Noutros tempos, teria lido esta notícia, dado uma gargalhada e virado a página:
Mas, nesta era em que pagamos 10 milhões de euros (mais IVA, mais juros de mora...) por um treinador sem experiência, sou mesmo forçado a levar isto a sério.
Nem quero acreditar em tal coisa. Mas, depois do desastre que tem sido a política de contratações recente do Clube, sou forçado a admitir a hipótese. Corrijo: não há política de contratações, há um tapar de buracos criados pelas vendas dos jogadores mais valiosos, de Raphinha a Bruno Fernandes.
As coisas são o que são e bem sei que, se o objectivo for mesmo encher os cofres do Empreiteiro Salvador, então o negócio far-se-á, por mais absurdo que seja. Por 10 milhões seria um escândalo. Mas se calhar por 5 mais um ou outro jogador da formação passa.
Frustrante mesmo é dar uma oportunidade para o indivíduo que nos últimos anos mais tem gozado com o Sporting ainda se armar em vítima. Por culpa do Sporting. Espero que ele devolva o Palhinha, e se quiser devolver o Esgaio, não seja por isso. O Wilson Eduardo não está em fim de contrato? (Refiro-me ao topo direito desta capa deste jornal que também adora colocar o Sporting ao nível dos clubes regionais.)
O Sporting de Braga acaba de se sagrar campeão de Inverno, conquistando a Taça da Liga. E não vale a pena dizer que é uma competição menor pois ainda está para nascer o título do qual nós podemos abdicar.
O onze inicial do Braga contou com João Palhinha e Ricardo Esgaio. No banco esteve Wilson Eduardo. Três jogadores que o Sporting ofereceu, de borla, ao Sporting de Braga.
Estes três jogadores hoje conquistaram um título enquanto nós estamos no sofá. Obrigado, Jorge Jesus e José Peseiro. Obrigado, Sousa Cintra e Bruno de Carvalho. Reforçaram um rival, goste-se ou não, e contribuiram directamente para esta conquista.
Uma lição para a maneira como gerimos os nossos recursos. Quanto mais talento vamos ver desperdiçado a vencer títulos por outros clubes?
O Braga brilha na Liga Europa. Anteontem foi ganhar ao Besiktas, na Turquia - um país onde nunca é fácil disputar uma competição internacional.
No onze titular braguista, três jogadores formados no Sporting. Todos ocupam posições em que agora seriam titular indiscutíveis no onze titular leonino: João Palhinha, médio defensivo; Ricardo Esgaio, lateral direito; Wilson Eduardo, ala ofensivo.
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O que disseram os jornais desportivos da exibição deste trio na vitória alcançada em Istambul que contribuiu para aumentar a pontuação portuguesa em comparação com a Rússia no quadro de honra da UEFA?
Esgaio
«Alguns sobressaltos a defender foram largamente compensados pelo papel importantíssimo que teve no ataque: foi numa das muitas arrancadas pelo corredor direito que, com Galeno, construiu o golo da vitória.» (O Jogo)
«Em termos defensivos, foi sempre muito seguro, mas deram-lhe liberdade e aproveitou para tocar a bola para a frente. Exemplo disso mesmo foi o lance do 2-1.» (A Bola)
«Rapidíssimo a descobrir Galeno na direita na origem do golo da vitória.» (Record)
Palhinha
«Grande jogo do médio que tomou conta do meio-campo bracarense com enorme classe. Esteve em todo o lado: fez as dobras dos centrais, esticou o jogo até lá à frente e ainda tentou o golo, tudo com uma disponibilidade exemplar e determinante no domínio do jogo.» (O Jogo)
«Fechou vias a meio-campo e não teve espaço para outras acções. No segundo tempo houve um período em que passou por mais problemas.» (A Bola)
«Presença de força no meio-campo.» (Record)
Wilson Eduardo
«Chamado no momento mais difícil da partida, teve duas excelentes oportunidades de golo. Marcou à segunda, a passe de Galeno, e foi o suficiente para garantir a vitória do Braga. Está a regressar em grande.» (O Jogo)
«Saltou do banco e resolveu o jogo com mais um golo. Excelente o momento que atravessa, somando golos e boas exibições.» (A Bola)
«Decisivo a fazer o golo do triunfo, fugindo com esperteza a Vida.» (Record)
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Estupidamente, cedemos estes três profissionais de matriz leonina ao clube minhoto - dois por venda, outro por empréstimo (de dois anos!).
Por aproveitar mais e melhor a formação leonina do que o Sporting. Refiro-me concretamente ao seguinte trio: Wilson Eduardo (que já tinha marcado um grande golo ao Moreirense, na primeira jornada do campeonato), Ricardo Esgaio e João Palhinha (este a abrir o marcador) pelo desempenho que tiveram na vitória de ontem contra o Brondby, por 3-1. Este triunfo coloca a equipa bracarense - agora comandada por Ricardo Sá Pinto, que enquanto jogador do Sporting venceu um campeonato, uma Taça de Portugal e duas supertaças - no play off de acesso à fase de grupos da Liga Europa.
Recordo que o Sporting, sob a gerência de Bruno de Carvalho, cedeu Wilson Eduardo em definitivo ao Braga em Agosto de 2015 e abdicou de Esgaio para o mesmo clube no âmbito do negócio com António Salvador que trouxe Battaglia para Alvalade em Junho de 2017. Já no breve mandato da Comissão de Gestão encabeçada por Sousa Cintra, em Agosto de 2018, Palhinha foi cedido por empréstimo até 2020, igualmente ao Braga.
Nós formamos os jogadores, eles beneficiam deles. É para isto que vai servindo, afinal, a Academia de Alcochete.
Mais uma assistência para golo ao serviço do Braga, onde é titular absoluto. Desta vez na goleada em Chaves (outras duas foram de Jefferson, emprestado pelo Sporting).
É o vice-rei das assistências para golo do campeonato português, já com nove, apenas ultrapassado pelo portista Alex Telles. E leva quatro marcados. "Uma máquina de criar golos", como lhe chama o Mais Futebol. Em Chaves, só no primeiro tempo, colocou três vezes os colegas em situações de golo.
Sei que ele já não é nosso. Mas sei também, paradoxalmente, que continua a ser nosso. Por ter sido formado na Academia de Alcochete.
À medida que o tempo passa, cada vez mais me interrogo se Ricardo Esgaio não deveria ter lugar, por mérito próprio e sem favor algum, neste plantel leonino 2017/18. Na posição em que agora joga, como médio-ala, e não como lateral direito (e esquerdo), a que foi remetido enquanto andou por cá.
Lembram-se da nossa derrota no campo do Estoril, por 0-2, há um mês? Foi um dos jogos que nos custaram o campeonato 2017/18. Nesse mesmo estádio, nesta noite de chuva impiedosa, o Braga acaba de vencer a turma da casa por seis golos sem resposta.
O primeiro marcado pelo "nosso" Wilson Eduardo. E dois outros com assistências dos "nossos" Esgaio e Jefferson. Sem espinhas. E sem que ninguém se atrevesse a invocar o mau tempo como desculpa para não praticar bom futebol.
Mais duas assistências de Ricardo Esgaio - desta vez na goleada por 6-0 do Braga ao Estoril. O ala formado na Academia de Alcochete assistiu Fábio Martins no terceiro golo e Ricardo Horta no sexto golo dos bracarenses.
Ricardo Esgaio voltou a ser decisivo. Com mais uma assistência primorosa, contribuindo desta vez para o golo da vitória do Braga frente ao V.Guimarães.
Como escreveu Manuel Queiroz na edição de ontem do jornal O Jogo, é hoje evidente que Esgaio é extremo, não defesa. "É na criatividade ofensiva e não nos apertos defensivos que ele mostra toda a sua dimensão." Foi pena que essa descoberta tivesse ficado por fazer em Alvalade.
Duas primorosas assistências para os dois golos da vitória do Braga, há pouco, frente ao Hoffenheim. Em jogo disputado na Alemanha. Perante uma equipa que acaba de derrotar o Bayern.
Sei que ele já não é nosso. Mas sei também, paradoxalmente, que continua a ser nosso.
Daí o meu orgulho por esta brilhante actuação dele.
Daí o abraço que daqui endereço ao Ricardo Esgaio.
Julgo que a direcção leonina deve uma palavra de justificação aos adeptos. Como é do conhecimento público, andamos ansiosamente à procura do 11.º reforço do ano, um lateral direito. Isto enquanto se mantém sob contrato um jogador para esta mesma posição que não caiu do céu aos trambolhões mas resultou da escolha directa do treinador Jorge Jesus. Ninguém conseguiu perceber ainda por que motivo o técnico passou do oito para o oitenta: faz agora um ano, o ítalo-argentino era apontado como elemento indispensável do plantel, tanto assim que se manteve como titular durante a época inteira; subitamente, não serve sequer como segunda escolha para a mesma posição.
Estou à vontade porque nunca fui entusiasta de Schelotto, como aqui escrevi em tempo oportuno. Mas das duas uma: ou Jesus admite que cometeu um grave erro de avaliação ao pedir o jogador ou fonte próxima do técnico devia explicar à nação leonina por que razão o lateral passou de bestial a besta, sem merecer uma segunda oportunidade.
Já agora, não ficaria nada mal explicar também o que levou a equipa técnica do Sporting a não considerar Ricardo Esgaio sequer como segunda opção para a lateral direita nesta nova época, preferindo num primeiro momento improvisar até Bruno César nessa posição - com as consequências que seriam de supor. Como o Edmundo já assinalou aqui, esta nossa perplexidade é reforçada pelo excelente desempenho do defesa formado na nossa academia no desafio frente ao AIK que permitiu ao Braga seguir em frente nas pré-eliminatórias da Liga Europa. Esgaio, titular da posição, foi um dos melhores em campo. O que não deixou de entristecer todos aqueles que, como eu, preferiam que tivesse continuado de verde-e-branco.
Rodrigo Battaglia, do Braga, vem para Alvalade a troco de 3,5 milhões de euros. De Alvalade saem Esgaio (a título definitivo) e Jefferson, emprestado por um ano. Não discuto o custo do passe porque não sei o valor de mercado do jogador argentino, mas confesso que me custa ver sair Esgaio sem que lhe tenha sido dada uma hipótese séria de ser titular. Espero que seja um bom negócio mesmo.
O que escrevemos aqui, durante a temporada, sobre ESGAIO:
- Edmundo Gonçalves: «Para as laterais apostava em J. Pereira para os jogos da Liga, na direita e em Esgaio na esquerda (fez um belo torneio olímpico naquela posição) até Dezembro e começava a pensar seriamente em ir às compras em Janeiro para ambas as posições (21 de Outubro)
- Eu: «Boa partida, nesta estreia na Liga 2016/17. Muito dinâmico e bem entrosado com a ala ofensiva. Revelou maturidade e vontade de mostrar serviço. Cruzamentos bem tirados aos minutos 28 e 41.» (17 de Novembro)
- Francisco Chaveiro Reis: «Esgaio não é aposta e começa a ser tarde para ele. Um empréstimo pode ser solução.» (20 de Dezembro)
- Marta Spínola: «Sigamos em frente, agora há espaço e tempo para experimentar miúdos, reforços, uns com os outros ou isolados. Ponha-se Esgaio na esquerda, não pareceu mal.» (6 de Fevereiro)
- Rui Cerdeira Branco: «Terá feito a melhor época no plantel principal do Sporting, ainda assim curta para ser um valor para o futuro, jogou pouco e teve o ponto alto como profissional do Sporting ao revelar-se decisivo para garantir a equipa B na segunda liga. Tal como sucede com quase todos os jogadores da formação, mitiga muitas das insuficiências ou complexificações técnico-táticas a que é convidado com um adicional de entrega e dedicação.» (14 de Maio)
O que escrevemos aqui, durante a temporada, sobre ESGAIO:
- Eu: «Aproveita a oportunidade amanhã em Coimbra para mostrares ao treinador o que vales, rapaz. E vales muito.» (29 de Agosto)
- Duarte Fonseca: «Continuo a achar piada ao facto da maioria das pessoas não perceberem Esgaio. Sim, é verdade que errou três ou quatro passes curtos e de fácil execução, mas na primeira parte foi um dos melhores em campo, raramente comete erros posicionais, tem capacidade de jogo interior e tecnica e cognitivamente é muito superior a João Pereira. Neste momento é, sem dúvida, a melhor opção.» (22 de Setembro)
- José Navarro de Andrade: «Neste Sporting não há lugar para o enfado existencialista de Montero que aborda todos os lances à experiência, nem para o déficit de neurónios de Esgaio que nunca sabe muito bem o que se passa à sua volta.» (20 de Dezembro)
Neste Sporting não há lugar para o enfado existencialista de Montero que aborda todos os lances à experiência, nem para o déficit de neurónios de Esgaio que nunca sabe muito bem o que se passa à sua volta. Podem ir fazer companhia ao desterrado Mané?
1) A inteligência colectiva e o jogo entre linhas será sempre a melhor forma de entrar numa defesa povoada. Foi preciso entrarem Martins, Mané e (principalmente) Montero para que o Sporting tivesse algumas variações ao jogo que fazia desde início da 2a parte, que consistia em lateralizar e cruzar ao calhas em busca de um cabeceador(mento) perdido. Verdade seja dita que Bryan Ruiz e Gelson também tentaram variar as opções, mas no caso deste último o que pensa ainda não é acompanhado pela forma como executa;
2) Como é possível alguém dizer-se profissional de futebol se não tem a mínima afinidade com a bola de...futebol? Sim, estou a falar de Slimani. Que além de ser dos jogadores menos inteligentes que vi jogar, adiciona uma odiosa relação com a bola que chega a ser chocante. É impressionante a quantidade de jogadas de ataque com potencial que são interrompidas por este homem;
3) Já estava na hora de Jefferson acordar para esta época. Bem sei que assimilar princípios defensivos aos 27 anos não é fácil, sobretudo para quem tinha muito pouca noção de posicionamento, mas a verdade é que tem que render muito mais;
4) O Patrício entre a 5a feira passada (jogo com o Lokomotiv) e o jogo de ontem aprendeu que pode sair da baliza para recolher uma bola metida em profundidade pelos adversários. Um dia destes ainda vai aprender a controlar a profundidade e a sair dos postes;
5) Continuo a achar piada ao facto da maioria das pessoas não perceberem Esgaio. Sim, é verdade que errou 3 ou 4 passes curtos e de fácil execução, mas na primeira parte foi um dos melhores em campo, raramente comete erros posicionais, tem capacidade de jogo interior e tecnica e cognitivamente é muito superior a João Pereira. Neste momento é, sem dúvida, a melhor opção.