Um leão que continua rampante e uma zebra que envergonhada de si própria, envergonhada da trafulhice, envergonhada de ter sido apanhada e penalizada decidiu fugir, saiu do símbolo.
Por cá, os animais mitológicos ou não, continuam nos emblemas, provavelmente, quando descerem de divisão e/ou perderem pontos como aconteceu à Juventus, voarão.
Que seja um excelente jogo de futebol e que se cumpram as leis da natureza.
Porque ontem foi a apresentação oficial da Briosa, outra paixão, falo-vos do seu emblema.
«No losango quadrado do emblema da Académica, ergue-se, destacadamente, a Torre da Universidade, que se tornou o símbolo da Universidade de Coimbra.
Este emblema tem uma história, como conta Fernando Ferreira Pimentel, que o desenhou.
“Essas três letras e silhueta negras da Torre da Universidade, encaixilhadas num losango, esse conjunto tão singelo que nas lapelas, em bandeiras, alfinetes, automóveis, almofadas, azulejos e mil objectos variados se mostram por esse mundo além, representa a nossa Associação Académica, esse distintivo tão conhecido tem, afinal, uma história bem simples...
Até ao ano de 1926, o emblema que representava a Associação Académica nas festas ou cometimentos desportivos era uma capa de estudante erguida num pau ou num mastro de bandeira. Recordo-me, contudo, de ter existido, por essa época, um emblema de forma rectangular, encimado pela legenda “MENS SANA” e tendo como desenho um conjunto de figuras geométricas pretas e brancas, sem sentido, que alguns estudantes usavam na lapela, mas cujo significado, em relação à Associação Académica, nenhuma afinidade representava.
Na época de 1926/1927 - contou o Dr. Armando Sampaio - a ida do emblema começou a despontar e, num célebre desafio com o Sporting (...) o grupo da Briosa apresentou-se com emblemas na camisola “bordados por delicadas mãos de senhora”, emblemas esses em que figuravam apenas as letras AAC, mais ou menos, com a disposição e configuração aqui reproduzidas.
Como, porém, o resultado da pugna nos foi manifestamente desfavorável (só perdemos por 9 a 1) as culpas não caíram sobre o Armando Sampaio, o guarda-redes, mas sim sobre os estreados emblemas que, no regresso amaldiçoados, foram arrancados e votados ao ostracismo. (...)
Por essa altura eu desenhava, ou antes, rabiscava alguns bonecos e Armando Sampaio, conhecedor da minha mania do lápis, lembrou-se da minha pessoa para desenhar um emblema para a Associação Académica.
Animado pelo furor académico que sempre entusiasmava a rapaziada do meu tempo pus mão à obra e, com aquela inspiração que pelo menos uma vez na vida nos bate à porta e nos transforma em “génios”..., o distintivo surgiu num ápice. (...)
Depois, dando azar ou sorte, o emblema criou raízes, oficializou-se e ficou, com muita alegria minha (...)”»
In: A Académica. 1ª ed : Lisboa, Edições Asa, 1995, p. 25
(excepto imagens)
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