Está à vista de todos que este Sporting de Rúben Amorim pratica o melhor futebol desde há muito tempo numa época de imensa exigência competitiva por todo um conjunto de razões.
Para isso concorrem vários factores:
- O crescimento de Amorim enquanto treinador, já num patamar de excelência e sem temer comparações com treinadores de maior curriculum e experiência.
- A base de estabilidade do plantel, com treinador e muitos jogadores com mais de 100 jogos ao serviço do Sporting, e um bom balneário que isso facilita.
- A manutenção de alguns pesos pesados, como Coates e Pedro Gonçalves.
- A qualidade extra das últimas contratações, Diomande, Gyökeres e Hjulmand.
- A dimensão física do plantel, com muitos, talvez a maioria, dos jogadores acima do 1,80m.
Mesmo assim, não conseguimos já evitar duas eliminações, uma na Taça da Liga por manifesta falta de sorte, outra na Liga Europa muito pela superior dimensão física dos italianos da Atalanta. Neste caso, o que é bom a nível interno não chega para lidar com as equipas mais físicas da Europa.
Depois do ciclo infernal de Fevereiro/Março vem este de Abril com dois dérbis e um clássico absolutamente determinante em termos das nossas aspirações aos dois títulos em disputa:
29/03/2024 Est. Amadora - Sporting
02/04/2024 Benfica - Sporting (TP)
06/04/2024 Sporting - Benfica
12/04/2024 Gil Vicente - Sporting
16/04/2024 Famalicão - Sporting
21/04/2024 Sporting - V. Guimarães
28/04/2024 Porto - Sporting
Como é que estamos para enfrentar este ciclo tremendo absolutamente determinante em termos dos objectivos da época?
O nosso plantel continua curto para as necessidades.
Castigos e lesões obrigam a ter dois jogadores de nível semelhante por posição mais dois ou três polivalentes que entrem na rotação e desempenhem o lugar como o titular. Ora isso apenas acontece na defesa depois do regresso de St. Juste. Em todos os outros sectores precisávamos de um pouco mais. Fresneda, Pontelo e Koindredi estagiam para a próxima época, dificilmente terão uma palavra a dizer nesta.
Neste momento estamos com três jogadores lesionados: Adán, Edwards e Trincão. E temos (penso) sete jogadores à beira do quinto amarelo: Nuno Santos, Pedro Gonçalves, Edwards, Esgaio, Diomande, Hjulmand, Neto. Depois disso Diomande está em Ramadão e em viagem entre a África e a Europa, e Morita do outro lado do mundo, ambos ao serviço das suas selecções. Não irão voltar nas melhores condições.
Tudo isto, quer queiramos quer não, vai ter consequências.
E não podemos esquecer que os meninos queridos da arbitragem APAF, Soares Dias e João Pinheiro, têm um longo cadastro de roubos ao Sporting e fatalmente aparecerão nos dérbis e no clássico. Este ano já perdemos com o primeiro na Luz (expulsão forçada) e o segundo em Guimarães (penálti inventado).
Mas não estamos a jogar sozinhos. Os outros clubes têm os seus problemas também. O Herr Schmidt vê lenços brancos e bombardeio de tochas da bancada das claques que o Rui Costa não conhece e o (...) Conceição tem o clube em buraco financeiro, acossado pela Justiça e pela "boca no trombone" do Villas Boas. Os terrenos da Maia já são caso de polícia, diz o candidato. E o vereador do PS também.
Não temos de ser perfeitos. Temos é que ser melhores do que os outros mesmo em terreno inclinado a favor deles.
E nisso tenho total confiança. Confiança na vitória.
Assim falou ontem Rúben Amorim de Pedro Gonçalves. Dando razão àquilo que vários de nós aqui temos escrito sobre o mesmo assunto.
Não percebo muito bem estas palavras, vindas de quem vêm. Não é o treinador que escala o onze? Estará a implorar por um novo n.º 8? Então nenhum dos reforços contratados nem nenhum dos miúdos promovidos à equipa principal (Sotiris, Tanlongo, Rochinha, Mateus Fernandes) serve para o efeito? Será mesmo necessário recuar Pedro Gonçalves, diminuindo-lhe a sua potencialidade como homem-golo?
Enfim, esta declaração algo incompreensível tem pelo menos o condão de iluminar uma evidência: o nosso plantel possui um valor superior àquilo que vem exibindo em campo. Porque vários jogadores estão deslocados das posições em que mais rendem.
Se Rúben me permite, sugiro-lhe que não espere pela próxima época para pôr em prática as mudanças que se impõem. Faça-as já.
O Sporting perdeu com o Marítimo (ontem, 1-0), o Arouca, o Boavista, o Chaves e o FCP. Tem cinco derrotas em 15 jogos, o que não é aceitável e não augura nada de bom para o chamado "Projeto" que Frederico Varandas diz ter com a permanência de Rúben Amorim em Alvalade. E se o Sporting ficar fora da Champions? E se o Sporting for ultrapassado no quarto lugar?
Nada disto é impossível e o incrível é que o clube não se tenha reforçado, até ao momento, neste mercado de Inverno (que encerra a 31 de janeiro), para além da contratação a custo zero do médio defensivo argentino Tanlongo. Faltam avançados, e desde logo um ponta-de-lança alternativo a Paulinho, faltam alternativas para as laterais, para o miolo, para o eixo da defesa. Falta muita coisa.
Mas mesmo assim, faltando tanta coisa, não se percebe a opção de ontem por Arthur Gomes de início e as entradas de Jovane e de Rochinha quando estamos a perder e temos que dar a volta. Nuno Santos podia levar um amarelo e ficar fora do derby na Luz? Podia. Mas também Coates estava nessa situação e jogou. Jovane e Rochinha eram as únicas opções válidas? Não: Rodrigo Ribeiro viajou para a Madeira mas ficou fora da ficha de jogo. Sotiris foi contratado porquê? Não joga e nunca é opção prioritária, mesmo quando claramente Mateus Fernandes não tem ainda a intensidade necessária para 90 minutos de futebol da Primeira Liga e o grego era titular ou suplente utilizado num clube de topo na Grécia (e não em Chipre ou no Cazaquistão). Tal como Essugo cometeu antes um erro ao ser expulso por uma entrada violenta, ontem foi a vez deste Mateus fazer asneira ao cometer penálti numa altura crucial do jogo em que até já podíamos estar a ganhar se o árbitro tivesse visto o que todos vimos na falta sobre Pedro Porro.
Entrámos no jogo com medo, com a lateral esquerda desprevenida e sem soluções no banco, o que já vem sendo habitual. Mas, apesar disso, podíamos e devíamos ter feito muito melhor. Há jogadores que claramente não têm categoria para jogar neste clube, temos que assumir isso e promover mudanças. É preciso investimento, é preciso estratégia, são necessárias ideias novas. A aposta em Amorim não pode ser um fim em si mesmo. O Sporting Clube de Portugal está para além desta direção, destes dirigentes e colaboradores, deste treinador e até deste plantel sofrível. O SCP quer-se eterno, duradouro, intransponível. Para que isso seja possível não basta termos um clube "bonitinho", que faz umas vendas aqui e ali, que tem um estádio todo pintado de verde por dentro e agora um bom relvado, que tem uma direção que percebe de umas coisas (de outras nem por isso), etc, etc. É preciso mais. Ambição, arrojo e uma certa vertigem de risco positiva. Não acredito em teorias da conspiração, mas sei que o jogo de ontem era crucial para que esta época não fosse um desastre completo. Vai ser, pronto. Agora é preciso respirar fundo, pensar nos prós e nos contras de começar a mudar tudo em janeiro. Falta quase o mês todo. Se for no Verão é mais seguro, embora tarde de mais. O clube precisa de saúde financeira, pode ter que vender jogadores (Porro e Edwards), mas tem de começar a preparar a viragem decisiva. Sem resultados e sem troféus, nada faz sentido. O clube foi feito para vingar e não para estar "estacionado" à mercê seja de que interesses forem.
Não esperem um jogo fácil. Vamos ao Funchal defrontar o Marítimo, no domingo, com um meio-de-campo muito desfalcado: Dário e Pedro Gonçalves estão castigados, Morita continua lesionado.
Imaginem-se no papel de Rúben Amorim. Como resolveriam esta questão?
Nada é tão emblemático, na iconografia leonina, como os históricos Cinco Violinos que dominaram os relvados no final da década de 40, conquistando vários títulos para o Sporting. Refiro-me a Fernando Peyroteo (que jogou de verde e branco entre 1937 e 1949, com seis campeonatos ganhos), Albano Pereira (1943-1957, oito campeonatos), António Jesus Correia (1944-1952, sete campeonatos), Manuel Vasques (1946-1959, oito campeonatos) e José Travassos (1947-1958, oito campeonatos).
Os tempos são outros, mas a memória dessa época tão brilhante persiste. Aqui lanço um repto aos leitores, extensivo aos meus colegas de blogue: quem são hoje os nossos Cinco Violinos?
Vamos surpreender imensa gente, mas algo deixa-me sempre de pé atrás: o nosso clube vacila constantemente quando é o centro das atenções, quando se criam expectativas muito elevadas. Parece que algo nos faz ceder sempre nos momentos mais importantes. Um dos exemplos mais importantes foi o primeiro ano de [Jorge] Jesus: tropeçámos no momento em que não o podíamos fazer...
Contudo, vários factores podem dar-nos a vantagem de ficarmos longe dos holofotes:
1 - O nosso míster pouco se importa com o que diz a imprensa. (...) Mostra-se um treinador sóbrio, que não vai em euforias nem em depressões. Este é o primeiro passo.
2 - Por outro lado, o míster Rúben Amorim não chama a si as luzes da ribalta. Diz o que tem a dizer sem show-off, discreto. É o que precisamos: além de calmo, [ele é] alguém que faz o seu caminho na sombra, sem que se faça notar.
3 - Isto só se torna imensamente mais fácil porque na mesma cidade, do outro lado da estrada, está um senhor que adora a atenção, não vive sem isso! Metade do trabalho que referi é feito pelos nossos vizinhos: é o plantel que é incrível e tem os melhores de Portugal, é o presidente que sabe tudo, é o treinador que é dos melhores do mundo e não veio para ganhar este campeonatozeco. Tanto assim é que se calhar nem o vai ganhar...
Mas eles que pensem que sim, eles que continuem a dar espectáculo e encher capas de jornais, que continuem a ser os mais e os maiores! Nós ficamos melhor sabendo que ninguém nos dá nada.
Enquanto eles têm um onze cheio de craques, nós temos uma equipa. Eles têm jogadores e treinadores que são os maiores, nós temos uma equipa que quer ser maior e que quer ser a maior. É isto que me faz acreditar!
Agora, temos de apoiar a equipa, dizer presente, sem chamar a atenção. Deixem-nos correr por fora, que ficamos melhor assim.
Texto do leitor Ambrósio Geraldes, publicado originalmente aqui.
Estamos na frente à condição e não fora o descarado roubo de igreja no jogo em casa com o Fruta Clube do Porto, estaríamos com mais dois pontos, o que nos permitiria estar na frente invictos, fosse qual fosse o resultado de mais logo daqueles vizinhos pouco recomendáveis.
Esta posição na tabela entusiasma, tal como o futebol que ontem, repito, ontem, foi praticado. A equipa tem funcionado como isso mesmo, uma equipa e que apesar de em valores individuais ser claramente inferior (por enquanto), funciona mais como bloco solidário e menos sob a dependência de um ou outro virtuoso do passado recente.
Está tudo bem e já somos campeões? Nada, longe disso! Fazendo parte do nosso ADN acreditar e entrar em euforia sempre que os resultados são mais animadores, convém não esquecer que temos no grupo de jogadores três defesas, os que têm sido titulares, um pouco mais que mediano e dois ao nível da segunda liga e não temos um ponta de lança matador. O Sporting ontem rematou um ror de vezes (nem escrevo aqui o número de remates enquadrados para fazer quatro golos, por vergonha) e apesar do homem do jogo ter sido o GR do Tondela, ou por isso mesmo, o jogo acabou em apenas 4-0. Dir-me-ão que sem criar oportunidades não se marcam golos... pois bem, e desperdiçando tantas oportunidades podem-se perder jogos!
-Olha ele a dizer mal outra vez! Não, pela primeira vez esta época estava calmamente no sofá a ver o jogo com a convicção de que cedo ou tarde "elas entrariam lá dentro", só ficando chateado por o cântaro ter ido demasiadas vezes ao poço e de água, nada. Ou muito, de tanta que metemos...
Resumindo, não fomos assim tão incompetentes no jogo com o Gil Vicente, que acabámos por ganhar com folga, mas que corremos o risco de não ganhar e não fomos tão competentes ontem em que "espetámos" quatro ao Tondela e onde nem os deixámos "levantar os pés do chão".
O nosso PL demorou uns longos quase noventa minutos (se contarmos o tempo extra, mais de 90 minutos) para marcar um golo, apesar de até ter feito um bom jogo, o que demonstra que se quisermos ser mesmo competitivos, em Dezembro teremos que ir às compras e garantir uma bela dupla de centrais que não tenham o cú pesado como o Coates, que ontem apenas por 11 cm não foi o causador de mais um golo adversário e que tenham alguma qualidade a defender e a transportar a bola e que, se não for pedir muito, marquem um golito ou outro num canto ou livre e um verdadeiro ponta de lança matador, daqueles de "cada tiro, cada melro", aproveitando-se para tentar vender todo o entulho que por lá ficou (eu espero sinceramente que tenham continuado a trabalhar no assunto...).
Custa-me escrever isto e abomino que se vá propagando a ideia de que o Sporting é a surpresa do campeonato, a equipa sensação. O Sporting terá que ser sempre uma grande equipa, equipa sensação será o Braga, o Guimarães, o Rio Ave, etc. sem desprimor por estes clubes, que por uma vez podem estar na mó de cima. O topo é o nosso lugar, é por lá que deveremos andar sempre. Este ano e depois da miserável época anterior, sem embandeirar em arco, acreditando na equipa e no seu desempenho, apoiando sempre, mandando uns berros ao Coates de vez em quando (falo por mim mas faz parte, no final somos todos amigos). E apreciando o trabalho do treinador que creio, loucura do valor da sua contratação à parte, se revelará uma peça fundamental nesta equipa e no seu desejado êxito e que teve, pasme-se, a frontalidade de afirmar que o que os jornais dizem é mais aldrabice que outra coisa, portanto que "caguemos" no que eles escrevem. E isto "passou como cão por vinha vindimada". Bom sinal.
Bom, mas esqueçam tudo o que eu escrevi, este ano é que é c...!
Laterais competentes, um médio defensivo capaz de dar conta do recado e sobretudo um ponta-de-lança. Decorridas dez jornadas do campeonato, o Sporting carece de reforços nestas posições.
Lamento que Frederico Varandas tenha acreditado no que lhe recomendou Hugo Viana. Sem homem-golo não vamos lá.
O incrível golo de Pedro Mendes é seguido de um tipo a festejar sozinho. Durante o que me pareceu uma eternidade, o jovem jogador está sozinho no que terá sido um dos momentos mais felizes da sua vida (digo eu). Finalmente, dois ou três colegas lá lhe dão um tapa de felicitações, mas é um golo que não é festejado em equipa. Talvez Bruno Fernandes, o capitão, possa fazer alguma coisa pelo grupo fora das quatro linhas. O jogo de ontem é o resumo do meu sportinguismo neste século. Expectativas, vamos a eles, hoje é que é, golos estúpidos sofridos, alguns repetentes, um ou outro golito nosso e no fim um mau resultado. Com exceção de fases de JJ e do Sporting aborrecido de Paulo Bento tem sido assim desde Boloni, João Pinto e Jardel.
A verdade é esta: houve muitos palpites, mas ninguém - mesmo ninguém - conseguiu adivinhar qual seria o onze que Marcel Keizer disporia em campo na Supertaça de má memória, disputada no passado domingo.
O que talvez ajude a explicar como é que este triste Sporting do início da época 2019/2020 continua sem visível fio de jogo: custa muito antecipar o onze titular, que está longe de se encontrar estabilizado a três dias do pontapé de saída do campeonato. O que vemos decorridos sete jogos, traduzidos em quatro empates e três derrotas? Uma equipa com notórias fragilidades defensivas, muitas lacunas de ordem táctica e deficiente condição física.
Nada auspicioso, convém reconhecer. Sem palas nos olhos nem a cabeça enterrada na areia.
A temporada futebolística 2019/2020 começa este domingo com um jogo que, em estrito rigor, ainda pertence à época anterior. O da Supertaça, que irá opor o Sporting ao Benfica no estádio do Algarve.
Venho lançar um repto aos leitores: qual será o nosso onze titular no confronto de amanhã?
A questão tornou-se irrelevante, mas queria apenas assinalar aqui que Marcel Keizer foi novamente capaz de surpreender os adeptos com a convocatória anunciada para o Sporting-Villarreal: face ao repto que lancei aos leitores, desafiando-os a anteciparem o onze titular, nem um foi capaz de vaticinar quem alinharia de início.
Aqui para nós, mais valia alguns desses jogadores não terem calçado. Começando por Bruno Gaspar (que cedo se lesionou) e Petrovic. Mas isso agora não interessa nada. Há que pensar já é no jogo contra o Braga.
Eis os jogadores que Marcel Keizer convocou para o jogo de hoje, em Alvalade, contra o Villarreal para a Liga Europa:
Guarda-redes
Renan, Salin
Defesas
Acuña, André Pinto, Bruno Gaspar, Coates, Ilori, Ristovski
Médios
Bruno Fernandes, Gudelj, Miguel Luís, Petrovic, Wendel
Avançados
Bas Dost, Diaby, Jovane, Luiz Phellype, Raphinha
Lanço a partir de agora o repto aos leitores: na vossa opinião, qual será o onze titular escolhido pelo técnico holandês para esta partida, que tem início às 20 horas?
O treinador do Sporting conseguiu surpreender tudo e todos com o onze inicial que escolheu para a primeira mão da meia-final da Taça de Portugal, no estádio da Luz. De tal maneira que, apesar das muitas sugestões aqui registadas após ter sido divulgada a convocatória, nem um só leitor do És a Nossa Fé foi capaz de antecipar qual seria o elenco leonino que acabou por entrar em campo.
Eis um ponto favorável a Marcel Keizer: tendo sido capaz de iludir quem aqui comenta, provavelmente surpreendeu também os responsáveis técnicos do SLB. Seria quase tudo perfeito se não tivéssemos perdido esse jogo.
A propósito daquilo que começa a aparecer nos órgãos de comunicação, no sentido de apelar à destituição do Presidente Varandas, e de uma concentração junto a Alvalade no final do jogo de hoje, apelo esse feito por aqueles que têm a memória curta e que ajudaram a que hoje estivéssemos a atravessar este período bastante conturbado, relembro que, da equipa que iniciou o jogo no domingo passado, todos os jogadores foram contratados, fora da época de Varandas, que só leva 150 dias de mandato. Esses jogadores ou foram escolhas de Bruno de Carvalho ou de Sousa Cintra. Tenhamos serenidade e julguemos as pessoas com racionalidade e bom senso. É fácil imputar as culpas aos outros, quando às vezes nos esquecemos da história recente.
Está divulgada a convocatória para o clássico da Taça de Portugal que vai disputar-se daqui a umas horas no estádio do SLB. Uma convocatória com algumas originalidades - desde logo por incluir três laterais esquerdos (Acuña, Borja e Jefferson) e apenas dois médios com características ofensivas (Bruno Fernandes e Wendel).
A partir deste conjunto de jogadores, lanço o repto aos leitores: qual deve ser o onze titular do Sporting?
Temos um plantel cheio de lacunas (um dos mais fracos laterais direitos da nossa última década, um lateral esquerdo adaptado à posição, só um ponta-de-lança digno desse nome, nenhum médio defensivo de raiz no onze titular). Na quinta-feira, em Alvalade, actuámos com dois jogadores vindos de lesão e sem o nosso melhor elemento, ausente por castigo.
Já jogámos esta época em três dos quatro estádios dos adversários mais fortes: falta-nos apenas ir ao Dragão.
Mesmo assim seguimos, isolados, no segundo lugar do campeonato, continuando a depender só de nós. Vencemos nove dos dez jogos disputados sob o comando do novo treinador.
Alegria entre os adeptos? Quase nenhuma.
Li o que se foi escrevendo por essa blogosfera leonina e pelos adeptos do Sporting nas redes sociais e fiquei com a sensação de ter visto um jogo diferente do que viram. Refiro-me ao que travámos na quinta-feira frente ao Belenenses SAD, que já venceu o Benfica, encostou o FC Porto às cordas e chegou a Alvalade com nove dos 11 jogadores titulares poupados pelo técnico no desafio anterior, para a Taça da Liga.
Renan? É frangueiro. Coates? Mais lento que William Carvalho (antigo alvo de estimação). Acuña? Tem paragens cerebrais. Gudelj? Só sabe jogar para trás. Miguel Luís? Demasiado inexperiente. Diaby? Nunca devia ter vindo.
Quem ouça ou leia estas carpideiras fica com a sensação de que o Sporting perdeu ou foi até goleado pela turma da SAD pasteleira treinada por Silas. Nada disso: vencemos, amealhámos mais três pontos, somamos 36 em 14 jornadas do campeonato.
Típica nota de masoquismo sportinguista: faz parte da nossa identidade, este péssimo costume de dizer mal de tudo quanto é nosso.
Mas o que eu acho mesmo imperdoável é verificar que - uma vez mais - centenas de alegados adeptos leoninos vaiaram neste jogo mais recente esse grande jogador que é o Nani. Filho da casa, formado entre nós, campeão europeu em título. Um dos mais inteligentes e experientes profissionais de futebol a actuar em Portugal.
Assobiam-no em vez de o aplaudirem por terem o privilégio de vê-lo actuar ao vivo - e ainda dizem ser do Sporting. Cambada de imbecis.
{ Blogue fundado em 2012. }
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