Leiam o título como se fossem o forcado da cara numa pega de um sabido de 500 kg.
Se nunca estiveram em frente a um boi, juro-vos que o cagaço é muito maior do que o de quem já esteve, porque o bicho mete medo.
Já quem esteve em frente a uma toupeira, como a douta juíza que condenou Paulo Gonçalves, sabe o que é enfrentar uma verdadeira besta. O ex-tudo no Benfica foi condenado a dois anos e meio por corrupção activa (com pena suspensa, talvez por ser réu primário, aceita-se) quando era funcionário do Benfica, tinha gabinete no estádio da Luz, respondia a Luís Vieira e até representava o clube em sorteios da Liga e da UEFA.
Já perceberam porque é que uma toupeira é muito mais feroz do que um toiro em pontas? Isso, a douta juíza concluiu que nada disto teve a ver com o Benfica.
O presidente do Tribunal da Relação do Porto, Nuno Ataíde das Neves, considera que o juiz desembargador que tinha pedido escusa do processo relativo à divulgação dos e-mails do Benfica deve afinal manter-se como relator do recurso da acção cível movida pelo clube da Luz ao FC Porto em que está em causa o pagamento de uma indemnização de cerca de dois milhões de euros.
Concluiu o ilustre magistrado que o facto de o seu colega desembargador Eduardo Pires ser «adepto fervoroso» e sócio do Benfica desde 1968, integrar a lista de galardoados com a "águia de ouro" concedida pelo clube, manter lugar cativo no estádio da Luz e possuir 250 acções da SAD do Sport Lisboa e Benfica não afecta a imparcialidade dos seus juízos quando o SLB é uma das partes em confronto.
Potencial conflito de interesses? Nem pensar. Tudo quanto fica escrito acima «não pode significar uma estreita ligação entre o juiz e o seu clube, que só por isso de todo inexiste, estando vedado a quem quer que seja daí retirar a conclusão que a sua imparcialidade e isenção como juiz possa estar minimamente em perigo». Até porque «a integridade de um magistrado não se pode considerar abalada por circunstâncias desta natureza, não pode resultar de uma mera aparência, uma aparência epidérmica, de superfície, que apenas num longinquamente formal e puramente teórico e preconceituoso, quiçá amedrontado, pode ter alguma leitura.»
Perceberam, apesar do português arrevesado? Eu também. Talvez até bem de mais.
É a um ritmo diário que a comunicação social nos brinda com negócios que envolvem empréstimos ou compras estranhas entre o Benfica e os vulgos "clubes pequenos". Sem regulamentação, nem pulso da Liga, e depois de sabermos o conteúdo dos e-mails, vale a pena jogar?
Já não é a primeira vez que acontece em diferentes sectores e no futebol em particular.
Suponhamos que existe um roubo. O ladrão é armadilhado com uma camera com som e, em sua casa, revela que foi ele o autor do roubo. Vai a tribunal acusado e sustentado pela prova obtida de forma ilegal. Uma das partes diz que, porque as provas são ilegais, o ladrão é absolvido.
Gostaria de perguntar: Deixou de haver roubo?
Sinceramente, se um caso destes vai a tribunal e os factos são provados, não poderá haver acusação (no mesmo ou noutro processo) sobre o mesmo facto?
Haverá por ai alguém que me explique exactamente o que a lei(s) diz? Claro... claro: Verdade e Justiça não são a mesma coisa, mas será que há assim tanto sítio onde a forma prevalece sobre o conteúdo?
Os emails foram obtidos ilegalmente. Punam-se os infractores. Correcto. Mas as acções que as provas ilegais descrevem deixaram TAMBÉM de ser crimes? Esclareçam-me por favor pois acho que não sou único na dúvida...
Só uma dose significativa de insanidade e de irracionalidade da comunidade pode justificar que o futebol continue a fazer, diariamente, manchetes de jornal. O nível de emoção colocado em qualquer discussão sobre esta prática desportiva não tem, creio, paralelo com qualquer outra actividade humana, pelo menos em grande parte do mundo ocidental. Com uma regularidade assinalável somos confrontados com notícias de investigações judiciais ou de questiúnculas clubísticas que são, na maioria dos casos, transformadas em verdadeiras guerras civis.
Em qualquer área de actividade humana parece haver uma necessidade constante de superiorização face aos adversários. No desporto - e no futebol em particular - acontece a mesma coisa. Todos os anos, quando uma nova época desportiva se inicia, o nosso principal desejo é que a nossa equipa (para quem tem, porque há muita gente que não tem qualquer interesse nestes fenómenos) ganhe. Querer ganhar, penso, não tem qualquer problema. Querer ganhar a todo o custo, mesmo à margem das regras que disciplinam a vida em comunidade, não sendo um absurdo, é, no meu entendimento, indigno e imoral. Não é apenas a minha opinião e, precisamente por esse motivo, a comunidade politicamente organizada tem regras que punem esse género de actos e comportamentos.
As recentes notícias que envolvem o nosso eterno rival, sendo juridicamente distintas de outras, não diferem assim tanto do que se conhece sobre aquilo que acontece/aconteceu em Portugal e noutros países no que concerne não apenas à viciação directa de resultados desportivos, mas também no que diz respeito à criação de vantagens competitivas fora do campo de jogo. Sem fazer juízos jurídicos valorativos (não se conhecem os processos) os diferentes processos judiciais no âmbito do futebol resultam do facto de alguns (e esses alguns não são sempre os mesmos) quererem ganhar a todo o custo. E isso não é e não pode ser aceitável!
Não é de hoje ou sequer de um passado recente, mas penso que o nosso futebol (bem como a nossa sociedade) está muito doente. Infelizmente, a putativa censurabilidade social no âmbito de crimes como os de corrupção, corrupção desportiva ou de recebimento de vantagem indevida é apenas circunstancial, em função dos eventuais envolvidos nas situações.
Ao Sporting, enquanto sócio, o que exijo é que estas questões não existam e, a existirem, que não apenas os seus responsáveis sejam severamente punidos, mas que o clube sofra as respectivas consequências. A ser verdadeiro o que se afirma sobre a investigação no processo Cashball, tal facto constituirá uma vergonha muito maior do que não ganhar o campeonato durante cinquenta anos. Quero que o meu clube ganhe, mas apenas porque dentro do campo é mais forte do que os adversários.
Como refere o Pedro Correia em post ali um pouco abaixo, entendeu o presidente enviar umas SMS de incentivo aos jogadores da equipa de futebol profissional, que acabaram por ser plantadas no jornal Record. Quero afirmar convictamente que, à parte a fixação na primeira pessoa, escusada e evitável, me revejo em praticamente todo o teor das mensagens (que para SMS me parecem demasiado extensas, mas cada um tem o seu estilo).
Lamento pela sua divulgação, desconhecendo em absoluto quem pôs a boca no trombone. Não me parece que a solução para o problema, se é que existe problema de verdade, seja a separação de presidente e jogadores e parece-me natural que o presidente tente galvanizar os atletas (e se mandar um berro de vez em quando, não virá daí qualquer mal ao Mundo, são todos adultos e sabem o que se lhes exige). Eu sei que para alguns um pedidos de desculpas (público então seria orgásmico para alguns), ainda que hipócrita, bastaria (o que não haveria para aí de comentários a maldizer BdC pela "humilhação"...). Não me parece ser esse o caminho e estas coisas resolvem-se dentro de portas, no recato do balneário (sim, o facebook de Madrid; já me manifestei contra, não vale a pena "chover no molhado"). E sim, os jogadores têm responsabilidades profissionais a cumprir, entre elas a mais importante é o comprometimento com um projecto e a entrega sempre em prol do clube que lhes paga. Negar isto, é negar a essência do Clube, é ficar satisfeito com o 7.º lugar.
É óbvia a intenção de desviar o foco dos e-mails, agora de Domingos Soares de Oliveira (ontem saiu mais um pacote) e de Meirim e nada melhor que continuar a atiçar os sportinguistas uns contra os outros, o que para minha tristeza é demasiado fácil. Nós somos daqueles que não precisam que nos empurrem, autofagia é coisa que não nos falta a rodos.
Por último, não há notícia de outros atletas, de outras modalidades, ficarem incomodados com as SMS do presidente. Bom, também nada me garante que os do futebol profissional estejam. O que eu sei é que querem que nós acreditemos que estão e alguns de nós mergulhamos de cabeça, sem parar dois segundos para pensar.
Eu aconselho calma e alguma argúcia. A todos. Faltam quatro finais, no final far-se-á o balanço. Até lá, que todos não se esqueçam que não fazem qualquer favor ao Sporting com a sua presença.
...Nos casos que envolvem o Benfica." Quem o diz é Toni, em entrevista hoje concedida à Renascença, em que aproveitou para criticar as instituições que supervisionam o desporto, bem como a legislação que o rege.
Felizmente ainda há benfiquistas. E homens de bem.
Centenas, ou mesmo milhares, de e-mails de responsáveis do benfica, presidente incluído, mostram-nos uma verdadeira teia, montada e urdida ao longo dos anos, apenas com um fito: controlar totalmente tudo o que possa influenciar a atribuição de troféus em Portugal. A forma como se julgavam impunes, e de facto estiveram-no durantes todos estes anos, põe em causa todos, mesmo todos os títulos atribuídos, não conquistados ou ganhos, ao benfica (com minúscula). O outrora respeitável adversário não passa hoje de um bando que a seu bel-prazer foi dominando, através de esquemas inimagináveis, todos aqueles que podiam influenciar todo o processo desportivo de Portugal.
É assustador ler determinados e-mails. Custa muito ver benfiquistas que se arrogam como democratas, gente livre, continuar a defender a ainda direcção do seu clube. Estão ainda em fase de negação, depois de anos de bazófia, em que todos os adeptos dos outros clubes eram gozados e achincalhados mal se atrevessem a questionar o quase direito “natural” do benfica (novamente letra minúscula) em conquistar todas as provas a que se apresentasse.
Conhecemos hoje, graças a esta divulgação em boa hora da correspondência dos ainda donos do benfica, a total impunidade com que esta gente “trabalhava” todos os aspectos que considerassem relevantes para os seus interesses.
O Vale e Azevedo não passou de um simples aprendiz.
Sempre me fez muita confusão ver que quase nenhum adepto do Porto, mesmo aqueles que me pareciam inteligentes, era capaz de confessar a corrupção que toda a gente sabia que o Porto fez durante muito tempo. Por exemplo, ver o Rui Moreira, que agora é presidente da Câmara do Porto, a levantar-se e ir-se embora do Triod'Ataque (https://www.youtube.com/watch?v=2gX_VfmyThI) porque não queria ouvir nem falar sobre as escutas do Apito Dourado, impressionou-me muito, especialmente porque não consigo perceber qual é o gozo de se ganhar qualquer coisa em que não se foi necessariamente o melhor, mas o que conseguiu contornar melhor as regras. Eu percebo que, depois de se ganhar muita coisa, confessar que houve batota envolvida é reconhecer que o tempo passado a sofrer e a festejar (que sabe tão bem) foi baseado, pelo menos parcialmente, numa mentira. Mas a ideia de qualquer competição devia ser premiar quem mostrou ser melhor e a subversão de regras faz com que nunca se perceba bem quem foi.
Isto podia ser um fenómeno específico dos adeptos do Porto, mas ultimamente tenho chegado à conclusão que não é. Por mais que digam, com razão, que se há clube que não tem moral para acusar outros de adulterar a verdade desportiva é o Porto, que os emails foram obtidos de forma ilegal e que há poucas provas indiscutíveis de tráfico de influências e de corrupção nos emails, não devia haver dúvidas para ninguém que o Benfica tem feito, depois do Apito Dourado, muitas coisas que acusava o Porto de fazer, e outras que ainda não conhecíamos. Ou seja, sendo os emails verdadeiros, e ninguém com um mínimo de cabeça e de honestidade intelectual acha que não são, percebe-se que, se aquelas conversas existem, é porque o Benfica montou um esquema de controlo de muita coisa que não devia controlar. Com a diferença, para o Porto dos tempos do Apito Dourado, de ter muitos mais apoiantes nos adeptos de futebol e na comunicação social.
E o que eu tenho visto em praticamente todos os adeptos benfiquistas é o mesmo que via nos portistas: assim que se fala no caso dos emails, ativam o modo de defesa e de racionalização de uma decisão previamente tomada. Ou seja, decidem à partida que é impossível que o clube de que tanto gostam use práticas ilegais e interpretam toda a informação que existe de forma a que possam concluir que não se passa nada de anormal. E não estou a falar de pessoas como o Pedro Guerra, que têm noção do que se passa e mentem conscientemente (e às vezes de forma ridícula), estou a falar de adeptos normais que, genuinamente, não querem acreditar que aquilo de que se fala seja verdade.
Por isso, é possível que a parcialidade que eu sempre soube que há nos adeptos de futebol seja mais forte do que eu pensava. É óbvio que, ao longo do tempo, vai-se formando na nossa cabeça uma maneira de ver o futebol que nos faz gostar do nosso clube e não adorar os clubes rivais, e que isso nos leva a pensar naqueles que fazem parte do nosso grupo como os "bons" e os outros como os "maus". Eu tento ser o mais imparcial e racional em tudo na minha vida, mas tenho a noção que no futebol não sou. Mas quero acreditar que, se o Apito Dourado ou o caso dos emails acontecessem com o Sporting, eu era capaz de dizer "ganhámos, mas com batota, por isso quero que estes dirigentes se vão embora, e ganhar de maneira limpa". Por exemplo, já se percebeu que o Paulo Pereira Cristóvão mandou depositar 2.000€ na conta de um árbitro assistente para depois denunciá-lo e impedi-lo de arbitrar um Marítmo - Sporting, da Taça de Portugal (https://www.ojogo.pt/futebol/1a-liga/sporting/noticias/interior/como-e-que-pereira-cristovao-tentou-incriminar-jose-cardinal-4263029.html). E que isto configura um crime, denúncia caluniosa, que vem descrito assim no artigo 365º do Código Penal: "Quem, por qualquer meio, perante autoridade ou publicamente, com a consciência da falsidade da imputação, denunciar ou lançar sobre determinada pessoa a suspeita da prática de crime, com intenção de que contra ela se instaure procedimento, é punido com pena de prisão até 3 anos ou com pena de multa." (http://bdjur.almedina.net/item.php?field=item_id&value=80253). Tenho pena e vergonha que isto tenha acontecido, mesmo tendo a noção que não houve aqui corrupção, e espero que não volte a acontecer. E, se alguma vez o Sporting fizer algum dos crimes de que o Porto e o Benfica foram acusados, espero que se descubra e que eu tenha a capacidade de o reconhecer e de pedir que as pessoas que os fizeram sejam afastadas e que os títulos ganhos durante essa altura sejam retirados. Mas, com os exemplos que eu tenho visto de portistas e benfiquistas, já não consigo garantir nada.
Entretanto, pedia uma coisa a quem anda a estragar o futebol há muitos anos: vão-se embora, deixem o futebol ser aquilo que é suposto ser, um desporto, e deixem de me criar dúvidas existenciais. Obrigado.
Parece que ontem, logo pela manhã, depois de cortesmente alguém ter avisado a comunicação social, a PJ deslocou-se, em grande número, às instalações do Benfica. Supomos que esta deslocação está relacionada com a divulgação de uns e-mails no Porto canal e que de forma generalista, a comunicação social, principalmente a dita especialista em desporto, ignorou durante todo este tempo, a bem do futebol, claro.
Que há situações no futebol em Portugal que no mínimo são pouco claras e nos levam a pensar que há de facto acções de intervenientes directos, que podem alterar ou condicionar resultados, é evidente para todos. Mas estes todos, nós todos, não chegamos para que algo possa ser mudado. Pede-se à justiça, que é apenas neste caso uma espécie de conceito vago, constituída por órgãos a que pertencem pessoas, algumas ou mesmo todas que também pertencem ao "nós todos", que actue com rapidez e, lá está, que faça justiça, que consiga provar algo que é denunciado e que condene quem o fez ou faz, permitindo que a verdade desportiva, outro conceito tão vago como a própria justiça, seja reposta. O histórico sobre casos semelhantes e a história nunca se repete, mas tem constantes, diz-nos que daqui nada vai resultar. Iremos ter uma investigação morosa, repleta de procedimentos, questões jurídicas elaboradas ao pormenor, recursos e contra recursos, escritórios de advogados que entre eles decidirão os tempos perfeitos para que o resultado seja o esperado, ou seja, nada.
Todos os intervenientes directos e aqui estão incluídos os dirigentes do clube em questão, os dirigentes da FPF, da Liga, dos diversos conselhos, os representantes dos árbitros, os diversos sindicatos, ou associações dos homens do apito, estarão todos do mesmo lado da barricada. E não, não será o lado da verdade ou do cumprimento da lei. Estarão, orgulhosos, na trincheira funda e imunda onde vive o futebol português. Tudo farão, e recursos financeiros não lhes faltam, para que se mantenha o status quo. As mudanças, como em tudo na vida, requerem coragem, precisam de pessoas, que mesmo sabendo que um passo em frente na direcção contrária à habitual, poderá ditar o fim da sua descansada e folgada vida, poderá originar um novo paradigma. E desses temos poucos.
«Em que estado de direito é que o Porto pode usar e abusar correspondência do Benfica?!»
«De todos os e-mails até hoje presentes ao público, nenhum indicia aquilo que Porto e Sporting queriam que indiciasse.»
«Quando oiço que vão ser divulgados mais e-mails no Porto Canal, eu digo assim: "Onde é que eu estou a viver?"»
«Eu acho eticamente reprovável estar a divulgar a correspondência do meu vizinho, nem que eu garanta que me deixaram a correspondência à porta. Eu não abdico dos princípios éticos!»
«Uma parte daqueles árbitros [mencionados em e-mails entre Pedro Guerra e Adão Mendes], eu conheço directamente. A simples insinuação sobre esses árbitros é uma infâmia. É uma calúnia!»
O blog “oficioso” do Benfica decretou ontem, depois de aturada “investigação” (hehehe, peço desculpa), que nada de nadinha vai acontecer ao Benfica, nem na justiça desportiva (hehehe, peço desculpa outra vez) nem na civil. O blog onde os adversários são insultados diariamente, com toda a espécie de adjectivos, onde todos os comentadores e autores são anónimos, é onde se pratica a forma mais ignóbil da cartilha: Lançam umas postas de pescada muito indignadas, para inglês ver, e com isso pretendem afirmar a sua independência em relação à actual direcção. Têm sempre muitos exclusivos, a piada que isto tem, usam e abusam de interjeições exclamativas, que de forma natural são muito bem aceites por quem os lê. A adoração de que são alvo nas imundas caixas de comentários, onde a boçalidade domina, revela a cepa da maioria dos adeptos daquele clube. Mas o mais curioso, ou não, ou não, é que um dos vários “anónimos” que escrevinha naquela imundice, que passa por ser um, senão o maior, analista técnico-desportivo, deste triste panorama em Portugal, escreve, orgulhoso, que nada vai acontecer ao Benfica porque… bem, porque a justiça desportiva acabou de decretar a absolvição do Porto e seus dirigentes, no famoso processo do Apito Dourado. Uma verdadeira pescadinha de rabo na boca, os que no passado tanto criticavam, e bem, a forma como o Porto conseguiu a maioria dos seus títulos, agora que pelos mesmos processos, senão piores, também ganham, servem-se de uma absolvição, um mero acto administrativo, depois da justiça civil já há muito ter decretado como ilegais as escutas onde se baseava toda a acusação, para justificar os seus próprios actos e poder afirmar que nada lhes acontecerá.
Dúvidas houvesse, que não há, este Benfica é de facto o herdeiro natural do Porto dos anos 90 e 00. Limpinho, limpinho.
Como dizem os brasileiros, ao dar uma casquinha a Pinto da Costa e ao Porto, anulando os castigos do apito douro-rubro, é meio caminho andado para relativizar o correio electrónico. Vai uma aposta?
Perante o caso dos mails, o benfiquismo tem reagido sobretudo de duas maneiras:
1) Aquilo não é nada. Quem assim responde são os "cartilheiros" ou, então, são os crédulos (nos cartilheiros) em estado de negação. Note-se que mesmo o caso do bruxo Nhaga, que é usado pelo cartilheirismo para desvalorizar as revelações tripeiras, é bastante sério: se eu fosse accionista da Benfica SAD (cruzes credo!) não gostaria nada de ver usada aquela quantidade de dinheiro em bruxaria. Não sou advogado, mas pergunto-me se não se tratará mesmo de um caso de gestão danosa. Isto assumindo que estamos a falar realmente de bruxaria e não de linguagem cifrada para outro assunto qualquer.
2) O que o Benfica faz todos fazem, seguido de um choro copioso sobre o "estado a que chegou o futebol português". Estes não são cartilheiros e são forçados a admitir que há ali gato (ou galinha). Também têm graça: até o Porto ter começado com as suas revelações, viviam encantados com o estado do futebol português. Afinal, aí estava o Benfica como há muito não se via. Os outros eram queixinhas, que "jogassem à bola". Antigamente, era tudo uma roubalheira do Porto. Agora, já "são todos iguais". É evidente que esta lamentação genérica significa uma coisa muito simples: deixar tudo como está. O problema pode ser genérico (não sei se é e, sendo, de que maneira se distribuirá pelos vários clubes), mas neste momento os indícios apontam só para um lado. Não precisamos de carpideiras sobre o estado do futebol português. Precisamos é de esclarecer isto bem esclarecido.