Como actuaram os jogadores portugueses contra a selecção da Eslovénia no desafio de anteontem em Frankfurt que terminou empatado a zero - e que desempatámos (3-0) nos penáltis ao fim de duas horas de embate no relvado.
Diogo Costa. Decisivo. Protagonizou a melhor partida da sua vida até agora. Ao evitar um golo quase certo (115') e ao defender três penáltis no fim.
Cancelo. Criativo. Responsável pelos maiores desequilíbrios da nossa equipa, como médio-ala direito. Serviu muito bem Ronaldo aos 30'.
Rúben Dias. Certinho. Arriscou pouco, jogando pelo seguro, preferindo manter-se na sua zona de patrulhamento. Podia ter feito mais.
Pepe. Titubeante. Dominou nas alturas, impondo a sua experiência no quarteto defensivo. Mas entregou a bola em zona proibida aos 115': ia-nos custando a derrota.
Nuno Mendes. Dinâmico. Funcionou sobretudo como médio-ala, avançando para além da posição de lateral esquerdo. Foi sempre uma seta apontada ao reduto esloveno.
Palhinha. Pendular. Impôs-se em 21 duelos, nove dos quais recuperando bolas. Atirou ao poste (45'+3). Quase marcou um grande golo aos 108': Oblak desviou in extremis.
Vitinha. Útil. Foi um dos poucos jogadores portugueses que tentaram verticalizar o jogo, imperando no corredor central. Quase todos os ataques passaram por ele.
Bruno Fernandes. Resistente. Pareceu um dos nossos jogadores mais desgastados. Mas aguentou firme até final, quando marcou um penálti de forma irrepreensível.
Bernardo Silva. Apagado. Demasiado colado à linha, sem ousar lances de ruptura, não fez um drible nem ultrapassou a mediania. Bem ao marcar um penálti no fim.
Rafael Leão. Irregular. Conduziu bem o ataque, na ala direita, durante o primeiro tempo. Sacou dois amarelos aos adversários. Apagou-se na segunda parte até sair.
Cristiano Ronaldo. Oscilante. Desperdiçou penálti aos 105', permitindo defesa de Oblak. Mas redimiu-se um quarto de hora depois, invertendo o que se passara.
Diogo Jota. Enérgico. Entrou aos 65', substituindo Vitinha. Recupera, constrói e oferece golo a CR7 (89'). Sacou um penálti aos 105' num raro movimento de ruptura.
Francisco Conceição. Desperdiçado. Substituiu Rafael Leão aos 76'. Mas entrou para o local errado, como ponta esquerda: ali rende pouco ou nada.
Rúben Neves. Inútil. Substituiu Pepe aos 117', fazendo Palhinha recuar para central. Aos 120' mandou uma charutada para as nuvens. Soava a desespero.
Nelson Semedo. Tardio. Rendeu Cancelo aos 117', sem que se percebesse bem porquê. Faltavam três minutos para o fim e não consta que seja especialista em penáltis.
Nunca tinha visto sessão de penáltis tão rápida, até os meus nervos aguentaram.
Não costumo assistir a este tipo de desempate, esteja Portugal envolvido. E já me preparava para sair da sala, quando me apercebi de que seriam os eslovenos a inaugurar a sessão. Pensei: “OK, eles marcam golo e eu saio”. Mas Diogo Costa fez a sua primeira defesa! Quando vi que seria Ronaldo o primeiro português, estive novamente para sair, considerando a tragicidade que o envolvera neste jogo. Mas pensei: “Enfim, os eslovenos falharam o primeiro; se ele não marcar, desta vez, não é tragédia nenhuma”. Mas ele marcou! “Pronto, ainda aguento ver o próximo esloveno”. E o Diogo Costa tornou a defender! Já não havia desculpa para sair e o resto foi o que se sabe: tudo acabado em três tempos, com vitória de Portugal por 3-0. Era esta a eficácia que se esperava durante o tempo normal de jogo. Enfim, estamos nos quartos. E Diogo Costa escreveu a primeira página digna de registo na História deste Euro.
Bem, e onde entram as alemãs no meio disto tudo? Na transmissão televisiva do ARD, onde elas estiveram em maioria.
A locutora desportiva Christina Graf foi a voz-off de todo o desafio. Não pela primeira vez, é ela a responsável por muitos jogos do Euro transmitidos pelo ARD. Christina Graf foi igualmente jogadora de futebol, mas uma lesão grave no tornozelo obrigou-a a abandonar a carreira com apenas 23 anos. Enfim, ganhou-se uma excelente locutora e jornalista.
Ao intervalo e no fim do jogo, tivemos as análises de Sebastian Schweinsteiger, ao lado de outra mulher, Esther Sedlaczek, também já habitual nestas andanças.
Não gostava de Sebastian Schweinsteiger como jogador. Excelente, sem dúvida, mas bastante agressivo e impaciente, muitas vezes, arrogante. Desde que casou, em 2016, com a antiga tenista sérvia Ana Ivanović, modificou-se, está um outro homem. Ponderado, calmo e simpático, nem sequer pratica o chamado “mansplaining”, com Esther Sedlaczek, do estilo: “até podes ser competente, mas eu sou homem, fui um os melhores jogadores do mundo e vai dar-me um gozo enorme pôr a nu as tuas deficiências nesta matéria”. Uma atitude muito comum em homens, mesmo não sendo estrelas e tendo uma mulher competente a seu lado. Schweinsteiger limita-se a opinar e a analisar o solicitado por Esther Sedlaczek, falando bem, sem hesitações, nem interrupções, mantendo um semblante simpático. Um comentador de grande classe.
Que diferença dos debates futeboleiros portugueses, entre homens! Mesmo não sabendo alemão, tentem ver um pouco do vídeo da análise final do jogo de ontem, uma análise dinâmica e descontraída (espero que os direitos permitam a visualização do vídeo em Portugal). Os dois começam aliás por falar da Eslovénia e, só depois, se dedicam à nossa seleção.
Mais mulheres no futebol português, fora das quatro linhas, precisam-se!
Sebastian Schweinsteiger e Ana Ivanović têm três filhos. O mais novo nasceu no ano passado.
Foi a noite de Diogo Costa, foi ele mais que ninguém que possibilitou a eliminação duma selecção da segunda linha europeia, e evitou que Cristiano Ronaldo e Pepe tivessem muito que chorar nos próximos dias.
Aos 5 minutos do fim do prolongamento, já depois do penálti e de vários livres frontais falhados por Cristiano Ronaldo, mais uma vez Pepe "foi comido" em velocidade e deixou um esloveno isolado frente a Diogo Costa. Seguiu-se remate forte e colocado que o Diogo defendeu muito bem, ao jeito que tinha feito um par de anos antes em Alvalade frente a Nuno Santos.
Depois Pepe saiu, talvez para não deixar isolar mais ninguém, chegaram os penáltis, e o Diogo sempre acertou no lado e defendeu um, dois, três. Os nossos melhores marcadores (Cristiano Ronaldo, Bruno Fernandes e Bernardo Silva), frente a um também excelente Oblak, não falharam.
Em termos do jogo em si, entrámos no Europeu com a melhor selecção de sempre, que dava para fazer duas equipas quase de igual valor, e chegámos aos quartos-de-final com um onze que ainda anda a conhecer-se em campo. Faltam rotinas, faltam movimentos de arrastamento dos adversários, sobram lances individuais como aquele de Jota que nos deu o penálti. E quem sofre mais com isso é mesmo Cristiano Ronaldo, entregue à sua sorte lá na frente. Já lá vão quatro jogos e nenhum golo.
Agora vem aí uma França muito chatinha a defender e com dois avançados bem difíceis de marcar. Vamos voltar ao 3-4-3 para proteger o "fiel escudeiro" das arrancadas de Mbappé? Ou fica o 4-3-3 e vamos tentar controlar o jogo no meio-campo?
Duma forma ou de outra estamos todos pela selecção nacional, todos por Portugal, que o seleccionador Martinez faça jus ao seu estatuto de segundo treinador mais caro do Europeu, abra os olhos, se deixe de justificações esfarrapadas ("o estado da relva motivou a entrada do Conceição", estava fofinha para os mergulhos?) e esteja também.
Há jogos épicos. Ontem à noite vimos um deles. Um jogo que parecia interminável: durou duas horas (prolongamento incluído) e terminou empatado a zero. Enfrentámos a Eslovénia, em Frankfurt, nos oitavos-de-final do Campeonato da Europa e seguimos em frente. Com muito esforço, muito suor, muita ansiedade - mas valeu a pena.
Graças a um herói em campo: o melhor guarda-redes português da actualidade, Diogo Costa. Super-herói. Foi decisivo para esta vitória em vários momentos. Primeiro, ao minuto 115 com uma defesa extraordinária após suicida perda de bola de Pepe, que parecia querer rivalizar com António Silva na partida contra a Geórgia: o nosso guardião não se atemorizou perante o esloveno que se isolara à sua frente. Depois, superando-se a si próprio, ao defender três penáltis sucessivos: voou uma vez para o seu lado esquerdo e duas para o lado direito. A selecção adversária não marcou nenhum.
Devemos-lhe o triunfo. Devemos-lhe o passaporte para o próximo desafio, a disputar na sexta-feira contra a França. Foi o melhor em campo. Superior até ao gigante Oblak, que pontificava na outra baliza.
Terminou bem, milhões de portugueses festejam. Caso para isso: a equipa das quinas confirma-se como uma das oito melhores da Europa.
Mas antes da festa houve drama: aconteceu aos 105', quando Cristiano Ronaldo, chamado a converter um penálti sobre Diogo Jota, permitiu a defesa do guarda-redes esloveno que já alinhou no Benfica. Ficou de rastos, incapaz de conter as lágrimas. Raras vezes lhe aconteceu tal coisa ao longo de 21 anos de carreira como futebolista profissional.
Felizmente as lágrimas duraram pouco. Um quarto de hora depois, Ronaldo redimiu-se ao regressar à marca dos 11 metros, por vontade própria: foi ele a bater o primeiro da ronda final. E desta vez não falhou. Seguiram-se Bruno Fernandes e Bernardo Silva, que também a meteram lá dentro.
Fomos mais fortes, mais competentes. Fizemos sempre mais por vencer nesta partida quase por inteiro disputada no meio-campo defensivo da Eslovénia. Tentámos muito, mas faltou-nos maior rapidez na circulação de bola e melhor pontaria no disparo final. Os números são concludentes: fizemos 20 remates, mas apenas quatro à baliza.
A França, nossa adversária daqui a três dias em Dusseldorf, não fez melhor também ontem, contra a Bélgica: 20 remates, só um dirigido à baliza. E apurou-se graças a um autogolo belga, de Vertonghen, aos 85'. O nono autogolo neste Euro 2024.
Além da Bélgica, também a Itália e a Croácia - outras das mais cotadas - já ficaram pelo caminho.
Regressando ao Portugal-Eslovénia: boas exibições de Palhinha, Cancelo, Nuno Mendes, Rafael Leão. Tivemos sempre superioridade nos corredores laterais.
Substituições tardias decididas pelo seleccionador: até ao minuto 117 só haviam entrado Diogo Jota (para render Vitinha aos 65') e Francisco Conceição (que entrou para o lugar de Rafael Leão aos 76'). A três minutos dos penáltis finais, Roberto Martínez trocou o desastrado Pepe por Rúben Neves, com Palhinha a recuar para central, e Cancelo por Nelson Semedo.
Não só tardias, mas algumas até incompreensíveis: Vitinha era o maior acelerador no corredor central e Leão desequilibrava na ala esquerda, onde Conceição passou a jogar, fora da zona em que mais rende. Como se não tivéssemos a ambição de marcar um golo antes dos penáltis finais. Como se não tivéssemos avançados no banco de suplentes.
Mas o que importa é valorizar o magnífico desempenho de Diogo Costa, primeiro guarda-redes a defender três penáltis em jogos de fases finais de Europeus. Fica imortalizado a partir de agora em imagens que já dão a volta ao mundo. E na gratidão dos adeptos portugueses.
Logo à noite defrontamos a Eslovénia para os oitavos-de-final do Europeu. Recordo: é a mesma selecção que na fase de grupos empatou a zero com a Inglaterra, naquele que foi um dos jogos mais bocejantes deste torneio.
Que mudanças deve Roberto Martínez fazer no onze titular português para este desafio que queremos superar?
Fica a pergunta aos leitores.
Recordo que na nossa partida anterior, em que fomos derrotados (0-2) pela Geórgia, alinhámos de início com estes: Diogo Costa, António Silva, Danilo, Gonçalo Inácio, Dalot, Palhinha, João Neves, Pedro Neto, Francisco Conceição, João Félix e Cristiano Ronaldo.
Quando um jogador enterra a equipa logo na primeira vez em que toca na bola, entregando-a de bandeja ao adversário, ao minuto 2, tudo começa por se tornar difícil. Quando o mesmo jogador enterra ainda mais a equipa, cometendo um penálti digno de um campeonato distrital, aos 53', tudo começa a tornar-se impossível.
A história deste Portugal-Geórgia, péssima para as cores nacionais, ficou traçada naqueles dois lances, marcados por gravíssimos erros individuais de António Silva, central do Benfica que assim culmina uma época desastrosa sem deixar de ser uma espécie de fetiche do seleccionador Roberto Martínez.
O basco sofreu ontem, em Gelsenkirchen, a primeira derrota nos 13 jogos oficiais em que já orientou a equipa nacional. Com um lado bom e um lado mau. O bom: este desafio não compromete a nossa qualificação para os oitavos do Euro-2024, que estava garantida. O mau: a derrota ocorreu perante um adversário que participa pela primeira vez num certame futebolístico desta importância. Geórgia, país-caloiro em campeonatos da Europa.
Martínez, imitando o seu colega Luis de la Fuente, treinador de La Roja, decidiu mudar grande parte da equipa titular: oito, no total. Só ficaram Diogo Costa, Palhinha e Cristiano Ronaldo. Espanha, na véspera, tinha sido mais radical: rodou dez.
A diferença é que o banco espanhol é muito superior ao nosso. Se dúvidas restassem, foram dissipadas ontem. Sem paliativos de qualquer espécie: a Geórgia jogou melhor, tendo bastante menos "posse de bola". Foi mais rápida, mais acutilante, mais organizada. Quis sempre mais vencer. E mereceu este triunfo.
O sucessor de Fernando Santos deixou de fora Rúben Dias, Nuno Mendes, Bruno Fernandes, Vitinha e Bernardo, entre outros. Nenhum dos substitutos esteve melhor.
Se os dois principais erros foram individuais, a equipa também fracassou no plano colectivo. Incapaz de criar verdadeiras jogadas de perigo com princípio, meio e fim. Quase sem movimentos de ruptura, quase sem conseguir desequilíbrios, quase sem um ataque rápido, incapaz de se infiltrar na linha defensiva adversária. E desastrosa na finalização, como ficou evidente ao minuto 90'+3, quando Gonçalo Ramos falha a emenda à boca da baliza por inacreditável falta de instinto matador.
Quando não se falhava, o guarda-redes Mamardashvili (Valência, 23 anos) defendia com reflexos felinos, denotando segurança entre os postes. Foi assim ao 17', quando anulou um forte pontapé de Cristiano Ronaldo na conversão de um livre directo com a bola a voar 130 km/h. E em mais duas ou três ocasiões, ajudando a moralizar os companheiros.
O seleccionador foi assistindo a tudo com fraca ou quase nula capacidade de reacção. Ao intervalo, sem nada que se justificasse, trocou o eficiente Palhinha pelo insípido Rúben Neves, amarelado 8 minutos depois: a equipa piorou. Demorou mais de uma hora a retirar de campo o péssimo Silva, trocando-o por Semedo. E quando já perdíamos 0-2, necessitando portanto de reforçar a dinâmica ofensiva, mandou sair Cristiano Ronaldo: substituição directa por Ramos, com o onze nacional a piorar ainda mais.
Podemos queixar-nos do árbitro? Sim. Ronaldo foi claramente derrubado dentro da área georgiana, aos 28', e ainda viu amarelo por protestar - mesmo sendo capitão de equipa, mesmo estando cheio de razão.
Mas devemos sobretudo queixar-nos de nós próprios. Foi uma das piores exibições de que me recordo da equipa das quinas. Contra uma selecção classificada na posição 74 da tabela da FIFA - 68 lugares abaixo da nossa.
E agora? Em Frankfurt, na próxima segunda-feira, teremos pela frente a Eslovénia. Que conta com Oblak, um dos melhores guarda-redes da Europa. E chega sem derrotas aos oitavos: empatou com a Dinamarca (1-1), a Sérvia (1-1) e a deplorável Inglaterra (0-0).
É um adversário mais temível do que seriam os húngaros, entretanto eliminados. Mas tudo irá melhorar se formos onze a jogar contra onze. Em vez de sermos apenas dez com doze adversários pela frente - um dos quais vestido com as nossas cores.
Enfim, uma emocionante sessão de drama no Europeu. Aconteceu ontem, em Leipzig. Tendo como figura central um dos melhores jogadores que vi actuar desde sempre: Luka Modric. Comandando a selecção croata frente à irregular Itália, o craque do Real Madrid - vice-campeão mundial em 2018, com seis Ligas dos Campeões no currículo - passou ontem do pesadelo ao sonho para acabar novamente num pesadelo.
O nulo inicial não se desfez no primeiro tempo. Na segunda parte, a Croácia conquistou um penálti. Chamado a convertê-la, Modric permitiu a defesa do guarda-redes Donnarumma. Qualquer outro talvez se afundasse: não foi o caso dele. No minuto seguinte, marcou: viu uma bola desacompanhada no coração da área e encaminhou-a para o sítio certo.
Euforia entre os adeptos: a Croácia parecia ter acesso aos oitavos-de-final.
Esteve quase a acontecer. Mas a 20 segundos do apito final, no oitavo minuto do tempo extra, os italianos empataram. Com um belíssimo remate em arco de Zacagni que atirou a selecção adversária para fora da prova.
Modric estava inconsolável. De nada valeu ter sido eleito pela UEFA melhor em campo, aliás com toda a justiça. De nada valeu ter batido um recorde: tornou-se no mais velho artilheiro da história dos Campeonatos da Europa, ao marcar com 38 anos e 289 dias. A 9 de Setembro, soprará 39 velas.
Inútil falar em justiça: no futebol impera muito mais o factor sorte. Azar para muitos.
Está a ser um Europeu com poucos golos. Mesmo das equipas mais credenciadas. Repare-se no que aconteceu ontem com a Espanha em Dusseldorf: não conseguiu melhor do que um triunfo tangencial frente à modesta Albânia.
É verdade que nuestros hermanos, já com presença garantida nos oitavos, se deram ao luxo de entrar em campo com um onze quase totalmente renovado: só Laporte transitou do desafio anterior. Mas podiam ter feito muito mais, muito melhor. Desta partida retive praticamente apenas o excelente golo de Ferran Torres aos 13' com assistência imperial de Dano Olmo a partir de um magnífico passe cruzado de Laporte: 40 metros a rasgar toda a linha média albanesa. A jogada merece ser revista do princípio ao fim.
O jogo prometia mais golos, mas ficou por aqui. Talvez a selecção roja melhore quando recuperar o seu onze titular. Espero que sim.
Mais bocejante ainda foi o Eslovénia-Inglaterra, que terminou empatado a zero. Os ingleses, que nada conquistam a nível de selecções desde o Mundial de 1966, têm melhor equipa, mas essa diferença não se materializou em golos. Harry Kane, Foden, Saka e Bellingham foram perdulários no encontro desta noite em Colónia. Aos 31' Kane rematou bem colocado, mas à figura: Oblak defendeu sem dificuldade. Aos 35' Foden levou perigo à baliza na marcação de um livre, mas o gigante esloveno neutralizou o perigo.
Do outro lado, o nosso conhecido Sporar foi tão inócuo na grande área como costumava ser quando jogava no Sporting. Dali não vêm surpresas.
Três jogos, portanto, com apenas dois golos ingleses: Bellingham contra a Sérvia, Kane contra a Dinamarca.
Imaginem que isto se passava com a selecção de Portugal. Andava tudo aos gritos a exigir a cabeça do seleccionador e o exílio perpétuo para meia equipa.
Ontem foi dia de entrada em cena, neste Europeu, de três jogadores que estão ou já estiveram ligados ao Sporting.
Como se comportaram?
MORTEN. Foi titular pela Dinamarca na posição a que nos tem habituado no Sporting, como médio-centro, embora com maior propensão ofensiva - fruto do trabalho desenvolvido em Alvalade, onde é campeão. Esteve sempre muito em jogo contra a Eslovénia, acusando aqui e ali algum excesso de rispidez, o que lhe valeu o amarelo aos 49' (os árbitros têm poupado cartões neste Europeu). Teve um momento de manifesto azar quando a bola disparada pelo lateral esquerdo Janza tabelou nele e foi anichar-se nas redes: golão aos 77', antecedido de um petardo de Sesko (21 anos, Leipzig) que fez tremer os ferros da baliza. Substituído aos 89'. O jogo terminou 1-1: o tento dinamarquês foi marcado aos 17' pelo veterano Eriksen (32 anos, Manchester United) que emocionou o mundo ao cair em campo, no Euro-21, devido a uma paragem cardíaca. Recuperou, felizmente, e está em forma - como se viu pelo seu golo de requintada execução técnica, 1100 dias depois daquele susto que nos pregou.
SPORAR. Agora com 30 anos, titular no Panathinaikos, o antigo ponta-de-lança do Sporting foi o avançado mais posicional do onze esloveno neste embate com a Dinamarca em Estugarda, evidenciando as características que lhe conhecemos: anda perto do golo, mas concretiza pouco. Teve três ocasiões sem aproveitar nenhuma: aos 9' pecou por má recepção; aos 74' falhou emenda; aos 81', isolado, rematou à malha lateral. Nada de novo, portanto. Corresponde àquilo que recordamos dele quando passou no Sporting, onde quase não chegou a trabalhar com Rúben Amorim. Esteve época e meia, só marcou 11 golos em 38 jogos.
GUDELJ. Titular na equipa da Sérvia que ontem à noite enfrentou a Inglaterra em Gelsenkirchen. Médio de contenção durinho, daqueles que podem deixar passar a bola mas não deixam passar o homem, foi amarelado aos 39' e já não regressou após o intervalo. Fazendo lembrar a pouca saudosa época de 2018/2019, em que alinhou por empréstimo no Sporting antes de transitar para o Sevilha, onde permanece, aos 31 anos. Mais em força do que em jeito, deu luta aos ingleses, que só marcaram uma vez, pelo astro-rei Bellingham, aos 13'. Sem imaginação ou arte para mais. Kane ainda cabeceou com força, mas a bola embateu na barra (77', com desvio in extremis do guardião Rajkovic). A vitória por 1-0 soube-lhes certamente a pouco.
Dinamarca, 1 - Eslovénia, 1
Inglaterra, 1 - Sérvia, 0
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