O Emanuel não merecia isto
Os sportinguistas têm um justo orgulho nas medalhas olímpicas conseguidas pelos seus atletas, prova do histórico eclectismo do clube. Mas a verdade é que essas medalhas são troféus dos atletas. Embora o clube possa reclamar alguns créditos, a verdade é que não foram conquistadas ao serviço do clube. Não têm por isso de estar no museu nem em nenhuma sala de troféus. E na sua maioria não estão, fisicamente (só são mencionadas). No caso do Museu do Sporting, há duas exceções: uma das duas medalhas do Carlos Lopes, e a medalha do Emanuel Silva. O facto de estes atletas terem depositado as suas medalhas no Museu do Clube, a meu ver, é uma enorme prova de sportinguismo.
O Emanuel Silva é um Sportinguista com S grande, e na cidade de Braga. A cidade de Braga é a capital do antisportinguismo primário, traduzido da forma mais perfeita no presidente da agremiação local. No fim de semana passado, embora o melhor resultado para o Sp. Braga fosse a vitória do Sporting (de forma a chegarem ao terceiro lugar), sei de muitos adeptos desse clube que preferiam uma vitória do Benfica. Não necessariamente por benfiquismo (embora haja por lá muitos benfiquistas), mas por antisportinguismo primário e doentio.
É muito difícil ser-se sportinguista em Braga. É muito difícil os miúdos na escola em Braga dizerem que são do Sporting. Merecem assim louvor o Núcleo Sportinguista da cidade e sportinguistas como o Emanuel Silva, que é uma referência local entre sportinguistas e não só. Ir a Braga e visitar a Pastelaria Viena (perto do Retail Center), para um sportinguista, deve ser como ir a Coimbra e visitar o Café Brasil.
Um clube não é só feito de cifrões e livros de contabilidade. Um clube desportivo é feito de atletas. Um clube precisa de referências, e a maior referência sportinguista em Braga (que, ao contrário de outros, nunca se coibiu de afirmar o seu sportinguismo) é o Emanuel Silva. Por tudo isto, o Emanuel Silva merecia terminar a sua brilhante carreira de atleta ao serviço do Sporting.