trata apenas de um direito: em certos casos, é mesmo um dever.

Mudar estatutos: Voto electrónico

 

A pandemia de Covid-19 colocou em risco muito do que entendiamos como eternamente adquirido, incluindo a liberdade de participação de todos os sócios em eventos desportivos, sociais e estatutários do clube a que pertencem. Os sócios integrantes do grupo de maior risco, com mais de 70 anos e/ou com debilidades imunitárias, possivelmente vão ficar impedidos de participar nesses eventos durante algum ou largo tempo.

De qualquer forma, e mesmo sem pandemia, a verdade é que apenas uma pequena percentagem de sócios do Sporting Clube de Portugal participava em eleições ou em Assembleias Gerais (AGs), as últimas eleições foram as mais concorridas de sempre e a AG de destituição do ex-presidente uma das maiores participadas e terão votado cerca de 40% e 30% dos sócios com capacidade para tal respectivamente. Já nas ultimas AGs não terão votado mais do que 4%.

Por outro lado, o próprio modelo de AGs não eleitorais consagrado nos estatutos tem vindo a revelar-se incapaz de permitir um debate acalorado mas civilizado dos pontos em discussão, antes se tem tornado palco para um combate desigual e improdutivo entre uma minoria instrumentalizada e arruaceira e uma maioria incapaz de fazer ouvir os seus pontos de vista e por isso mesmo silenciosa, limitando-se a entrar, votar e sair o mais depressa possível. Um combate onde a minoria tenta tudo para ganhar por... falta de comparência dos adversários.

Importa por isso repensar as diferentes formas dos sócios poderem exercer os seus direitos de participação na vida do nosso clube, e particularmente o direito ao voto.

Em 12 de Novembro do passado ano o PMAG Rogério Alves abordou em declarações à Sporting TV o voto eletrónico, considerando que seria "seria uma revolução que colocaria o Sporting no patamar de excelência":

"Nisso é que nós devíamos concentrar a nossa energia. A consagração do ‘iVoting’… Isto é, permitir a cada sócio e a cada sócia que no seu computador, com um sistema fidedigno, verificado, instalado e conferido naturalmente por entidades idóneas e com competência na matéria… permitir que a generalidade das sócias e dos sócios do Sporting se pronunciem sobre os factos relevantes para o clube significaria a revolução que o Sporting precisa em termos de ser, de facto, um clube das sócias e dos sócios. Para o Sporting ser de facto um clube das sócias e dos sócios, como deve ser e como tem de ser, é fundamental que mais pessoas participem nas decisões, para que as decisões tenham efetivamente uma legitimidade reforçada, acrescida e para que se possa consultar as sócias e os sócios sobre assuntos relevantes do clube, sem obrigar a deslocações, a perdas de tempo e a grandes despesas que correspondem à realização de cada uma das assembleias gerais, é dizer: A partir de agora, no conforto da sua casa, na proximidade de um núcleo, pode emitir a sua opinião. Para além de votações nas assembleias gerais, poderia obter as opiniões dos sócios, mesmo fora do quadro de uma deliberação em AG, recolher a sensibilidade das pessoas, face a assuntos relevantes para a vida do clube. Fazer uma espécie de uma sondagem, fazer uma espécie de um referendo… E aí sim podíamos dizer que, cada vez mais, o Sporting é o clube das suas sócias e dos seus sócios. Porquê? Porque 40, 50, 60, 70 mil pessoas, todos aqueles que têm capacidade e reúnem condições estatutárias para exercerem o direito de voto, podem, de facto, fazê-lo, de forma cómoda, de forma simples, de forma rápida, de forma segura. (...) Esta seria uma revolução que colocaria o Sporting no patamar de excelência. E, portanto, é fundamental que, se queremos uma participação ampliada na vida associativa do nosso clube, que esta seja a nossa meta: implementar, sem medo dos votos, sem medo de que haja muito mais gente a votar, implementar esta verdadeira revolução e tornar o Sporting um clube pioneiro no reforço da legitimidade e no implemento de um a verdadeira convivência democrática e no domínio das maiorias. Essa implementação é crucial para que seja a maioria a dirigir os destinos do clube – e que essa maioria seja ampla, seja significativa, seja muito alargada, para ser também inequívoca".

Tendo a grande vantagem de alargar a base de votantes, a verdade é que o iVoting tem vários problemas associados nada fáceis de resolver, e talvez por isso mesmo apenas a Suiça e a Estónia o usam para eleições e referendos nacionais. Nos EUA e Canadá usam-no no âmbito das primárias dos partidos, em França a mesma coisa, em Portugal penso que é utilizado nas votações de diversas Ordens, entre elas a dos Advogados.

Vou então tentar explicar de forma simples em que consiste o iVoting.

A forma de voto tradicional nas eleições e referendos é um voto anónimo, presencial e supervisionado, anónimo para assegurar que o sócio assuma a sua escolha em plena liberdade, presencial porque tem de se deslocar ao local de votação com os documentos necessários e supervisionado porque existe uma estrutura técnica no local que o credencia e o acompanha no processo de voto. Para situações bem tipificadas admite-se um voto não presencial, por correspondência. O escrutínio dos votos exige um processo manual demorado de contagem e verificação.

O voto electrónico consiste em expressar o seu voto através de equipamentos informáticos visando sobretudo facilitar o voto e o apuramento dos votos, ganhar eficiência na gestão e, idealmente, ao mesmo tempo, manter ou aumentar as garantias de segurança e credibilidade de todo o processo. Esse voto pode ser concretizado ou de forma presencial por máquinas de votação tipo ATMs distribuidas por locais de voto e utilizadas de forma supervisionada por autoridades, ou de forma anónima, não presencial e não supervisionada localmente através da Internet,o iVoting.

Isso quer dizer que acedendo de forma autenticada a um portal de voto, cada eleitor poderá exercer o seu direito de qualquer local e em qualquer momento do período de votação. Terminado esse período, logo um programa informático fará o apuramento, que depois de certificado pela entidade central de supervisão, ditará o resultado. Mesmo assim e para quem entender, poderá estar também disponível o voto presencial tradicional.

Então, e tomando como referência o voto tradicional, o iVoting levanta várias questões, de transparência e fiabilidade, pode ser vulnerável a erros, fraudes e piratarias, a própria base eleitoral, sócios há algum tempo com quotas em dia, pode ser viciada, por alguém ou alguma seita que promova o ingresso ou regresso massivo de sócios, organizadamente obtenha as suas credenciais e faça por eles a votação. Também por isso e tal como no voto presencial, o voto qualificado é essencial para garantir a estabilidade do clube. Por outro lado, o iVoting tem a vantagem de permitir facilmente a realização duma 2ª volta entre os candidatos mais votados.

No entanto, e por muito cuidado que se tenha na escolha e implementação do sistema informático e na escolha também da entidade certificadora, a idoneidade da mesma será apenas uma condição necessária mas não suficiente para garantir a confiança dos sócios do Sporting num processo de iVoting.

Concluindo, é importante ultrapassar as questões relativas à participação presencial apontadas no início e assegurar a vida estatutária do clube no momento em que vivemos, o voto electrónico na versão iVoting é uma ferramenta com virtudes e defeitos capaz de as ultrapassar, e deverá ser avaliada comparativamente com outras alternativas, como sejam as AGs delegadas, com delegados escolhidos pelo método de Hondt ou doutra forma, ou o voto presencial descentralizado, com urnas de votação e estruturas de apoio espalhadas pelos principais núcleos. Alternativas que poderão ser tema para outros posts.

 

Saudações Leoninas.

 

Algumas referências para leitura adicional:

(1) https://en.wikipedia.org/wiki/Electronic_voting

(2) http://www.cne.pt/content/voto-electronico

(3) https://observador.pt/2019/10/18/ordem-dos-advogados-garante-que-voto-eletronico-e-seguro-e-confidencial/

(4) https://digitalpolicylaw.com/el-voto-electronico-tropieza-de-nuevo/

 

 

Mudar estatutos: incompatibilidades

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No seguimento dos contributos anteriores, venho desta forma abordar um capítulo dos Estatutos que considero importante e onde devem estar plasmados os princípios da transparência e da honestidade, pilares base pelos quais o Sporting Clube de Portugal se rege.

Após leitura dos nossos Estatutos nesta matéria, tive a curiosidade de fazer o mesmo relativamente a outras instituições, dentro e fora de território nacional.

Cheguei à conclusão, que em Portugal a grande maioria dos clubes têm o mesmo tipo de preocupações, uns com mais zelo do que os outros, nomeadamente:

  1. A qualidade de titular de um órgão social é incompatível com a qualidade de titular de outro;
  2. É incompatível com o exercício de funções em outros clubes ou em sociedades desportivas por estes promovidas;
  3. É incompatível com o exercício de funções em sociedades comerciais de que outro clube desportivo seja, direta ou indiretamente, fundador;
  4. Não pode ser admitida nenhuma candidatura a titular de órgão social por quem se encontre em situação que determinaria incompatibilidade, sem que o sócio renuncie ao cargo que determinaria a incompatibilidade;
  5. A superveniência, relativamente a titulares de órgãos sociais, de situação de incompatibilidade determina automaticamente a perda do mandato.

 

Todas as preocupações supra mencionadas são importantes, mas convém compreender que é necessário dar mais uns passos. A atual realidade do desporto não é a mesma do século passado e os Estatutos devem evoluir no intuito de acompanharem esta mesma, sob pena de perdermos a competitividade necessária.

Penso que devemos observar quais os atuais problemas e, mais do que inventar, importar ideias que são válidas e tentar completar se for necessário.

 

Assim sendo, alguns dos princípios que estão plasmados nos Estatutos dos nossos rivais, deveriam também constar nos nossos, nomeadamente:

  1. Os membros dos órgãos sociais não podem, direta ou indiretamente, estabelecer com o Clube e sociedades em que este tenha participação relevante, relações comerciais ou de prestação de serviços, ainda que por interposta pessoa, considerando-se para estes efeitos, nomeadamente, o cônjuge, ascendentes e descendentes, ficando assim excluídas as relações comerciais estabelecidas no âmbito do patrocínio a qualquer das modalidades desportivas praticadas pelo Clube ou por sociedades ou entidades em que participa ou tutela;
  2. Os membros dos órgãos sociais estão impedidos de participar em procedimentos e de votar em questões que lhes digam respeito ou que tenham interesse o cônjuge, descendentes, ascendentes ou parentes ou afins na linha colateral até ao 3º grau;
  3. É expressamente vedada a concessão de empréstimos, adiantamentos ou créditos a membros dos órgãos sociais, efetuar pagamentos por conta deles e prestar garantias a obrigações por eles contraídas, salvo as despesas comprovadamente efetuadas ou a efetuar da responsabilidade do Clube.
  4. Está vedado o pagamento de qualquer remuneração, a titulares dos órgãos sociais, excepto se estes prestarem a sua colaboração a título de exclusividade.

 

Também deveria ser incluída uma incompatibilidade muito atual, relacionada com agentes de futebol, fundos ou outras realidades.

Assim sendo, a qualidade de titular de um órgão social devia ser incompatível com o exercício de funções a título individual, através de detenção de participações sociais ou exercício de funções de gerência ou administração em sociedades comerciais, cujo objeto social seja o agenciamento de profissionais desportivos, fundos de investimento ou qualquer forma jurídica cujo objeto esteja relacionado diretamente com a atividade do Clube, ainda que por interposta pessoa, considerando-se para estes efeitos, nomeadamente, o cônjuge, ascendentes e descendentes.

Considero que estas alterações iriam dar um enorme contributo ao Clube e tornar-nos mais transparentes e competitivos.

Mudar estatutos: Idoneidade dos candidatos aos órgãos sociais do clube

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Respondendo ao repto lançado para debatermos futuras alterações aos estatutos, destaco neste post a necessidade de salvaguardarmos o clube quanto à idoneidade dos candidatos a dirigentes. Para o assegurar, seria necessária uma alteração a artigo existente e introdução de novo artigo a colocar duas exigências actualmente não previstas:

 

-Sendo um direito de qualquer sócio efectivo A candidatar-se a órgãos sociais do clube, considero que deveríamos passar dos actuais 5 para 10 anos de inscrição e quotas pagas, a exigência para integrar órgãos sociais do clube, à excepção do Presidente da Mesa da Assembleia-Geral, onde defendo que sejam necessários pelo menos 20 anos.

 -Os candidatos à presidência dos diferentes órgãos sociais devem ter à data da eleição idade igual ou superior a 35 anos.

-Deverá ser exigível aos candidatos à presidência do Conselho Directivo o depósito em numerário ou apresentação de garantia bancária irrevogável, que ficará à disposição do clube até ao dia das eleições no caso dos candidatos não eleitos e até aos 3 meses posteriores à cessação de funções, no caso dos eleitos.

 

-Com a exigência de 10 anos de sócio para integrar órgãos sociais, evitamos manobras de curto ou médio prazo. Asseguramos que todos os eleitos são de facto sportinguistas. Pela natureza do cargo de Presidente da Mesa da Assembleia-Geral, parece-me justificável os 20 anos de associado. Exigir 35 anos de idade aos candidatos à presidência dos diferentes órgãos sociais, garante que elegemos pessoas com alguma experiência e maturidade na liderança do clube.

- A exigência financeira colocada aos candidatos não pode ser apresentada apenas depois da eleição, tem alguns objectivos, desde logo, afastar das eleições os que muito prometem sem qualquer intenção ou condições de cumprir. A última coisa que precisamos é vendedores de ilusões. Seria até caricato elegermos alguém que passaria os dias seguintes à tomada de posse em busca de garantias financeiras, em vez de gerir os destinos do clube. Estender a duração das mesmas até aos três meses seguintes à cessação do mandato, permitiria ao CD sucessor promover uma auditoria, garantindo o estado do clube. Obviamente que tudo isto se faz com regras e envolve uma complexidade técnica que não vou, nem cabe aqui, discutir sequer os montantes. Importa por agora o princípio.

Mudar estatutos: limite de mandatos

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Há muitos motivos que nos levam a recomendar uma alteração dos estatutos do Sporting. Para mim, um dos mais prementes é a instituição de um limite temporal para os sucessivos mandatos dos membros dos órgãos sociais do clube. Com destaque, naturalmente, para quem integra o Conselho Directivo.

Esta é uma prática salutar, que tem vindo a ser adoptada aos mais diversos níveis nas instituições políticas do País - começando pelo Presidente da República, que não pode cumprir mais de dois mandatos ininterruptos. 

Convém seguir os bons exemplos. Com a noção exacta de que os mecanismos da democracia interna devem ser reforçados numa colectividade de reconhecido interesse público, como é o Sporting Clube de Portugal. Isto leva-me a defender a introdução do limite de mandatos nos órgãos sociais leoninos, circunscrevendo-os a dois períodos sucessivos e complementando-o com a redução de cada ciclo eleitoral de quatro para três anos. Em nome dos bons princípios da renovação periódica de quadros dirigentes e da submissão do interesse individual ao interesse colectivo. Travando tentações bonapartistas que vemos há muito aplicadas noutros clubes, onde não falta quem se perpetue no poder e pretenda confundir-se com a instituição que lidera.

Proponho, portanto, que o presidente leonino - e quem o acompanha nas listas - passe a cumprir um máximo de seis anos em funções ininterruptas, correspondendo a dois mandatos consecutivos. É tempo mais que suficiente para mostrar o que vale. E ninguém diga que é pouco: o último presidente que completou mais de seis anos em funções no Sporting foi João Rocha, que deixou o cargo no longínquo ano de 1986.

Era outro século, era outro mundo. Os ciclos de liderança desgastam-se e esgotam-se hoje com muito maior rapidez. Os nossos estatutos devem adaptar-se a este mundo.

Mudar estatutos: um sócio/um voto

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Reconheço que numa hipotética como tão necessária alteração estatutária, este, sendo um tema que deve obrigatoriamente estar em cima da mesa, é certamente dos mais quentes e aquele que eventualmente mais discussões apaixonadas proporcionará.

Há vários escalões de sócios no clube que, consoante a antiguidade, vão adquirindo votos que lhes permitem ser mais influentes em votações em AG's, entre elas as eleitorais, conferindo aos sócios com maior tempo de fidelização uma enorme e desproporcional preponderância sobre os mais recentes.

Sou desde há muito defensor de que a cada sócio deve corresponder apenas e só um voto, desde logo porque é assim no país para todas as eleições importantes e até nas organizações empresariais por quotas, onde cada accionista tem os votos proporcionais à sua quota-parte da sociedade, independentemente se a possui há muito ou pouco tempo.

Reconheço que a este sistema há que, sob pena de haver subversão dele próprio, impor algumas regras que evitem a apropriação do clube por grupos de pessoas com interesses menos sérios. Mesmo havendo apenas uma ínfima hipótese de num acto eleitoral um grupo estranho tomar de assalto o clube (seriam necessários muitos milhares, diria largos milhares, para que fosse isso possível), haverá que acautelar por exemplo um período de tempo razoável, que eu diria de cinco anos, para se obter o direito a eleger os corpos sociais. Em AG's ordinárias ou extraordinárias que não as eleitorais ou que impliquem a perda de mandato dos corpos sociais em parte ou no seu todo, ou ainda as que impliquem a relação com a SAD, os sócios terão todos os direitos que agora detêm, com a permissa sempre de um sócio/um voto. 

Bem sei que há uma distinção entre os sócios A e B, desde logo pelo valor da quota paga (12€/6€) e que os primeiros poderão ter alguma relutância em prescindir da "vantagem" que detêm por via do valor a dobrar que pagam pela sua quota. Será uma posição legítima, mas convenhamos que já hoje por via disso há algumas legítimas diferenças de tratamento, sejam elas o importante direito a serem eleitos, ou o acesso à bancada A, entre outros. Tenho para mim que será talvez o maior obstáculo à implementação do sistema "um sócio/um voto" ("então eu pago o dobro daquele e ele tem um voto igual ao meu?"), maior do que o da antiguidade como associado. 

Há ainda os jovens, a quem deve ser dada oportunidade de exercer mais cedo na vida o direito a eleger os corpos sociais. Eu diria que aos 16 se estará preparado para eleger quem deve dirigir o clube. Afinal também se pode, num infortúnio, estar preparado para sofrer uma pena de prisão maior... E estes jovens teriam o seu voto aos 16 anos, se fossem associados, ainda que noutra qualquer categoria, ininterruptamente, há pelo menos cinco anos.

Clamarão alguns dos que irão perder os seus votos que o clube poderá ser tomado de assalto por "pára-quedistas" e que a antiguidade deve ser recompensada. Quanto à questão do "assalto", creio ter encontrado uma solução razoável (haverá outras e este post serve para isso, para os comentadores as indicarem). Quanto à recompensa pela antiguidade e fidelização ao clube, sem querer ferir ninguém, é-se sócio do Sporting por sentimento, por gosto, por coração, por amor, por partilha, até por egoísmo em casos extremos de clubismo/clubite, ou seja para dar. No entanto o clube já proporciona algumas vantagens aos seus associados, seja através de protocolos com terceiros, seja na aquisição de bilhetes ou outros. Esta antiguidade e fidelidade ao clube, não havendo qualquer necessidade de ser retribuída, pode no entanto ser recompensada. Há imensas formas de o fazer que ficarão à imaginação de cada um, mas por exemplo que tal sortear uns lugares nas deslocações ao estrangeiro para os associados com mais de "xis" anos de permanência? (às vezes até vai gente que nem do clube é...), reservar um número de bilhetes nos jogos internos exclusivamente para esses associados, com desconto até, criar uma tabela de preços de bilhete de época que premeie a antiguidade... O que quiserem e seja exequível.

Em resumo, o tema é polémico, mas se nos afirmamos como um clube democrático, que tal passar da palavra ao acto e instaurar um verdadeiro regime democrático no clube? 

Termino com o exemplo da aberração do último acto eleitoral: João Benedito teve maior número de eleitores. Frederico Varandas teve maior número de votos. Ganhou aquele que teve menos associados com a sua candidatura. É justo, faz sentido? Não me parece...

Estatutos do Sporting: pontos a rever

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Há vários princípios consagrados nos estatutos do Sporting Clube de Portugal que carecem de revisão urgente. Propomo-nos, a partir de amanhã, sugerir aqui algumas normas que deverão ser alteradas para melhor funcionamento do Clube e tendo em vista o reforço da aproximação entre os sócios e esta centenária instituição de utilidade pública que nos serve de senha de identidade e denominador comum.

Numa óptica construtiva, não nos limitaremos a criticar: vamos propor alternativas que, no nosso entender, deverão ficar consagradas em próxima revisão estatutária - a referendar pelos sócios em assembleia geral, como mandam as regras.

Este debate envolve, numa primeira linha, os autores do És a Nossa Fé, mas a ele poderão associar-se também os leitores que assim o entendam - a partir de agora. Em benefício do Sporting, que está acima de qualquer de nós.

Porque não se calam?

Com o país e o mundo a braços com uma pandemia que está a matar muitos milhares de pessoas e a deixar famílias destroçadas, e à qual se vai seguir uma crise económica de proporções difíceis de prever, empresas fecharão, muita gente perderá o emprego, não sabemos o que vai restar do Sporting que conhecemos, não tem esta gente congregada num Movimento que conseguiu reunir 70 pessoas em congresso em Coimbra mais que pensar do que nos estatutos, no de Frederico Varandas como militar e nos do Sporting.

E pelos vistos querem eleições para 20 de Abril. Se calhar, se não tiverem resposta, será caso para convocarem mais uma manifestação.

Decidiram isso por Whatsapp ou reuniram-se à volta duma mesa? 

Como disse Juan Carlos ao Hugo Chávez,  porque não se calam?  Já basta o que basta.

 

A Crendice e a Hipocrisia

Durante anos, décadas mesmo, as claques foram acarinhadas. Pelo clube, pelos associados, pelos adeptos. No registo da crendice mais rasteira, do analfabetismo ufano, as pessoas acreditam que o "apoio" das bancadas leva à vitória. E que quanto mais barulhento for esse apoio mais as bolas obedecerão aos intuitos dos jogadores do clube. Por isso tudo foi induzido, potenciado e louvado. Isto não foi Bruno de Carvalho que começou nem que fez crescer. Gera-se mesmo a ideia de que é saudável que os jovens pertençam às claques (o próprio Varandas reclamou essa pertença na sua juventude), como se isso seja uma "ocupação de tempos livres" louvável. Como tal e com o passar dos anos, independentemente das claques albergarem interesses económicos pouco credíveis, o seu grande efeito foi o de sedimentar, até sacralizar, a imagem de que o bom adepto é o barulhento, histriónico e, se "necessário" (aos bons destinos das bolas) praguejador. E, hoje em dia, só um cândido insultará o sô árbitro de "gatuno", como tanto acontecia nos "velhos tempos"

Assim, de forma mais ou menos organizada, mais ou menos espontânea, é normal que os adeptos que são associados saiam dos estádios (e pavilhões) onde praticam - para apreço generalizado do "Universo Sporting" - as suas ululantes coreografias e javardas cantorias, e vão até às assembleias-gerais para, exactamente nos mesmos propósitos, insultar aqueles que - para além de não lhes darem os bilhetes para revenda a preços simpáticos à rapaziada amiga - não têm conduzido as bolas com o sucesso desejado (imensos golos nas redes alheias, poucos e pouco significativos golos nas redes próprias). 

Os sucessivos dirigentes, tantos deles saídos dessas "Academias" do basismo intelectual e todos eles apreciadores desse tipo de "molduras humanas" entusiásticas, ficam depois um pouco embaraçados quando o coro de impropérios não é dirigido aos jogadores, técnicos e dirigentes de outros clubes, jornalistas, polícias ou outros profissionais avulsos, mas sim a eles próprios, ali a tentarem explicar propostas (boas ou más) que têm para a condução do clube.

Ora o que é engraçado é que isso apenas significa que os dirigentes do clube desrespeitam os estatutos, esses que estão obrigados a preservar - pois a isso se candidataram e para isso foram eleitos:. Pois:

o Artigo 21º (Deveres dos Sócios) diz: "g) manter impecável comportamento moral e disciplinar de forma a não prejudicar os legítimos interesses do SPORTING CLUBE DE PORTUGAL, nomeadamente defendendo e zelando pelo património do Clube;"

e o Artigo 28º (Infracções e Sanções Disciplinares) diz: "3 -  (...) consideram-se infracções disciplinares, nomeadamente, as seguintes:b) injuriar, difamar e ofender os órgãos sociais do Clube ou qualquer dos seus membros, durante ou por causa do exercício das suas funções; c) proferir expressões ou cometer actos, dentro ou fora das instalações do Clube, ofensivos da moral pública; d) atentar contra, prejudicar ou por qualquer outra forma impedir o normal e legítimo exercício de funções dos órgãos sociais do Clube".

Trata-se de uma questão educacional (cultural, se se quiser). Pois gente (dirigentes e seus eleitores) que considera simpático que as componentes do Universo Sporting, vestidas com as cores e símbolos do clube, se passeiem desde o Lumiar até qualquer recanto do país, e mesmo além-fronteiras, a insultar as genealogias do senhor Pinto da Costa, do senhor Vieira, dos seus simpatizantes, e restantes participantes na "indústria do futebol" e seus sucedâneos, ululando nos estádios (e pavilhões) e confrontando nas ruas, não percebe que tem por obrigação estatutária sancionar esta constante boçalidade. Mas como punir aquilo que tanto gostam? Só porque o feitiço se vira contra o feiticeiro?

Ou seja, se há alguém que deve ser punido por coisas como as que aconteceram ontem na Assembleia-Geral do clube são as pessoas que integram os órgãos sociais. Porque, mais uma vez, se recusam a cumprir os estatutos, a sancionar os associados que cometem o que está explícito como sanccionável.

Rever os estatutos - I

Os estatutos do Sporting Clube de Portugal e regulamentos de funcionamento da Assembleia-Geral carecem de revisão urgente, sob pena de continuarmos, em pleno séc. XXI, presos algures no séc. XX.

Questões processuais menores como aprovação da acta da AG anterior, precisam ficar resolvidas sem estarem sujeitas à interpretação pessoal do PMAG, mas também não serem passíveis de servirem como ferramenta de quem tentar boicotar o normal funcionamento, que deve correr de forma célere.

Nas A.G. eleitorais, onde não existe debate prévio à votação, o esclarecimento decorreu em campanha anterior, faz sentido introduzir o voto electrónico, garantidas que estejam as necessárias medidas de segurança, para evitar qualquer possível tentativa de fraude. Existe hoje tecnologia que o permite fazer.

Na A.G. ordinária, onde se discute e aprova orçamentos e contas do clube, não faz qualquer sentido o voto electrónico, mas também não é imperioso forçar uma ida dos sócios a Lisboa. Pelo menos aos sócios que estejam em Portugal. Será possível encontrar alguns núcleos com condições e que o queiram fazer, onde seja disponibilizada a transmissão em directo da A.G., obviamente que certificando que esses núcleos aderentes, no decorrer da mesma, apenas permitam a presença de sócios do clube, maiores de idade e com as quotas em dia. Será facílimo fazer deslocar a cada um desses locais funcionários do clube para creditarem presenças e contarem os votos obtidos. Diria que 6 a 8 locais (núcleos), incluindo os arquipélagos dos Açores e Madeira, tornariam possível um aumento da proximidade entre clube e sócios. Eventualmente a prazo até conquistaríamos novos adeptos para se fazerem sócios, encurtando distâncias entre o Sporting e sportinguistas.  

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