O que escrevemos aqui, durante a temporada, sobre DIOGO PINTO:
- Luís Lisboa: «Em estreia na baliza pela equipa principal, confirmou o que vi dele na equipa B: alto, sóbrio, eficaz. Claro que na equipa B tinha muito mais trabalho do que teve hoje na Amoreira. Melhor que Callai? Diferente, o futuro dirá qual deles chegará mais longe.» (11 de Maio)
- Eu: «Algo nervoso de início, como era de prever, deu boa conta do recado. Cumprindo no essencial: manteve as nossas redes invioladas. É o início de uma longa caminhada que pode ser cheia de outros triunfos para este jovem de 19 anos que chegou à Academia de Alcochete com apenas 12.» (11 de Maio)
- Francisco Chaveiro Reis: «Nós temos um júnior na baliza, bem guardado por Coates e companhia.» (24 de Maio)
Paulinho celebra o golo que nos valeu mais três pontos, com estádio da Amoreira a transbordar
Foto: Rodrigo Antunes / Lusa
Após dias de apoteose e festejos, confirmada a nossa conquista do campeonato nacional de futebol, entrámos em campo descontraídos. Não era jogo só para cumprir calendário, esta nossa deslocação ao Estoril - mas até parecia. De tal modo que a primeira parte se foi disputando em ritmo lento, quase a passo. Noutro contexto, os adeptos que enchiam o estádio da Amoreira talvez ficassem descontentes. Mas desta vez deixaram passar. Só houve tempo, espaço e vontade para aplaudir a equipa.
O Estoril também estava tranquilo. Acabara de assegurar a permanência no primeiro escalão do futebol português, facto que recompensava o esforço da equipa, de inegável qualidade. Por isso não faltou quem estranhasse que nesta recepção ao Sporting os "canarinhos" se apresentassem com excessivas cautelas defensivas, num bloco compacto e muito baixo, sem tentarem discutir o resultado. Agarrados à perspectiva de conservarem o empate a zero à medida que os minutos se escoavam.
Se não era, pelo menos parecia. Durante quase toda a primeira parte mal incomodaram a baliza leonina, desta vez entregue a Diogo Pinto, formado na Academia de Alcochete e em estreia absoluta na equipa principal. Mas antes do apito para intervalo o jovem guardião de 19 anos apanhou um susto ao ver a bola embater num poste.
Da nossa parte, quase nada. Gyökeres, vigiado de muito perto por Pedro Álvaro, parecia metido num colete de forças: mal conseguia espaço de manobra. Quando enfim se libertou, aos 37', serviu de bandeja Daniel Bragança, mas o jovem médio desperdiçou a oferta, atirando muito por cima.
Havia que alterar alguma coisa. E assim fez o treinador leonino. Aos 57' mandou sair Matheus Reis, trocando-o por Nuno Santos, e Daniel Bragança, que cedeu lugar a Paulinho. Notou-se logo a mudança: a equipa tornou-se mais veloz, mais objectiva, mais acutilante. Foi apertando o Estoril, condicionando-lhe não só o espaço de manobra como a própria lucidez táctica. Estava escrito que o Sporting não sairia da Amoreira sem os ambicionados três pontos.
Avisos da reviravolta em curso não faltaram. Saídos dos pés de Esgaio (62'), Gyökeres (63') e Trincão (76'). Nenhum deles marcou devido a extraordinárias defesas de Marcelo Carné: o brasileiro parecia travar tudo, naquela tarde de sábado, dia 11, em que disputámos o penúltimo desafio do campeonato em curso.
Mas nem ele foi capaz de impedir o golo concebido e executado pela dupla que havia saltado do banco - a mesma que já brilhara na partida anterior, contra o Portimonense. Cruzamento milimétrico de Nuno Santos e finalização perfeita de Paulinho com o seu pé menos bom, o direito. Nona assistência de Nuno, 14.º golo do avançado nesta Liga 2023/2024. Números que dizem muito do desempenho de ambos.
O Estoril ainda tentou reagir, em busca do empate, mas mostrou-se incapaz de transformar este desejo em realidade. Os caminhos para a baliza leonina estavam tapados, mesmo sem o nosso maior recuperador de bolas em campo: Morten foi poupado. Ainda houve tempo para Rúben Amorim dar minutos a outro miúdo da nossa formação, Miguel Menino, em estreia pela "equipa grande" logo com o título de campeão nacional. Um dos 28 actuais leões que até à data se podem orgulhar disso.
Repetiu-se o padrão: festa no relvado, festa nas bancadas, milhares de adeptos felizes a celebrar a vitória e a refestejar o título. E dois novos recordes superados, comprovando que não era jogo a feijões: atingimos a nossa maior pontuação de sempre num campeonato: 87, superando a marca de 2016. E batemos o nosso recorde de vitórias na prova máxima do futebol português: 28 em 33 partidas. Apenas doze pontos desperdiçados desde Agosto.
Mérito de Amorim e dos jogadores que formam uma das melhores equipas leoninas de todos os tempos. Ainda a vemos intacta e já começamos a sentir saudades dela.
Breve análise dos jogadores:
Diogo Pinto - Estreia absoluta na nossa equipa principal, face às ausência por lesão de Adán e Israel. Talvez tenha temido, mas não tremeu.
Diomande - Tarde tranquila na Amoreira, acorrendo às dobras de Esgaio. Por vezes a brilhar, como aconteceu aos 89'.
Coates - Fez valer a experiência. Corte providencial aos 2', grande intercepção aos 88'. Tentou o golo, cabeceando ao lado (90'+2).
Gonçalo Inácio - Pareceu demasiado descontraído e algo desconcentrado, sobretudo no primeiro tempo. Depois melhorou.
Esgaio- Bom passe ofensivo aos 37'. Disparo com selo de golo aos 62', testando reflexos do guarda-redes Carné. Saiu aos 89'.
Daniel Bragança - Não esteve nos seus dias mais inspirados. Desperdiçou oferta de Gyökeres atirando por cima (37'). Saiu aos 57'.
Morita - Pareceu ressentir-se da ausência de Morten, seu parceiro mais habitual. Aos 90'+1 cedeu lugar a Koba.
Matheus Reis - Regressou ao onze titular mais de um mês depois. Actuação demasiado discreta. Saiu aos 57'.
Trincão - Grande lance individual aos 29': passou por quatro. Disparou tiro com pé-canhão: foi quase golo (79').
Pedro Gonçalves - Algo errante, pareceu alheado do jogo. Atirou muito por cima (11'). Entregou bola (27'). Substituído aos 89'.
Gyökeres- Libertou-se enfim da marcação para rematar uma bomba aos 63': Carné defendeu in extremis. Iniciou construção do golo.
Nuno Santos - Entrou aos 57', substituindo Matheus. Grande cruzamento aos 62'. Outro ainda melhor, aos 81': a bola entrou.
Paulinho - Substituiu Daniel Bragança (57'). Faltava desatar o nó: ele conseguiu, marcando golo solitário. Melhor em campo.
Menino - Jogador da formação, teve estreia absoluta na equipa A ao render Pedro Gonçalves, aos 89'.
Fresneda - Entrou para o lugar de Esgaio aos 89'. Rendeu quase nada, continua sem deslumbrar.
Koba - Substituiu Morita aos 90'+1. Entrou só para queimar algum tempo. Muito aplaudido no seu antigo estádio.
Do triunfo leonino. Fomos à Amoreira vencer o Estoril - equipa nada fácil, que nesta época derrotou três vezes o FC Porto e eliminou o Benfica da Taça da Liga. Quem esperava muitas facilidades da turma anfitriã estava equivocado. Acabou por ser uma das partidas mais difíceis para o Sporting nesta segunda volta do campeonato. Com triunfo pela margem mínima: 1-0.
De Paulinho. Melhor Leão em campo. Merece este destaque, pois foi ele a marcar o nosso golo solitário. Aconteceu apenas aos 81', quando alguns adeptos leoninos já começavam a conformar-se com o empate a zero. Estava escrito que seria o avançado minhoto a desbloquear a partida. Fê-lo com muito sentido de oportunidade, acorrendo ao segundo poste e metendo-a lá dentro com o pé direito, o menos bom. O seu 14.º golo neste campeonato.
De Nuno Santos. Saltou do banco aos 57' e notou-se logo a diferença. Esticou o jogo, acelerou-o, deu-lhe acutilância em domínio total do nosso corredor esquerdo. Voltou a ser influente num golo ao fazer o cruzamento de que resultou a emenda de Paulinho para o fundo das redes. protagonizando a sua nona assistência nesta Liga.
De Rúben Amorim. Excelente leitura de jogo do nosso treinador, que não se conformou com a toada morna e algo inconsistente da equipa e tratou de a dinamizar com as primeiras substituições, ambas aos 57'. Paulinho rendeu Daniel Bragança, Nuno Santos entrou para o lugar de Matheus Reis. Cedo se viu a diferença. Não por acaso, foram eles a fabricar o nosso golo. Confirmando a argúcia do técnico.
De ver o Sporting marcar há 41 jogos consecutivos. Sem falhar um, para desafios do campeonato, desde a Liga anterior - além das 33 jornadas já cumpridas nesta. Números impressionantes, próprios de equipa campeã.
Do guarda-redes da turma visitante. Grande exibição de brasileiro Marcelo Carné. Impediu pelo menos três golos: de Esgaio (62'), Gyökeres (63') e Trincão (76'). Merece ser destacado como melhor em campo.
Do nosso guarda-redes.Estreia absoluta de Diogo Pinto como guardião da equipa principal do Sporting - e logo como titular, devido às ausências por lesão de Adán e Israel. Algo nervoso de início, como era de prever, deu boa conta do recado. Cumprindo no essencial: manteve as nossas redes invioladas. É o início de uma longa caminhada que pode ser cheia de outros triunfos para este jovem de 19 anos que chegou à Academia de Alcochete com apenas 12.
Da estreia de Miguel Menino. Outro caloiro na equipa principal após 23 jogos cumpridos no Sporting B. Também ele oriundo da Academia leonina, onde cumpriu todos os escalões de formação. Entrou só aos 89', rendendo Pedro Gonçalves. Mas - com apenas 21 anos - ainda a tempo de inscrever o seu nome entre os campeões desta gloriosa época 2023/2024.
De estarmos há 20 jogos sem perder na Liga. Marca extraordinária: a nossa última derrota aconteceu na distante jornada 13, disputada em Guimarães, a 9 de Dezembro. Há cinco meses.
De já termos marcado 137 golos em 2023/2024. Destes, 93 foram nas 32 jornadas da Liga até agora disputadas. A nossa melhor marca goleadora do último meio século.
Do Estoril. Boa réplica da equipa do concelho de Cascais, que garantiu com inteira justiça a manutenção na primeira Liga. Merece, pois pratica bom futebol, tem jogadores muito talentosos (incluindo o nosso Mateus Fernandes, cedido nesta época por empréstimo e prestes a voltar a Alvalade) e um treinador digno de elogio, Vasco Seabra.
Da onda verde. Estádio cheio, com fortíssima presença leonina em todas as bancadas. Em ambiente festivo, prolongando a nossa comemoração do título. Destaque para a "guarda de honra" prestada pela equipa adversária aos jogadores do Sporting antes da partida - gesto de inegável desportivismo que merece prolongado aplauso.
Não gostei
Do 0-0 ao intervalo. Já nos desabituámos de chegar sem golos marcados ao fim do primeiro tempo. Foi uma das raras ocasiões em que isto aconteceu ao longo da época.
De uma certa falta de intensidade. Com o campeonato conquistado, a nossa equipa actuou até ao intervalo num ritmo mais lento e descontraído do que nos foi habituando. Amorim certamente não gostou deste desempenho que denotou falta de pressão competitiva. O segundo tempo foi francamente melhor.
De Matheus Reis. Voltou a integrar o onze titular mais de um mês depois. Mas este jogo serviu para confirmar que Nuno Santos, ocupando a mesma posição, é francamente superior ao lateral que veio do Rio Ave.
Jogo de fim de época na Amoreira, pelo menos na 1.ª parte. As duas equipas confortáveis na classificação, tudo em termos de ataque muito previsível e facilmente anulado. O sueco parecia alérgico ao sol do Estoril.
Na 2.ª parte o Sporting acordou da letargia e o guarda-redes do Estoril começou enfim a ter trabalho. Mas foi apenas com as entradas de Nuno Santos e Paulinho que as oportunidades claras de golo começaram a acontecer. Duma excelente assistência de Nuno Santos, Paulinho facturou e resolveu o encontro. Mais uma vez, e já perdi a conta a quantas vezes esta época e nas anteriores. Há quem tenha saudades do Montero, se calhar até do Barcos, eu cá vou ter do Paulinho se ele realmente sair no final desta época.
Sobre Diogo Pinto, em estreia na baliza pela equipa principal, confirmou o que vi dele na equipa B: alto, sóbrio, eficaz. Claro que na equipa B tinha muito mais trabalho do que teve hoje na Amoreira. Melhor que Callai? Diferente, o futuro dirá qual deles chegará mais longe.
Melhor em campo? Paulinho.
Arbitragem? Do melhor da Liga 3.
E agora? Ganhar ao Chaves e chegar aos 90 pontos. Depois logo se vê.
Do desafio de ontem, frente à selecção anfitriã do torneio, destaco a grande exibição do nosso Gonçalo Esteves: fez toda a partida evidenciando excelente condição física. Nos dois corredores. Primeiro no esquerdo, onde alinhou mais de uma hora, e a partir do minuto 66 de regresso à sua posição natural, na ala direita. É o jogador português com mais minutos, até agora, nesta competição. Bom a defender e a atacar: veloz no ataque à profundidade, sagaz na condução da bola, com passes bem medidos e visão de jogo muito acima da média. Espectacular, o lance que protagonizou aos 90'+2. Quase marcou aos 73' num disparo fortíssimo travado pelo guarda-redes com notória dificuldade.
Dos nossos, exibição discreta do Rodrigo Ribeiro, que só entrou aos 66'.
Má prestação do Diogo Pinto, em estreia no torneio como guarda-redes. Por culpa sua, num frango anedótico, a selecção de Malta marcou aos 72', empatando então o jogo, que viria a ser desbloqueado três minutos depois, com a equipa das quinas a fixar o justo triunfo final. Que só pecou por escasso.
Aproveito para perguntar aos leitores do És a Nossa Fé: gostariam ou não de ver Gonçalo Esteves integrar o plantel principal do Sporting na época 2023/2024?
{ Blogue fundado em 2012. }
Subscrever por e-mail
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.