O Sporting viajou no sábado para o Algarve, deixando Acuña (até já lhe roubaram o número 9), Palhinha e Camacho para trás. Percebo que, sobretudo, os dois primeiros, possam ser transformados em 30 milhões de euros, essenciais para os cofres leoninos. Mas, a não ser que sejam transferidos hoje ou amanhã, deixa-los em Lisboa é dizer ao mercado que não contam para o treinador e encorajar os compradores a darem menos. Acuña parece não aguentar os noventa minutos, parece não controlar o seu feitio, mas está entre os melhores jogadores do plantel desde que chegou. Palhinha nunca se afirmou em Alvalade nem nas selecções de Portugal, mas hoje é o melhor médio defensivo com ligação ao Sporting e já conhece o treinador e os seus métodos. Camacho foi uma desilusão, mas é um jovem com margem de progressão e passagem pelo Liverpool. Estes três deviam estar com a equipa no Algarve, até porque, havendo propostas sérias, Faro também tem aeroporto...
O Sporting iniciou no sábado o seu estágio de pré-época, desta vez no Algarve e no mesmo local onde estagiou na época passada o FC Porto, estágio esse que conta com um total de 28 jogadores e inclui alguns encontros com clubes da zona.
Como tem sido habitual ultimamente no Sporting, o que seria motivo de entusiasmo e optimismo para os Sportinguistas veio logo marcado por questões inoportunas e desmotivadoras, como a não participação do melhor jogador do plantel por estar de saída do clube, a saída de Beto das funções que mal ou bem ia desempenhando, as apresentações descuidadas deste ou daquele jogador, os testes positivos ao Covid, um recém-entrado apanhado em excesso de velocidade e a primeira derrota da temporada às mãos do "nosso" Ryan Gauld. Enfim somos Sportinguistas, somos resilientes, a tudo resistimos. Mas haja paciência.
Rúben Amorim foi bem claro há algumas semanas, quando disse que estava num processo de selecção daqueles que queriam e podiam estar com ele neste novo ano. Pois há de tudo, alguns podem e não querem, outros querem e não podem, outros nem querem nem podem e ficaram os outros, que esperamos possam corresponder aos objectivos e dar-nos as alegrias de que bem precisamos.
Além dos 28 que seguiram para o Algarve, e não falando em sub-23 que podem rodar na equipa B, como Joelson, Camacho, Miguel Luís e Pedro Mendes, ficam assim muitos jogadores para colocar (um ou outro já colocado):
1. Rodrigo Battaglia (29 anos, 5M€ ?) - Um médio possante e polivalente, que teve o azar duma lesão grave o ter encontrado no melhor momento da carreira, já na calha para titular da selecção da Argentina. Precisa mesmo de relançar a carreira. Emprestado para Espanha com opção de compra?
2. André Geraldes (29 anos, ?) - Um defesa lateral muito fraquinho, o último resistente do autocarro de Sackos e Dramés que Inácio descobriu para o Sporting.
3. Acuña (27 anos, 15M€ ?) - Este vai fazer mesmo muita falta: titular da selecção da Argentina, o melhor jogador do plantel, polivalente, intenso, deixa a pele em campo. Dos melhores argentinos que passaram pelo Sporting, com a raça do Acosta. Vai deixar saudades. Pretenderá outros desafios e está no seu direito.
4. Ilori (27 anos, ?) - Um enorme flop, a jogar pior do que jogava dez anos antes, quando saiu do Sporting duma forma menos bonita. Incompreensível o regresso. Para colocar. Inglaterra?
5. Bruno Gaspar (27 anos, ?) - Um dos piores defesas direitos que passaram pelo Sporting, 5M€ de prejuízo.
6.. Chaby (26 anos, ?) - Andou emprestado pelo Belenenses, Estoril e Académica. Por colocar.
7. Misic (26 anos, ?) - Mais uns 3 M€. Sem oportunidades no clube.
8. Diaby (25 anos, ?) - Este pé-frio, capitão da selecção do Mali, custou 7M€. Que fazer com ele?
9. Palhinha (25 anos, 15M€ ?) - Um trinco possante embora lento, com poucas oportunidades dentro de casa e que foi evoluindo nos empréstimos. Também pretenderá outros desafios.
10. F. Geraldes (25 anos, 0) - Entre a falta de oportunidades em Alvalade e empréstimos melhor ou pior conseguidos, teve o seu teste com Rúben Amorim e não conseguiu corresponder, aliás já tinha ele mesmo previsto isso. Vai para o Rio Ave mantendo percentagem do passe.
11. Gelson Dala (25 anos, 0) - Um segundo ponta de lança promissor com golo. Este não chegou verdadeiramente a ser testado nem ter qualquer oportunidade. Vai para o Rio Ave mantendo percentagem do passe.
12. Rafael Barbosa (25 anos, 0) - Andou emprestado pelo Portimonense, Paços Ferreira e Estoril, sem grande destaque. Saiu a custo zero para o Tondela.
13. Eduardo (25 anos, ?) - Outro desastre, outros 3 M€. Por colocar.
14. Bruno Paulista (25 anos, ?) - Andou por aí. Mais um caso estranho, como o do Spalvis e o do Castaignos.
15. Mattheus Oliveira (25 anos, ?) - Neste caso, o Jesus deve-o ter confundido com o pai. Andou emprestado ao Guimarães sem grande destaque. Por colocar.
16. Ivanildo Fernandes (24 anos, ?) - Andou emprestado pelo Moreirense e pela Turquia, sem grande destaque. Por colocar.
17. Rosier (24 anos, ?) - Um enorme flop, por falta de adaptação ou outro motivo qualquer, nunca mostrou argumentos para justificar o estatuto de internacional francês nem os 7M€ que custou. Por colocar. França?
18. Carlos Jatobá (24 anos, ?) - Alguém sabe quem é ? Talvez o Inácio.
19. Lumor (24 anos, ?) - Mais um que nunca se percebeu por que veio. Se calhar nem Jesus sabe. Para colocar. Alemanha?
A saída deste lote de jogadores (se calhar ainda há mais por aí de que não me recordo) e mais um ou outro mais dispensável do lote dos 28 que foram para estágio poderá render ao clube um encaixe de cerca de 40 milhões de euros, além de aliviar substancialmente a folha salarial.
Isso será obviamente muito importante para acudir às necessidades de tesouraria, pagar as dívidas existentes e reforçar o plantel em duas ou três posições ainda carentes, a começar pela do "abono de família", o ponta de lança.
Dormir um par de horas à pressa para acordar, arrastar-me para o sofá e esperar pelo jogo. Hoje reunião às oito da manhã, o que faz com que tenha sido uma noite mal dormida. Pelo meio, o mais interessante jogo do Sporting desta pré-época.
Empate a duas bolas contra o campeão europeu. O jogo durou noventa minutos mas podia ter durante três ou quatro horas, tal é a sensação de agrado com que fiquei.
Não, nem tudo foi perfeito. Foi mais um jogo onde se percebeu que Ilori não acrescenta enquanto defesa direito, que Doumbia ainda está à procura de rotinas com Wendel e muitas outras coisas para Marcel Keizer lidar.
Mas para mim, enquanto adepto, gostei muito de ver este jogo do Sporting. O único amargo de boca é que o final me fez lembrar um célebre jogo contra o Manchester em 2003...
Segundo jogo enquadrado neste estágio de pré-preparação da nova temporada na Suíça, segunda vitória adiada. O Sporting cedeu hoje um empate (2-2) frente ao St. Gallen - equipa que ficou na sexta posição do campeonato helvético na época passada - numa partida em que aos 25' já vencíamos por 2-0.
A incapacidade de gerir o resultado, devido a um claro retraímento da nossa equipa a partir da meia hora de jogo, conjugada com erros defensivos inaceitáveis, explica este empate, ainda assim melhor do que o desfecho de há três dias, também na Suíça, quando perdemos frente ao modestíssimo Rapperswil, da terceira divisão.
A figura do jogo, para não variar, voltou a ser Bruno Fernandes. É ele quem começa a construir o primeiro golo, logo aos 2', com um soberbo passe para Raphinha, e é também ele quem a mete lá dentro, de recarga, mostrando aos companheiros que um verdadeiro craque nunca desiste de um lance. Também dos pés do nosso capitão partiu a assistência para o segundo, apontado por Wendel aos 25'. Um golaço indefensável, disparado de fora da área.
Os mais optimistas - entre os quais me incluo - chegaram a antever uma goleada. Nada disso ocorreu. Por quebra física e algum excesso de confiança, sempre mau conselheiro, o Sporting afrouxou a pressão sobre os suíços, que assumiram o controlo do jogo a partir do final da primeira parte, marcando aos 43' e aos 52'. Tornando mais evidentes as debilidades da nossa equipa, desfalcada de alguns dos seus titulares habituais, como Coates e Acuña, ausentes deste estágio por se encontrarem ainda de férias na sequência da participação na Copa América ao serviço das selecções uruguaia e argentina.
No segundo tempo, marcado por sucessivas rotações de jogadores o St. Gallen foi claramente a melhor equipa em campo. Aí destacou-se, pelo nosso lado, o jovem guarda-redes Luís Maximiano, que rendeu Renan aos 62'. Evitando dois golos - o primeiro aos 79', com uma excelente defesa, e o segundo mesmo ao cair do pano, ao sair muito bem da baliza quando um jogador helvético já se isolava, pronto a disparar.
É justo ressalvar que nesta segunda parte o Sporting alinhou com dois miúdos de 17 anos que há semanas ainda actuavam nas competições juvenis: o central Eduardo Quaresma e o lateral Nuno Mendes. De resto, terminámos a partida com sete elementos da nossa formação -- incluindo todo o quinteto defensivo. Precisamente num período em que não sofremos golos.
O pior em campo, claramente, foi o único que jogou os 90 minutos: Tiago Ilori. Desastrado na posição em que actuou inicialmente, como lateral direito improvisado (Bruno Gaspar está de férias e Ristovski magoou-se já na Suíça), e a partir dos 62' como central, ocupando o espaço que estivera confiado a Luís Neto. Quase nada lhe saiu bem em qualquer destas missões.
Entre os reforços, Neto e Plata voltaram a mostrar qualidades. Vietto, fora da posição em que mais rende, esteve longe de deslumbrar, tal como Matheus Pereira - pelo mesmo motivo. Camacho, como ala esquerdo, mostra-se voluntarioso mas ainda com necessidade de acertar o rumo, sobretudo no capítulo táctico. Eduardo começou acima da média mas teve um deslize imperdoável que nos custou um golo.
O próximo teste, que promete ter um grau de dificuldade maior, será frente ao Brugge. Sexta-feira, dia 19.
Mais: atento, saiu dos postes com rapidez aos 42', resolvendo a pontapé.
Menos: encaixou dois golos, embora um deles claramente indefensável.
Nota: 4
Ilori (26 anos).
Mais: subiu algumas vezes à baliza adversária no primeiro tempo, procurando marcar. - sem sucesso algum.
Menos: deixou-se ultrapassar várias vezes, enquanto lateral direito, pelo extremo adversário, que fez dele o que quis, e revelou erros de posicionamento como central, a partir do minuto 62.
Nota: 3
Neto (31 anos).
Mais: corte impecável aos 55'.
Menos: falta-lhe a capacidade de construção de Coates no primeiro momento ofensivo.
Nota: 6
Mathieu (35 anos).
Mais: corte perfeito aos 59', excelente passe longo aos 61'.
Menos: sentiu-se a falta dele na meia hora final: saiu aos 62'.
Nota: 6
Conté (21 anos).
Mais: lateral esquerdo titular, por ausência de Acuña e Borja, foi veloz e voluntarioso no seu corredor, apoiando o ataque com processos simples.
Menos: revelou excesso de ansiedade em alguns lances.
Nota: 6
Eduardo (24 anos).
Mais: jogou na posição 6, servindo os companheiros em missão ofensiva.
Menos: erro grave aos 43': dominou mal a bola em zona proibida, oferecendo-a para o segundo golo dos suíços.
Nota: 4
Wendel (21 anos).
Mais: apontou o nosso segundo golo - com um pontapé fortíssimo, de fazer levantar o estádio.
Menos: protesta demasiado e devia agarrar-se menos à bola.
Nota: 6
Bruno Fernandes (24 anos).
Mais: constrói e finaliza o golo inaugural, estavam decorridos dois minutos, e assiste Wendel no segundo.
Menos: decidiu mal, a 20 metros da baliza, quando desperdiçou um lance tendo um colega mais bem colocado, com apenas um defesa pela frente.
Nota: 7
Raphinha (22 anos).
Mais: muito activo, levou perigo à baliza suíça logo nos momentos iniciais do jogo. É ele quem remata, para defesa incompleta do guardião adversário, permitindo que Bruno marcasse.
Menos: falhou alguns passes.
Nota: 7
Camacho (19 anos).
Mais: ala esquerdo durante o primeiro tempo, fez algumas tabelinhas de qualidade com Luiz Phellype e Conté.
Menos: exibição demasiado discreta, também por ter sido pouco procurado pelos companheiros.
Nota: 5
Luiz Phellype (25 anos).
Mais: melhorou em relação ao jogo anterior, mostrando-se mais acutilante ao movimentar-se na grande área.
Menos: continua sem marcar.
Nota: 5
Idrissa Doumbia (21 anos).
Mais: jogou toda a segunda parte, bom corte aos 73'.
Menos: perdeu a bola em zona proibida aos 51'. Passou o resto do tempo de costas para a baliza, na posição 6, passando só para o lado e para trás.
Nota: 4
Bas Dost (30 anos).
Mais: em campo na segunda parte, entregou bem a bola a Vietto, aos 86'.
Menos: mal servido, procurou a bola em zonas mais recuadas, designadamente junto à linha esquerda, desposicionando-se sem proveito para a equipa.
Nota: 4
Vietto (26 anos).
Mais: actuou no segundo tempo, evidenciando bons dotes técnicos. Lançou um contra-ataque perigoso aos 55'.
Menos: não tem vocação para actuar na ala, onde o técnico o colocou pela segunda vez, nem parece muito apto para tarefas defensivas. Por excesso de fintas, desperdiçou um bom lance de ataque.
Nota: 5
Maximiano (20 anos).
Mais: em campo desde os 62', evitou dois golos suíços com enormes defesas, demonstrando ter valor para o principal escalão do futebol leonino.
Menos: deficiências na reposição de bola: enviou-a por três vezes directamente para fora.
Nota: 7
Thierry (20 anos).
Mais: o campeão europeu sub-19 entrou aos 62', cobrindo a lateral direita: cortes providenciais, aos 69' e 70'.
Menos: demorou a recuperar posição após lances ofensivos.
Nota: 5
Miguel Luís (20 anos).
Mais: não cometeu nenhum erro grave.
Menos: ocupando a posição 8, a partir dos 62', foi demasiado discreto: mal se deu por ele.
Nota: 4
Eduardo Quaresma (17 anos).
Mais: actuou desta vez no lugar em que está mais habituado, como central.
Menos: em campo desde o minuto 62, revelou algum nervosismo - natural por ser tão jovem.
Nota: 5
Nuno Mendes (17 anos).
Mais: dinâmico, voltou a dar nas vistas como lateral esquerdo a partir dos 62': grande corte aos 78'.
Menos: falta-lhe alguma disciplina táctica, o que não surpreende.
Nota: 6
Plata (18 anos).
Mais: desta vez não deu nas vistas em confrontos individuais. Mas entrega-se ao jogo, sem se esconder da bola.
Menos: compromisso defensivo: apoiou várias vezes as linhas mais recuadas.
Nota: 5
Matheus Pereira (23 anos).
Mais: inegável capacidade técnica, bem evidenciada em passes curtos na zona central, que está longe de ser o espaço em que se movimenta melhor.
Menos: coube-lhe missão ingrata: substituir Bruno Fernandes a partir dos 62'. Qualquer um ficaria a perder na comparação.
A estrutura directiva da SAD leonina está a contratar cedo e, tanto quanto é possível afirmar até ao momento, está a contratar bem. Num esforço deliberado para ter o plantel definido, no essencial, na pré-temporada que hoje começa, já com a bola a rolar, no estágio da Suíça.
Sem desculpas para Marcel Keizer, portanto. Não lhe exigimos menos ambição do que esta à frente do futebol do Sporting: atacar o título.
Por muito que comunicar seja importante e que qualquer presidente ou direcção dum clube desportivo de topo tenha de ter isso em conta, as vitórias e os títulos das suas equipas são o cimento e a coesão desse mesmo clube.
O Sporting é um clube com história, um clube eclético, uma mística onde o pavilhão e as modalidades são muito importantes, mas a sua saúde financeira está indexada directa ou indirectamente ao desempenho do futebol, e os grandes problemas e catástrofes acontecem... por causa do futebol.
E foi essencialmente por causa do futebol que o ex-presidente foi destituído, suspenso e expulso pouco tempo depois de ter sido reeleito com 90% dos votos (e se calhar esse score apenas foi possível pelo primeiro ano de Jorge Jesus à frente do futebol do clube), foi muito por causa do futebol que Frederico Varandas foi eleito, e foi muito pelo desempenho de Marcel Keizer e companhia que orçamento e expulsão passaram nas assembleias gerais com 70% de votos a favor.
E amanhã vamos ter o primeiro desafio oficial da nova época, com uma equipa em transformação, a apostar mais na formação e no desenvolvimento de competências do que na aquisição de futebolistas feitos. Dos 29 em estágio na Suíça, 14 são da formação, e nesses estão jovens ainda com idade de juvenil, uma grande mensagem para a Academia: vale a pena apostar no clube, vale a pena trabalhar, vale a pena dar o máximo que as oportunidades irão aparecer. Para que esses 14 lá pudessem estar, outros 9 ou 10 ficaram de fora, de Viviano a Alan Ruiz, muitos milhões investidos sem adequado retorno desportivo, o que não deixa de constituir uma aposta corajosa e arriscada de Varandas, tal como corajosa e arriscada foi a aposta em Keizer no momento que foi.
E o que vai ser a nova época? O Benfica parte em vantagem pelo título obtido, estabilidade de treinador e equipa, mas ficou sem dois "abre-latas", o Porto vai ter que substituir meia equipa, e o Braga mudou de comando técnico e ficou sem o "matador". Ou seja, poderia até ser uma época em que o Sporting se assumisse como forte candidato aos dois lugares da Champions e até ao título. Mas perdendo Bruno Fernandes, perde muita coisa, e nesse caso vai ser complicado justificar no campo esse estatuto.
Seja como for, o meu desejo, e de todos nós, é que o Sporting entre a ganhar na Supertaça, tenha uma época magnífica, o estádio cheio e os verdadeiros Sportinguistas, aqueles que colocam o clube sempre acima de quem conjunturalmente o representa, unidos no estádio a cantar "O Mundo sabe que" e a puxar pela equipa, ou a sofrer à distância.
União é mesmo isso. União tivemos no Jamor. União não são discursos e entrevistas, somos nós que a fazemos, com as equipas a ganhar, no estádio e no pavilhão, e são os presidentes que a fomentam... construindo equipas que lutem e ganhem e partilhando essas vitórias com os sócios e adeptos. E utilizando as derrotas para cerrar ainda mais os dentes, unir mais as fileiras e ganhar a seguir.
Pois venha de novo a bola a rolar, o Sporting a lutar e a vitória a chegar..
Parece que é já amanhã às 18h. Estou impaciente...
"Parece uma equipa da segunda divisão!" Este desabafo, proferido por alguém perto de mim que também assistia ao jogo no hotel alentejano onde estou instalado, reflectia bem aquilo que eu próprio sentia, ao cair o pano deste Sporting-Basileia, em que a nossa equipa saiu derrotada por 2-3. E esteve mais perto de sofrer o quarto (uma bola suíça embateu num nosso poste, com a baliza deserta e a defesa toda batida) do que de marcar o terceiro.
Segundo desaire consecutivo desta ronda suíça de preparação da época leonina, com saldo negativo: duas derrotas, uma vitória tangencial, só quatro golos marcados e sete sofridos.
Hoje o Basileia, campeão suíço, vulgarizou um Sporting lento e apático, que andou demasiado tempo em ritmo de treino, de juba tombada e garras recolhidas. É verdade que o primeiro golo suíço resultou de um penálti inexistente (o ex-avançado sportinguista Wolfswinkel fez falta sobre Tobias Figueiredo e não o contrário, como o árbitro ajuizou de forma errada), mas os restantes surgiram de erros inadmissíveis da nossa defesa - um brinde do guarda-redes esloveno Azbe Jug, sem categoria para vestir a camisola verde e branca, e um inadmissível atraso do lateral André Geraldes ao guardião, logo aproveitado para o golo do triunfo da turma helvética.
2
O que dizer?
Notas positivas dos primeiros 45 minutos apenas para Podence, único jogador leonino que nesse período procurou acelerar o jogo, revelando-se sempre inconformado, e Bas Dost, que chamado a converter um penálti também duvidoso não falhou na marca dos 11 metros.
De resto, destaque para uma excelente combinação entre Iuri Medeiros e Matheus Pereira, aos 77': o primeiro a cruzar de forma soberba e o segundo a rematar ainda melhor, cabeceando de forma categórica de cima para baixo naquele que foi o segundo golo leonino e o melhor momento do Sporting em todo o desafio. Mais que golo: foi um golão.
Bruno César, com um tiro disparado de fora da área pelo seu pé-canhão e travado in extremis pelo guarda-redes do Basileia, podia ter reposto a igualdade.
De positivo, pouco mais.
3
Análise sucinta dos reforços: Piccini continua a revelar as limitações que já anotei, Bruno Fernandes esteve demasiado discreto, Mathieu cometeu erros posicionais inadmissíveis para um central com a sua experiência, Battagliapromete mais do que oferece, Matheus Oliveira funciona só na marcação de bolas paradas, André Pinto foi regular e Doumbia passou quase despercebido.
Fábio Coentrão desta vez nem calçou. Problemas físicos? Mistério.
Francisco Geraldes e Ryan Gauld, dois dos jogadores leoninos com maior qualidade de passe, também ficaram de fora. Sem surpresa.
4
Saímos portanto desta pré-temporada suíça com golos sofridos em todos os desafios e uma equipa ainda muito precária.
O jogo de hoje confirmou aquilo que a partida anterior, frente ao Valência, já tinha deixado evidente: este Sporting continua sem ideias de construção de jogo, com muitas dificuldades em fazer circular a bola para linhas avançadas, carburando a gasóleo em vez de gasolina. A soma de erros individuais e de passes falhados é ainda inaceitável, tal como as trocas inconsequentes de bola no nosso meio-campo em processo ofensivo. Os laterais sobem pouco e cruzam sem perigo. E a defesa treme sempre, sejam quem forem as unidades colocadas em campo.
5
Só para registo: Jug, Piccini, Coates, Tobias, Mathieu, Jonathan, Petrovic, Bruno Fernandes, Podence, Alan Ruiz e Dost foram os titulares.
Na segunda parte entraram Iuri, Battaglia, Bruno César, Matheus Oliveira, André Pinto e Doumbia. Aos 66', Jorge Jesus mandou avançar André Geraldes, Palhinha e Matheus Pereira. A quatro minutos do fim, entrada ainda do guarda-redes Pedro Silva (em estreia absoluta na equipa principal) e Gelson Dala.
Aguarda-se ainda a chegada dos nossos internacionais que estiveram na Taça das Confederações: Rui Patrício, Beto, William Carvalho, Adrien e Gelson Martins. Nunca eles nos pareceram fazer tanta falta como agora. Mas se pelo menos dois deles estão prestes a abandonar Alvalade, como é voz corrente, o problema subsiste. Ou talvez até se agrave.
Ryan Gauld é hoje em papa-milhas só à conta dos estágios do Sporting. O ano passado jogou 1 minuto. Este ano, só ele e Leonardo Ruiz, como jogadores de campo, ainda não se estrearam.
Entretanto, o "Mais Futebol" anuncia hoje que Ryan, Leonardo, Palhinha e Xico Geraldes treinaram à parte do restante plantel, acompanhados por adjuntos de Jesus. Alguém que explique tudo isto como se nós fôssemos muito burros, havendo quatro alternativas possíveis:
- alguém não deu o guião certo ao "Mais Futebol";
- alguém precisa urgentemente de ler o "Ensaio sobre a Cegueira";
- a equipa técnica Introduziu o "duche escocês", juntamente aos banhos e massagens;
- consumo demasiado de café da Colômbia, para conseguir ver todos os jogos da América Latina.
Nós por cá já temos os pés assentes no chão. Quando se repetem sempre os mesmos erros, o resultado é previsivel. Na linha daquela máxima: "Quem por sistema resiste à mudança, acaba a resistir à extinção".
Pois é, são 26 os que foram para estágio na África do Sul.
Para os que persistem em dizer que a aposta na formação foi mandada prás urtigas, aqui vai a lista, com os destaques a negrito dos que se formaram na nossa academia:
"Jorge Jesus contará com 26 jogadores ao longo do período de trabalho, incluindo onze elementos formados no Clube e os cinco reforços confirmados até ao momento. A lista é a seguinte:
Guarda-redes: Rui Patrício, Marcelo Boeck e Azbe Jug
Defesas: João Pereira, Ricardo Esgaio, Paulo Oliveira, Naldo, Tobias Figueiredo, Rúben Semedo, Michaël Ciani, Jefferson e Jonathan Silva
Médios: Oriol Rosell, Adrien, João Mário, Wallyson e André Martins
Avançados: Carrillo, Carlos Mané, Gelson Martins, Capel, Iuri Medeiros, Montero, Tanaka, Teófilo Gutiérrez e Slimani".
Há ainda mais dois jogadores portugueses.
Nada mau, para quem "deixou" de apostar na prata da casa...
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