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És a nossa Fé!

Ecos do Europeu (9)

Vencer e convencer, silenciando adeptos turcos

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Queriam uma exibição categórica da selecção nacional neste Campeonato da Europa? Pois tiveram-na. Queriam uma vitória clara da equipa das quinas neste certame? Registou-se ontem em Dortmund, num estádio que abarrotava sobretudo de adeptos turcos. Durante a meia hora inicial assobiaram estrondosamente todos os nossos jogadores cada vez que tocavam na bola. Em decalque ampliado do pior que vemos nas bancadas portuguesas.

Antes do jogo diziam que a Turquia iria ser um "sério adversário", temível, capaz de nos travar o passo. Depois do jogo, afinal, alguns dos tais passaram a dizer que enfrentámos um onze menor, correspondente à segunda divisão do futebol europeu, portanto ao vencê-lo não teremos revelado grande mérito.

Há gente em Portugal assim, sempre pronta a denegrir o futebol que praticamos. Esteja o seleccionador que estiver, a música é sempre a mesma. Por mais elogios que nos façam lá fora.

 

Lamento contrariar tal gente, mas superámos com brilhantismo esta prova. Os tais assobios foram-se calando e no estádio onde se disputou o Portugal-Turquia, já perto do fim, apenas se ouviam aplausos às nossas cores. 

Qual o segredo? Superioridade total do princípio ao fim. Maturidade até no plano psicológico: aquelas estrondosas vaias entraram a cem, saíram a mil. Até emudecerem. Primeiro com o golo de Bernardo Silva, aos 21', culminando excelente lance colectivo. Depois, aos 28', com um autogolo turco que entrou de imediato no anedotário do futebol: Akaydin, central do Fenerbahce, jamais esquecerá esta humilhação. Finalmente, aos 56', quando Bruno Fernandes fixou o 3-0, emudecendo de vez os turcos. Até porque quem o assistiu neste golo foi um gigante: Cristiano Ronaldo, aos 39 anos, voltou a cumprir 90 minutos em campo numa inédita sexta participação em fases finais de campeonatos da Europa.

Nunca ninguém participou em tantos, nunca ninguém marcou em tantos, ninguém assistiu mais do que ele. Silenciando até aqueles que tentam denegrir o astro maior da formação leonina por ser supostamente incapaz de "futebol associativo". Revejam este golo em que Ronaldo recupera, progride com bola, se isola perante o guardião e a endossa ao companheiro que surge entretanto à sua esquerda, ainda mais bem colocado.

Pensar em movimento é isto. Um hino ao futebol como verdadeiro desporto de equipa.

 

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Criança interrompeu jogo para se fotografar com CR7: jogo deu para tudo, até para isto

 

Este segundo triunfo colectivo, após o 2-1 aos checos, transporta-nos de imediato à liderança do Grupo F e consequente qualificação automática para a partida dos oitavos-de-final, a 1 de Julho, contra um adversário ainda incerto. Dois jogos, duas vitórias, cinco marcados e só um sofrido. Enquanto Chéquia e Geórgia empatavam

Do nosso lado, além dos jogadores já mencionados, quase todos os outros justificam destaque. Cancelo subiu de rendimento, Vitinha manteve o nível da partida anterior, Palhinha mostrou que merece muito mais um lugar no onze do que Dalot, entretanto excluído. Todo o bloco defensivo funcionou na perfeição, desta vez numa linha de quatro da qual emergiu um talento superior: Nuno Mendes, para mim o melhor em campo. Mais talentoso ala esquerdo português da actualidade, sempre em rotação, sempre como seta apontada à baliza adversária sem temor de qualquer espécie.

O mais fraco foi novamente Rafael Leão. Segundo cartão amarelo por simulação grosseira - os árbitros têm instruções da UEFA para serem implacáveis nestes casos. Tal como simulou ter sido agredido em Maio de 2018, no assalto dos bisontes à Academia de Alcochete.

Já não regressou para a segunda parte. Fica fora do próximo desafio, por demérito próprio.

 

Outra nota insólita: pelo menos cinco espectadores invadiram o campo para se fazerem fotografar com Ronaldo. O astro português ainda sorriu ao primeiro, uma criança. Mas deixou de achar graça à invasão. Actos deste género podem constituir séria ameaça aos jogadores, além de lesarem o espectáculo.

Os turcos, estranhamente, iniciaram a partida mantendo no banco duas das suas maiores estrelas, Yildiz (Juventus, 19 anos) e Güler (Real Madrid, 19 anos). Quando ambos entraram, no segundo tempo, já era tarde: a equipa estava partida, extenuada, desmoralizada. Nas bancadas quase só se escutavam cânticos portugueses.

Çalhanoglu, centrocampista que organiza o jogo turco, quase passou despercebido, engolido pela vertigem ofensiva lusa. O benfiquista Kokçu "assistiu" Bernardo no primeiro e limitou-se a fazer cócegas a Diogo Costa, seguro entre os postes.

Mas gostei de rever um central formado na nossa Academia: Demiral, que entrou aos 75'. Hoje com 26 anos, actua no Al-Ahli da Arábia Saudita. Ainda lamento que só tenha cumprido um jogo oficial pelo Sporting. Tanto prometia, tão cedo saiu. 

 

E pronto. Página virada, objectivo cumprido, seguimos em frente. O jogo contra a Geórgia, pela nossa parte, servirá apenas para cumprir calendário. Tomem nota: será na próxima quarta-feira, dia 26.

Espécie de intervalo nas conversas de café, orais ou escritas. Convém sempre fazer uma pausa, até nesse passatempo nacional que é dizer mal da selecção.

 

Portugal, 3 - Turquia, 0

Um novo Demiral?

Leio que Pedro Mendes vai ser emprestado ao Almeria, clube da segunda divisão espanhola. Segundo a notícia, este clube fica com uma opção de compra obrigatória num determinado valor. Porém, não leio em nenhum lado o óbvio: que o regresso ao Sporting esteja salvaguardado.

Perante isso fico estupefacto e ocorre-me perguntar se a lição «Demiral» não foi assimilada pelos actuais dirigentes do Sporting.

Demiral

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Vendido por 3,5 ME pelo Sporting (gestão Sousa Cintra) em 2018.

Vendido por mais do dobro ao Sassuolo, que o vendeu à Juventus por quase 20ME.

Fala-se agora de uma venda por 40ME.

E o Sporting a precisar de bons centrais como de pão para a boca.

Quem viu Demiral jogar nos B não podia ter qualquer dúvida de que era um jogador de topo.

Não há responsáveis por decisões destas?

Um pontapé em Domingos Duarte

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Há coisas que não consigo entender. E, talvez por isso, me custam imenso a aceitar.

Vai fazer um ano, abdicámos de um promissor central parcialmente formado em Alcochete, o turco Demiral, por via de um empréstimo ao Alanyaspor com opção de compra de 3,5 milhões de euros. Ou seja: tratou-se de um empréstimo sem retorno. O clube turco, rendido à qualidade do jogador, activou a cláusula.

Foi, literalmente, um pontapé dado pela SAD leonina a Demiral. E um rombo nas finanças do Sporting: como é sabido, o jovem defesa transitou posteriormente para o Sassuolo por 9 milhões de euros e a Juventus acaba de adquiri-lo por 18 milhões. Tudo em poucos meses. Nesta mais recente transacção, recebemos uns trocos ridículos: 180 mil euros. 

 

Acabo de saber que outro defesa formado em Alcochete, o igualmente muito promissor Domingos Duarte, foi agora também liminarmente excluído do Sporting: após empréstimo ao Deportivo da Corunha, deixa Alvalade a título definitivo, rumo ao Granada, por apenas 3 milhões de euros. Outro a levar um pontapé.

Lembro que Domingos tinha uma cláusula de rescisão fixada em 45 milhões de euros e vestiu 25 vezes a camisola da selecção nacional nos escalões juniores.

Lembro que foi titular absoluto no Deportivo, onde fez 33 jogos e marcou quatro golos, tendo sido incluído pelo jornal Marca no onze ideal da segunda liga espanhola, onde se destacou por ser o defesa central com mais passes correctos.

Lembro ainda que há um ano o nosso rival FC Porto vendeu ao Manchester United um dos seus jovens defesas da formação, Diogo Dalot, por 22 milhões. Um pouco mais, convenhamos.

 

Espero que alguém, lá por Alvalade, explique muito bem o que se passou.

Crónica de um crime anunciado

A estátua equestre a que Sousa Cintra supostamente teria direito poderia ser facilmente custeada com umas migalhas dos 18 milhões de euros que a Juventus pagou ao clube italiano que resgatou o central Demiral do clube turco ao qual um dos mais promissores de Alcochete foi emprestado no final do defeso transacto, com uma inopinada e baixa opção de compra, depois de não cumprir os mínimos para o campeão virtual (na mente do supracitado Cintra, pelo menos) José Peseiro e não ter lugar num plantel em que poderia ter ombreado com Bruno Gaspar, Marcelo e Diaby.

É uma felicidade que a Juventus tenha critérios mais benevolentes e possa acolher o segundo melhor defesa central que não dará alegrias aos adeptos sportinguistas depois de Pepe. Ainda que Demiral tenha tido direito a uns minutos num jogo para a Taça de Portugal (terá sido com o Oleiros?...) em que o mestre da táctica fingiu estar atento ao que se fazia na formação leonina.

Sem querer imitar uma certa procuradora, diria que assistimos todos, cantando e rindo, a um acto de terrorismo económico, num crime anunciado contra as finanças leoninas. E convém retirar algumas lições.

Mais do mesmo

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José Peseiro, confrontado com a prolongada lesão de Mathieu e a evidente inaptidão de Marcelo para prestar bons serviços ao Sporting (foi uma das contratações mais disparatadas do último Inverno), clama por um novo central. Lamento que só agora o técnico leonino pense nisto, pois já tinha esse central e deu luz verde para que saísse: refiro-me a Demiral - que chegou a Lisboa ainda júnior e completou a formação na nossa Academia -, há pouco despachado para o futebol turco, com direito a cláusula de opção para o clube onde actua. Acontece que o desempenho do jogador é tão bom que, segundo noticia O Jogo, essa cláusula acaba de ser pré-anunciada, com três meses de antecedência. 

E assim vemos partir mais um talento que ajudámos a formar, a preço irrisório para o seu real valor e sem ter conseguido uma oportunidade de mostrar o que verdadeiramente vale vestido de verde e branco: limitou-se a exibir classe durante três épocas na nossa equipa B, entretanto extinta. Tudo isto ajuda a explicar 16 anos consecutivos de insucessos no Sporting.

{ Blogue fundado em 2012. }

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