Edwards foi o melhor em campo contra os minhotos em Alvalade: esteve nos dois golos
Foto: Miguel A. Lopes / Lusa
Quem pensava que seria apenas para cumprir calendário, enganou-se. Foi um bom jogo de futebol, muito emocionante sobretudo na segunda parte, com um Famalicão confirmando anteontem em Alvalade por que motivo se encontra num lugar confortável do campeonato (sétima posição) e chegou a semifinalista da Taça de Portugal.
Houve oportunidades para os dois lados. Mas com óbvia supremacia da equipa da casa. O Sporting voltou ao "ataque móvel", sem grande sucesso (duas unidades, Trincão e Pedro Gonçalves, não estiveram à altura da aposta do treinador), Nuno Santos no habitual vaivém junto à linha esquerda e Esgaio na nova missão que Rúben Amorim lhe vem indicando, de fazer movimentos como interior direito em complemento de Edwards. De uma tabelinha entre ambos nasceu o nosso primeiro golo, aos 18', por Morita. E foi o próprio Esgaio, aproveitando uma bola de ressaca, também após bom trabalho do inglês, a marcar o segundo. Que nos valeu três pontos - temos agora 64.
Houve festa no estádio, onde estiveram quase 30 mil espectadores. Prémio merecido a um dos mais esforçados elementos do plantel leonino, várias vezes criticado pelos adeptos - e com razão - mas que tem evoluído muito ao longo desta época. E que, ao contrário do que alguns temiam, não deixou a nossa ala direita desguarnecida com a partida de Porro, em Janeiro. Pelo contrário, tem demonstrado mais eficácia a partir daí.
Esta foi a parte melhor do jogo. A menos boa, uma vez mais, situou-se no nosso reduto defensivo. Com Diomande como protagonista pela negativa em dois momentos que puseram à prova os bons reflexos de Adán (um dos melhores em campo) e Coates muito infeliz num corte que devia ter sido para canto mas acabou por encaminhar a bola para dentro da baliza, traindo o guarda-redes. Há muito que o nosso capitão não marcava um autogolo. Pela minha parte, confesso: disto não tinha saudades.
Foi a única forma de o Famalicão não ficar em branco no nosso estádio. Em boa verdade, mereceu esse golo solitário. Por ser uma equipa bem organizada, bem orientada, tecnicamente bastante evoluída e que pratica um futebol acima da média para os padrões nacionais. Merece o sétimo lugar, merece ter chegado onde chegou na Taça. É, além disso, uma equipa que vem mantendo boas relações institucionais com o Sporting - algo que justifica uma palavra acrescida de saudação.
Resta-nos agora o quê?
Vencer os quatro jogos que faltam para concluir o campeonato. E aproveitar estes desafios, desde já, como etapa preliminar da época que irá seguir-se. Sem facilitar, sem cometer os erros de sempre. Sabendo progredir, sabendo evoluir.
A temporada 2023/2024 pode, de algum modo, começar ainda com esta a decorrer. Há toda a vantagem nisto. Nós, adeptos, não exigimos menos que isto.
Breve análise dos jogadores:
Adán - Sem deslizes digno de nota, fez duas boas intervenções impedindo golos do Famalicão.
Diomande - Noite azarada para o jovem marfinense. Dois lapsos, aos 30' e aos 52'. Saiu aos 56'.
Coates - Autogolo aos 69': só assim o Famalicão conseguiu marcar. Quis aliviar, mas foi mal-sucedido.
Gonçalo Inácio - Discreto. Começou como central à esquerda, aos 56' passou para a direita. Já está habituado.
Esgaio - Uma das figuras do jogo. Marcou o golo da vitória, aos 60' - o primeiro como profissional do Sporting. Saiu sob fortes aplausos aos 82'.
Ugarte - Útil como sempre, na vigilância do nosso meio-campo. Segundo golo começa com uma recuperação dele. Amarelado, saiu aos 73'.
Morita - O nosso melhor reforço em 2022/2023 voltou a dar nas vistas. Autor do primeiro golo, aos 18'. Já marcou mais do que Paulinho na Liga.
Nuno Santos - Dinâmico, veloz, cheio de energia. Mas neste seu 90.º jogo no campeonato português não cruzou com êxito.
Edwards - O melhor em campo. Está nos dois golos. Grande trabalho oferecendo de bandeja a Morita e é ele próprio a rematar no segundo com a bola a ressaltar para Esgaio.
Pedro Gonçalves - Muito apagado. Podia ter marcado aos 29' e aos 45', mas faltou-lhe poder de fogo. Substituído aos 56'.
Trincão - Amorim colocou-o como avançado-centro - falso ponta-de-lança. Não se sente à vontade ali, está demonstrado. Saiu aos 82'
Chermiti - Substituiu Pedro Gonçalves aos 56'. Não marcou, mas incomodou muito a defesa forasteira. Móvel, ele sim. Vai evoluindo a cada nova oportunidade que o técnico lhe dá.
Matheus Reis - Substituiu Diomande aos 56'. Com vantagem para a equipa: mais seguro e mais sólido.
Tanlongo - Entrou aos 73', rendendo Ugarte. Está convocado para o Mundial sub-20 pela Argentina, mas continua sem exibir grandes dotes de verde e branco.
Bellerín - Substituiu Esgaio aos 82'. Teve ainda tempo para um remate bem colocado à baliza dos minhotos.
Arthur - Em campo desde os 82', por troca com Trincão. Já em fase de contenção ofensiva da equipa. Não deu nas vistas.
Rúben Amorim pediu desculpa ao Esgaio. Porquê? Só se for por não saber o que anda a fazer. Cada vez mais é essa a impressão que eu tenho. Se for isso, as desculpas justificam-se, mas não resolvem o problema. Não digo que Rúben Amorim seja um problema, atenção (sinceramente creio que não é, e uma sua eventual saída seria um problema muito maior). Mas deveria pensar melhor no que anda a fazer. Não é nada bom ter-se um líder de um grupo que não sabe o que faz.
Máquina bem limpa. Lote de qualidade superior. Grãos moídos na perfeição. Água bem quente. Chávena de porcelana. Sem açúcar. Eis um café bem tirado e bem bebido. Ideal para terminar uma daquelas refeições longas, de cinco pratos, e para esquecer um ou outro copo de Assobio, que possa ter estado a mais.
Antes de mais, grande jogo. A apreciação ficará a cargo dos especialistas do blogue.
Ste Juste é, como já defendi bastas vezes, um excelente defesa. Falta-lhe ritmo e fugir às lesões. Hoje fez o jogo todo, o que é boa notícia;
Chermiti fez uma excelente partida, com uma assistência para Edwards marcar. Esteve muito bem na luta com os "cavalões" do Braga, acho que temos jogador;
Pedro Gonçalves sem se dar muito por ele fez andar a equipa e acabou por fazer duas assistências e um golo, de penalti;
Esgaio, hoje muito acarinhado pelo público e bem, fez a melhor exibição desde que regressou ao Sporting;
A equipa esteve bem como um todo, mas Morita foi o nosso melhor, hoje. Levou o prémio de homem do jogo merecidamente;
Ao contrário, uma vez mais Trincão esteve ausente, uma parte no banco e outra fora do banco;
O marcador dos penaltis é o Pedro Gonçalves e acho que fez muito bem em marcar o penalti que deu o quinto da noite. Gostei muito que todos puxassem por Esgaio para marcar (Chermiti também se estava a pôr a jeito...), mas se pensarmos todos bem... E se o rapaz falhasse? Foi melhor assim, o jogador fica com a satisfação da ovação e do reconhecimento da sua bela exibição e Pedro Gonçalves soma mais um. Eu confesso que dei por mim a imaginar uma defesa do GR do Braga e Esgaio a marcar na recarga, também teria sido engraçado;
Uma nota e pergunta final: Porque é que não jogamos sempre com o Braga?
Bastou uma vitória caseira por 5-0 contra um clube que é o melhor de Portugal tirando os 3 grandes para que tudo o que de pior aconteceu até agora nesta temporada fosse esquecido, para que o Paulinho fosse o maior e não importasse o que custou, para que o Trincão afinal até seja um bom jogador, para que Amorim seja um génio táctico do 3-4-3 e não o burro e teimoso doutros momentos.
E no entanto o que aconteceu nesse e nos últimos jogos apenas reflecte o tempo e a tranquilidade que existiu para treinar, e a evolução dos jogadores dentro do modelo de jogo e de treino, especialmente daqueles que chegaram esta temporada. E como Trincão e Edwards já conquistaram o seu espaço, também outros lá chegarão.
Mas tudo o que de bom aconteceu não pode servir para esquecer os problemas que continuam a afectar o plantel, nomeadamente a escassez de soluções para determinadas posições e a falta global de envergadura física. Basta tentar alinhavar um onze alternativo ao que entrou em campo em Alvalade no último jogo para perceber quais as posições em causa.
Bragança infelizmente parece que perdeu a época, e logo esta que poderia ter sido a da sua afirmação. Neto também a perdeu naquela entrada descuidada do jogador do Portimonense. Quanto a St.Juste, a lesão sofrida na pré-época condicionou tudo o resto, e agora tem de ser gerido "com pinças".
Depois há aqueles como Esgaio, Jovane e Rochinha, que quanto mais querem menos conseguem. Algum deles poderá dar a volta, mas duvido.
Valores emergentes para o resto da temporada, sempre disponíveis para aproveitar da melhor forma as oportunidades que surgirem, parecem-me Marsà, Essugo, Fatawu e Arthur.
Quem poderia vir no mercado de inverno para reforçar o plantel? Para mim o principal problema está no eixo central e nas posições 6, 8 e 9, os seja os 2 médios-centros e o ponta de lança, pela falta de alternativas válidas para as posições de alto desgaste de Ugarte, Morita e Paulinho. Virá mesmo alguém? Não sei.
O futebol é o momento. Vem aí um conjunto de desafios muito complicados, outra vez as competições europeias no meio da semana, e podemos depressa voltar a uma situação pouco desejável e nessa altura lá virão os bota-abaixo do costume, os ressabiados com contas para saldar, os candidatos da treta, as claques a insultar os jogadores, etc.
Importa ter confiança mas importa também cuidar do escoamento de águas da casa enquanto não chove...
Pesquisem a série "Os nossos jogadores", número 17, Novembro de 2013, a minha escolha: Ricardo Esgaio.
Tenho lido tanta (faltam-me as palavras) parvoíce? estupidez? malvadez?ignorância? sobre a carreira de Ricardo Esgaio no Sporting, que vou lançar um pequeno desafio; comparar os títulos do jogador da Nazaré, nas camadas jovens, com os títulos conquistados pelo maior produto da formação leonina (que dá nome à Academia) um tal Cristiano Ronaldo.
Um pouco mais a frio, lá vai a minha análise ao jogo de ontem:
Positivo
Israel - Não é tão mau como a gente temia e até pode sair dali um belo GR; Não comprometeu e teve até um punhado de boas e algumas difíceis intervenções. Para quem não tem jogado esteve muito bem.
Os outros miúdos todos - Lançados às feras, conseguiram empatar com o OM, o que não é nada mau.
Esgaio - Não joga no próximo jogo, o que quer dizer que se não entrar o Paulinho, iremos começar com onze.
Pedro Gonçalves - Ver cromo anterior.
Presidente - Não fala e bem (convém não piorar o que já de si é a antevisão de uma tragédia).
Negativo
A reacção dos sócios ao questionarem as opções do treinador. Onde já se viu a malta a mandar bitaites sobre a constituição da equipa e a criticar as substituições? Deve ser o único clube do Mundo onde isto acontece!
O recado velado, ou ensurdecedor entendam como quiserem, do treinador, para dentro, nas declarações deploráveis que entendeu proferir no final do jogo. Se está mal, resolva a coisa no gabinete do presidente.
A casmurrice do treinador, que estando num processo de aprendizagem, terá que ir tirando apontamentos dos erros que vai cometendo para daí concluir que só evoluirá tentando ultrapassar esses mesmos erros. Por enquanto tem crédito para ir aprendendo, vai tendo pouco, cada vez menos, para ser casmurro. Daqui até ao assobio e à contestação é um "tirinho" e a gente sabe como é na bola, hoje génio, amanhã um falhado e eu gostava que Amorim crescesse no Sporting por alguns anos, que potencial tem ele.
Conclusão
Ainda estamos nas quatro competições da época apesar de duas delas ainda não terem começado e de outra não haver notícia de que desistamos, independentemente do lugar na tabela (já ficámos em sétimo, convém ter presente na memória). Na Liga dos Campeões estamos fortes, basta ganhar os dois jogos que faltam. Eu confio que sem Esgaio e Pedro Gonçalves a coisa até se dê, para nossa satisfação. Como diria o outro, pinares...
A derrota de ontem por 0-2 com o Marselha, sendo má e evitável, foi o menos. O pior foi mesmo perceber, e com tanta clarividência, que algo se passa com a nossa equipa, com o treinador e a estrutura. Não pode ser por pura teimosia que Rúben Amorim insiste num jogador como o Ricardo Esgaio, em má forma e psicologicamente devastado, devido a uma sucessão de erros (alguns infantis) que prejudicaram o clube e causaram derrotas e perda de pontos em várias competições. Tal como aconteceu na situação de Paulinho, um ponta-de-lança que não marca golos e que tem certamente o seu valor mas que está com um problema de confiança há meses, Amorim teima em incluir Esgaio nas opções, mesmo tendo Pedro Porro recuperado. Isto não se explica, como não se explicam as declarações de ontem dirigidas aos adeptos. Amorim é inteligente, sabe comunicar (com algumas excepções já aqui abordadas) e é um excelente treinador de futebol, como já o demonstrou inúmeras vezes, elevando o jogo do Sporting a outro patamar. Mas está a provocar alguma coisa ou alguém. A lançar um desafio. Não se pode dizer o que Amorim disse ontem de ânimo leve. O que têm os adeptos e sócios do SCP contra os jogadores que vêm do Braga? Zero. Desde que joguem à bola são muito bem-vindos. Não é Amorim que agora vem rebaixar o clube inventando uma rivalidade com o clube minhoto que nunca existiu. O Braga, com todo o respeito, e mesmo agora que irá ter investidores endinheirados, não está, nunca esteve e não vai estar nunca ao nível do Sporting. Se Amorim não está satisfeito no seu lugar que informe a direção do clube, este caminho que agora escolheu, e que me parece propositado, não é bom para nenhuma das partes. Tem que aceitar que erra, errou ao colocar Esgaio nas opções de ontem e de todas as últimas vezes que o colocou em campo. Errou ao insistir tanto em Paulinho no passado recente. Errou, talvez, ao não tentar uma reintegração de Islam Slimani. Espero que Amorim fique no Sporting por muito tempo, desde que seja justo, menos teimoso e que não ataque os adeptos e sócios com "bocas" que não lhe ficam bem. O Sporting está acima dele e irá continuar a ser o clube enorme quando um dia decidir sair. Ficamos por aqui.
Depois de duas derrotas consecutivas contra um Marselha que até então contava por derrotas os jogos efectuados, a sensação que fica é que em condições normais teriamos sempre muita dificuldade em vencer uma "colecção de cromos" musculada e experiente, sempre a apostar no erro do adversário e a tentar jogar com o árbitro para impedir o adversário de jogar. Nada que ver com Tottenham e Eintracht, que talvez joguem colectivamente melhor que o Marselha, mas também deixam jogar.
Claro que, marcando primeiro, recuando linhas e libertando espaço para o ataque móvel e a capacidade individual de Edwards, Pedro Gonçalves e Trincão virem ao de cima, o Sporting sempre teria fortes chances de vencer, mas num jogo repartido a muito superior capacidade física do Marselha viria sempre ao de cima.
Mas com Adán e Esgaio a fazerem-se estupidamente expulsar nos dois jogos depois de oferecerem um golo cada um, na prática pouco tempo houve nas duas partidas de jogo taco a taco. Rúben Amorim aproveitou e se calhar muito bem para lançar um conjunto de jovens muito interessantes, Israel, Marsá, Fatawu, Sotiris, Nazinho tiveram minutos na Champions e mostraram que existe ali muito potencial para explorar.
Não vale a pena comentar um jogo que quase não houve. Vale mais a pena abordar algumas questões que julgo cruciais:
1. Quem apostou mal ou bem num plantel curto tem de viver com ele, ou seja, respeitar o tempo de recuperação das lesões duns dando oportunidades a outros, mesmo correndo o risco de não conseguirem corresponder. Depois do que tem acontecido com St.Juste, hoje não pareceu que Coates ou Porro estivessem em condições de ir a jogo. E foram para quê?
2. Proteger um jogador às vezes é não o pôr a jogar. Talvez Esgaio, depois de falhas clamorosas nos últimos jogos, não estava em condições psicológicas de ir a jogo. Amelhor prova é o primeiro amarelo que leva, por uma sarrafada ao mesmo jogador que já tinha "aviado" em Marselha, nesse caso correndo o risco dum vermelho imediato, e que minutos antes o tinha rasteirado. O caricato é que estava no banco a alternativa mais indicada para o lugar, Fatawu, que logo demonstrou que vale dez vezes mais do que aquele manhoso do Marselha que fala português. Ficou melhor o Esgaio, agora do que estava? Ou perdeu-se de vez o jogador para o Sporting?
3. Jogar contra o árbitro na Champions é meio caminho andado para a derrota. Faltas grosseiras e protestos birrentos são completamente desnecessários numa equipa com os objectivos do Sporting. O banco é talvez o melhor lugar para repensar o comportamento. Seja de quem for, por muito importante que seja na equipa.
E agora?
Agora com Tottenham 7, Marselha e Sporting 6, Eintracht 4 continua tudo em aberto no grupo, mas perdemos toda a vantagem inicial. Se calhar o Eintracht vai decidir quem é quem. Essencial é recuperar - mas recuperar mesmo - Coates e Porro.
Toda a confiança em Amorim, mas a falta de recursos "seniores" está a fazer-se sentir e não vale a pena iludir a questão. Que bem vindos seriam Mbemba, Guendouzi e Harit, por exemplo. Quanto valem? Pelo Transfermarkt, uns 55M€...
PS: Amorim falou em más vontades de alguns relativamente a jogadores vindos do Braga, podia ter acrescentado más vontades dos mesmos relativamente ao técnico, que veio de lá também. Mas se calhar essas más vontades decorrem apenas de quem promoveu a sua vinda. Qualquer jogador que tenha vindo nos últimos tempos ou que venha seja lá de onde for tem a cabeça a prémio, e vai ser achincalhado pelos mesmos à primeira oportunidade, esquecendo por completo o que foram cinco anos de autocarros anuais bem repletos de reforços para muito pouco se ganhar. Por isso o melhor é não pensar mais no assunto, eles que rendam em campo, que as más vontades logo se reduzem à mais ínfima expressão.
Em apenas uma semana, passámos do primeiro lugar no nosso grupo da liga milionária para o terceiro posto. Com apenas um golo marcado e seis sofridos frente à turma gaulesa, numa dupla jornada que constituiu um pesadelo.
Esta noite terminámos com apenas nove jogadores em campo, após expulsões de Esgaio e Pedro Gonçalves. Expulsões que denotam absoluta instabilidade emocional dos jogadores leoninos. Somada à péssima condição física: Coates voltou a lesionar-se, sendo forçado a sair aos 35'.
Foi jogo de sentido único, com o Sporting largamente remetido aos primeiros 30 metros, sem passar dali.
Aos 30', o resultado estava feito. Com o primeiro golo na conversão do penálti provocado por Esgaio e o segundo num rápido lance ofensivo, com Gonçalo Inácio a colocar o adversário em posição legal. Quase houve um terceiro sofrido, quando Marsà esteve a milímetros de marcar na própria baliza, aos 84': a bola esbarrou no poste.
Enfim, uma hecatombe.
Algumas notas que este jogo me suscitou:
1. Erro inconcebível de Rúben Amorim ao escalar o onze. Por incluir Esgaio como lateral direito tendo Porro no banco. Nem dá para acreditar.
2. Esgaio comete duas faltas dignas de amarelo em dois minutos, vendo o vermelho aos 18'. Enterrou a equipa, tal como Adán tinha feito em Marselha. Só o técnico ainda consegue ver alguma utilidade neste jogador que mandou vir de Braga.
3. Porro acabou por entrar, mas só aos 59' - algo que de todo não se entende, depois de Amorim ter inventado Fatawu como defesa direito com a missão teórica de percorrer todo o corredor, desdobrado em ala. Algo que não chegou a acontecer pois o jovem extremo ganês ficou quase só remetido a posições defensivas até o espanhol chegar.
4. Como foi a exibição do onze leonino? Vergonhosa. Primeiro e único remate enquadrado (frouxo, de Trincão) só aos 37'. Primeiro canto aos 44'. Nenhuma oportunidade de golo. Sucessivos passes falhados. Jogadores incapazes de atacarem o portador da bola, de imprimirem intensidade e velocidade ao jogo.
5. Amorim não soube adaptar-se à pressão do Marselha, que dominou o meio-campo fazendo avançar as linhas e encurralando a nossa saída de bola. Manteve-se «fiel aos seus princípios e à sua ideia de jogo», como é costume dizer-se à laia de elogio. Neste caso nada há a elogiar. Começou aí a nossa derrota, nessa incapacidade do treinador em abandonar o seu rígido esquema táctico.
6. Inacreditável, ver Pedro Gonçalves fazer-se expulsar por uma falta inútil lá na frente e palavras dirigidas ao árbitro quando já tínhamos um a menos: recebeu dois amarelos de rajada nesse fatal minuto 60. Comportamento disciplinar inaceitável. Passámos a jogar só com nove na última meia hora, em que quase nunca saímos dos primeiros 30 metros.
7. Substituições incompreensíveis. Só com dez a partir do minuto 19, o treinador faz sair consecutivamente os nossos maiores desequilibradores: Morita, Edwards, Trincão e Nuno Santos. O campo ficou ainda mais inclinado para o lado do Marselha.
8. Arthur, que marcou contra o Tottenham, não voltou a jogar. Alguém entende porquê? Eu não consigo.
9. Onde estava St. Juste? Não estava. O defesa mais caro da história do Sporting encontra-se novamente lesionado. Ainda não completou um jogo desde que chegou.
10. Onde estava Paulinho? A ver a partida fora das quatro linhas. O avançado mais caro da história do Sporting nem saiu do banco.
11. Chega a ser atroz, a nossa inépcia defensiva. Os números desta triste época não deixam lugar a dúvidas: 18 golos sofridos em 13 jogos.
12. Com estas duas derrotas consecutivas na Liga dos Campeões, desperdiçámos o acesso a cerca de 5,6 milhões de euros.
Anteontem o mestre Aurélio Pereira pôde comemorar os seus 75 anos de vida e foi mais que justamente homenageado. Trata-se duma figura incontornável quando se quer fazer a história da formação no futebol do Sporting: descobriu e projectou jovens que foram muito longe no futebol profissional, a começar por aquele que é um dos melhores futebolistas de todos os tempos, o nosso Cristiano Ronaldo.
Também os principais jornais desportivos aproveitaram a oportunidade para o entrevistar. Quando questionado em "A Bola" sobre o actual momento do Sporting, saíram dele as seguintes frases:
Sobre Rúben Amorim: "Não tem vergonha de lançar jovens. Devolveu-nos a alegria dos campeonatos e o Sporting sente orgulho no treinador que tem. Falo com ele com frequência e não gostaria de o ver sair um dia do clube."
Sobre Frederico Varandas: "Tenho de estar orgulhoso por todo o trabalho que tem feito. No futebol profissional e formação, o investimento na Academia tinha de ser feito para não fugirmos dos nossos adversários. Isso é saber gerir."
Este início de época tem demonstrado que todo o investimento em termos de infraestruturas e capital humano em Alcochete está a conseguir recolocar o Sporting no topo da formação em Portugal. Enquanto nos anos anteriores o Benfica passeava a sua superioridade nos diferentes escalões, agora as nossas equipas de iniciados, juvenis e juniores estão no topo das séries e campeonatos respectivos e somam vitórias (e até goleadas) contra o rival.
A equipa B, libertada do lastro duma geração que ganhou campeonatos mas estagnou na sua evolução, voltou a ser uma unidade de preparação de talento para a equipa A. Qualquer deles poderá amanhã entrar em campo no onze inicial, como aconteceu com Marsà. Se me perguntarem qual será o seguinte vou ter dificuldade em responder.
Nessa equipa temos talento recrutado externamente com 18-19 anos, como Diogo Abreu, Alcantar e Marsà, e outro nado e criado em Alcochete, como Callai, Essugo e Chermiti. Treinam muitas vezes com a A, competem numa Liga 3 muito mais exigente do que possa parecer e que, juntamente com os jogos da Youth League, lhes dá o "calo" necessário para triunfarem.
Quem conhece minimamente o que se passa nas modalidades, verifica que esta aposta na formação acontece transversalmente a todo o universo desportivo do Sporting, com as especificidades inerentes a cada uma, quer em termos de exigências competitivas quer em termos de especificidades regionais em termos de captação e formação.
Sempre encontramos plantéis curtos e com muitos anos de casa suportados pela formação, e recrutando com conta, peso e medida.
A continuidade desta política é essencial para o futuro do clube e da sua SAD. Estarei sempre na luta contra autocarros anuais de reforços que pouco tempo depois se traduzem em muito entulho para despachar.
PS: Apostar na formação também implica defender sem reservas, e ter uma tolerância bem superior relativamente a quem vem de fora para com um jogador nado e criado em Alcochete chamado Ricardo Esgaio. Para alguns parece que os únicos jovens de Alcochete que prestam são os que já sairam, de Demiral a Domingos Duarte, mas os que lá estão agora, como Inácio, Marsà e Alcantar, em nada são inferiores ao que eles eram com a mesma idade.
De outra derrota.Desta vez no Bessa: perdemos 1-2. Onze pontos desperdiçados em 21 possíveis. Um desastre, o início da Liga 2022/2023. Não há outra palavra para descrever este percurso ainda curto, com apenas três triunfos (Rio Ave, Estoril, Portimonense), somados a um empate (Braga) e três derrotas (FC Porto, Chaves e agora Boavista). Os axadrezados não nos venciam há 18 jogos em casa, desde a Liga 2007/2008.
De Rúben Amorim. Há que apontar o dedo ao treinador. Por dois motivos: comete o erro de repetir o onze inicial da partida anterior, da Liga dos Campeões, contra o Tottenham - com o desgaste daí inerente - e só se convence que tem mesmo de mexer na equipa já muito tarde: as primeiras substituições por opção técnica e táctica ocorreram só aos 75'.
Da lesão de Coates. Exemplo mais evidente da fadiga muscular que afectou vários jogadores, aos 70' o nosso capitão agarrou-se à coxa e fez sinal que precisava de sair. A equipa ressentiu-se de imediato da ausência dele, até porque Amorim viu-se forçado a fazer adaptações - o que nem sempre tem dado bom resultado, como voltou a acontecer.
Do excesso de lesionados. Neste momento, com a lesão de Coates (oxalá não seja grave), ficámos sem centrais destros de raiz. Após as paragens de St. Juste (que será feito dele?) e Neto. Motivo de grande preocupação, até por estarmos ainda na fase inicial da temporada.
De Esgaio. O treinador persiste na tendência de adaptar laterais a centrais. Insistiu nisto, com péssima consequência: tendo Marsà no banco, optou por fazer entrar Esgaio para o lugar do lesionado Coates, aos 71', enquanto Gonçalo Inácio transitava de central à direita para o meio do trio defensivo. Má opção: dez minutos depois, o ex-Braga cometeu o penálti de que viria a nascer a vitória axadrezada. Penálti evidente, de escola - e escusado. Aos 90'+4, desposicionado lá na frente, abriu uma avenida ao contra-ataque adversário que felizmente não causou estragos.
De Pedro Gonçalves. Lamento escrever isto, mas passou ao lado do jogo. Andou desaparecido grande parte do tempo, entalado entre as duas linhas do Boavista, sem capacidade de penetração na área nem de protagonizar lances de ruptura. É verdade que chegou a introduzir a bola na baliza, aos 23', mas estava fora-de-jogo. Foi um dos elementos que acusaram maior desgaste físico.
De Trincão. Outro jogador que devia ter ficado fora do onze titular. Muito abaixo das exibições anteriores, frente ao Portimonense e ao Tottenham, embrulhou-se demasiado com a bola, dando-lhe quase sempre um toque a mais. Aos 39', com o seu pior pé, atirou à barra, mas foi desaparecendo da partida. Saiu tarde de mais, só aos 75'.
Do resultado ao intervalo. Perdíamos 0-1, deixando o Boavista marcar mesmo ao fim da primeira parte (45'-2), num lance em que Gonçalo Inácio - novamente a pecar por falta de intensidade - e Coates foram incapazes de travar o portador da bola, que num ressalto é atirada lá para dentro, de zona frontal, num excelente disparo em arco de Bruno Lourenço sem a menor hipótese de defesa para Adán. Nunca há bons momentos para sofrer golos, mas este foi um dos piores.
Dos golos sofridos. Já são dez, nestes sete jogos. Começa a encurtar-se perigosamente a distância para o número dos que encaixámos em todo o campeonato anterior: apenas 23.
Da classificação. Iniciámos esta jornada em sétimo lugar. Já fomos ultrapassados pelo Estoril, que hoje empatou em casa com o FC Porto. E corremos o risco de baixar ainda mais. Além de podermos ver amanhã o Benfica a onze pontos, com 21.
Gostei
Dos nossos alas. Merecem ambos nota positiva: foram, de longe, os melhores do Sporting nesta noite triste - rápidos e acutilantes. Nuno Santos um pouco acima de Porro por ter feito a assistência para o nosso golo solitário, marcado por Edwards aos 55'. Com um magnífico passe de letra a merecer nota artística. Ficou insatisfeito ao ser substituído por Arthur, aos 75', e com razão. Foi um dos raros que mantiveram o nível da partida anterior, frente ao Tottenham.
De Edwards. Por ter marcado o golo leonino - de cabeça, à ponta-de-lança - dando o melhor rumo ao excelente cruzamento de Nuno Santos. E criou vários desequilíbrios. Não foi por ele que deixámos três pontos no Bessa.
Depois da brilhante vitória de terça-feira na Champions a moral dos Sportinguistas bateu no tecto, o que para quem como eu, que conheço bem este clube, só pode querer dizer que o desastre estaria próximo. Se calhar por isso não publiquei nenhuma antevisão sobre este jogo no Bessa. Tudo o que tentei escrever me soava a "wishfull thinking" passando ao lado das questões estruturais que tenho aqui levantado.
Com o Pinheiro no apito só podiamos esperar o que tivemos, um toque infeliz no avançado boavisteiro que logo o motivou a desistir do lance e a ensaiar a queda n.º 5 modelo Petit, sem hipótese de reversão pelo VAR porque o toque existiu tal como existiu sobre o Galeno no jogo com o Braga em Alvalade em que o mesmo Pinheiro como VAR esteve uns bons minutos a convencer aquele árbitro lisboeta que depois indicou ao filho do Conceição que era bom era para o mergulho que aquilo tinha sido mesmo penálti. Ainda hoje ele deve agradecer ao carissimo "colega" a grande ajuda que lhe deu para adulterar o resultado dum jogo.
Pelo cansaço de terça-feira e pela presença do futuro "dragão de ouro" e se calhar com direito a estátua no museu dos "dragões", o tal Pinheiro, o Sporting precisaria de recursos dentro do plantel para entrar com um onze diferente, com maioria de jogadores frescos para disputar um jogo que se antevia muito dificil num campo pequeno e ainda para mais castigado pelas recentes chuvadas.
Entrando com o mesmo onze de terça-feira, claramente o Sporting se pôs a jeito para o que veio depois. Faltou sempre um pouco mais aos nossos para mandar no jogo e cortar as vasas aos adversários, tudo era feito mais em "cruise control" do que com a manete das mudanças nas mãos, e depois dum improvável "chouriço" sofremos o primeiro golo, da Pinheirada atrás descrita o segundo.
Pouco mais de interessante para o Sporting teve o jogo: um golo bem anulado por fora de jogo, um cruzamento de letra de Nuno Santos que convidou Edwards a um belo golo, uma balão de Trincão que foi à trave, tudo o resto foi para a frente, frente, frente, para trás, trás, trás, um jogo partido sem controlo ou comando.
Claro que quando perdemos podemos questionar tudo, a começar pela cor das camisolas e acabar pela fixação de Amorim no Esgaio como defesa a substituir um lesionado Coates em vez dum Marsà ou dum Alcantar, já que St.Juste e Neto estão lesionados também. Ou pela ausência de alternativas "prontas" para Ugarte e Morita, já que Sotiris ainda está em aprendizagem. Ou porque não entraram logo em campo os dois heróis da terça-feira, Paulinho e Arthur Gomes, o primeiro para bloquear os três defesas centrais adversários, o segundo para ser o "abre-latas", que Edwards não tinha pilhas depois do jogo contra o Tottenham. Ou até um Fatawu, que pela sua imprevisibilidade muito podia baralhar as ideias de Petit.
Podemos questionar tudo mas não vale a pena. Perdemos mais 3 pontos na Liga muito por nossa culpa, e isso não é nada bom. Cabe ao nosso excelente treinador Rúben Amorim reflectir sobre este início de temporada agora que vai ter tempo para isso, o bom e o mau que aconteceu, e introduzir os ajustamentos necessários.
E já agora adianto dois: não mais Esgaio como defesa central, não mais Coates como avançado residente.
Há três dias o treinador escreveu um compêndio de bem dirigir uma equipa.
Hoje borrou a escrita toda.
Acontece.
Como acontece ao Esgaio, bom rapaz, Sportinguista dos quatro costados, mas com pouco jeito para a função que supostamente deveria exercer. Segunda vez que enterra a equipa. E acreditem que eu até nem lhe atribuo culpas. Consultar os dois primeiros parágrafos, s.f.f. para encontrar o culpado.
Meter em campo os mesmos que jogaram há três dias e quando foi necessário substituir, tirou só o melhor, Nuno Santos é, para ser simpático, um disparate.
Hoje, desculpa lá ó Amorim, foi uma derrota de autor.
Em vésperas de clássico, a preparação do SCP iniciou-se com a inenarrável venda de Matheus Nunes. Mandaria a prudência e bom senso que os dirigentes recusassem qualquer negociação e remetessem para a cláusula até ao final do jogo no Dragão, mas há décadas que somos crónicos campeões no tiro nos pés.
Com ou sem Matheus Nunes, seria sempre difícil vencer o campeão no seu estádio, até criámos oportunidades para marcar, mas a diferença esteve nas balizas, de um lado, Diogo Costa, com excelentes intervenções, do outro, Adán, clamorosamente batido em duas saídas, que resultaram em golo e grande penalidade, respectivamente.
Bora lá culpar Paulinho, Esgaio e exigir a cabeça de Rúben Amorim...
Parece que em Alvalade verifica-se, agora, um interesse renovado em pulseiras verdes. Que o diga Giovanni Esgaio, que depois de ver a mana tristonha pela constatação de que fora apanhada na curva por um peluche gigante - gigante, mas um peluche! - fez questão de nos mostrar que os Esgaio não só já têm pulseiras verdes, como... voltaram a sorrir.
Muitos parabéns aos personal stylists.
Imagem recolhida no perfil Instagram de Mara Alexandra Esgaio.
Para lá do resultado e agradável jogo de futebol, ontem Alvalade assistiu a dois momentos de grande significado. Primeiro aos 80 minutos, quando Ricardo Esgaio substituiu Pedro Porro, entrou em campo aplaudido pelos sportinguistas nas bancadas, que mostraram aos energúmenos que espalham ódio e insulto nas redes sociais, o Sporting C.P. que somos, não o gang de rufias que gostariam que fossemos.
Após o final do jogo, o herói da noite, Pedro Gonçalves, sobre Paulinho afirmou “é um grande jogador, não merece tudo o que dizem dele”. Se dúvidas houvessem, o grupo de trabalho sob a orientação de mister Ruben Amorim está unido e quando assim acontece, é imune a críticas ou assobios e não será fácil a qualquer prima donna conquistar um lugar na equipa, por maior que seja a pressão das bancadas. Quem chega terá que somar e mostrar trabalho árduo, para se tornar um dos que estão. Temos equipa. Somos Sporting C.P.
Quem tivesse dúvidas sobre a capacidade de Rúben Amorim não apenas como treinador mas como manager do futebol do Sporting, ontem deveria tê-las tirado.
Porque não se tratou apenas de resolver o problema da lesão de Paulinho e substitui-lo por um Edwards qualquer.
Tratou-se de pôr em prática um plano de ataque alternativo, o tal plano B, pensado e trabalhado a um ano de distância, ensaiado primeiro com Sarabia à imagem da selecção espanhola, depois indo à procura de jogadores como Edwards, Rochinha e Trincão para se juntarem a Pedro Gonçalves nessa ideia de ataque móvel, com permanentes recuos no terreno e trocas de posição na frente de ataque. O jogo com a Roma no Algarve foi um teste muito importante desse plano, no qual Edwards se sente como peixe na água.
Antes do mais convém alertar que o plano tem limitações evidentes: incapacidade no jogo aéreo na área adversária, incapacidade de criação de espaços por arrasto de defesas pelo ponta de lança, apelo à imprevisibilidade dos atacantes que tanto perturba a equipa adversária como exponencia as próprias falhas, e convite à defesa contrária a fechar espaços no centro e a aguardar o inevitavel drible ou passe perdido numa floresta de pernas.
O jogo de ontem foi assim. Contra um Rio Ave fechado num 5-3-2 o Sporting tentou por um lado e por outro, com os jogadores muito presos às posições, mas teve muitas dificuldades em criar perigo, e apenas aos 20 minutos rematou à baliza por Ugarte. Mas esse lance animou a equipa, os jogadores libertaram-se, o domínio tornou-se avassalador e as oportunidades sucederam-se por Edwards (remate enquadrado), Porro (idem), Trincão (tiraço na barra) e Pedro Gonçalves (completamente isolado passa ao guarda-redes), até que numa dessas trocas de posição dos atacantes, com Edwards à direita e Trincão no centro, Edwards solicitado por Porro faz tudo bem feito e oferece o golo a Pedro Gonçalves. E, ainda com um bom remate de Ugarte à figura, chegámos ao intervalo, com um resultado que sabia a muito pouco para uma tão boa segunda metade da 1.ª parte.
Depois do intervalo, o Rio Ave manteve o autocarro bem estacionado lá atrás. O Sporting entrou mal no jogo outra vez, a perder passes, para logo voltar ao domínio avassalador a explorar o progressivo cansaço do adversário até Matheus Nunes alçar da perna e pôr ponto final na discussão dos pontos. Um golaço do nosso MVP, é impossível não perceber a qualidade do jovem que fomos buscar ao Estoril e acabámos de formar nos sub23.
Depois disso foi tempo de descansar em cima do resultado e rodar jogadores, sempre numa toada de ataque que ainda deu mais um golo de Pedro Gonçalves.
Melhor em campo? O colectivo. Ou então Matheus Nunes pelo golaço. Pedro Gonçalves marcou dois e falhou outros tantos. Edwards é um espectáculo dentro do espectáculo.
E se, jogando muitas vezes para trás e para os lados, marcámos três golos e falhámos bem mais, enquanto o adversário ficou a zero sem sequer ter tido qualquer oportunidade de marcar, de quem é o mérito máximo afinal? De Rúben Amorim e do modelo de jogo que escolheu.
Impossível não mencionar também o grande ambiente em Alvalade, com muitos emigrantes com os filhos pela mão, e o grande aplauso ao Ricardo Esgaio quando entrou. O nazareno merece mesmo, aposto que um dia destes ainda vamos ver o melhor Esgaio para alguns engolirem de vez o que têm vindo a dizer.
Quem não soubesse que "o rapaz", como lhe chamou o treinador do West Ham United, foi funcionário da, passe a publicidade, Pão da Vila, pensaria que antes de sair do Ericeirence, Matheus Nunes se dedicava à nobre arte de maçon, tal a qualidade da "talocha"* que apresentou esta noite em Alvalade. E eu fui um dos sortudos que viu aquela obra de arte, porque foi mesmo ali à minha frente... Há noites felizes. Também ali mesmo à minha frente vi o excelente chapeau de Pedro Gonçalves que daria o terceiro da noite.
Não quero hoje discutir tácticas, jogadores, lesões "cirúrgicas" e o diabo a sete. Quero destacar o trabalho colectivo que me pareceu muito bom. A defesa que com as pedras no lugar mudou da noite para o dia e a par da vitória, quero saudar duas grandes ovações nesta noite amena em Alvalade. A merecida e sentida homenagem a Fernando Chalana e o conforto dos aplausos para Ricardo Esgaio. Pelo primeiro momento demonstramos que somos diferentes e pelo segundo, que temos um treinador que está atento, ao colocá-lo em campo.
E pronto, prá semana lá estou outra vez!
*Talocha é um instrumento utilizado pelo pedreiro para pousar massa de cimento antes de a aplicar numa superfície. Usa-se pelo menos em Tomar para designar uma acção rápida e forte, como o remate aplicado por M.N. ou para uma "solha" nas "trombas" de um qualquer rival;
Jagós - Já o havia escrito em post anterior, é um natural da Ericeira.
Nota: Os direitos do vídeo são da Sportv, não é permitida a reprodução. Logo que haja possibilidade...
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