A Sporting TV estreou ontem uma nova rubrica no seu Grande Jornal: intitula-se, e muito bem, "Grandes Leões".
A estreia, à conversa com o jornalista Nuno Miguel Simas, aconteceu com Eduardo Barroso - o que já foi aqui assinalado pelo José Cruz.
Limito-me, portanto, a destacar nos parágrafos que se seguem algumas frases proferidas na antena leonina pelo conhecido cirurgião, ex-presidente da Mesa da Assembleia Geral do Sporting e sócio n.º 461-0 do Clube de todos nós:
«Momentos muito felizes da minha vida estão ligados aos êxitos do Sporting.»
«Logo no primeiro ano do Jesus, devíamos ter ganho aquele campeonato. Merecíamos tê-lo ganho. Perdemos na Madeira, com o União, num jogo em que o golo deles é fora-de-jogo. Fomos de longe a melhor equipa a praticar futebol.»
«O Sporting não pode apagar a sua história.»
«É muito bom lembrar-me da relação que tive com o meu pai e o meu avô, que também eram sócios do Sporting. O avô Alfredo, o meu pai, João Jacques e eu próprio. Uma vez, na Tapadinha, chovia tanto tanto tanto tanto que só havia três pessoas que não saíam da bancada: o meu avô, o meu pai e eu.»
«Também tenho momentos tristes. No dia em que o meu avô morreu, era suposto ir-me buscar para vermos o Sporting-Sp. Covilhã e ele não apareceu. Eu chorei. O avô tinha sofrido um acidente vascular e tinha morrido. E eu não sabia: não me disseram. Pensei que o avô se tinha esquecido do neto.»
«Nós não devemos ter problema de falar dos nossos momentos menos felizes e de saber dar-lhes a volta por cima.»
«Temos que nos unir outra vez, em torno da solução escolhida há um ano e tal.»
«Os cargos devem ser para cumprir até ao fim e no fim é que devem ser julgados.»
«Temos de continuar a pensar no nosso Sporting em função daquilo que nos pode trazer de bom.»
Ontem, às 22h, Eduardo Barroso sentou-se às frentes das câmaras da SportingTV e falou. Falou sobre histórias do Sporting. Sem políticas, sem dramas, só Sporting. Um bálsamo para a alma.
Eduardo Barroso é um grande sportinguista, de alma e coração. Foi presidente da Mesa da Assembleia Geral do nosso clube, comentador televisivo de cachecol verde e branco, articulista num dos jornais diários portugueses - sempre em defesa do seu clube de sempre. Do nosso clube.
É por vezes excessivo nas palavras e na entoação com que as pronuncia. Mas ninguém nega o seu sportinguismo militante. Exemplar, a vários títulos.
Escrevo estas breves linhas para lhe desejar um rápido restabelecimento na sequência do susto que apanhou há dias, quando o coração lhe vacilou, forçando-o a um internamento hospitalar no Algarve. Com um abraço que torno extensivo ao seu filho Eduardo Garcia da Silva, que já foi nosso colega aqui no blogue. Votos calorosos de boas melhoras.
1. No imediato pós-Alcochete aqui escrevi sobre os jogadores de futebol: se puderem rescindam. Pois o acontecido e o processo (político, pois emanado do poder associativo) que o provocou era inaceitável, uma ignominia para o clube e um atentado à sociedade.
Agora, sob outras condições internas, que os jogadores regressem é de saudar. Sob condições em que a sua dignidade pessoal e os seus direitos laborais sofreram atentados decidiram partir. Agora voltam, e é bonito. Se não recuperaram a confiança na instituição, e na ralé imunda que a esta se agregou, é de lamentar mas é compreensível. Sigam e sejam felizes. São os direitos e devem ser indiscutidos - mesmo que dirimíveis em tribunal.
Agora que isto sirva para renegociar ordenados? Para reclamar aumentos? Não. É a negação de tudo o que foi afirmado. E o clube devia ser inflexível.
2. O dr. Varandas deu uma entrevista na passada semana. Mais uma vez usou a "war card", o trunfo guerreiro, no pateta paleio de estar preparado para comandar soldados nos terrenos de combate. Sportinguistas insignes, até membros da sua base de apoio, aventam-me que está linha discursiva será por influência da empresa de comunicação que lhe enquadra a candidatura, que nada mais havendo para o catapultar o convenceu a militarizar o seu perfil. Talvez, mas será o caso típico de pior a emenda que o soneto. Um clube desportivo é para o ordenamento social e formação da juventude, é abjecta a sua utilização para a divulgação de valores belicosos. Ainda para mais neste ridículo registo pomposo.
E ignorante: sabem os mais velhos que até há meio século a administração e gestão empresarial era uma área de grande presença de engenheiros e de ... militares. O mundo mudou, o pais também, a formação muitíssimo. Na política percebeu-se que uma sociedade não é um quartel, no trabalho sabe-se que uma instituição não é uma manobra militar. E que o desporto não é uma guerra, ou sua tradução - como os regimes comunistas entendiam. Ou seja, que "as cadeias de comando (não) são sagradas" e que as diferentes perspectivas não são para perfilar sob toques de alvorada e "ordens unidas". Poderá ser que o dr. Varandas seja o melhor candidato para o clube mas, caramba, o bafiento cultural é do piorio para o país.
3. O egocêntrico Eduardo Barroso deu uma entrevista. E lembra um episódio que o jornalista esclarece. Uma invasão de campo em Alvalade em que o presidente Bettencourt enfrentou, com galhardia, os ofensores - pode a sua presidência ser criticável mas essa atitude é muito louvável (já agora, mostrando que não é preciso ter sido militar deployed, como agora se diz em português de agências de comercialização humana, para se saber e conseguir ser). E o jornalista recorda que a invasão de campo era capitaneada pelo líder claqueiro. Será interessante lembrar que esse líder, uma década passada, estava capitaneando a turba aquando do caso Alcochete. Com acesso a instalações, com diálogo com funcionários, pois presença habitual, e pessoa até içada a personalidade do clube. A besta é acarinhada. Em nome de quê? Do apoio para a conquista de taças de squash, da malha, de futebol?
«Eu, se fosse presidente do Sporting, tinha-me demitido nessa tarde [de 15 de Maio], tinha acompanhado os jogadores à GNR e tinha posto o meu lugar à disposição.»
«Mesmo que o Bruno tivesse toda a razão da vida, a situação que ele criou no Sporting não lhe dá condições para continuar.»
«A guerra que ele comprou com a equipa de futebol profissional, com os técnicos do futebol, foi uma guerra que ele nunca devia ter comprado.»
«Eu quero que se dê a palavra aos sócios. Ele não consegue continuar, com o Sporting tão dividido e fracturado.»
Na madrugada de ontem estranhei aqui, anotando-o com perplexidade, o silêncio prolongado de Daniel Sampaio e Eduardo Barroso.
Horas depois, certamente por coincidência, o ex-mandatário da candidatura de Bruno de Carvalho prestava enfim uma declaração pública. Afirmando sem rodeios: «Defendi até há muito pouco tempo a continuidade de Bruno de Carvalho atendendo ao excelente trabalho que fez no Sporting, mas neste momento não vejo outra saída que não seja eleições.»
Esta madrugada, insisti em saber a opinião de Eduardo Barroso, que integrou como presidente da Mesa da Assembleia Geral a lista eleitoral da primeira candidatura de Carvalho, em 2011. Ao fim da tarde, também certamente por coincidência, o conhecido cirurgião rompeu o silêncio em declarações à SIC Notícias. E o que disse?
Isto:
«O Sporting vai precisar, como presidente, de alguém que consiga sarar as feridas com os activos desportivos. Neste momento, toda a gente já se apercebeu que Bruno de Carvalho não tem essas condições.»
«Ele cometeu demasiados erros.»
«Para mim, neste momento, Bruno de Carvalho acabou o seu mandato.»
Devo dizer, à laia de conclusão: fiquei esclarecido.
«Uma vez, na Tapadinha, chovia tanto que éramos os únicos que não abandonámos a bancada. Saímos de lá a escorrer, mas eu achava graça. O meu avô morreu no dia de um Sporting-Sporting da Covilhã. Era suposto ele vir-me buscar de táxi e não apareceu. Eu chorei de fúria: "O avô não cumpriu." Mas depois lá me disseram que o avô tinha desaparecido.»
Passe o trocadilho, parece-me que ontem se abriu a caixa. Aposto que a seguir vai o Serrão e a morsa fica a dialogar com o Sousa Martins. Temos que ser sérios.
O desabafo: não costumo comprar nem ler A Bola, por isso não costumo ler as crónicas de Miguel Sousa Tavares (MST). Às vezes, no café, no consultório ou assim calha estar o jornal e leio. Foi o caso de hoje. Por isso, li a crónica de MST. Agora a sério, aquilo é uma coisa abaixo de qualquer qualificação. Não tenho aqui o jornal e não anotei as várias pérolas, mas lembro-me de coisas como:
a) "O Braga foi a melhor equipa que este ano passou no Dragão"; eu percebo o melão de lá ter comido três do Sporting, mas ignorava que os melões queimavam assim as meninges.
b) "O Porto é tão superior ao Sporting"; epá, MST, aqui em Alvalade tiveram a sorte de não encavar meia-dúzia na primeira parte; depois equilibraram, sim senhor, mas nem por sombras fizeram o que o Sporting fez antes; tiveram sorte em sair de lá com o empate; no Dragão, lá está, levaram os três acima mencionados; eu até admito que o Plantel do Porto possa ser superior em média ao do Sporting, mas não é isso que faz uma equipa; e, jogo pelo jogo, o Porto ainda não mostrou qualquer superioridade, muito menos aquela que é tão evidente para MST.
c) Qualquer coisa como "o Sporting tem muita sorte em marcar com autogolos do adversário; quem dera ao Porto"; pois é MST: como é que foi marcado o golo do Porto em Alvalade? Exacto... Até há pouco, os centrais do Sporting eram a gozação da pequenada pela quantidade de autogolos consentidos, agora já é tudo um chouriço.
d) Uma série de considerações que no fundo se resumem assim: "não se passou nada em Gelsenkirchen"; completada com coisas como "o Jonathan que fechasse os braços" e o "Bruno de Carvalho teve o que merece"; sim senhor, cá está a grande solidariedade portuguesa no estrangeiro; e depois choramingam dizendo que ninguém os apoia; vão-se é encher de moscas.
A constatação: MST está assim ao nível de um Rui Gomes da Silva (RGS) ou daquele outro tipo do Benfica d'A Bola TV que vi uma ou outra vez e de que não me lembro o nome: uma espécie de estupidez fanática, de idiotice deliberadamente cultivada que nem no futebol se justifica, porque só revela verdadeira pobreza de espírito. A constatação é que nós, Sporting, não temos esta espécie de maluquinhos. Dizem-me às vezes: "e o Eduardo Barroso e tal"? Acho que não é bem a mesma coisa: é fanático, mas tem graça e, sobretudo, não deturpa de maneira idiota o que se passa nos jogos. Quando muito, nós temos é alguns bananas, como o exasperante Rui Oliveira e Costa, sempre alegremente toureado pelos seus companheiros de programa.
Escreve Eduardo Barroso em A Bola de hoje, pág. 38:
Para mim foi claro: Luisão ao cortar com o cotovelo o centro do Nani de uma forma voluntária, cometeu grande penalidade. Ter as mãos enlaçadas atrás das costas com os braços fletidos sobressaindo do tronco, aumentando a área do corpo para travar a bola não é motivo para não considerar uma irregularidade?
e continua:
E o cotovelo esquerdo, tal como uma raquete, deu um desvio na bola claramente intencional. Só eu vi assim?
Não, doutor, eu vi, precisamente, o mesmo... o cruzamento de Nani (aos 12'18") seguia para a cabeça de Slimani com selo de golo e a bola foi desviada por Luisão com tal precisão (o efeito raquete como refere muito bem) que acabou por sair pela linha lateral.
Penalty nítido que só não vê quem não quer.
Esta questão já tinha sido abordada por um leitor nos comentários deste post.
O José Navarro de Andrade manifesta, num texto abaixo, um certo receio que possa suceder o mesmo que há vinte anos. Eu receio que possa suceder o mesmo que... há dois: o dr. Eduardo Barroso abrir a boca. Recorde-se que há dois anos tudo ia bem até o então presidente da AG, num artigo de jornal, se lembrar que o Sporting era o "principal candidato" ao título. A partir daí foi o que se sabe. Apesar de o senhor me tirar do sério, não estou nem de perto nem de longe a culpá-lo de tudo o que sucedeu naquela época (e muito menos no descalabro total da seguinte). Agora as suas palavras de então não tiveram um bom efeito na equipa do Sporting. Receio que as mais recentes possam ter um bom efeito... só que no próximo adversário para o campeonato. Ainda faltam mais de duas semanas para o jogo; o Izmailov pode perfeitamente jogar; o Izmailov pode marcar golos contra a sua antiga equipa. Dispensava-se era esta motivação extra da parte de Eduardo Barroso. Eu diria até que nem as de há dois anos, nem as de agora, nem nenhumas: não me lembro de alguma vez palavras de Eduardo Barroso terem bom efeito sobre a equipa. Atrevo-me a dizer que, se graças a este caso (com o qual o Sporting não tem absolutamente nada a ver, atenção) o Benfica decidisse mesmo processar Eduardo Barroso, seria um belo serviço que prestaria ao Sporting: talvez fosse maneira de o cirurgião ganhar um pouco de tino.
A alegada existência de irregularidades no derradeiro ato eleitoral continua a suscitar polémica e opiniões (ou análises de factos) distintas. Eduardo Barroso, presidente da Assembleia Geral (AG), levantou o cenário de fraude visando o ex-‘vice’ Paulo Pereira Cristóvão, que recusou a acusação. O antigo inspetor da PJ explicou ao Expresso que os votos estiveram seis meses selados e guardados por polícia e Prosegur à guarda de Barroso, e que não foi pedida recontagem. Mas existem versões distintas.
“Não houve recontagem de votos porque foi argumentado pelo presidente da assembleia eleitoral que tal não constava dos estatutos e, quanto muito, poderia ser pedida a impugnação. Mas a recontagem foi discutida”, explica ao Expresso um dos elementos da atual AG. “Houve uma diferença de 400 sócios, não de um ou dois, entre o que foi registado nos computadores e os votos apurados, e não foi feita contagem dos votantes que constavam dos cadernos eleitorais. A justificação dada para tal facto não foi convincente, acrescenta.
A mesma fonte aponta outra irregularidade. “Os votos foram colocados numa sala, lacrados e selados, e ninguém poderia mexer neles. Foi assinado um documento onde, para abrir essa sala, teriam de estar presentes um membro da AG eleita, um da direção e outro da assembleia geral eleitoral. O que se passou então? Os votos foram queimados – e não destruídos – antes dos seis meses previstos para a impugnação e sem a presença dos representantes previstos”, diz.
Sporting não é assistente
O Sporting ainda não solicitou qualquer pedido para se constituir assistente no processo que envolve o antigo ‘vice’ Pereira Cristóvão, acusado, entre outros crimes, de burla qualificada e branqueamento de capitais.