Vamos no quinto treinador da era Varandas, provavelmente a caminho do sexto, e o futebol leonino continua mergulhado na apagada e vil tristeza que sabemos.
Goleados na Supertaça pelo velho rival, eliminados da Taça de Portugal por um clube do terceiro escalão, praticamente excluídos da Taça da Liga, sem a menor hipótese de sonharmos sequer com a conquista do campeonato.
Os técnicos sucedem-se, mas nada melhora. Apesar disso, o director do futebol profissional do Sporting mantém-se no cargo como se nada fosse. Mas ninguém se ilude: ele tem pesadas responsabilidades na péssima organização da pré-temporada, na porta giratória em que se transformou o clube na recta final do período de inscrição de jogadores e na saída de grandes valores futebolísticos (Nani, Domingos Duarte, Matheus, Bas Dost, Raphinha) entretanto substituídos por gente sem categoria para representanter o nosso emblema.
Chegou a hora de Hugo Viana se sacrificar pelo Sporting, apresentando a demissão com carácter irrevogável. As árvores julgam-se pelos frutos: não é possível continuarmos com este director desportivo que se mostra incapaz de levar a bom porto a missão de que foi encarregado.
ADENDA: Alguns leitores/comentadores apareceram aqui a defender Hugo Viana. Defendem o indefensável. Bastaria o clamoroso erro da não-inscrição de Pedro Mendes - melhor marcador da Liga Revelação - nas competições internas da equipa principal para ditar a porta de saída ao ainda director do futebol profissional do Sporting.
Do nosso maior período de jejum sem conquistar o troféu máximo do futebol português. E da pior classificação de sempre do Sporting num campeonato nacional.
Goleados pelo Benfica na Supertaça. Com metade dos pontos de uma equipa recém-promovida à Primeira Liga e seis jogadores na miserável partida de ontem a fazerem só agora a pré-época. Rumo ao terceiro treinador à sexta jornada.
Ontem, em Alvalade, voltámos a ver o triste onze do Sporting que já tínhamos visto na final da supertaça no Algarve. No meu caso, in loco ambas as vezes.
Voltámos a ver a final da Taça contra o Aves, há dois anos. Ou, mesmo antes disso, o jogo na Madeira contra o Marítimo, onde perdemos o acesso à Champions - depois de termos perdido o campeonato, e que deu no que deu.
Foi o triste onze do jogo com o Rio Ave há três semanas.
E suspeito que voltaremos a vê-lo em breve, mesmo com novo treinador (algo inevitável depois de ontem).
O capitão, Coates (sim, era ele quem usava a braçadeira de Stromp, Damas, Travassos) é bem o espelho dessa equipa desgarrada, sem brio, medrosa. Que desorganiza à primeira contrariedade. Que nos envergonha a todos. Uma equipa de jogadores com salários de milhões, que vestem uma camisola de campeão com o mesmo brio que se veste uma t-shirt da Zara.
Sem Bruno Fernandes, este é apenas um grupo que tem medo da própria sombra.
Um onze sem objectivos, que joga vagamente para tentar não fazer má figura. Em cujo dicionário não consta a palavra campeão.
Mais do que culpar este ou aquele, acho que devíamos todos começar por essa palavra - campeão. Quem, naquele balneário, quer ser campeão? Além de Bruno Fernandes, há alguém ali com qualidade e vontade para tal? Suspeito que não. E onde podemos ir buscar campeões? Aos juniores? Aos sub-23? A outras equipas?
É que eu consigo pensar num onze de campeões com alguns jogadores deste plantel e outros da formação.
Sem cultura de campeão não se fazem campeões. Fazem-se onzes que dão uns toques na bola, umas vezes melhor, outras pior.
E, como já aqui disse, impressionou-me sobretudo na entrevista de Frederico Varandas há semanas o facto de não se ter falado da conquista do campeonato. Muita justificação, muito olhar para dentro, muito falar contra os "esqueletos", e nada sobre fazer do Sporting campeão.
Será que a direcção pensa que os sportinguistas se satisfazem com taças e Liga Europa? Que o nosso lugar é entre dois grandes e os outros todos? Um eterno terceiro?
Tão ladrão é o que rouba a horta como o que fica à porta. Cúmplices de um crime, e possíveis instigadores de outros, são aqueles grunhos que, de cachecol encarnado ao pescoço, imitam o som de very lights enquanto uivam cânticos rascas sobre "lagartos assados" no Jamor.
Que o Papa Francisco lhes perdoe. Eu não sou capaz.