Gostei muito desta final da Taça de Portugal, conquistada com todo o mérito pela nossa equipa. Talento, competência, brio, sacrifício, espírito de grupo, fibra de campeões. Foi uma final dinâmica, emotiva, com resultado incerto até quase até ao fim. Grande em qualidade e quantidade: jogaram-se mais de 130 minutos. Com o Sporting a protagonizar uma das mais épicas reviravoltas de que tenho memória: já no final do tempo extra concedido pelo árbitro Luís Godinho, ao minuto 90'+11', quando perdíamos 0-1, Gyökeres protagoniza lance de génio ao passar por António Silva e prosseguir em ritmo avassalador até ser carregado em falta por Renato Sanches em zona proibida. Foi ele a converter o penálti - mais um - e a tornar inevitável o prolongamento. Com o Benfica arrasado psicologicamente, marcámos mais dois nessa etapa suplementar. Fazendo jus por inteiro ao nosso lema: Esforço, Dedicação, Devoção e Glória. A anterior Taça de Portugal fora conquistada em 2019, com Marcel Keizer ao leme da equipa. Rui Borges conseguiu em seis meses um título que Ruben Amorim foi incapaz de ganhar em cinco épocas. E torna-se o primeiro treinador português do Sporting a vencer neste século a dobradinha. A anterior conquista teve como técnico o romeno Laszlo Bölöni, em 2002.
Gostei de Trincão, para mim o melhor em campo. Incompreendido por tantos adeptos, e alvo do injurioso sarcasmo dos letais durante toda a época, voltou a demonstrar como foi imprescindível nesta gloriosa caminhada rumo aos dois títulos supremos do futebol português. Jogador mais utilizado durante a temporada, com 4682 minutos de leão ao peito, esteve ontem envolvido em todos os nossos golos: é ele a isolar Gyökeres num soberbo passe de 30 metros, ultrapassando a débil resistência de Florentino no lance do penálti; foi ele a assistir no segundo, aos 98', com um belo passe em arco para a cabeça de Harder; e é ele quem fecha a contagem, aos 121', num túnel ao inepto António Silva e disparo perante o impotente Samuel Soares após o dinamarquês lhe ter retribuído a gentileza num passe cirúrgico. Lance de génio, golaço para ver e rever. Ilustra bem o que é este Sporting bicampeão de 2024/2025 na frente de ataque, temível para qualquer adversário: trio de luxo composto por Francisco Trincão, Conrad Harder e Viktor Gyökeres. Também gostei da estreia de David Moreira na equipa principal: o lateral esquerdo, de 21 anos, entrou aos 115', ainda a tempo de contribuir para anular Di María. Estreia de sonho.
Gostei pouco da primeira parte, que terminou empatada a zero. Consentimos demasiado domínio territorial à equipa adversária e quase não soubemos critar situações de perigo. Aí brilhou Rui Silva, confirmando aos últimos cépticos que foi um dos nossos melhores reforços da temporada. Sobretudo aos 20', negando o golo a Pavlidis num voo em que desviou a bola para o ferro. Intervenções decisivas também aos 81' e aos 90'+8, bloqueando remates de Belotti e Leandro. Gigante entre os postes, sem culpa no golo encarnado, aos 47', num eficaz remate de meia distância de Kokçu.
Não gostei do desempenho de Pedro Gonçalves, que perdeu várias bolas e foi presa fácil para Otamendi: sem surpresa, saiu aos 75', dando lugar a Harder, que esteve num plano muito superior. Aliás Rui Borges derrotou o treinador rival, Bruno Lage, também nisto: o Sporting, ao contrário do Benfica, foi melhorando a cada substituição. Rendimento mais fraco revelaram também Eduardo Quaresma (substituído por Fresneda aos 83'), que perdeu um duelo aos 81' com Schjeldrup, e Debast (cedeu lugar a Morita aos 58'), que facilitou a tarefa ofensiva de Pavlidis aos 20'. Mas não gostei sobretudo de pressentir que esta 18.ª final da Taça de Portugal conquistada pelo Sporting era a última ocasião para todos vermos Gyökeres de verde-e-branco. Ainda está e já nos desperta saudades: é um dos nossos melhores goleadores de todos os tempos.
Não gostei nada daqueles canalhas que nas bancadas onde se concentrava a maioria dos adeptos benfiquistas desataram a imitar o criminoso som do very light, numa aparente glorificação do assassino que noutra final da Taça, naquele mesmo palco, em 1996, roubou a vida ao sportinguista Rui Mendes, de 36 anos. Esta escumalha já fez o mesmo vezes sem conta no pavilhão encarnado, quando o Sporting lá joga, perante a indiferença cúmplice dos responsáveis desse clube. Merecem bem a derrota que acabam de sofrer em campo. Merecem mil derrotas enquanto continuarem a comportar-se desta forma miserável.
Está quase o bicampeonato. Está quase mais uma Taça de Portugal no Jamor e vou mais uma vez lá estar. Está quase a subida da equipa B à 2.ª Liga. Está quase a dobradinha do andebol.
Está quase muita coisa, estamos nas decisões.
Mas não vai ser nada fácil passar do quase para o realmente. Vai ser preciso todo o esforço, dedicação e devoção para chegarmos à glória e festejarmos mais uma vez no Marquês.
No final de toda aquela montanha-russa de emoções que foi acompanhar o dérbi numa sala reservada dum bar em terras do Oriente repleta de Sportinguistas, com cerveja a correr a rodos com a bênção das autoridades muçulmanas locais, chegámos todos os presentes à conclusão que a festa não se podia fazer sem nós e estava à nossa espera na chegada a Lisboa. E aqui estamos prontos para a festa.
Já agora posso testemunhar a presença recorrente das cores do Sporting no Oriente que visitei (até a camisola deste ano vi vestida por uma portuguesa a namorar num bar e por um rapaz da Mongólia num mercado), principalmente nos escaparates das lojecas da rua, muitas com o nome de Cristiano Ronaldo. Dos rivais, zero. Custa a acreditar mas é verdade. O potencial do nosso clube em terras do Oriente é tremendo, temos é de saber corresponder ao interesse.
Está quase. Temos o melhor jogador da Liga, temos o melhor plantel, temos o melhor reforço de inverno, temos um treinador humilde, esforçado e dedicado que está a dar conta do recado.
Sendo assim, temos mesmo de ser felizes amanhã. E vamos ser.
PS: Para mim foram alguns dias de distanciamento quase completo do blogue, uma oportunidade para reflectir sobre o que tem sido e poderá vir a ser a minha participação neste colectivo de sportinguistas sem dono e que pensam pela sua cabeça, que muito aprecio, excelentemente gerido pelo Pedro Correia. Além disso é notório que este blogue tem vindo a ser assaltado pela "sardinhada", ou seja, pelos "trolls" avençados ou não ao serviço dos rivais que roubam identidades e contaminam o debate. Aparentemente a única forma de pôr cobro à situação é seguir o Pedro Oliveira e aceitar apenas comentários de utilizadores registados na plataforma. É o que farei, até porque, como diz o Edmundo, trabalho bem menos e ganho o mesmo.
Quaresma acabou de marcar o golo decisivo e inicia festejos: explosão de júbilo em Alvalade
Foto: Lusa
O futebol é assim: montanha-russa de emoções. Em menos de duas horas experimentamos todo o tipo de sensações: vamos da alegria à tristeza e regressamos ao sentimento inicial. A ansiedade domina-nos, a fúria por vezes assalta-nos, as dúvidas persistem até ao apito final.
Há os eternos optimistas, que não chegam a preocupar-se: têm a certeza antecipada de que tudo terminará bem. Confesso incluir-me nesse lote, que admito ser minoritário. A larga maioria de adeptos do Sporting é pessimista militante. Eu que o diga: enfrento-os há treze anos e meio por cá, sei bem como é muito mais difícil arrancar-lhes uma palavra de esperança do que centenas de frases a puxar para baixo.
Costumo dizer-lhes que acreditam sempre mais nas equipas adversárias do que na própria equipa que dizem apoiar. Muitos, ao cantarem «Farei tudo o que puder / pelo meu Sporting», depressa esquecem estes versos para se porem a criticar duramente os nossos jogadores enquanto o jogo decorre.
Voltou a acontecer neste Sporting-Gil Vicente, domingo à noite, faz hoje três dias: começou mal mas acabou bem. Muito bem.
Aos 26', perdíamos. No único verdadeiro remate da turma visitante à nossa baliza: de Félix Correia, convertendo um penálti totalmente desnecessário cometido por St. Juste quatro minutos antes. O jovem extremo, de apenas 24 anos, não festejou. Por respeito digno de aplauso: lembrou-se que esteve dez anos na Academia de Alcochete, onde cumpriu todos os escalões de formação.
Gostava muito de voltar a vê-lo de leão ao peito. Anda a perder os melhores anos da carreira profissional a jogar em equipas como a de Barcelos.
Falava eu da impaciência dos adeptos. Foi algo que neste jogo deu nas vistas. E nos ouvidos. Tornou-se notória a insatisfação e o nervosismo nas bancadas, ainda antes de soar o apito para o intervalo. A cada passe falhado, a cada entrega mal medida, a cada duelo perdido, a cada ofensiva abortada.
Valha a verdade: alguns jogadores pareciam fazer tudo para exasperar a massa adepta. Destacou-se Gonçalo Inácio, protagonizando um festival de passes longos para terra de ninguém. Desperdício completo: o Gil Vicente agradecia. Enquanto ia dominando Gyökeres com dois patrulheiros incansáveis: o artilheiro sueco, tolhido por esta apertada vigilância, quase não dispôs de uma oportunidade.
Reatada a partida, mais do mesmo. Gil Vicente trancado, vedando os acessos à baliza, em defesa intransigente da vantagem mínima caída quase do céu. Teríamos de fazer pela vida se quiséssemos rumar à Luz, no sábado que vem, em igualdade pontual com o Benfica mas com melhor registo de golos, o que nos confere vantagem.
Aos 64', Rui Borges fez as mudanças que se impunham. A triplicar. Entraram Morten (para o lugar de Morita), Harder (substituindo Pedro Gonçalves) e Quenda (com a saída de St. Juste). Logo se notou a diferença: equipa virada para o ataque contínuo, explorando todos os corredores, mais veloz, mais intensa, mais objectiva.
Só poderia traduzir-se em golos. E assim aconteceu. Por Maxi Araújo, num remate de primeira, sem preparação, aproveitando da melhor maneira um ressalto.
Bola no local adequado: o fundo das redes.
Terminou a sensação de intenso nervosismo que pairava nas bancadas. E despertaram os rugidos de leão, ecoando por todo o estádio, empurrando a equipa para diante. O Gil Vicente defendia-se como podia: pontapé para cima, para longe, para o lado, para fora. Nós acentuávamos a pressão, que não diminuiu com a troca de Geny por Biel aos 83'.
Minuto 90 esgotado: cinco minutos de tempo extra.
Estava escrito nos astros que o desafio não terminaria sem conquistarmos os três pontos.
Aconteceu aos 90'+3, na conversão de um canto por Debast. Bola rechaçada de qualquer maneira pelos defensores gilistas. Sobrou para Eduardo Quaresma, que resolveu o problema de fora da área: pontapé fortíssimo, a redondinha ainda resvalou num adversário e foi aninhar-se, cheia de efeitos, no ângulo mais longínquo para o incrédulo guarda-redes Andrew.
Queremos muito o bicampeonato que nos foge há 74 anos. E merecemos muito essa conquista.
Eduardo Quaresma chorou de emoção: tinha sido protagonista, pelo melhor motivo, naquele que até agora foi o desafio da sua vida. Lágrimas de alegria compartilhadas por imensos adeptos. Milhares, talvez milhões.
Breve análise dos jogadores:
Rui Silva (6) - Sofreu o penálti: ainda adivinhou para onde a bola iria, mas sem hipóteses. Seguro, atento e concentrado no resto do jogo.
Eduardo Quaresma (9). Competente trabalho defensivo, nas recuperações e no passe. Coroa de glória: o golaço da vitória, aos 90'+3. Melhor em campo.
Sr. Juste (3) - Substituiu Diomande, ausente por castigo. Sem cumprir como central do meio. Cometeu penálti aos 22'. Sem necessidade.
Gonçalo Inácio (4) - Capitão inicial, com Morten ausente do onze. Nervoso, protagonizou um festival de passes falhados. Arriscou amarelo aos 90'+1.
Geny (5) - É capaz de bem melhor. Foi dele a primeira tentativa de rematar ao alvo (33'), acertando na malha lateral. Pouco mais fez, pouco mais tentou.
Debast (7) - Destacou-se nas recuperações (34', 75'). Grande passe para Harder aos 80'. Tentou marcar de longe (90'+2). Bateu o canto de que nasceu o golo decisivo.
Morita (5) - Regressou a titular mês e meio depois. Ainda longe da melhor forma física, faltou-lhe o suplemento de qualidade que bem lhe conhecemos.
Maxi Araújo (7) - Travou duelos com Félix Correia na ala esquerda, nem sempre levando a melhor. Crucial ao marcar o primeiro, de ressalto, aos 81'.
Trincão (6) - Assinalou o primeiro sinal de perigo, aos 2'. Quase marcou aos 14': grande defesa de Andrew. Atirou ao ferro na marcação de um livre (87').
Pedro Gonçalves (5) - Ainda preso de movimentos: nota-se que esteve cinco meses parado. Grande lance aos 53': recebeu, rodou e rematou fazendo-a roçar o poste.
Gyökeres (4) - Irreconhecível. Muito marcado. Só uma vez a bola lhe chegou em condições (aos 59', por Trincão) mas decidiu mal. E falhou vários passes.
Morten (7) - Substituiu Morita aos 64'. Em benefício da equipa: arrumou o meio-campo, impôs ali a sua autoridade. Interveio no primeiro golo.
Harder (6) - Substituiu Pedro Gonçalves aos 64'. Dinâmico, com vontade de facturar. Fez remate inicial no primeiro golo leonino. Cabeceou com perigo aos 88'.
Quenda (5)- Entrou aos 64', rendendo St. Juste (Debast recuou para central, Geny foi para ala esquerdo). Ficou aquém das expectativas.
Biel (4) - Entrou aos 83', substituindo Geny. Tentou integrar-se bem no ataque, nem sempre com sucesso.
Matheus Reis (-) - Entrou aos 90+7', rendendo Trincão. Só para podermos queimar uns segundos e amarrar o triunfo.
Eduardo Quaresma no momento em que marcava o golo da nossa alegria: valeu três pontos
Foto: Lusa
Gostei
Da reviravolta no marcador. Teve um sabor épico, o nosso triunfo da noite passada em Alvalade. Perante um Gil Vicente que parecia apostado em fazer o melhor jogo da temporada, virámos o resultado desfavorável, cerrámos fileiras, fomos para cima deles, agimos com inegável dinâmica colectiva, acentuada após Rui Borges ter refrescado a equipa e corrigido erros de posicionamento. Conseguimos os três pontos. Nem por terem sido arrancados a ferros foram menos saborosos, muito pelo contrário. E demos uma lição ao treinador da equipa adversária, que havia confessado sem rodeios desejar ver o seu Benfica campeão.
De Eduardo Quaresma.Herói da noite leonina. Foi ele a apontar o golo da vitória - seu primeiro golo da temporada - num magnífico pontapé de ressaca, aproveitando da melhor maneira uma bola que sobrara da marcação de um canto. De fora da área, municiou o pé-canhão para um remate indefensável que fez levantar o estádio ao minuto 90'+3. Depois correu para os festejos e chorou lágrimas de genuína alegria. Melhor em campo: bem merece aplauso em uníssono da massa adepta. É com futebolistas como ele que se conquistam campeonatos.
De Maxi Araújo. Não teve actuação perfeita, longe disso. Mas foi ele a quebrar o enguiço quando o nervosismo e a ansiedade já se instalavam nas bancadas. Ao marcar o nosso primeiro golo, num remate por instinto, sem preparação, de posição quase acrobática com o seu acutilante pé esquerdo. Virou a corrente do jogo, que não voltou a ser a mesma. A partir daí tomámos de assalto a grande área da turma de Barcelos: queríamos conseguir. E conseguimos.
De Debast. Marcou o canto que originou o golo. Mas fez muito mais. Recuperou bolas. Fez um passe primoroso para Harder aos 88'. Tentou o golo de meia-distância com um remate cheio de intenção (90'+2) já prenunciando o que se seguiria um minuto depois. Cumpriu com distinção em duas posições: primeiro como meiocampista e a partir dos 64' como central ao meio. Ganhou lugar cativo no onze titular.
De Morten. Rui Borges poupou-o de início, procurando gerir o internacional dinamarquês, que está tapado com cartões amarelos, por recear vê-lo de fora no desafio seguinte, frente ao Benfica. Mas, passada uma hora, deu-lhe ordem para entrar. E fez muito bem. Porque o Sporting melhorou muito com o capitão em campo - em organização, em intensidade, em robustez psicológica. Interveio no primeiro golo e escapou incólume, sem advertência disciplinar: contaremos com ele na Luz.
De Harder. Saltou do banco para ajudar a construir a vitória. Dinâmico, foi um dos obreiros destes três pontos. Esteve no primeiro golo, ao fazer o remate inicial que daria a bem-sucedida recarga. Tentou o golo com um remate em arco aos 75' com a bola a passar ligeiramente ao lado. Cabeceou com perigo aos 88'.
Do treinador. Rui Borges completou uma volta inteira ao serviço do Sporting e pode gabar-se desta proeza: com ele no comando, nunca sofremos uma derrota em competições nacionais. Ontem, quando o resultado se mantinha desfavorável, soube detectar os problemas e encontrar soluções adequadas. Com três trocas simultâneas aos 64': Morita por Morten, St. Juste por Quenda e Pedro Gonçalves por Harder. A equipa melhorou de imediato. O resultado viu-se.
Da estrelinha. Não era exclusiva de Ruben Amorim. Ontem voltou para iluminar-nos.
Da homenagem inicial a José Carlos. Saudoso capitão leonino, há dias falecido com 83 anos. Como defesa central, conquistou a Taça das Taças em 1964, dois campeonatos nacionais e duas Taças de Portugal pelo Sporting. Foi também exemplar ao serviço da selecção nacional, que representou por 36 vezes, tendo-se destacado como titular da equipa das quinas que subiu ao pódio no Mundial de 1966. Mereceu por inteiro este reconhecimento póstumo.
De mantermos a liderança. Temos agora 78 pontos quando faltam só duas rondas para o fecho do campeonato - correspondentes a 24 vitórias em 32 desafios. Faltam jogar 180 minutos, cruciais para a conquista do bicampeonato que nos foge há mais de 70 anos. Duas finais em perspectiva: a primeira no sábado, perante o Benfica; a outra em nossa casa, na recepção ao V. Guimarães.
Não gostei
Da nossa primeira parte. Nem um remate enquadrado à baliza adversária. Daí o resultado desfavorável (0-1) registado ao intervalo.
Do golo sofrido. De penálti, aos 26'. Marcado por um antigo jogador nosso, Félix Correia, que eu bem gostaria de voltar a ver de leão ao peito.
De St. Juste. Muito nervoso, deixou-se dominar pela ansiedade. Aos 22' provocou um penálti totalmente desnecessário que o árbitro Tiago Martins só assinalou após alerta do vídeo-árbitro.
De Gonçalo Inácio. Capitão, por ausência de Morten, o central canhoto esteve em noite não. Protagonizando um festival de passes falhados - aos 20', 35', 37', 43', 45+3', 48' e 70'. Pelo menos estes. Dele exige-se bem mais. E melhor.
De Morita e Pedro Gonçalves. Ambos ainda longe da melhor forma, após lesões prolongadas - mês e meio no caso do internacional nipónico, cinco meses no caso do craque transmontano.
Da ausência de Diomande. Excluído desta partida por acumulação de cartões, notou-se bem a falta dele no eixo da nossa defesa. Substituído por St. Juste, ficou evidente que a equipa nada ganhou com a troca.
Da inoperância de Gyökeres. Raras vezes o melhor artilheiro da Liga 2024/2025 vem mencionado na secção "Não gostei". Desta vez justifica-se por ter sido incapaz de se libertar das marcações: teve sempre dois adversários a condicionar-lhe a manobra, policiando-o com rigor. A chuva copiosa que caiu durante grande parte da partida também nada ajudou as suas habituais arrancadas. Desta vez nem os passes lhe saíram bem.
Mais um fim de semana e continuamos na liderança do ranking (5=1º Lugar, 3=2º Lugar, 2=3º Lugar, 1=4º Lugar ou pior, 0=Não participam) que aqui regularmente partilho:
12 Mar 2025
Sporting
Benfica
FcPorto
Sp.Braga
Futebol
5
3
2
1
Futebol Fem
3
5
0
2
Andebol
5
2
3
0
Hóquei em Patins
5
2
3
0
Futsal
5
3
0
2
Basquetebol
2
5
3
0
Voleibol
3
5
0
0
Voleibol Fem
5
3
2
1
Total
33
28
13
6
Seguimos no topo do ranking, liderando cinco das oito modalidades, o Benfica as outras três.
Resultados do fim de semana:
Futebol - Vitória na deslocação ao Est.Amadora
Futebol Fem - Vitória frente ao Valadares Gaia
Andebol - Mais uma vitória frente ao Benfica, agora na 2º fase da Liga
Hóquei em Patins - Vitória frente ao Candelária e seguimos na liderança da Liga
Futsal - Conquista da Taça de Portugal frente ao Benfica. Seguimos na liderança da Liga.
Basquetebol - Vitória frente ao Póvoa
Voleibol - Vitória frente ao Ac.Espinho no play-off de apuramento de campeão (jogo 1 da meia-final)
Voleibol Fem. - Vitória frente ao Sp.Braga no play-off de apuramento de campeão (jogo 1 da meia-final)
Enfim. Só deu Sporting, mas o destaque vai para o futsal de Nuno Dias. Disse ele: "Este era um troféu desejado mesmo que tivéssemos vencido as duas últimas edições. Queremos ganhar sempre. Foi importante chegar ao intervalo a ganhar. Nos primeiros dez minutos o Benfica foi melhor que o Sporting. Conseguimos melhorar durante a primeira parte e, a dois segundos do fim, passámos para a frente com alguma sorte. (…) É mais uma conquista para um grupo de trabalho extraordinário."
Esta não é a exigência da treta, do bota-abaixismo alarve ao menor pretexto, do bullying sistemático aos treinadores e jogadores mais vulneráveis. É a exigência do esforço, dedicação, devoção e glória, é a exigência à Sporting Clube de Portugal.
Como disse o nosso presidente, com o plano A, B, C, D ou outro qualquer, estamos na luta.
8 de Janeiro de 2021, Nacional-Sporting (0-2): um jogo inesquecível
Lembro-me sempre do épico desafio contra o Nacional na Choupana, disputado em 8 de Janeiro de 2021, como símbolo máximo da entrega ao jogo, de capacidade de luta e do espírito de equipa no Sporting. Fomos lá vencer 2-0. Com seis portugueses no onze titular.
«Triunfo da vontade, da atitude competitiva, do espírito colectivo, da garra leonina. Quem vence um jogo destes arrisca-se mesmo a ganhar o campeonato», escrevi no És a Nossa Fénesse mesmo dia.
Tinha razão, como os factos comprovaram. Tais atributos contribuíram em larga medida para nos tornarmos campeões, com Rúben Amorim ao leme, quatro meses depois.
Esta inesquecível conquista, que pôs fim ao nosso maior jejum de sempre, teve um marco essencial naquele confronto na Madeira, debaixo de chuva copiosa, de uma ventania inclemente e até de granizo. Com o relvado transformado num lameiro. Mas sem ninguém baixar os braços.
Admirável exemplo de dedicação e esforço dos profissionais leoninos. Que actuaram ali como verdadeira equipa, honrando a melhor tradição do clube.
Esta cultura de exigência deve ser permanente, não pode estar sujeita a flutuações de humor nem a caprichos do calendário. Tem de ser assumida na íntegra por todo o nosso colectivo em campo. Nunca desistir de um lance, nunca virar a cara à luta. Como aconteceu na Choupana.
Em suma, o oposto do que o Sporting fez durante quase todo o segundo tempo no jogo de domingo em Braga.
Recordo quem actuou nesse desafio inesquecível: Adán; Neto, Coates, Feddal; Porro, Palhinha, João Mário (Matheus Nunes), Nuno Mendes; Pedro Gonçalves, Nuno Santos (Jovane) e Sporar (Tiago Tomás). Golos de Nuno Santos (43') e Jovane (87').
Ontem, Pedro Correia, perguntava-nos quem já tinha provado.
Fui fazer umas compras à Loja Verde, aproveitei para comprar o gelado, o tal gelado feito com carinho.
A ideia era guardá-lo para uma ocasião especial.
Guardar um gelado, numa tarde de calor, não era, não foi, opção, guardei-o, interiormente.
Dedico este texto a todos os que estão, fisicamente, longe do nosso estádio, mantendo bem vivo o sportinguismo, que é de Portugal (como está no nosso nome) mas é, também, do mundo, como vimos nas comemorações do título.
Esforço, dedicação, devoção e glória: é o Sporting!
Mas para que isso aconteça é preciso lá chegar, aproveitar os piores momentos para corrigir o rumo e prosseguir o caminho que honra o lema do Sporting, encontrar a fórmula certa para constuir atletas e equipas vencedoras de acordo com o ADN do clube, a Fórmula Sporting.
A fórmula Sporting não nasceu ontem. Desde há muito deu provas da sua validade, no futebol e nas modalidades, e trouxe para o museu muitas taças e troféus.
Que fórmula é essa?
1. Um treinador líder e formador. Tudo começa neste elemento, que poderia chamar-se Moniz Pereira, Malcolm Allison, Nuno Dias, Luís Magalhães ou Rúben Amorim: focalizar e aglutinar um plantel que conte com o que de melhor exista no momento: a formação. Aquele treinador que quando chega começa pelo que existe dentro de casa e não pelo que pode vir de fora.
2. Um plantel baseado em gente jovem mas com muitos anos de clube e complementado com reforços que fazem a diferença. A regra básica é não contratar igual ou pior ao que existe dentro de casa. Para vir para o Sporting terá de ser diferente ou melhor, trazer coisas que não existem no momento, ser um reforço efectivo a curto ou médio prazo. E dar tempo ao tempo: galinhas apressadas produzem pintos carecas, muitos nomes chamaram ao Yazalde, ao Acosta ou ao Coates para terem depois de engolir o que disseram.
3. Uma estrutura sóbria e eficaz na retaguarda, que resolva problemas e não que os invente, o que inclui trabalhar muito e falar pouco. Quanto menos melhor. Cão que ladra não morde.
4. Tranquilidade e confiança para enfrentar as derrotas com os Lasks desta vida e dar a volta por cima. A começar pelos sócios e adeptos, que têm de ser em todos os momentos o jogador extra de qualquer equipa do Sporting.
Se olharmos para a situação das equipas mais importantes do Sporting, do futebol masculino e feminino, das cinco modalidades de pavilhão masculinas, aquelas que atraem milhares de espectadores, e esquecendo as particularidades de cada uma, a começar pelo nível de investimento sustentável, vemos situações bem distintas. Numas a fórmula está bem consolidada, noutras alguns erros de casting vão custar tempo e dinheiro a serem corrigidos.
Depois dum final de temporada onde deitaram tudo a perder, o futebol feminino vive um fim de ciclo. Treinadora, capitã e algumas das melhores jogadoras vão sair: algumas para paragens bem distantes, outras com calos no rabo pela passagem pelo banco e com contas para saldar. Tudo tem de começar por um treinador a sério, masculino ou feminino, e uma nova estrutura de capitães no feminino. Qualidade continua existir na formação, o resto vem depois.
No andebol estávamos numa óptima fase antes da pandemia. Saiu o grande treinador Anti, saiu o capitão e estrela da companhia Frankis Carol, saiu o puto maravilha Frade, e as coisas nunca mais foram as mesmas. Pedro Valdez promovido a capitão tem sido inexcedível, a base da formação está lá, mas Ruesga chega ao final de carreira, os reforços são medianos e o ex-adjunto de Anti, Rui Silva, faz o que pode.
Terminando com o exemplo do basquetebol, tivemos ontem uma magnífica vitória da equipa dum grande treinador tranquilo, Luís Magalhães, contra uma equipa muito forte comandada por um espanhol raivoso, com dois ou três americanos excelentes e que até contratou apenas para o play-off. E foi mais uma vez a estrela da companhia Travante Williams suportado por uma retaguarda de portugueses/angolanos que se transcenderam em campo a conquistar a vitória. Impressionante o discurso do americano no final.
Isto é o Sporting.
Fórmula Sporting. Como o 3-4-3 do Amorim, bem conhecida por todos, mas muito difícil de travar.
Ganhámos contra o Braga, contra o árbitro, contra o VAR, contra o sistema e contra o "se tudo for normal" do Pinto Costa; ganhámos até a nós próprios, que muitos dos nossos já davam a derrota como garantida. E se despediam já da conquista do título.
A quatro vitórias de nós sagramos o clube vitorioso desta temporada, acredito ainda mais que esta equipa vai ganhar o campeonato, vai ser campeã nacional e eu campeão com ela.
Que orgulho imenso neste fantástico grupo que representa como vi poucos de leão peito com Esforço, Dedicação, Devoção rumo à Glória deste monumental clube.
Os nossos adversários, "purinhos" ou impuros, que não se enganem: nesta recta final da temporada, vamos estar ainda mais firmes na defesa do nosso clube e no incentivo aos nossos jogadores e à nossa equipa técnica.
Quanto mais tentarem prejudicar-nos, mais cerraremos fileiras com eles. Quanto mais golpes baixos empregarem, mais resistiremos. Quanto mais tentarem combater-nos, mais unidos nos encontrarão.
Onde vai um, vão todos. Não tenham ilusões: agora é mesmo assim.
Disse-o esta manhã o nosso grande craque João Mário. E se ele o afirma, quem sou eu para duvidar? Acreditemos, nossa gente. Acreditemos que este ano vai ser de glória, que de devoção, dedicação e esforço é sempre. Este ano será de glória. Acreditemos! Eu acredito.
Não falo em nós mas neles. Não fomos nós sportinguistas mas sim eles - os nossos representantes - que no campo e fora dele violaram e destrataram as premissas e promessas do Sporting. Mais uma vez.
Como mais uma vez de Esforço, Dedicação, Devoção, só mesmo da nossa parte. Fomos nós em frente à televisão quem se esforçou, suou as estopinhas e resisistiu ao apelo tentador de desistir à chamada perante a miséria que nos era oferecida. Estóicos assistimos à distância (física) e guerreiros em espírito àquela vergonha de noite europeia em Alvalade. Provámos de novo a nossa dedicação e devoção ao clube. No fim, como acontece há décadas no futebol sénior, ficámos a ver passar a Glória dos outros.
Já eles, os que nos representam, dentro e fora de campo, demonstraram outra vez que o nosso slogan não se aplica mesmo às equipas de futebol leoninas há tempo demais.
O filme, sempre avesso ao happy end, repete-se época após época. Por isso não rasgo logo as vestes pedindo a cabeça de quem dirige o clube. Desgraçadamente, no que toca à glória, os desgraçados que nos desgraçam fazem igual aos que os precederam. É assim há décadas.
Não há aqui conformismo ou fatalismo, só realismo. No Sporting, no que toca ao futebol, Esforço, Dedicação, Devoção, só mesmo da nossa parte que sofremos e desesperamos como nunca. De Glória nem nós e muito menos eles.
Amar o Sporting é cultivar alguns dos valores que mais prezo. Ser fiel às origens, às tradições, à devoção clubística – antónimo de clubite. Praticar a lealdade em campo e fora dele, rejeitando golpes baixos. Gostar muito de vencer, sim – mas sem batota. Recusar ódios tribais a pretexto da glória desportiva. Nunca confundir um adversário com um inimigo, sabendo de antemão que o futebol (só para invocar o desporto que entre nós mobiliza mais paixões) é a coisa mais importante das coisas menos importantes, como Jorge Valdano nos ensinou.
Amo o Sporting pela marca inconfundível do seu ecletismo.
Os meus primeiros heróis leoninos, ainda em criança, eram Leões de corpo inteiro sem jogarem futebol. Foi o Joaquim Agostinho a brilhar nos Alpes e a vencer etapas na Volta à França depois de ter sido o maior campeão de ciclismo de todos os tempos em Portugal. Foi o António Livramento, artista exímio com um stick nas mãos, campeão europeu de verde e branco, além de campeão mundial a nível de selecções. Foi o Carlos Lopes, recordista absoluto do corta-mato europeu, brioso herói da estrada, medalha de prata nos 10 mil metros em Montreal, primeiro português a subir ao pódio olímpico, de ouro ao peito, naquela inesquecível maratona de 1984 em Los Angeles.
Amar o Sporting é abraçar o universalismo que fez este nosso centenário clube transbordar os limites físicos do País e galgar fronteiras. Conheci fervorosos sportinguistas nas mais diversas paragens do planeta. Nos confins de Timor, no bulício de Macau, na placidez de Goa – lá estão, com a nossa marca inconfundível, sedes leoninas que funcionam como agregador social naqueles países e territórios, assumindo em simultâneo uma ligação perene a este recanto mais ocidental da Europa.
Amar o Sporting é cultivar a tenacidade de quem nos soube ensinar, de legado em legado, que nunca se vira a cara à luta.
João Azevedo a jogar lesionado entre os postes, só com um braço disponível, enfrentando o Benfica num dos clássicos cuja memória perdurou através das gerações. Fernando Mendes, um dos esteios do onze que conquistou a Taça das Taças em 1964, alvo de uma lesão no ano seguinte que o afastou para a prática do futebol, mas capaz de conduzir a equipa, já como treinador, ao título de 1980. Francis Obikwelu, nigeriano naturalizado português e brioso atleta leonino que saltou da construção civil onde modestamente ganhava a vida para o ouro nas pistas europeias em 2002, 2006 e 2011.
Campeões com talento, campeões com garra, campeões inquebrantáveis – mas também campeões humildes, conscientes de que nenhum homem é uma ilha e um desportista, por mais aplausos momentâneos que suscite, é apenas uma parcela de um vasto arquipélago já existente quando surgiu e destinado a perdurar muito para além dele. Na Academia de Alcochete, no Estádio José Alvalade, no Pavilhão João Rocha, somos conscientes disto: ninguém ganha sozinho. Antes de Cristiano Ronaldo havia um Aurélio Pereira, antes de Livramento havia um Torcato Ferreira, antes de Carlos Lopes havia um Mário Moniz Pereira.
O desporto com a genuína marca leonina não cava trincheiras: estende pontes, transmitindo a pedagogia da tolerância e cultivando a convivência entre mulheres e homens de diferentes culturas, ideologias, crenças e gerações.
É também por isto que amo o Sporting: fez-me sempre descobrir mais pontes que trincheiras. O que assume relevância não apenas no desporto: é igualmente uma singular lição de vida.
Publicado originalmente no blogue Castigo Máximo, por amável convite do Pedro Azevedo.
É dito e assumido por todos os sportinguistas que o Sporting é um clube diferente. Pelo seu nascimento, pela sua história e acima de tudo pelo seu (bom) exemplo à sociedade civil e desportiva.
Todavia nada na vida acontece sem um enorme esforço. Muito menos no Sporting onde toda a gente tem, e bem acrescente-se, opinião.
Sabemos que muitos sócios têm para a palavra dedicação ao Sporting um significado diamertralmente oposto aos interesses do clube. Mas faz parte da vida e mais tarde ou mais cedo a verdade virá ao de cima.
Ao mesmo tempo há outros adeptos e sócios que olham para a nossa casa e sentem tal devoção que se sacrificam pelo clube, dando muitas vezes a cara por uma filosofia de vida, sem dele receber a compensação devida.
Finalmente sinto que este Sporting está serenamente a construir uma renovada identidade que nos levará mui brevemente à tão desejada glória.
Bastaram duas derrotas seguidas para bolçarem cobras e lagartos dos jogadores, do treinador e da estrutura directiva, cheios de indisfarçáveis indirectas ao presidente. É vê-los e ouvi-los nas diversas televisões que lhes dão guarida durante horas intermináveis e nas colunas dos jornais onde se acoitam: falam como se o abismo estivesse a um passo de distância e rasgam as vestes entoando sofridas odes ao penta que lhes acena cada vez mais à distância.
Dizem-se adeptos. Mas ao menor desaire, à menor sopradela de vento adverso, tratam de dar à sola, esvoaçando para longe, como se nunca tivessem entoado hossanas aos mesmos que agora criticam com azedume. Se vier uma terceira derrota, alguns são capazes de rasgar cartões de sócio - admitindo que o sejam - e de queimar cachecóis, como tantos fizeram, nas bancadas de Alvalade, naquele inesquecível dia em que o Sporting os goleou por 7-1 e o Manuel Fernandes se elevou à galeria dos heróis eternos a quem prestamos tributo.
Adeptos somos nós. Que ano após ano continuamos a apoiar sem desfalecimentos a nossa equipa - jogue com quem jogar, tenha os resultados que tiver. Que nunca apagamos as palavras "dedicação" e "devoção" do nosso lema. Que adoramos vencer mas jamais a qualquer preço. Porque sabemos que mais vale perder com honra do que ganhar com batota.
Feito de Sporting. Somos todos. Cada um de nós tem uma história de descoberta deste amor e desta essência. Não me lembro bem quando foi, apenas sei que comecei a sentir este grande amor, e este sentido de ser numa idade muito jovem.
Andava nos pátios da escola com a bola. Quando ocorria fazer uma jogatana contra outra turma, cada um escolhia o jogador que queria personificar em campo. Lembro-me de no ínicio não ser muito bom de bola, de dar chutos nela e cair para trás. Invariavelmente não me deixavam jogar, indo sempre parar ao banco, com direito a entrar nos últimos minutos do intervalo. Mas uma coisa era certa, escolhia sempre jogadores do Sporting Clube de Portugal.
Os craques eram muitas vezes escolhidos por aqueles que na época acertavam mais no esférico. Eu escolhia sempre um de dois, ou o Vidigal ou o Duscher. Para mim eram craques. Lembro-me de dizerem "se passa pelo Duscher não passa pelo Vidigal e vice-versa". Mas porquê? Hoje penso que é por eles serem combativos. Sempre gostei de jogadores combativos que deixavam o suor em campo, fosse pelo jogo ou pelo Clube.
Houve um dia que o "Vidigal" chegou feliz a casa, o jogo tinha ficado 3-2 para nós, com 4 golos do Vidigal (dois autogolos, e os dois golos que levaram ao empate). Foi nesse momento que comecei a treinar, a treinar. Primeiro no jardim de casa, depois numa escolinha. O bichinho do futebol nunca mais despareceu, mas a identidade Sportinguista estava lá:
Esforço, Dedicação, Devoção e Glória.
Mesmo sem conhecer nessa tenra idade o mote, estava dentro de mim porque já era Sportinguista. E sempre tive orgulho de dizer que o sou. Como eu existem milhões. Milhões que nunca tiveram a oportunidade de representar o Sporting Clube de Portugal em nenhuma modalidade. Nunca tiveram a oportunidade de entrar na Academia. Nunca pisaram o relvado, a pista ou o piso. Mas esses milhões sempre fizeram esforços para comprar o bilhete, fazer a viagem de carro, comprar a camisola do Leão, ser sócio do Clube, defender o nome do Clube em rixas amadoras de bate-bocas, tudo pelo Sporting.
O pagamento que queremos não são milhões, não são contratos milionários, vidas luxuosas, tribunas VIP em Alvalade. O único pagamento que queremos é a Glória. Não do A, B ou C, mas do Sporting Clube de Portugal. Que o Sporting seja um "clube tão grande como os maiores da Europa".
Somos nós, estes milhões representam verdadeiramente o clube. Treinadores passam, dirigentes passam, mas nós continuamos. Aqueles que vão ao estádio, vêem na televisão, ouvem na rádio, aguentam as falhas do streaming, ficam felizes quando se ganha cantando nas ruas, ou tristes quando se perde mantendo a esperança, são quem dá verdadeiramente tudo pelo Clube. São aqueles que já se imaginaram personificados num jogador do passado e que ainda hoje têm um pasmo na perna quando a bola vai para um dos nossos e sentimos que podíamos ser nós, a fazer o passe, o cruzamento, o corte, a simulação, a arrancada ou o golo. Seja em que parte for, seja que modalidade for. Isto é ser feito de Sporting, é ser Sporting, é viver o Sporting. Por isso somos diferentes dos outros. Não admitimos equipas banais, que não deixem tudo o que podem dar em campo. Nós deixamos nos campos em que somos titularíssimos toda a gota de energia que nos corre no corpo. É isso que pedimos, que façam o mesmo que nós. Que tenham amor ao Clube e se não têm pelo menos que respeitem a camisola que vestem e respeitem todos aqueles que fazem esforços para apoiar-vos em todos os momentos. Isto serve para os contratados e os da casa, os que são e não são Sportinguistas.
Quando correm, corremos juntos. Quando estão desanimados, estamos todos desanimados. Quando festejam, festejamos mais que todos.
O Clube do Leão rampante é feito de Mulheres e Homens que o representam com brio e orgulho. É isto que se joga a cada partida, a dignidade de cada Leão anónimo, o esforço que cada um faz fora do terreno de jogo para que um de vocês, os 11, os 23, os que forem sejam intermediários da Glória do todo.