O nosso Eduardo Quaresma ajudou o Tondela, clube onde actua por empréstimo do Sporting, a qualificar-se para a final da Taça de Portugal - estreia absoluta para o clube beirão.
É um justo incentivo na carreira do jovem defesa, formado na Academia de Alcochete e agora com 20 anos. Espero vê-lo muito em breve novamente equipado de verde e branco.
Eduardo Quaresma pode voltar a Alvalade. Este cenário estará a ser ponderado por Rúben Amorim, sabendo-se que o nosso defesa, de 19 anos, tem vindo a ser mal aproveitado no Tondela, onde joga por empréstimo, e sentimos necessidade de um reforço ao nível dos centrais. Neste momento há apenas cinco jogadores para seis posições, sabendo-se que o calendário nos meses mais próximos será muito complicado.
Eu aplaudo este regresso, esperando que se concretize. E vocês?
Foi uma das melhores exibições de sempre da selecção sub-21. Acabo de ver o jogo, transmitido pelo canal 11: uma lição de futebol. Com desenvoltura, compromisso e alegria.
Vencemos Chipre 6-0 nesta partida, disputada em Faro. Estivemos mais perto de fazer o sétimo do que os cipriotas de conseguirem o primeiro.
Vamos muito bem lançados para carimbar o apuramento para o Europeu sub-21. Cem por cento vitoriosos até agora: cinco jogos, cinco triunfos, nem um golo sofrido.
Parabéns ao técnico Rui Jorge (hoje ausente do banco, por ter Covid-19), parabéns a todos os jogadores. Em especial aos nossos meninos: Eduardo Quaresma e Gonçalo Inácio, defesas centrais titulares. Eduardo inicia o lance de que resulta o quarto golo e Gonçalo marcou o segundo, de cabeça, à Coates, na sequência de um canto. O seu primeiro golo pelos sub-21, logo à segunda internacionalização.
Recomendo a todos os leitores: se puderem, vejam todo o lance do nosso sexto golo. Antecedido de 30 passes seguidos sempre com posse de bola do nosso lado. Digno de antologia.
Eis a diferença entre uma selecção e uma equipa. Estes sub--21 formam uma verdadeira equipa.
À sétima jornada, estamos com mais dois pontos do que na época anterior, em jogos homólogos com equipas adversárias, e derrotámos duas entretanto promovidas: Vizela e Estoril.
Já fomos a Braga, já recebemos o FC Porto.
Preocupante é termos perdido entretanto o nosso goleador da época passada. Pedro Gonçalves pode ficar até dois meses parado, devido a lesão que aparenta ser grave: uma inflamação no pé esquerdo, que já o fez ficar de fora em quatro jogos, incluindo no clássico, e pode vir a necessitar de cirurgia.
Preocupante também é a nossa escassa produção de golos: temos de momento menos oito marcados do que o Benfica e menos cinco do que o FCP.
Escasso poder ofensivo. Muito escasso.
João Mário e Nuno Mendes, dois elementos fundamentais na conquista do título, saíram - e o primeiro, infelizmente para nós, é hoje titular absoluto no Benfica.
Gonçalo Inácio está parado, também devido a lesão.
Mas a diferença principal em relação à última temporada é que agora jogamos duas vezes por semana, devido à nossa presença na frente europeia. Veremos se isto não desequilibra o plantel, que é manifestamente curto. Dois jogadores que deviam integrá-lo jogaram ontem à noite, por empréstimo, no Tondela-Famalicão: Eduardo Quaresma e Pedro Marques. Cada qual com a sua camisola.
Por sinal foi um dos desafios que mais gostei de ver nas últimas semanas. Com golos, incerteza no resultado e emoção até ao fim.
O que escrevemos aqui, durante a temporada, sobre EDUARDO QUARESMA:
- Filipe Arede Nunes: «Talvez Quaresma possa ter uma oportunidade, embora não resolva o problema para uma equipa que tem muitas dificuldades em sair a jogar a partir da defesa.» (9 de Novembro)
- Luís Lisboa: «Está a voltar ao seu normal.» (16 de Dezembro)
- Francisco Vasconcelos: «Gosto muito de Eduardo Quaresma mas parece que deixou de contar para Rúben Amorim.» (13 de Janeiro)
O que escrevemos aqui, durante a temporada, sobre EDUARDO QUARESMA:
- Luís Lisboa: «Nuno Mendes e Eduardo Quaresma são valores seguros a médio prazo.» (5 de Agosto)
- José Cruz: «Que jogão de Eduardo Quaresma, diga-se!» (5 de Junho)
- Leonardo Ralha: «Integrar uma linha defensiva que sofreu dois golos não é propriamente sinónimo de estreia de sonho? Talvez assim seja, mas o jovem de 18 anos assumiu como um mestre a missão de ser o central descaído para a direita, demonstrando segurança no desarme dos adversários e uma capacidade de saída com bola que só surpreendeu quem nunca tinha visto as suas arrancadas na equipa de sub-23.» (7 de Junho)
- Eu: «Terceira partida completa deste central, ainda júnior mas que não se atemoriza por integrar um trio defensivo com um colega que tem o dobro da idade dele (Mathieu, com 36). Impecável no passe, na dobra, no desarme - sem nunca recorrer à falta. Impressiona a maturidade do jovem que há poucos meses dava nas vistas só na Liga Revelação. Em boa hora foi promovido à equipa principal.» (19 de Junho)
- Pedro Bello Moraes: «Essa mina de coisa preciosa achada em Alcochete e que põe ainda em campo craques como Eduardo Quaresma, Matheus Nunes ou Nuno Mendes.» (11 de Julho)
- Eduardo Hilário: «Para mim é a grande revelação. Fico impressionado com a qualidade e maturidade deste jovem jogador.» (5 de Agosto)
Mais uma boa exibição só se não se traduziu no proverbial lençol limpo porque alguém se lembrou de cometer uma grande penalidade e permitir que um fulano de cabelo oxigenado sem dotes de rapper fizesse mais em Alvalade do que quando foi assalariado do Sporting. Certo é que o jovem guarda-redes esteve à altura com uma série de defesas, uma das quais a evitar um espectacular golo olímpico, que asseguraram sossego num jogo em que Coates e Wendel foram os únicos titulares que restaram da equipa-base do início da temporada.
Eduardo Quaresma (3,5)
Mostrou que os deslizes frente ao Belenenses SAD foram apenas um contratempo, revelando-se uma muralha intransponível com notável “timing” nos desarmes e com visão de jogo necessária para passes de ruptura de longa distância. Na segunda parte deu um ar da sua graça na condução de um contra-ataque que deveria servir de exemplo para jogadores pouco mais velhos e que custaram um punhado de milhões de euros.
Coates (3,0)
Novamente patrão de uma linha defensiva que começa a estabilizar, procurou sempre descomplicar e impôs a sua qualidade,sendo digno do apelido Stromp que carregava na camisola. Pena que tenha sido menos eficaz a ajudar o ataque do que no jogo anterior.
Borja (2,5)
Cada bola que lhe vai parar aos pés é encarada pelo colombiano como se fosse uma mina anti-pessoal que ameaça rebentar-lhe as pernas. Dito isto, poderia ter feito bem pior.
Ristovski (3,0)
Esteve muito activo no apoio ao ataque, mas também fez sentir a sua presença nas missões defensivas, como poderá comprovar um ex-colega de balneário de cabelo oxigenado e sem dotes de rapper.
Matheus Nunes (2,5)
Ainda não foi desta que deslumbrou, limitando-se a pressionar os adversários e a garantir circulação de bola. Mas com demasiados passes errados.
Wendel (3,5)
Muitíssimo oportuno no lance do primeiro golo, no qual acorreu ao cruzamento atrasado de Gonzalo Plata, desperdiçou uma excelente oportunidade para bisar, novamente servido pelo equatoriano, mas permitiu a defesa do guarda-redes e falhou a recarga de cabeça. No resto do jogo procurou controlar as operações no meio-campo desguarnecido pelas opções tácticas de Ruben Amorim.
Nuno Mendes (3,0)
O jovem lateral-esquerdo é outro que não engana, conjugando velocidade de execução e inteligência táctica. Quando engrenar no um-contra-um poderá ser um caso muito sério.
Gonzalo Plata (3,5)
Um golo e uma assistência foram a resposta do adolescente equatoriano ao desafio de substituir o lesionado Jovane Cabral como acelerador do futebol leonino. Particularmente oportuno no lance do 2-0, que se deve à sua rapidez e perseverança, também cometeu umas quantas parvoíces, a maior das quais um passe de calcanhar quando Wendel lhe passou a bola de modo a que pudesse seguir isolado para a baliza.
Rafael Camacho (1,5)
Titular na ala esquerda, na sequência de mais um azar de Francisco Geraldes - ressentiu-se de um toque pouco antes de assumir a titularidade -, o fugitivo de Alcochete resgatado ao Liverpool por não querer ser lateral-direito voltou a demonstrar uma desconcertante apetência para as perdas de bola, passes disparatados e deficiência na atitude competitiva. É um crime de lesa-simbolismo atribuir-lhe a camisola 7, mas ainda fica mais aberrante com o nome de Luís Figo nas costas.
Sporar (2,5)
Embora tenha “lutado muito pela equipa” e todos os chavões do género, é bastante preocupante que um ponta-de-lança do Sporting, num jogo em casa, contra uma equipa de fundo da tabela, não faça um único remate à baliza.
Idrissa Doumbia (1,5)
Entrou para segurar a vantagem de 2-0 e não se lembrou de melhor do que cometer uma grande penalidade que deu um mínimo de “frisson” aos derradeiros minutos de jogo.
Battaglia (2,0)
Voltou a entrar para ganhar ritmo. E, provavelmente, para dar prova de vida na esperança de uma transferência que garanta alguma entrada de dinheiro e alivie a folha salarial.
Tiago Tomás (2,0)
O avançado com idade de junior estreou-se na equipa principal e procurou integrar-se na manobra ofensiva.
Joelson Fernandes (2,0)
O extremo com idade de juvenil estreou-se na equipa principal já nos descontos e assumiu a cobrança de um livre directo que saiu ao lado da baliza do Gil Vicente. Ainda bem. Se tivesse sido golo talvez tivesse já embarcado para um país com menos sol.
Ruben Amorim (3,0)
Muitas ausências dificultaram a convocatória e a escolha do onze titular. Mas a equipa-base está escolhida, a aposta na juventude é assumida e vai dando frutos, e o Sporting voltou a aproximar-se de quem está à frente e a afastar-se de quem está atrás. Com os verdadeiros testes – as deslocações ao Dragão e à Luz – cada vez mais próximos, o treinador ainda sem derrotas na Liga NOS precisa de aprimorar aspectos importantes como os livres indirectos.
Compensou os dois pontos oferecidos em Guimarães com dois ou mesmo três pontos numa triste noite de Santo António, na qual a pandemia deixou as bancadas vazias e isentou vários jogadores de assobios e milhares de espectadores de uma nulidade intervalada por raros grandes momentos de futebol. A crise em curso no ex-clube de Ruben Amorim deixou-o em igualdade pontual com o clube que vai pagar 14 milhões de euros pelo treinador, mas convém não esquecer que o Paços de Ferreira, antepenúltimo classificado da Liga NOS superou a equipa da casa em remates enquadrados e saiu de Alvalade a queixar-se da sorte e do videoárbitro. Maximiano teve uma noite de excepção, impedindo a bola de encontrar as redes em sucessivas ocasiões, incluindo aquela em que a sua linha defensiva permitiu que um adversário lhe aparecesse isolado à frente. Sempre atento aos remates dos adversários, evitou males maiores numa equipa que precisaria de uma quarentena muito mais duradoura do que esta.
Eduardo Quaresma (3,0)
Só a intervenção no lance de maior perigo do Paços de Ferreira, deixando um avançado em posição regular, e a fraca percentagem de sucesso nos duelos aéreos – algo que poderá ser ultrapassado com treino, pois ninguém com 185 centímetros pode ser acusado de nanismo – impediram que a primeira titularidade em Alvalade fosse ainda mais memorável. Excelente no controlo das operações e saída da bola, apesar de desta vez ter menos ajuda do colega de ala direita, cimentou o lugar na equipa e no imaginário dos adeptos.
Coates (3,0)
Voltou a mostrar-se patrão, e até os seus vigorosos e sensatos protestos no lance em que chegou a ser assinalado pénalti contra o Sporting ajudaram a ganhar tempo para que o videoárbitro revertesse uma decisão que poderia permitir a Maximiano ser o homem do jogo, forçar Jovane Cabral a horas extraordinárias ou impedir os três pontos que tanto jeito dão numa corrida em que o terceiro lugar é tão possível quanto o sétimo. Pior acompanhado do que é costume, o uruguaio não deu tréguas aos adversários.
Borja (2,0)
Podemos recorrer à suspensão da descrença e dizer que o colombiano não cometeu qualquer irregularidade no lance do pénalti revogado, mas é inegável que deixou escapar um adversário rumo à baliza. Foi apenas a manifestação mais flagrante das limitações de um profissional que decerto procura dar o melhor, tendo o problema irresolúvel de não ser capaz de estar ao nível exigível como central descaído para a esquerda. Falta-lhe, além de tudo o resto, a capacidade de saída com bola que deveria fazer de Mathieu imprescindível enquanto as pernas aguentarem e o contrato for válido.
Rafael Camacho (2,0)
Fez o primeiro remate do Sporting, desenquadrado da baliza, e depois lançou-se numa colectânea de falhas técnicas indignas de quem custou mais ou menos o mesmo que o orçamento de algumas equipas da Liga NOS. Todas as boas indicações que deixou em Guimarães foram esquecidas, quase como se procurasse provar que não foi feito para lateral-direito.
Acuña (2,5)
Gastou quase tudo o que tinha para dar ao jogo logo nos primeiros minutos, arrastando a sua inegável classe no relvado até que Ruben Amorim decidiu recorrer ao trabalho infantil.
Matheus Nunes (3,0)
Manteve o lugar no onze titular, desta vez como médio mais defensivo, e esteve bem na missão de garantir posse de bola e servir de pêndulo entre defesa e ataque, arriscando-se a ficar na ficha de jogo ao fazer a recarga bem sucedida de um livre que entrou na baliza antes de ser devolvido ao campo de jogo. Pouco depois começou a perder gás, o que não é um bom cartão de visita num jovem de 21 anos, e deu lugar a quem fez bem pior do que ele.
Wendel (3,5)
Regressou a Alvalade sem o mesmo grau de exposição corporal e com visual renovado. A barba talvez tenha servido para o brasileiro se assumir como o ancião de 22 anos em que se tornou, tendo em conta a quantidade de adolescentes ao seu lado e a veterania decorrente da terceira época no plantel principal, apenas superada por Coates e Acuña entre os titulares. Mas o mais importante de Wendel são os pés com que executa arrancadas como a que deu origem ao livre que resolveu a embrulhada. Tenha ele confiança para repetir mais vezes tais iniciativas, em vez de se deixar enredar na modorra, e o Sporting poderá ir mais longe, mesmo que à custa de o internacional olímpico brasileiro ir para ainda mais longe.
Jovane Cabral (4,0)
Também ele passou a maior parte da primeira parte à espera do comboio na paragem do autocarro. Mas quando engrenou, ocupando-se da esquerda, fez o que faltava ser feito. Já tinha partido os rins a um adversário, cruzando para um Sporar em dia nunca, quando pegou na bola para marcar um livre ainda a uns passos da grande área e soltou um foguete imparável para animar mais uma noite sem arraial em Alvalade. A pontaria e potência com que a bola embateu na trave, bateu dentro da baliza e voltou a sairpareceu uma segunda passagem de Bruno Fernandes pelo estádio, com o detalhe do festejo de mãos na orelha, a homenagear o ex-capitão leonino, que a partir de Manchester continua a servir de mentor. Seria justo que Jovane conseguisse bisar mesmo no final da partida, após um fulgurante contra-ataque, mas dessa vez a barra reagiu mal ao estrondo da bola.
Vietto (3,0)
Pouco antes de se lesionar num embate com um adversário, ficando com uma luxação que lhe poderá custar as oito jornadas restantes, protagonizou o melhor momento da primeira parte, numa assistência de génio a que Sporar não deu seguimento. E estava a conseguir fazer acelerar o processo ofensivo da equipa, impondo o seu estilo de camisola 10 vendido como avançado.
Sporar (1,5)
Foi a antítese do aproveitamento pleno de oportunidades em Guimarães, desperdiçando duas boas ocasiões de golo. Na primeira parte, servido por Vietto, conseguir avançar até à grande área mas rematou muito acima da baliza, e na segunda parte dessincronizou-se com o cruzamento de Jovane Cabral, mesmo em frente à linha de golo. Tirando estes dois momentos foi discreto, quando não inexistente.
Gonzalo Plata (1,5)
Passou mais de 50 minutos em campo sem propósito e quase como um corpo estranho na equipa, falhando no flanco e no miolo. Tem de afinar o seu enorme potencial, o que talvez passe por uns telefonemas de Bruno Fernandes.
Nuno Mendes (2,0)
Estreou-se na equipa principal ainda com 17 anos, reforçando a ideia de que a pandemia está a fomentar o trabalho infantil. Algumas arrancadas deram boas indicações de quem já parece estar à frente de Borja.
Eduardo (1,5)
Pouco depois de entrar já tinha cometido uma fífia que felizmente não foi aproveitada pelo Paços de Ferreira. Não satisfeito, participou num sururu, recebendo um amarelo dois minutos após substituir Matheus Nunes. Seguiram-se mais uns 15 minutos de incapacidade a níveis pré-pandémicos.
Francisco Geraldes (1,5)
Terá percebido que conta muito pouco quando Vietto ficou agarrado ao braço e Ruben Amorim mandou aquecer Gonzalo Plata. Teria direito a pouco mais de dez minutos, destinados a fazer descansar Wendel e num momento do jogo em que o domínio dos visitantes era cada vez mais pronunciado, nos quais nada mais pôde fazer além de cometer faltas.
Ruben Amorim (2,5)
Alcançou o Sporting de Braga, que mantém o terceiro lugar por todos os critérios, mas para lá chegar venceu pela margem mínima o antepenúltimo, jogando em casa, e ficando atrás no número de remates. Dizer que é poucochinho passa por eufemismo, havendo muito trabalho para fazer de modo a garantir que Alvalade verá jogos europeus nos próximos tempos sem ser enquanto barriga de aluguer de fases finais da UEFA. Louva-se-lhe a aposta nos mais jovens e na formação, mas há que aprimorar a qualidade existente no plantel. E também a comunicação, pois a rábula final da explicação da ausência de Mathieu foi um acto falhado que não prestigia o treinador e desrespeita um dos melhores jogadores que honraram a camisola nos tempos mais recentes.
Nada poderia ter feito no golo que selou o resultado final, e ao longo da segunda parte deu segurança aos colegas com boas intervenções, o que não apaga a sua oferta do golo que permitiu ao Vitória de Guimarães empatar pela primeira vez. Está visto que a desenvoltura com os pés é o calcanhar de Aquiles do jovem guarda-redes, mas a aposta continuada na sua titularidade, desejada pelos adeptos, dependerá de progressos significativos nesse domínio.
Eduardo Quaresma (3,5)
Integrar uma linha defensiva que sofreu dois golos não é propriamente sinónimo de estreia de sonho? Talvez assim seja, mas o jovem de 18 anos assumiu como um mestre a missão de ser o central descaído para a direita, demonstrando segurança no desarme dos adversários e uma capacidade de. saída com bola que só surpreendeu quem nunca tinha visto as suas arrancadas na equipa de sub-23. Ficou na retina um lance de contra-ataque que urdiu em “joint venture” com Sporar, reforçando a ideia de que o Sporting será doravante Edu mais dez e o temor de que possa vir a ser “carrosselizado” no verão tardio que antecederá a próxima temporada.
Coates (3,0)
O capitão uruguaio foi o patrão que dele se pede que seja, impondo a sua presença no novo esquema táctico. Nem os dois golos do adversário, resultantes de uma oferta de Luís Maximiano e de um ressalto, beliscam o mérito de quem deverá ficar em Alvalade se a ideia passar por voltar a ver os milhões da Champions antes da próxima década.
Mathieu (2,5)
Várias foram as ocasiões em que o veterano francês não teve pernas para reagir aos adversários, numa quebra física após a paragem ditada pela pandemia de Covid-19 que se pode explicar pelo facto de ser provavelmente o único elemento do plantel leonino a ter convivido com sobreviventes da gripe espanhola. Intocada está a sua relação privilegiada com a bola, ainda que a ideia de o adiantar para ponta de lança (em vez de apostar na entrada do suplente Pedro Mendes quando o Sporting tinha vantagem numérica) não tenha surtido efeito.
Rafael Camacho (3,0)
Preferido por Ruben Amorim na escolha entre Ristovski e Rosier, o jovem que não quis ser lateral-direito ofensivo no Liverpool provou ser mais afoito na parte ofensiva da missão, formando com Eduardo Quaresma e Jovane Cabral a ala direita mais dinâmica que Portugal viu nos últimos meses. Esteve perto de fazer a assistência para o golo da vitória, impedida pela defesa de Douglas ao cabeceamento de Jovane, num dos vários bons cruzamentos que assinou. Pior nas missões defensivas, como Quaresma pode testemunhar, poderia ter servido Sporar para o “hat trick” mas, talvez possuído pela camisola 7 que carrega, tentou complementar duas belas fintas com um remate idêntico ao que ajudou a levar o Sporting à “final four” da Taça da Liga. Idêntico, claro está, tirando na parte de a bola entrar na baliza.
Acuña (3,0)
Bastante mais contido do que o colega da direita, até porque Mathieu e Vietto também não ajudaram por aí além, o argentino distinguiu-se pelo passe longo que o excesso de confiança de Douglas e o sentido de oportunidade de Sporar fizeram abrir o marcador. E também pela atenção redobrada que deu às veleidades vimaranenses na sua área de influência, não se esquecendo de protestar com todos os elementos da equipa de arbitragem. As saudades que já teria...
Battaglia (2,0)
Raras foram as ocasiões em que ganhou posição sem cometer falta, escassas as saídas com bola que tenham levado a equipa para a frente. Dir-se-ia que o médio argentino se arrisca a ficar carimbado como problema irresolúvel, tendo em conta o seu elevado vencimento, a não ser que o homem que mais lucrou com o ataque a Alcochete cometa a improvável bondade de o “carrosselizar” numa “bitola Thierry Correia” e sem prodígios do estilo David Wang envolvidos na equação.
Matheus Nunes (2,0)
Lá se estreou na equipa principal o meio-campista a quem Frederico Varandas encarregou de custear a multimilionária cláusula de rescisão de Ruben Amorim, e o treinador encomendou a compra de uma casa à sua mãe, pelo que talvez a senhora Nunes pretenda que o filho encerre o ciclo comprando uma peruca ao presidente do Sporting. Convém referir que a estreia esteve muito longe de ser brilhante, tal como longe de cintilantes eram as alternativas disponíveis no banco. Espera-se que faça melhor em próximas oportunidades.
Jovane Cabral (4,0)
Acelerador-mor do futebol leonino, partindo da direita para vagabundear por todo o relvado, o jovem extremo mostrou que é capaz de fintar adversários dentro de uma cabina telefónica e deixou bem mais do que um ar da sua graça. Para a história do jogo ficou o passe longo e rasteiro com que isolou Sporar no lance do 1-2 e o remate de cabeça que esteve perto de render três pontos num estádio que continua a ser complicado mesmo sem adeptos municiados de armas brancas. Pena é que grande parte das suas melhores iniciativas tenham morrido nos pés de Vietto.
Vietto (2,0)
Quis a infelicidade do destino que o avançado mais perdulário do plantel leonino tenha recebido alguns dos melhores passes feitos pelos colegas ao longo do jogo. A baliza parece tornar-se demasiado pequena quando Vietto tem a bola nos pés, sendo incerto se a solução passará por um ortopedista, um psicólogo ou uma influenciadora das redes sociais.
Sporar (4,0)
É notável que tenha convertido em dois golos igual número de remates, bastando-lhe empurrar a bola para a baliza vazia. E com inegável mérito, pois aproveitou da melhor forma a burrice de Douglas na primeira parte, roubando-lhe a bola que controlou com o peito, e desmarcou-se de forma perfeita (o fiscal de linha ainda ensaiou o fora de jogo, mas o videoárbitro oficializou o golo) na segunda parte, contornando o guarda-redes com enorme frieza. Além disso, integrou-se bem nas manobras ofensivas e criou a esperança de que Bruno Fernandes não chegue ao final da temporada como melhor marcador do Sporting apesar de ter voado para Manchester no final de Janeiro.
Idrissa Doumbia (2,5)
Honra lhe seja feita: cometeu menos erros do que os titulares do meio-campo. Mas também era um objectivo fácil de cumprir...
Gonzalo Plata (2,0)
Inconsequente, viciado em remates contra as pernas dos adversários e incapaz de ajudar a “quebrar” um Vitória de Guimarães reduzido a dez graças ao irrequieto Jovane Cabral, que parece ter aproveitado o confinamento para treinar mais do que um certo e determinado extremo sul-americano.
Ruben Amorim (3,0)
Os meses vão passando e o terceiro treinador mais valioso do mundo mantém o bom hábito de não perder, ainda que desta vez não tenha somado os três pontos que conseguira antes do fim do mundo tal como o conhecíamos, naquele final de tarde em Alvalade em que se verificaram as expulsões de dois jogadores do Desportivo das Aves nos primeiros 20 minutos de jogo e um “wardrobe malfunction” de Wendel mais revelador do que o de Janet Jackson no Super Bowl. Louva-se-lhe a coragem de apostar em Eduardo Quaresma e Matheus Nunes, ainda que o segundo tenha ficado bastante aquém das expectativas, e o trabalho visível no entendimento entre vários jogadores, mas a relação complicada de Vietto com o golo e o estado de calamidade em vigor no meio-campo não permitiram mais. Felizmente chegou para o empate que permitiu reduzir de quatro para três pontos a desvantagem em relação ao Sporting de Braga na luta pelo lugar mais triste do pódio da Liga NOS.
O esquema táctico de 3-4-2-1 é, talvez, o mais difícil de interpretar. Os princípios tácticos de Rúben Amorim assentam numa primeira fase de construção paciente e de passes verticais. Os movimentos de ruptura, dos três da frente (Vietto?), para explorar a profundidade era uma constante.
Este modelo de jogo, não tenho dúvidas, é muito mais fácil de fazer resultar no Braga. Pelo plantel diferente, mas também porque a maior parte dos adversários do Sporting se apresenta num bloco baixo. As "zonas de criação" entre a linha defensiva e do meio-campo do adversário não podem ficar exclusivas de um Sporar, que baixa para tocar e criar espaço nas costas. A chegada dos médios centrais é essencial para podermos jogar de forma mais apoiada e compacta.
De qualquer das formas, tivemos treinador antes do jogo [de quinta-feira em Guimarães]. Foi audaz e correcto na escolha do 11 inicial. No jogo não foi capaz de "inventar novas dificuldades" para apresentar ao Guimarães. Limitou-se a fazer cumprir o guião pré-estabelecido. Principalmente, quando ficámos em superioridade numérica, tinha que pedir algo diferente.
Gostei imenso do Quaresma. Não foi uma surpresa, mas a confirmação de que estamos perante o jovem de maior potencial dos sub-23, juntamente com Joelson.
Sporar esteve muito bem, apesar de ser um atleta que não me convence. Talvez a minha opinião esteja condicionada pelo seu preço (6M quando valia 2,5M) e pelas passagens falhadas pela 2.ª divisão alemã e campeonato suíço. Acho curto para um Sporting que se quer campeão. Gostei do esforçado Jovane e do atrevido Plata.
Não gostei, nem tenho gostado, do Max. É o nosso Moreira. Precisamos de um Quim, no mínimo.
Não gostei de Camacho. Apesar de ser a posição ideal para ele, estava a fazer um frete. E quando tem a oportunidade de fazer algo, a bola é só dele. Egoísta.
Não gostei de Vietto. É um "pila mole".
Não gostei dos dois do centro do terreno. Imagino ali um Uros Racic e o Adrien Silva (Wendel).
O excelente Acuña, tinha a pilha gasta.
Pela primeira vez nesta temporada, conseguimos ver e ter uma ideia de jogo.
Não é suficiente para um Sporting campeão, mas podemos ter aqui uma base interessante.
Texto do nosso leitor Pedro Sousa, publicado originalmente aqui.
O Sporting entrou em Guimarães como uma ideia bem definida: aproveitar este resto de campeonato, completamente estranho sob todos os pontos de vista, para preparar a próxima época, podendo descurar com isso o assalto ao 3.º posto.
Foram sete jogadores sub-23 num total de 13 que entraram em campo, colocando a média de idades num valor baixo, 24,2, mesmo contando com a experiência de Mathieu (36):
Quaresma
18
Plata
19
Camacho
20
Jovane
21
M.Nunes
21
Max
21
Doumbia
22
Sporar
26
Vietto
26
Acuna
28
Battaglia
28
Coates
29
Mathieu
36
Obviamente apostar nos jovens tem um preço: os dois golos sofridos foram oferecidos, primeiro por Max a meias com Matheus Nunes e depois por Camacho, que não respeitou a linha da defesa a subir para fora-de-jogo. Matheus Nunes, que passou um pouco ao lado do jogo, ao invés de Quaresma e Jovane a fazerem pela vida.
Mas reduzir o jogo a essas questões é redutor. O Guimarães já tinha demonstrado em Alvalade que é uma equipa muito bem trabalhada, a pausa colocou vários jogadores completamente fora de forma, quando se atacava depois recuava-se a passo. Rúben Amorim não esgotou as substituições porque não sabia quem ia cair no minuto seguinte e Vietto continua a ser um irritante "pé-frio".
Sim, não vencemos. Sim, não foi uma exibição de encher o olho. Sim, temos um treinador que foi caro e não vence todos os jogos. Todas estas conclusões são óbvias e até justas. Mas não consigo deixar de sentir orgulho no meu/nosso Clube.
Foi dito que iria ser feita uma aposta na formação e que Rúben Amorim tinha sido contratado para potenciar jogadores e foi isso que vi ontem em campo. Matheus Nunes (21) e Eduardo Quaresma (18) fizeram o seu primeiro jogo pela equipa A. E que jogão de Eduardo Quaresma, diga-se! Jovane Cabral (21) foi o grande motor ofensivo da equipa e meteu quatro (4!) bolas de golo nos pés de Vietto e Sporar. Infelizmente só um entrou mas o princípio está lá.
Rafael Camacho (20), numa posição diferente, também deixou muito boas indicações. Com mais calma será um jogador top mundial.
Ainda na baliza esteve Max (21) e a primeira substituição foi Gonzalo Plata (19).
Há futuro para o Sporting. Por muito que isso doa a quem prefere a terra queimada.
{ Blogue fundado em 2012. }
Siga o blog por e-mail
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.