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És a nossa Fé!

Desaire após desaire após desaire

Sporting, 1 - FC Porto, 2

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Paulinho: nulidade contra o FC Porto no clássico de Alvalade

Foto: António Pedro Santos / Lusa

 

Não adianta iludir os factos, nem desviar a conversa nem arranjar focos de distracção em óbvia estratégia de contenção de danos: o Sporting está numa das suas piores épocas de sempre. Afastado da Taça de Portugal, logo ao primeiro embate, por uma equipa do terceiro escalão. Taça da Liga perdida contra o FC Porto. Título de campeão tornado inalcançável ainda antes de termos chegado ao fim da primeira volta. E agora, com enorme probabilidade, dissemos adeus à hipótese, que já era remota, de atingirmos um lugar de acesso directo à próxima Liga dos Campeões.

Até o terceiro posto na Liga está cada vez distante.

Só podemos queixar-nos de nós próprios. Nem da conjunção astral, nem de árbitros, nem de jornalistas ou comentadores, nem da vasta conspiração global contra as nossas cores. Tenham lá paciência: a culpa é toda nossa.

 

Voltou a acontecer no confronto de anteontem, quando recebemos o FC Porto. Queríamos vingar a pesada derrota no Dragão, por 0-3, ocorrida no início da primeira volta. Não só tal desígnio ficou por alcançar como voltámos a sair derrotados, desta vez em nossa casa, com quase 40 mil espectadores nas bancadas. Quase nenhum aguentou até ao fim: houve debandada geral antes do apito derradeiro, tão grande era a frustração. Cada vez é mais notório o divórcio entre a massa adepta e a equipa - incluindo a equipa técnica, liderada por Rúben Amorim.

E no entanto o jogo nem começou mal para nós. Fomos superiores na primeira parte, em que criámos quatro oportunidades de golo - duas por Edwards, uma por Chermiti, outra desperdiçada por Trincão frente ao guarda-redes. Diogo Costa, na defesa da noite, impediu em voo entre os postes que o nosso craque inglês marcasse um soberbo golo de livre directo. 

Ponto mais positivo? A inclusão de Chermiti: aos 18 anos começa a dar nas vistas. Voltou a marcar, pelo segundo jogo seguido: leva dois golos e uma assistência em apenas três partidas. Se outros fossem como ele, não andávamos tão mal.

Aposta ganha, aqui sim: foi o melhor dos nossos. Nota positiva também para o lateral direito Bellerín e o central Diomande, os mais recentes reforços. Ambos estreantes em Alvalade, o primeiro já como titular.

 

Mas foi só. Como tantas vezes tem acontecido, a equipa regressou irreconhecível do intervalo. Cedeu terreno, caiu estrondosamente em termos anímicos, foi vítima da desarrumação táctica imposta pelo treinador. Amorim teima em pôr o nosso homem-golo, Pedro Gonçalves, na linha média. Insiste com Gonçalo Inácio para jogar de pés trocados. Tão depressa deixa Fatawu fora da convocatória como o chama para titular contra o campeão nacional - numa espécie de alucinada montanha russa cujo fim mal se descortina.

Tomou decisões ainda mais incompreensíveis na partida de anteontem, chamando sucessivamente três jogadores para ocuparem o lugar deixado vago por Pedro Porro, agora na Premier League: um deles, Esgaio, entrou e não tardou a sair, sem que se percebesse porquê. A inclusão de Trincão no onze roçou o absurdo, sobretudo porque se apressou a retirá-lo também: parece que o jogador se queixava de "amigladite". E a troca deste por um Paulinho incapaz de cumprir os mínimos deixou-nos em definitivo só com dez em campo. Ao ponto de nos interrogarmos por que raio o departamento jurídico leonino interpôs uma providência cautelar para adiar o terceiro jogo de castigo do ex-Braga. Mais valia terem ficado quietos.

 

Ponto da situação à 20.ª jornada, agora cumprida? Péssimo para nós.

Levamos 33 pontos de atraso face aos três da frente, distribuídos desta forma: menos 15 do que o Benfica, menos dez do que o FC Porto e menos oito do que o Braga. Consequência de seis derrotas até ao momento na Liga. Onze no total da época.

Quase pior que isto, continuamos incapazes de vencer a turma portista: quinta derrota consecutiva frente aos comandados por Sérgio Conceição. Só na época em curso, esta foi a terceira. Balanço muito negativo: sete golos sofridos, apenas um marcado.

Houve quem estranhasse a debandada final, quando perdíamos por 0-2 e Chermiti ainda não tinha conseguido reduzir, confirmando ser o nosso melhor em campo. Estranho seria se essa debandada não acontecesse. É um sinal, pelo menos, de que ainda existe capacidade de reacção neste clube.

Se não acontece no relvado, ao menos que suceda fora dele. Como foi o caso.

 

Breve análise dos jogadores:

Adán - Sofreu dois golos, sem responsabilidade directa. Bons reflexos numa dupla defesa aos 9'. Fabuloso passe-assistência isolando Edwards aos 28'. Merecia ter sido golo.

Gonçalo Inácio - Alterna o bom com o sofrível. Desta vez pouco lhe correu bem. Deixou-se driblar no primeiro golo do FCP e falhou o confronto aéreo no segundo (90'+5). A vê-las passar.

Coates - O capitão, talvez por fadiga física acumulada, atravessa um momento de menor inspiração. Com reflexos mais lentos e escassa capacidade de comando. Demasiado discreto.

Matheus Reis - O mais inspirado dos três centrais - melhor no passe e na ousadia ofensiva. Excelente cruzamento aos 20', fechou bem aos 41', corte oportuno aos 47'. 

Bellerín - Deu boas indicações no corredor direito, embora não faça esquecer Porro. Arriscou pouco, mas quando o fez esteve seguro. Aos 23' ofereceu golo que Trincão desperdiçou.

Ugarte - Estancou grande parte do fluxo ofensivo portista no primeiro tempo, mesmo sem ter Morita a seu lado. Infeliz ao passar inadvertidamente a bola a Uribe no primeiro golo (60').

Pedro Gonçalves - Voltou a ser vítima da teimosa opção do treinador em fazê-lo recuar no terreno, retirando-o da linha de fogo. Isso teve reflexos no nosso jogo colectivo.

Fatawu - Aposta como titular, em vez de Nuno Santos, como ala esquerdo. Conseguiu causar desequilíbrios lá na frente, junto à linha, mas foi menos competente a defender.

Edwards - Protagonizou alguns dos melhores momentos do jogo. Fez a bola rasar o poste, assistiu Chermiti (41'), quase marcou de livre directo (45'+1), voltou a servir Chermiti (87').

Trincão - Parece um corpo estranho nesta equipa. Apático, triste, desinteressado, sem intensidade competitiva. Teve o golo nos pés (23'), mas optou por um passe ao guarda-redes.

Chermiti - O novo herói leonino. Marcou no fim (90'+7). Justa recompensa pelo seu labor na área portista. No primeiro tempo, Zaidu travou-lhe o golo. Aos 90' meteu-a lá dentro, mas fora-de-jogo. À terceira conseguiu.

Paulinho - Substituiu Trincão logo aos 34'. Mudança inútil: nada fez. Nem um remate, nem um passe a rasgar, nem uma desmarcação que ficasse na retina. Parecia estar a ver o jogo.

Nuno Santos - Actuou em toda a segunda parte, rendendo Fatawu. Anda longe da melhor forma, como ficou evidente neste clássico. Quase sempre incapaz de criar desequilíbrios.

Esgaio - Ninguém percebeu, provavelmente ele também não. Quase não chegou a suar a camisola: substituiu Bellerín aos 55', Amorim deu-lhe ordem de saída aos 71'. Entrou para quê?

Arthur - Desta vez à direita, foi ele a substituir Esgaio. A tempo de se mostrar um dos nossos melhores. Assistiu Chermiti no golo com um belo passe de ruptura. Merece aposta mais consistente.

Diomande - Substituiu Matheus Reis aos 71', ocupando a posição de central à direita. Com boa estampa física, revela capacidade técnica e robustez anímica.

Rescaldo do jogo de ontem

Não gostei

 

De mais uma derrota. Já sofremos onze nesta temporada, para várias competições. Mas esta doeu de modo muito especial: perdemos (1-2) em casa, contra o FC Porto. Pela terceira vez na época em curso. Após a derrota no Dragão, na primeira volta (0-3), e a final da Taça da Liga perdida em Leiria (0-2). Balanço vergonhoso: sete golos sofridos nestas três partidas, apenas um marcado.

 

Da segunda parte. Após o intervalo, em que se mantinha o empate a zero, a nossa equipa regressou irreconhecível do balneário. Alguns jogadores pareciam arrastar-se em campo, outros mal cumpriam os mínimos. Até alguns a quem é impossível negar competência falharam de modo inaceitável. Ugarte, num corte defeituoso, acabou por "assistir" Uribe no golo inicial dos portistas. Gonçalo Inácio, estranhamente passivo, tem culpas em qualquer dos golos - o segundo surgiu por Pepê aos 90'+5, num contra-ataque rápido. E só registámos um remate entre os 46' e os 90'. 

 

Das substituições. Inexplicável, a forma como Rúben Amorim foi mexendo na equipa. Em vez de a melhorar globalmente, conseguiu embrulhar ainda mais o nosso jogo. As trocas de Trincão por Paulinho (34'), Fatawu por Nuno Santos (46'), Bellérin por Esgaio (55'), Esgaio por Arthur (71') e Matheus Reis por Diomande (71') transmitiram uma sensação de improviso com um toque de caótico. Só alas direitos, tivemos três: Bellerín, Esgaio e Arthur. A equipa melhorou? Nem por isso. Como o resultado confirma.

 

De Trincão. Custa entender por que motivo este jogador - que peca por notória falta de intensidade - foi aposta do treinador para integrar o onze titular num clássico de alta voltagem. Grosseiro erro de avaliação que se tornou ainda mais evidente quando, após primoroso cruzamento de Bellérin, o ex-Braga, em zona frontal na área, correspondeu com um autêntico passe ao guarda-redes. A cada jornada vai perdendo oportunidades de mostrar que merece integrar a equipa principal do Sporting. 

 

De Paulinho. Foi o substituto ideal de Trincão - no sentido em que exibiu tanta mediocridade como o colega. Nem um remate à baliza, nem uma tentativa de aproximação ao golo, nem um esboço de assistência. Deu nas vistas só numa ocasião: ao sentir um toque no peito caiu ao chão agarrado à cara, confirmando ter pouca vocação para o teatro. Passou por completo ao lado do jogo. Sem surpresa.

 

De Esgaio. Substituiu o espanhol Bellerín, que estava a cumprir no essencial. Com ele em campo, voltámos a sentir o problema do costume: falta de criatividade ofensiva, nem um passe de ruptura, desposicionamento em manobra defensiva forçando o central direito a acorrer às dobras. O lance do golo inicial do FCP começa com um mau alívio seu. Permaneceu só 16' em campo. No final, o treinador pediu-lhe publicamente desculpa, algo que faz pouco ou nenhum sentido.

 

Das quatro oportunidades de golo perdidas na primeira parte. Pressionámos bem, criámos desequilíbrios, encostámos a equipa adversária ao seu reduto defensivo. Mas, como quase sempre, pecámos na finalização. Edwards a rasar o poste, Trincão anulando o remate, Chermiti em posição frontal permitindo o corte de Marcano e novamente Edwards, na conversão dum livre directo, vendo-lhe o golo ser negado num voo espectacular de Diogo Costa. Não se pode desperdiçar tanto. 

 

De termos dito adeus à entrada directa na Liga dos Campeões. Tarefa quase impossível, agora com o Benfica 15 pontos à nossa frente e o FC Porto 10 pontos acima de nós. E atenção ao Braga, que já segue com mais 8 pontos, tornando até muito difícil a nossa presença no play off da liga milionária. Convém entretanto reparar no Vitória, agora só com menos cinco pontos. O quarto lugar na Liga 2022/2023 está longe de garantido.

 

Da debandada geral no estádio. Mal o FCP marcou o segundo, milhares de adeptos levantaram-se de imediato, encaminhando-se para as portas de saída. Não foi bonito, mas é compreensível. Já tinham sofrido imenso, não sobrava paciência para mais.

 

 

Gostei

 

De Chermiti. O melhor dos nossos. Com apenas 18 anos, marcou o solitário golo leonino - estavam decorridos 90'+7, correspondendo da melhor maneira ao único cruzamento bem medido de Arthur. Já tinha sido dele a única oportunidade de golo do Sporting no tempo regulamentar da segunda parte (87') e chegou até a metê-la lá dentro pouco depois (90'), embora em fora-de-jogo. O mais novo e provavelmente menos bem pago do plantel, neste seu terceiro jogo no campeonato, mostrou a Paulinho, um dos mais experientes e bem pagos, como deve funcionar um avançado. Merecia um desfecho diferente.

 

De Fatawu. Outro jogador com idade de júnior. Lançado como ala esquerdo titular, após nem ter sido convocado para a partida anterior, deu boa conta do recado: veloz, acutilante, desequilibrador. Enfrentou com sucesso João Mário no seu corredor. Ficou por esclarecer por que motivo ficou no balneário ao intervalo, dando lugar ao apagado Nuno Santos. Será convocado para o próximo jogo ou volta a ser remetido para a equipa B, já impossibilitada de subir à Liga 2?

 

De Bellerín. À segunda, estreou-se a titular. Como lateral direito. Não ousou grande incursões no seu corredor, pois tinha o veloz Galeno pela frente. Mas cumpriu no essencial. Corte exemplar, precisamente num lance protagonizado pelo ex-Braga, aos 48'. Deu nas vistas numa acção ofensiva em que fez o mais difícil, oferecendo de bandeja um golo a Trincão, que por sua vez desperdiçou o mais fácil: metê-la lá dentro.

 

De ter havido 39.520 espectadores em Alvalade. Prova de confiança dos adeptos na equipa inteiramente defraudada pela péssima exibição da segunda parte e pela derrota contra a equipa dirigida por Sérgio Conceição. Há cinco jogos consecutivos que não conseguimos vencê-la.

Está tudo bem

Quando tudo acaba bem.

Vejamos: O Porto ganhou, bom para eles que não deixam fugir o Benfica, pelo menos nesta jornada;

O árbitro afinal não se portou tão mal como se temia;

O Sporting ganhou um ponta-de-lança e por fim, mas não menos importante,

Ninguém se aleijou...

 

Fui a primeira vez a Alvalade de forma autónoma (i.e. sem acompanhante adulto) aos 16 anos. Vou para 63, portanto há 46/47 anos que vou a Alvalade regularmente, nunca fiz um pleno de época é certo, mas tenho ido com muita regularidade, tenho GB, etc. e hoje, ao fim destes anos todos, foi a primeira vez que saí do estádio antes do jogo terminar. E sem muita vontade de lá voltar nos tempos mais próximos. E como eu, milhares dos que nunca regateiam o seu apoio com a presença faça chuva, vento, sol ou todos juntos.

O Pedro Correia já definiu o jogo de hoje e tudo à sua volta como medíocre. Eu acrescento que corremos o risco de chegarmos ao mau muito rapidamente, porque segundo Ruben Amorim, não vai mudar nada enquanto cá estiver.

É minha convicção que esta pobreza franciscana ainda agora começou e que se não se meter um travão nisto, o Braga passa-nos definitivamente à frente e o Vitória está a criar estrutura para nos deixar também para trás.

Se quem dirige isto pensa que as camisolas ganham jogos e títulos está muito enganado, portanto ou mudam o disco, ou tocando o mesmo estamos feitos. Por enquanto só deixamos de ganhar títulos, continuando por este caminho, a médio prazo, corremos o risco de deixar de ter clube, mas eles é que sabem, de futebol percebem eles.

Ainda a final: as substituições de Amorim

 

Analisemos, uma por uma, as substituições desta final da Taça da Liga ingloriamente perdida para o FC Porto. 

Para avaliarmos até que ponto há (ou não) qualidade no nosso banco.

 

Nuno Santos por Fatawu (55') - É verdade que o Nuno esteve longe das suas melhores exibições, muito apagado nesta final. Mas o miúdo ganês, quase sem rodagem na equipa principal e de quem ainda há pouco se dizia que seria emprestado a outro clube, limitou-se a um fogacho ou outro, como seria de esperar. 

 

Edwards por Trincão (80') - Alguém viu o ex-Braga em campo? Eu não. Excepto num rematezinho de cabeça aos 90'+4. Bem longe do alvo, sem surpresa para ninguém. Falta de intensidade parece ser uma das características principais deste jogador.

 

Coates por St. Juste (80') - O holandês foi o maior responsável pela nossa passividade defensiva no golo de Marcano, que arrumou a final aos 86': o espanhol movimentou-se à vontade e atirou como quis para o lado que lhe deu mais jeito.

 

Morita por Tanlongo (84'): Incomparáveis. Começa mal, o recém-chegado argentino, no capítulo disciplinar. Esteve para Otávio como Wendell para Pedro Gonçalves: mereceu ir tomar duche mais cedo com vermelho directo. Teve sorte porque nem o árbitro nem o vídeo-árbitro repararam neste lance também.

 

Ugarte por Arthur (84'): O brasileiro que veio do Estoril vai-se revelando decepcionante jogo após jogo. Ao ponto de já não faltar quem se questione se é mesmo reforço.

Quente & frio

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Marcano acaba de marcar o segundo, aos 86', selando o resultado: Sporting perdeu final

Foto: Paulo Novais / Lusa

 

Gostei muito da exibição global do Sporting na primeira parte desta final da Taça da Liga disputada em Leiria com o FC Porto. Superioridade no terreno, aliás traduzida em número de remates: oito, contra apenas um da equipa adversária. Neste período tivemos duas bolas aos ferros (Porro mandou um petardo à trave, a mais de 30 metros de distãncia, Pedro Gonçalves viu uma bola desviar-se para o poste e um passe soberbo a isolar Edwards aos 13' dar golo, infelizmente anulado por deslocação de 41 cm). Partida disputada taco a taco até à expulsão de Paulinho, aos 71'. Mesmo com um a menos na meia hora final, o jogo terminou com superioridade leonina em remates: 11-4. Infelizmente, superioridade que não se traduziu no resultado: 0-2. Final perdida, após três vencidas - uma com Marcel Keizer, duas com Rúben Amorim. Pior: até agora, nesta época, fomos incapazes de marcar ao FCP. Balanço destes confrontos: dois jogos, duas derrotas, cinco golos sofridos. Nem um golito conseguimos marcar-lhes nesta que está a ser a nossa segunda mais negativa temporada de sempre.

 

Gostei das exibições de Pedro Gonçalves, já salientado, e de Edwards. Fizeram pressão alta, ganharam diversos lances individuais e revelaram boa reacção à perda de bola. Mas o nosso melhor, sem sombra de dúvida, foi Pedro Porro. Precisamente no dia em que se despediu dos adeptos, como ficou bem evidente na sua reacção emotiva junto da bancada no fim desta partida. Jogou e fez jogar, sempre em rendimento máximo. No primeiro tempo imperou no seu corredor, neutralizando Wendell. Grandes passes longos, infelizmente desaproveitados, para Nuno Santos (28') e Morita (31'). O petardo à barra foi dele (36'). Tentou novamente o golo num remate rasteiro que Cláudio Ramos só à segunda defendeu (47'). O melhor em campo. Infelizmente, na despedida.

 

Gostei pouco do desempenho de alguns dos nossos jogadores, que revelaram défice de inteligência emocional. Com destaque para Adán, um dos protagonistas - pela negativa - desta final perdida. Monumental frango logo aos 10', vendo a bola rematada à distância por Eustáquio escapar-lhe entre as luvas - a fazer lembrar aquela tarde negra em Marselha para a Liga dos Campeões. Também para Paulinho: após falhar o golo da praxe, aos 42', viu dois amarelos em oito minutos (63' por falta táctica e 71' por conduta antidesportiva ao acertar com um cotovelo na cara de Otávio quando conduzia a bola), levando-nos a ficar reduzidos a dez e pondo o campo inclinado em definitivo para o FCP. E ainda para Matheus Reis, que chegu a encostar o nariz à cara do árbitro aos 90'+6, totalmente descontrolado: viu só amarelo quando podia ter visto vermelho directo. Fala-se muito dos jovens, mas foram alguns dos jogadores mais experientes a enterrar a equipa nesta final. 

 

Não gostei da arbitragem de João Pinheiro, confirmando a sua inaptidão para esta tarefa e demonstrando por que motivo não houve apitadores portugueses no recente Mundial do Catar. Disparidade clara no critério disciplinar: poupou cartões a Pepê por tentativa grosseira de simulação de penálti e a João Mário por travar ataque prometedor a Fatawu, que lhe fez um túnel (65'). Poupou Wendell à expulsão (67') após o portista esmurrar Pedro Gonçalves no peito - sendo aqui a falha imputável sobretudo ao vídeo-árbitro, Tiago Martins. É certo que podia ter feito o mesmo ao  imprudente Tanlongo, que teve o mesmo gesto contra Otávio à beira do fim, mas aí o jogo já estava definitivamente estragado por acção e omissão do árbitro.

 

Não gostei nada de comprovar que as substituições feitas por Rúben Amorim não acrescentaram qualidade à equipa: é um problema estrutural, existente desde o primeiro dia desta triste temporada 2022/2023. Nem do clamoroso falhanço colectivo da nossa defesa que levou Marcano, central portista, a sentenciar a partida aos 86' isolado perante Adán. Gostei ainda menos de ver uma larga franja de membros da Juventude Leonina, uma vez mais, transformar o incentivo à equipa em berraria rasca contra a turma adversária gritando «O Porto é merda!» Comportamento indigno de um clube com as tradições e os pergaminhos do Sporting que acaba por dar moral à equipa que enfrentamos. Muito pior foi o arremesso de tochas, a partir dos 55', vindas do sector do estádio onde se concentravam esses elementos - em direcção ao nosso banco de suplentes, ainda por cima. Esta gente está a mais no futebol. Esta gente afugenta o cidadão comum dos estádios. Esta gente, que no final também queimou cadeiras, devia experimentar, na pele, as novas medidas punitivas para quem usa material pirotécnico em recintos desportivos: prisão até cinco anos ou multa até 600 dias

Tremem todos

Temos de reforçar a robustez mental

Quando tudo parecia voltar a correr-nos bem, eis-nos a derrapar de novo. Aconteceu o que poucos imaginavam: fomos derrotados no Funchal pela equipa que apresenta a segunda pior defesa do campeonato e que até agora ainda não tinha conseguido vencer em casa.

Foi mau? Não: foi péssimo.

Por ser revelador de uma tendência que eu gostaria de ver banida para sempre do Sporting. É um problema cultural, de mentalidade, de matriz clubística. Já nos sucedeu inúmeras vezes no passado. 

Quando a nossa equipa está prestes a atingir um patamar superior, claudica. Parece que tremem todos. 

Passamos o tempo a falar dos outros e a queixar-nos de quase tudo em vez de reforçarmos a atitude mental. Para superar este bloqueio psicológico que nos leva a falhar em tantos momentos cruciais, perante grandes e pequenos obstáculos.

Não é de agora, é de quase sempre. Mudar isto, adquirindo verdadeira robustez mental, seria a revolução que se impunha em Alvalade. Começo a duvidar se alguma vez acontecerá.

Teorias da Respiração

O Sporting perdeu com o Marítimo (ontem, 1-0), o Arouca, o Boavista, o Chaves e o FCP. Tem cinco derrotas em 15 jogos, o que não é aceitável e não augura nada de bom para o chamado "Projeto" que Frederico Varandas diz ter com a permanência de Rúben Amorim em Alvalade. E se o Sporting ficar fora da Champions? E se o Sporting for ultrapassado no quarto lugar?

 

Nada disto é impossível e o incrível é que o clube não se tenha reforçado, até ao momento, neste mercado de Inverno (que encerra a 31 de janeiro), para além da contratação a custo zero do médio defensivo argentino Tanlongo. Faltam avançados, e desde logo um ponta-de-lança alternativo a Paulinho, faltam alternativas para as laterais, para o miolo, para o eixo da defesa. Falta muita coisa.

 

Mas mesmo assim, faltando tanta coisa, não se percebe a opção de ontem por Arthur Gomes de início e as entradas de Jovane e de Rochinha quando estamos a perder e temos que dar a volta. Nuno Santos podia levar um amarelo e ficar fora do derby na Luz? Podia. Mas também Coates estava nessa situação e jogou. Jovane e Rochinha eram as únicas opções válidas? Não: Rodrigo Ribeiro viajou para a Madeira mas ficou fora da ficha de jogo. Sotiris foi contratado porquê? Não joga e nunca é opção prioritária, mesmo quando claramente Mateus Fernandes não tem ainda a intensidade necessária para 90 minutos de futebol da Primeira Liga e o grego era titular ou suplente utilizado num clube de topo na Grécia (e não em Chipre ou no Cazaquistão). Tal como Essugo cometeu antes um erro ao ser expulso por uma entrada violenta, ontem foi a vez deste Mateus fazer asneira ao cometer penálti numa altura crucial do jogo em que até já podíamos estar a ganhar se o árbitro tivesse visto o que todos vimos na falta sobre Pedro Porro.

 

Entrámos no jogo com medo, com a lateral esquerda desprevenida e sem soluções no banco, o que já vem sendo habitual. Mas, apesar disso, podíamos e devíamos ter feito muito melhor. Há jogadores que claramente não têm categoria para jogar neste clube, temos que assumir isso e promover mudanças. É preciso investimento, é preciso estratégia, são necessárias ideias novas. A aposta em Amorim não pode ser um fim em si mesmo. O Sporting Clube de Portugal está para além desta direção, destes dirigentes e colaboradores, deste treinador e até deste plantel sofrível. O SCP quer-se eterno, duradouro, intransponível. Para que isso seja possível não basta termos um clube "bonitinho", que faz umas vendas aqui e ali, que tem um estádio todo pintado de verde por dentro e agora um bom relvado, que tem uma direção que percebe de umas coisas (de outras nem por isso), etc, etc. É preciso mais. Ambição, arrojo e uma certa vertigem de risco positiva. Não acredito em teorias da conspiração, mas sei que o jogo de ontem era crucial para que esta época não fosse um desastre completo. Vai ser, pronto. Agora é preciso respirar fundo, pensar nos prós e nos contras de começar a mudar tudo em janeiro. Falta quase o mês todo. Se for no Verão é mais seguro, embora tarde de mais. O clube precisa de saúde financeira, pode ter que vender jogadores (Porro e Edwards), mas tem de começar a preparar a viragem decisiva. Sem resultados e sem troféus, nada faz sentido. O clube foi feito para vingar e não para estar "estacionado" à mercê seja de que interesses forem.

Viva o Sporting Clube de Portugal, sempre!

Porta-aviões ao fundo?

Posso estar muito enganado (oxalá esteja), mas apesar de faltar ainda muito campeonato, ontem hipotecámos algo em que muitos de nós ainda acreditávamos, que seria possível aceder à liga milionária.

Perdemos mais uma vez por culpa do treinador, que errou claramente ao abandonar a sua máxima de "jogo a jogo", para jogar dois jogos num. Como era de prever correu mal e perdendo ontem um, pode perder o próximo também e ficará a 15 pontos do líder, a 9 do Braga e a 8 do Porto (se estes vencerem, claro), valendo-nos de pouco vencer um e outro nos jogos que temos em casa com as duas equipas e com o Casa Pia à espreita. Ou seja, com um tropeção maior até a Liga Europa poderá estar em causa.

A culpa foi claramente do treinador, repito, mas não só. É também de quem não lhe dá o que precisa.

Eu até sou paciente, se me disserem claramente que isto vai ser uma travessia no deserto por um, dois ou três anos, que iremos formar jovens para ter uma equipa competitiva e de qualidade, eu alinho! Não me venham é com a pantominice de que lutamos por todos os títulos, se temos uma equipa recheada de nulidades e continuamos a comprar carradas de jogadores para lugares mais que preenchidos e para onde são precisos não se investe. As dinâmicas, de vitória ou derrota, criam-se facilmente; Basta que quem dirige o demonstre e ao desinvestir na equipa, a direcção e o seu presidente, o primeiro responsável, dão um sinal claro de que a dinâmica não é de vitória. Já alguém dizia, uma antiga Madre do Convento de Odivelas provavelmente, que sem ovos não se fazem barrigas de freira e o desinvestimento vai criando rotinas que nos vão afastando cada vez mais dos lugares de decisão de títulos e retirando-nos a importância que temos e que é cada vez menor. Pode haver um brilharete quando os astros todos se alinham, mas isso é cada vez mais raro e confiar na divina providência é ainda pior que confiar nos astros.

Sou claramente favoravel a um clube/SAD com contas certas e admito não ganhar nada durante todo o tempo que for preciso para que elas se acertem, mas gastar carradas de dinheiro em jogadores que não entrariam no plantel do Marítimo (com todo o respeito) e encher algumas posições com uma camioneta de jogadores e esquecer-se daquelas onde eles são precisos, roça a gestão danosa.

Fomos claramente roubados, é verdade. Há um penalti claro sobre Porro que poderia dar outro desfecho a este jogo, mas sendo honestos, seria uma injustiça para a equipa que melhor jogou, que nos dominou toda a primeira parte, que foi do mais deplorável a que assistimos (eu ouvi, já que vinha em viagem de Tomar para casa e ia ouvindo na Antena1 e o relato dava-me mais nervos que a chuva intensa que me acompanhou todo o caminho e me obrigou a fazê-lo quase a passo).

Custa-me dizer isto, mas resta-nos ganhar o campeonato da segunda circular (há que não ter medo de dizer isto), tentar a taça da carica e não perder por muitos com um Barcelona qualquer na Liga Europa.

Criticamos aqui, com razão, as vigarices de lampiões e andrades, mas esquecemo-nos de enaltecer o seu arreganho nas horas menos boas; Nas derrotas cerram os dentes, ficam aziados e demonstram-no e ai de quem os defrontar no jogo seguinte que sabe que vai levar com a azia toda em cima. Connosco uma derrota é mais um dia no escritório e como não vi o jogo não sei se o jogador escolhido para a entrevista rápida não terá empregado aquela frase mítica "agora há que levantar a cabeça e pensar no próximo jogo", que define o grau de ambição de um grupo.

Em resumo: Esteve mal Amorim, que foi comido de cebolada pelo treinador do Marítimo e jogou a pensar no próximo jogo, contrariando-se a si próprio; Anda mal a direcção que tarda em reforçar a equipa com as peças de que realmente precisa; Esteve mal o árbitro que deixou por assinalar um penalti claro a nosso favor e estiveram mal os jogadores que após uma semana de descanso deram a sensação de que comeram demasiado bolo-rei.

Enfim, se não fosse assim, nem seria o Sporting...

O quadro geral

1) Este jogo começou a ser decidido na pré-época quando a saída de Palhinha, M. Nunes e Tabata é compensada apenas com Morita e um Sotiris que há-de vir a ser, mas não é. Resultado: no primeiro jogo de Janeiro o Sporting tem que alinhar com um rapaz inexperiente e sem rotinas - estavam à espera do quê?

2) Jovane é uma inexistência. Empandeirá-lo por 5 tostões agora em Janeiro era um acto de boa gestão (até Amorim se riu de nervos com aquele canto...)

3) Resumo da jornada: o SLB ganha 1-0 com um penalti manhoso. O FCP consegue empatar graças à expulsão manhosa de um casapiano. O Sporting leva com um árbitro da Ass. de Lisboa (de certeza adepto do Oriental) e perde com um penalti manhoso. É preciso fazer um desenho?

2021 em balanço (7)

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DERROTA DO ANO: 1-4 CONTRA O MARSELHA EM FRANÇA

Esta foi uma derrota em duas etapas - e, por isso, ainda custou mais. Na Liga dos Campeões, fizemos o mais difícil: após uma vitória brilhante e categórica (0-3) contra o Eintracht em Franfkurt e um triunfo sem discussão (2-0) frente ao Tottenham em Alvalade, tropeçámos perante o adversário que parecia mais fácil. Não uma vez, mas duas. Primeiro lá, depois cá. O Marselha foi a nossa bête noire: a 4 de Outubro, fomos torpeados pela turma francesa (4-1) numa tarde catastrófica, com Adán a naufragar em toda a linha; a 12 de Outubro, caímos em nossa casa, batidos 0-2 pela mesma equipa.

Antes desta ronda, liderávamos o nosso grupo. Depois, caímos para o terceiro lugar. Estivemos a um passo de abandonar a prova milionária: acabámos por aguentar in extremis, após um honroso empate (1-1) em Londres, e voltámos a claudicar no nosso estádio, desta vez contra o Eintracht (1-2) Lá nos safámos, em repescagem para o play off da Champions, mercê de um golo inglês marcado no último dos sete minutos extra do Marselha-Tottenham. 

A estrelinha de Rúben Amorim funcionou nesse instante decisivo. Mas não apagou a nossa humilhante derrota em Marselha, personificada em Adán. Foi dele a "assistência" directa para o golo de Alexis Sánchez (13'), uma entrega de bola em zona proibida de que resultou o segundo do Marselha (16') e uma absurda saída dos postes tocando a bola com a mão fora da grande área que lhe valeu o vermelho (23'). Enterrou a equipa nestes dez minutos fatais, forçando a saída de Edwards - que estava a ter bom desempenho num desafio que até começámos a ganhar - e a súbita estreia de Israel, no pior contexto possível.

Na ronda seguinte, no nosso estádio, continuámos a naufragar. Com nova derrota frente ao mesmo adversário e uma exibição desastrosa do onze leonino perante um Marselha que há nove anos não marcava fora na Liga dos Campeões. Foi jogo de sentido único, com o Sporting remetido aos primeiros 30 metros, sem passar dali. Esgaio e Pedro Gonçalves expulsos, Coates a lesionar-se.

Com estas duas derrotas consecutivas na Liga dos Campeões desperdiçámos o acesso a cerca de 5,6 milhões de euros. E sofremos danos reputacionais inaceitáveis. Para esquecer. Ou para lembrar.

 

Derrota do ano em 2012: final da Taça de Portugal (20 de Maio)

Derrota do ano em 2013: 0-1 em casa contra o Paços de Ferreira (5 de Janeiro)

Derrota do ano em 2014: 3-4 contra o Schalke 04 em Gelsenkirchen (21 de Outubro)

Derrota do ano em 2015: 1-3 contra o CSKA em Moscovo (26 de Agosto)

Derrota do ano em 2016: 0-1 contra o Benfica em casa (5 de Março)

Derrota do ano em 2017: 1-3 contra o Belenenses em casa (7 de Maio)

Derrota do ano em 2018: final da Taça de Portugal (20 de Maio)

           Derrota do ano em 2019: Supertaça (4 de Agosto)

Derrota do ano em 2020: 1-4 contra o Lask Linz em casa (1 de Outubro)

Derrota do ano em 2021: 1-5 contra o Ajax em casa (15 de Setembro)

A equipa de alguns

Com Fernando Gomes e Fernando Santos a equipa de todos nós do Europeu de França foi-se transformando aos poucos da equipa de alguns, da coligação de interesses das duas "nádegas" como dizia o nosso ex-presidente que mandam no futebol português muito bem explorada pelo maior empresário do mundo para fazer a montra para a próxima estação.

Portugal entrou em campo com nove jogadores da coligação em 11 e terminou com 12 em 16, incluindo um brasileiro batoteiro e arruaceiro naturalizado a martelo para não fugir do Porto a custo zero. Não falando dum cadastrado Pepe que sempre encontra na selecção o seu local de redenção, fazendo muito por isso tenho que admitir.

O que se viu em campo foi o costume, uma equipa sem rotinas por falta dum onze base definido e  a viver da inspiração de alguns jogadores excelentes. Uma equipa com medo de partir para cima do adversário, a querer lá chegar devagar e devagarinho e ao ritmo do toca e foge, até levar com um golo mais que consentido por um guarda-redes que devia estar a pensar para onde segue em Janeiro. A perder por 1-0 ao intervalo lá veio o "vamos lá cambada, todos à molhada, que isto é futebol total" incluindo a entrada dum Cristiano Ronaldo que farto de apanhar pancada de tudo e todos incluindo o seleccionador é que iria resolver aquilo. E lá fomos.

E, verdade se diga, depois de termos perdido com a Sérvia o acesso directo ao Mundial, depois de termos a sorte de não termos de defrontar a Itália, chegar aos oitavos de final no Catar com uma goleada contra a Suiça já não foi nada mau para uma selecção nacional transformada em equipa de alguns.

Extremamente infeliz a forma como Fernando Santos geriu o assunto Cristiano Ronaldo, desde mentindo numa conferência da imprensa até humilhando o melhor jogador do mundo na seguinte. Das duas uma, ou o Cristiano não ia ao Catar por não reunir condições físicas e psicológias para o efeito, ou então a equipa teria de ser construída à volta dele, porque só a presença dele prende ou distrai dois ou três jogadores contrários ao contrário dum jovem armado em pistoleiro. E construir a equipa à volta dele é aproveitar as rotinas dos dois Manchesters dando todo o palco a Bruno Fernandes e Bernardo Silva, Dalot, Cancelo e Rúben Dias e projectando Rafael Leão na ala. Palhinha poderia ser o factor de equilíbrio duma equipa rotinada em campo. Nada disso aconteceu, William Carvalho, João Mário, Ruben Neves e Octávio foram entrando e saindo para a zona do meio-campo, impedidndo qualquer sentido colectivo, o sempre inutil André Silva e um Ricardo Horta que não passa dum jogador mediano foram entrando lá para a frente. João Felix é aquilo mesmo que o Simeoni diz dele, é um jogador de momentos, quando é preciso não está lá para resolver.

Parece que dez jogadores não viajam no avião da comitiva da FPF, pois decidiram ficar no Catar com as respetivas famílias. São eles Rui Patrício, Raphael Guerreiro, Cristiano Ronaldo, Rafael Leão, Bruno Fernandes, Matheus Nunes, Rúben Neves, Bernardo Silva, João Cancelo e Diogo Dalot. Pois ficou no Catar aquele que deveria ter sido o núcleo duro da selecção.

Agora só espero que Fernando Santos tenha a dignidade de se demitir, até para melhor resolver a sua questão fiscal, e que venha alguém que recupere a selecção de todos nós.

Uma palavra para o Catar que organizou muito bem o primeiro mundial de futebol numa nação/emirato árabe e muçulmana,  claro que com aquelas questões que conhecemos, como a forma como o obteve ou os direitos dos trabalhadores, das mulheres e das minorias sexuais (como era em Portugal no tempo de Salazar ou como é ainda hoje nas estufas de Odemira?), mas apesar de tudo propiciando um ambiente de festa de homens, mulheres e crianças que pode transformar mentalidades e abrir caminhos para o futuro não apenas para o Catar mas para toda aquela região.

SL

Entre as oito melhores selecções do mundo

Portugal, 0 - Marrocos, 1

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João Félix tenta furar, sem êxito, a muralha magrebina: Marrocos "equipou à Portugal"

 

Pode ser coincidência. Mas o facto é que Portugal perdeu os dois únicos jogos neste Mundial do Catar quando Cristiano Ronaldo estava fora do onze nacional em campo. Na primeira vez, contra a Coreia do Sul (1-2), já tinha saído do indicação do seleccionador. Ontem, frente a Marrocos, ainda não tinha entrado. Quando isso aconteceu, aos 52', já a selecção magrebina tinha marcado o golo solitário e estacionado o autocarro dentro da sua área - cenário que não mudaria até ao fim.

A diferença entre os dois jogos foi esta: o primeiro ocorreu na fase de grupos, quando a equipa das quinas já tinha assegurado presença nos oitavos-de-final; ontem era a eliminar, não havia salvação possível perante uma derrota.

A imagem do melhor jogador de todos os tempos a abandonar o relvado sem conter as lágrimas, após o apito final, é já uma das mais impressivas deste Mundial agora reduzido a quatro selecções. Fernando Santos ficou prisioneiro das suas opções e será julgado em função disso. Não creio que prolongue o vínculo à Federação Portuguesa de Futebol.

Sai acompanhado, nesta fase decisiva, por três outros seleccionadores que também caíram nos quartos-de-final: Tite (Brasil), Van Gaal (Holanda) e Gareth Southgate (Inglaterra). Com o mérito, no entanto, de ter conduzido a Portugal aos quartos-de-final, o que só sucedeu pela terceira vez num campeonato do mundo da modalidade. E é o primeiro treinador português a consegui-lo: antes dele aconteceu com os brasileiros Otto Glória (1966) e Luiz Felipe Scolari (2006).

 

O jogo foi deplorável, sonolento, indigno de um Mundial. Como vários outros a que assistimos (vi poucos, como já tinha advertido) deste certame das Arábias. Com os marroquinos a marcarem no final do primeiro tempo, na única oportunidade que tiveram, e o jovem guarda-redes Diogo Costa a sair mal no retrato. Mas, vendo bem, nenhum dos nossos merece nota positiva. Talvez João Félix fosse o menos mau.

Um contraste em toda a linha com a outra partida de ontem destas meias-finais: o França-Inglaterra, de resultado incerto até ao fim, com intensidade do primeiro ao último minuto. Foi uma final antecipada. Passou a França, com um golo decisivo de Giroud (suplente do lesionado Benzema), aos 78', e duas assistências do luso-gaulês  Griezmann. Reveja-se a jogada do primeiro golo, marcado por Tchouameni (17'), construída em sete toques e tendo Mbappé entre os intervenientes: uma obra-prima do futebol. A Inglaterra empatou de penálti (54') por Harry Kane, que aos 84' falhou a segunda grande penalidade atirando a bola para a bancada. Falhanço fatal.

Saímos, portanto, já no terço final da prova. E com a certeza de que integramos o restrito lote das oito melhores selecções do mundo. Antes fôssemos assim em quase tudo, fora do âmbito desportivo.

 

Restam, para quem esteja interessado, o Argentina-Croácia (terça-feira, 19 horas) e o França-Marrocos (quarta, 19 horas), além da final.

Poderíamos ter feito melhor?

Sim, se tivéssemos chegado às meias-finais - objectivo que nem em sonhos passaria pela cabeça dos profetas da desgraça, os mesmos que desde ontem rasgam as vestes porque a equipa das quinas caiu nesta fase. Talvez, apesar das palavras de desprezo que disseram e escreveram, ambicionassem mesmo o título mundial que sempre nos fugiu. 

 

Antes deste confronto com Marrocos, selecção que já contribuíra para o afastamento da Bélgica (segunda da tabela da FIFA) e a eliminação de Espanha (sétima na mesma tabela) alguns invocaram a alegada "vingança de 1986" como motivação adicional, aludindo ao Mundial do México, quando o país africano também nos afastou, embora isso tivesse acontecido ainda na fase inicial da prova. 

Esqueceram que essa vingança já tinha ocorrido. Foi na nossa vitória contra Marrocos, por 1-0, no Mundial de 2018 - precisamente com golo de Cristiano Ronaldo. Talvez não haja mesmo coincidências...

Acabou o “sonho”

Palhinha é melhor que Rúben Neves (e que William), mas não jogou; Matheus Nunes é bem melhor que Otávio, escolheu Portugal em detrimento do Brasil para não sair do banco; Rui Patrício é mais seguro numa competição destas que um Diogo Costa ainda muito "verde".

E Ronaldo? Merecia outro tratamento e hoje até devia ter sido titular. Resta-nos esperar por uma revolução na seleção de todos nós. Onde não haja um agente com a influência que se sabe, onde um selecionador novo possa injetar sangue fresco e agarrar a sério numa das melhores gerações de sempre.

Quente & frio

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Ugarte, aqui enfrentando o ex-campeão mundial Mario Götze, não merecia esta derrota

 

Gostei muito da exibição de Ugarte no jogo de ontem, em que recebemos o Eintracht no mais decisivo embate da Liga dos Campeões. Jogou à campeão: ele e Porro foram dos nossos raros jogadores que mereciam seguir em frente na prova milionária. Mesmo com notórios problemas físicos, aguentou-se durante mais de uma hora. Saiu aos 63', claramente diminuído mas como exemplo de robustez psicológica para alguns colegas. O melhor Leão neste jogo já de má memória, com mais de 41 mil espectadores nas bancadas. O jovem uruguaio ganhou confrontos, fez recuperações, bloqueou o acesso da equipa adversária ao nosso reduto defensivo. E ainda foi dele a assistência para o nosso golo solitário, marcado por Arthur aos 39' - havia 1-0 favorável ao Sporting quando soou o apito para o intervalo. Estivemos a vencer durante 23 minutos graças a esse golo - o segundo do brasileiro ex-Estoril na Champions, também ele com actuação positiva. Se o nosso médio defensivo pudesse continuar até ao fim, mas em boa forma física, talvez a sorte desta partida tivesse sido outra.

 

Gostei do jeito que nos deu o Tottenham ao apontar o golo da vitória (1-2) em Marselha, no último lance do desafio, já com sete minutos extra de jogo. Golo que ocorreu escassos minutos após o fim do Sporting-Eintracht, com a nossa equipa fora das competições europeias quando havia entrado para a segunda parte em primeiro lugar no grupo D. Mas derrapámos ao permitirmos o empate (62', de penálti) e o triunfo da turma germânica (72', com Gonçalo Inácio batido em corrida numa fracassada tentativa de travar cavalgada de Muani). Dez minutos que nos levaram do céu estrelado ao fundo do poço, tombando do primeiro para o último posto. O golo salvador da equipa londrina colocou-nos no terceiro lugar, que dá acesso ao playoff da Liga Europa. Do mal, o menos.

 

Gostei pouco de confirmar que a nossa equipa só dura 45 minutos. Depois rebenta, no plano físico e anímico. Voltou a acontecer, mesmo tendo desta vez o treinador apostado num inédito onze titular (Adán; St. Juste, Coates, Gonçalo Inácio; Porro, Ugarte, Pedro Gonçalves, Nuno Santos; Edwards, Arthur e Paulinho). Daí a desorganização táctica em que mergulhou o Sporting após sofrer o segundo golo, nuns penosos 20 minutos finais em que o lema parecia ser «tudo ao molho e fé em Deus». Coates lá foi picar o ponto à frente, em desespero, como ponta-de-lança improvisado, e até Adán lhe imitou o exemplo no minuto que antecedeu o fim do jogo. Uma caricatura de futebol.

 

Não gostei do árbitro, que assinalou penálti a Coates aos 60' num lance em que o nosso capitão sofreu falta de Kamada - que viria a converter o castigo máximo. E permitiu que Jakic continuasse em campo mesmo tendo cometido segunda falta para cartão amarelo - que lhe valeria a consequente expulsão. Mas há que reconhecer: o Eintracht foi superior, sobretudo na segunda parte, que dominou por completo. Após o intervalo, o Sporting concedeu toda a iniciativa de jogo aos alemães, recuando 30 metros e remetendo-se como equipa pequenina ao reduto defensivo, procurando aliviar a bola de qualquer maneira. Uma vez mais, pecámos no capítulo ofensivo: só três remates, dois enquadrados, em toda a partida - nenhum na segunda parte. Incapazes de aproveitar um canto ou um livre. Sempre a perder no jogo aéreo. Alguns jogadores passaram ao lado da partida, com destaque novamente para Trincão: entrou aos 63' (rendendo um Edwards bastante apagado) e voltou a ser uma nulidade. Amorim insistiu em remeter Pedro Gonçalves ao meio-campo, retirando dele todo o potencial como goleador. Paulinho esteve quase a marcar... na própria baliza, logo aos 12', mas felizmente Adán impediu a bola de entrar com a melhor defesa da noite. Destaque ainda, pela negativa, para Nuno Santos. Mas só porque saiu lesionado, aos 32'. Outro jogador leonino no estaleiro.

 

Não gostei nada de vermos fugir mais um objectivo da época com esta derrota (1-2) em Alvalade frente à equipa de Frankfurt. Ao contrário do que sucedeu na temporada anterior, caímos na fase de grupos da Liga dos Campeões. Aqueles adeptos que adoram assobiar o hino da Champions devem estar felizes: não o ouviremos no nosso estádio durante o resto da temporada e provavelmente na próxima também não. Este tombo sucede após termos sido eliminados pelo Varzim da Taça de Portugal e quando a conquista do campeonato não passa de miragem, com o Benfica 12 pontos acima de nós e quatro outras equipas agora à nossa frente. Pior ainda: registámos esta noite o oitavo desaire da temporada em 18 jogos. Balanço: oito vitórias, dois empates, oito derrotas. Com 29 golos marcados e 24 (!) sofridos. É mau? Não: é péssimo.

Vou aprender a assobiar

Se calhar para o ano, é o mais certo, não vamos à Liga dos Campeões.

Mas melhor ainda, terei mais tempo para treinar aquele assobio estridente que até fere os tímpanos, que o gajo que está na fila atrás de mim faz soar aqui junto da minha orelha direita quando começa o hino da champions.

A gente não joga nada, é certo; Jogamos sempre com um a menos (hoje foram o Edwards na primeira parte e o Trincão na segunda), também é verdade, mas de vez em quando calha-nos um artista que nos faz a folha com uma limpeza das antigas. Hoje o Pinheiro que nos calhou inventou um penalti, perdoou um segundo amarelo a um alemão a meia hora do final e nas faltas e faltinhas foi condicionando o jogo.

Não me apetece falar das deficiências da equipa, nem das mais uma vez más substituições de Amorim.

Hoje falo de um filho da puta que a UEFA nos atravessou no caminho.

Fora de tudo

Não há campeonato, não há taça e por pouco não havia competições europeias (estamos apenas no play-off da Liga Europa). Ao dia 1 de Novembro.

Estamos perante um desastre total. O Sporting Clube de Portugal foi desvalorizado de todas as formas e está remetido a uma posição muito frágil. Isto é inconcebível e inaceitável.

É preciso uma solução para tudo isto. A direção, a estrutura do futebol e o treinador (um bom treinador, mas teimoso) que resolvam: são eles os "culpados", em conjunto, e são eles que terão de ver uma saída porque têm especiais responsabilidades ao terem montado um plantel desequilibrado e sem qualidade para 2022/2023, ao terem vendido Matheus Nunes e, sobretudo, ao terem toda esta sobranceria a lidar com as coisas do clube. Não se admite.

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