A época desportiva está quase no fim. Este é o momento de começar a preparar a próxima.
Rúben Amorim tem problemas concretos a resolver.
O quadro, como sabemos, está longe de perfeito.
Vou dar um exemplo: é incompreensível, para uma equipa que retomou o gosto de lutar pelo título, chegarmos quase ao fim do campeonato com menos 17 golos marcados que o FCP e menos 13 que o SLB, nossos principais competidores.
Há que corrigir este problema.
Precisamos de reforçar não apenas o ataque mas a própria relação global da equipa com a baliza adversária.
Também a nossa linha defensiva exige um reforço urgente. Ou mesmo dois, sabendo-se que Feddal irá sair no fim da época.
Continuo ainda preocupado com o guarda-redes alternativo a Adán.
Neste domingo, no Bessa, sentaram-se dois no banco de suplentes - facto insólito. Nenhum deles - João Virgínia e André Paulo - me parece guardião para a equipa principal do Sporting.
Tudo isto deve ser debatido?
Claro que sim.
São dúvidas compreensíveis e pertinentes, não é "contestação" generalizada, ao contrário do que alguns logo imaginam. Muito menos um movimento revolucionário para decapitar dirigentes ou técnicos.
E em nada se confunde com a berraria dos letais, aliás cada vez menos e cada vez mais insignificantes. Até porque perderam de vez o líder, facto que os mergulhou numa inconsolável e pungente orfandade.
A ideia é debater aqui ideias, de forma construtiva, sobre as alterações que devem ser feitas no futebol leonino para realizarmos o nosso maior sonho: a conquista do bicampeonato. Partindo do princípio, claro, que nem tudo está bem e se recomendam algumas mudanças, mesmo que apenas cirúrgicas.
Mas até os leitores que consideram que nada há a mudar podem participar neste debate. Desenvolvendo essa ideia. Fica o desafio a todos quantos queiram deixar opiniões sobre o momento actual do nosso Sporting.
A pandemia de Covid-19 colocou em risco muito do que entendiamos como eternamente adquirido, incluindo a liberdade de participação de todos os sócios em eventos desportivos, sociais e estatutários do clube a que pertencem. Os sócios integrantes do grupo de maior risco, com mais de 70 anos e/ou com debilidades imunitárias, possivelmente vão ficar impedidos de participar nesses eventos durante algum ou largo tempo.
De qualquer forma, e mesmo sem pandemia, a verdade é que apenas uma pequena percentagem de sócios do Sporting Clube de Portugal participava em eleições ou em Assembleias Gerais (AGs), as últimas eleições foram as mais concorridas de sempre e a AG de destituição do ex-presidente uma das maiores participadas e terão votado cerca de 40% e 30% dos sócios com capacidade para tal respectivamente. Já nas ultimas AGs não terão votado mais do que 4%.
Por outro lado, o próprio modelo de AGs não eleitorais consagrado nos estatutos tem vindo a revelar-se incapaz de permitir um debate acalorado mas civilizado dos pontos em discussão, antes se tem tornado palco para um combate desigual e improdutivo entre uma minoria instrumentalizada e arruaceira e uma maioria incapaz de fazer ouvir os seus pontos de vista e por isso mesmo silenciosa, limitando-se a entrar, votar e sair o mais depressa possível. Um combate onde a minoria tenta tudo para ganhar por... falta de comparência dos adversários.
Importa por isso repensar as diferentes formas dos sócios poderem exercer os seus direitos de participação na vida do nosso clube, e particularmente o direito ao voto.
Em 12 de Novembro do passado ano o PMAG Rogério Alves abordou em declarações à Sporting TV o voto eletrónico, considerando que seria "seria uma revolução que colocaria o Sporting no patamar de excelência":
"Nisso é que nós devíamos concentrar a nossa energia. A consagração do ‘iVoting’… Isto é, permitir a cada sócio e a cada sócia que no seu computador, com um sistema fidedigno, verificado, instalado e conferido naturalmente por entidades idóneas e com competência na matéria… permitir que a generalidade das sócias e dos sócios do Sporting se pronunciem sobre os factos relevantes para o clube significaria a revolução que o Sporting precisa em termos de ser, de facto, um clube das sócias e dos sócios. Para o Sporting ser de facto um clube das sócias e dos sócios, como deve ser e como tem de ser, é fundamental que mais pessoas participem nas decisões, para que as decisões tenham efetivamente uma legitimidade reforçada, acrescida e para que se possa consultar as sócias e os sócios sobre assuntos relevantes do clube, sem obrigar a deslocações, a perdas de tempo e a grandes despesas que correspondem à realização de cada uma das assembleias gerais, é dizer: A partir de agora, no conforto da sua casa, na proximidade de um núcleo, pode emitir a sua opinião. Para além de votações nas assembleias gerais, poderia obter as opiniões dos sócios, mesmo fora do quadro de uma deliberação em AG, recolher a sensibilidade das pessoas, face a assuntos relevantes para a vida do clube. Fazer uma espécie de uma sondagem, fazer uma espécie de um referendo… E aí sim podíamos dizer que, cada vez mais, o Sporting é o clube das suas sócias e dos seus sócios. Porquê? Porque 40, 50, 60, 70 mil pessoas, todos aqueles que têm capacidade e reúnem condições estatutárias para exercerem o direito de voto, podem, de facto, fazê-lo, de forma cómoda, de forma simples, de forma rápida, de forma segura. (...) Esta seria uma revolução que colocaria o Sporting no patamar de excelência. E, portanto, é fundamental que, se queremos uma participação ampliada na vida associativa do nosso clube, que esta seja a nossa meta: implementar, sem medo dos votos, sem medo de que haja muito mais gente a votar, implementar esta verdadeira revolução e tornar o Sporting um clube pioneiro no reforço da legitimidade e no implemento de um a verdadeira convivência democrática e no domínio das maiorias. Essa implementação é crucial para que seja a maioria a dirigir os destinos do clube – e que essa maioria seja ampla, seja significativa, seja muito alargada, para ser também inequívoca".
Tendo a grande vantagem de alargar a base de votantes, a verdade é que o iVoting tem vários problemas associados nada fáceis de resolver, e talvez por isso mesmo apenas a Suiça e a Estónia o usam para eleições e referendos nacionais. Nos EUA e Canadá usam-no no âmbito das primárias dos partidos, em França a mesma coisa, em Portugal penso que é utilizado nas votações de diversas Ordens, entre elas a dos Advogados.
Vou então tentar explicar de forma simples em que consiste o iVoting.
A forma de voto tradicional nas eleições e referendos é um voto anónimo, presencial e supervisionado, anónimo para assegurar que o sócio assuma a sua escolha em plena liberdade, presencial porque tem de se deslocar ao local de votação com os documentos necessários e supervisionado porque existe uma estrutura técnica no local que o credencia e o acompanha no processo de voto. Para situações bem tipificadas admite-se um voto não presencial, por correspondência. O escrutínio dos votos exige um processo manual demorado de contagem e verificação.
O voto electrónico consiste em expressar o seu voto através de equipamentos informáticos visando sobretudo facilitar o voto e o apuramento dos votos, ganhar eficiência na gestão e, idealmente, ao mesmo tempo, manter ou aumentar as garantias de segurança e credibilidade de todo o processo. Esse voto pode ser concretizado ou de forma presencial por máquinas de votação tipo ATMs distribuidas por locais de voto e utilizadas de forma supervisionada por autoridades, ou de forma anónima,não presencial e não supervisionada localmente através da Internet,o iVoting.
Isso quer dizer que acedendo de forma autenticada a um portal de voto, cada eleitor poderá exercer o seu direito de qualquer local e em qualquer momento do período de votação. Terminado esse período, logo um programa informático fará o apuramento, que depois de certificado pela entidade central de supervisão, ditará o resultado. Mesmo assim e para quem entender, poderá estar também disponível o voto presencial tradicional.
Então, e tomando como referência o voto tradicional, o iVoting levanta várias questões, de transparência e fiabilidade, pode ser vulnerável a erros, fraudes e piratarias, a própria base eleitoral, sócios há algum tempo com quotas em dia, pode ser viciada, por alguém ou alguma seita que promova o ingresso ou regresso massivo de sócios, organizadamente obtenha as suas credenciais e faça por eles a votação. Também por isso e tal como no voto presencial, o voto qualificado é essencial para garantir a estabilidade do clube. Por outro lado, o iVoting tem a vantagem de permitir facilmente a realização duma 2ª volta entre os candidatos mais votados.
No entanto, e por muito cuidado que se tenha na escolha e implementação do sistema informático e na escolha também da entidade certificadora, a idoneidade da mesma será apenas uma condição necessária mas não suficiente para garantir a confiança dos sócios do Sporting num processo de iVoting.
Concluindo, é importante ultrapassar as questões relativas à participação presencial apontadas no início e assegurar a vida estatutária do clube no momento em que vivemos, o voto electrónico na versão iVoting é uma ferramenta com virtudes e defeitos capaz de as ultrapassar, e deverá ser avaliada comparativamente com outras alternativas, como sejam as AGs delegadas, com delegados escolhidos pelo método de Hondt ou doutra forma, ou o voto presencial descentralizado, com urnas de votação e estruturas de apoio espalhadas pelos principais núcleos. Alternativas que poderão ser tema para outros posts.
Colocando para outra discussão a questão do número de votos por sócio, os critérios para a elegibilidade ou ainda a duração dos mandatos, defendo que o/a presidente do Sporting deve ser eleito/a com mais de 50% do número de votos validamente expressos.
No seguimento dos contributos anteriores, venho desta forma abordar um capítulo dos Estatutos que considero importante e onde devem estar plasmados os princípios da transparência e da honestidade, pilares base pelos quais o Sporting Clube de Portugal se rege.
Após leitura dos nossos Estatutos nesta matéria, tive a curiosidade de fazer o mesmo relativamente a outras instituições, dentro e fora de território nacional.
Cheguei à conclusão, que em Portugal a grande maioria dos clubes têm o mesmo tipo de preocupações, uns com mais zelo do que os outros, nomeadamente:
A qualidade de titular de um órgão social é incompatível com a qualidade de titular de outro;
É incompatível com o exercício de funções em outros clubes ou em sociedades desportivas por estes promovidas;
É incompatível com o exercício de funções em sociedades comerciais de que outro clube desportivo seja, direta ou indiretamente, fundador;
Não pode ser admitida nenhuma candidatura a titular de órgão social por quem se encontre em situação que determinaria incompatibilidade, sem que o sócio renuncie ao cargo que determinaria a incompatibilidade;
A superveniência, relativamente a titulares de órgãos sociais, de situação de incompatibilidade determina automaticamente a perda do mandato.
Todas as preocupações supra mencionadas são importantes, mas convém compreender que é necessário dar mais uns passos. A atual realidade do desporto não é a mesma do século passado e os Estatutos devem evoluir no intuito de acompanharem esta mesma, sob pena de perdermos a competitividade necessária.
Penso que devemos observar quais os atuais problemas e, mais do que inventar, importar ideias que são válidas e tentar completar se for necessário.
Assim sendo, alguns dos princípios que estão plasmados nos Estatutos dos nossos rivais, deveriam também constar nos nossos, nomeadamente:
Os membros dos órgãos sociais não podem, direta ou indiretamente, estabelecer com o Clube e sociedades em que este tenha participação relevante, relações comerciais ou de prestação de serviços, ainda que por interposta pessoa, considerando-se para estes efeitos, nomeadamente, o cônjuge, ascendentes e descendentes, ficando assim excluídas as relações comerciais estabelecidas no âmbito do patrocínio a qualquer das modalidades desportivas praticadas pelo Clube ou por sociedades ou entidades em que participa ou tutela;
Os membros dos órgãos sociais estão impedidos de participar em procedimentos e de votar em questões que lhes digam respeito ou que tenham interesse o cônjuge, descendentes, ascendentes ou parentes ou afins na linha colateral até ao 3º grau;
É expressamente vedada a concessão de empréstimos, adiantamentos ou créditos a membros dos órgãos sociais, efetuar pagamentos por conta deles e prestar garantias a obrigações por eles contraídas, salvo as despesas comprovadamente efetuadas ou a efetuar da responsabilidade do Clube.
Está vedado o pagamento de qualquer remuneração, a titulares dos órgãos sociais, excepto se estes prestarem a sua colaboração a título de exclusividade.
Também deveria ser incluída uma incompatibilidade muito atual, relacionada com agentes de futebol, fundos ou outras realidades.
Assim sendo, a qualidade de titular de um órgão social devia ser incompatível com o exercício de funções a título individual, através de detenção de participações sociais ou exercício de funções de gerência ou administração em sociedades comerciais, cujo objeto social seja o agenciamento de profissionais desportivos, fundos de investimento ou qualquer forma jurídica cujo objeto esteja relacionado diretamente com a atividade do Clube, ainda que por interposta pessoa, considerando-se para estes efeitos, nomeadamente, o cônjuge, ascendentes e descendentes.
Considero que estas alterações iriam dar um enorme contributo ao Clube e tornar-nos mais transparentes e competitivos.
Respondendo ao repto lançado para debatermos futuras alterações aos estatutos, destaco neste post a necessidade de salvaguardarmos o clube quanto à idoneidade dos candidatos a dirigentes. Para o assegurar, seria necessária uma alteração a artigo existente e introdução de novo artigo a colocar duas exigências actualmente não previstas:
-Sendo um direito de qualquer sócio efectivo A candidatar-se a órgãos sociais do clube, considero que deveríamos passar dos actuais 5 para 10 anos de inscrição e quotas pagas, a exigência para integrar órgãos sociais do clube, à excepção do Presidente da Mesa da Assembleia-Geral, onde defendo que sejam necessários pelo menos 20 anos.
-Os candidatos à presidência dos diferentes órgãos sociais devem ter à data da eleição idade igual ou superior a 35 anos.
-Deverá ser exigível aos candidatos à presidência do Conselho Directivo o depósito em numerário ou apresentação de garantia bancária irrevogável, que ficará à disposição do clube até ao dia das eleições no caso dos candidatos não eleitos e até aos 3 meses posteriores à cessação de funções, no caso dos eleitos.
-Com a exigência de 10 anos de sócio para integrar órgãos sociais, evitamos manobras de curto ou médio prazo. Asseguramos que todos os eleitos são de facto sportinguistas. Pela natureza do cargo de Presidente da Mesa da Assembleia-Geral, parece-me justificável os 20 anos de associado. Exigir 35 anos de idade aos candidatos à presidência dos diferentes órgãos sociais, garante que elegemos pessoas com alguma experiência e maturidade na liderança do clube.
- A exigência financeira colocada aos candidatos não pode ser apresentada apenas depois da eleição, tem alguns objectivos, desde logo, afastar das eleições os que muito prometem sem qualquer intenção ou condições de cumprir. A última coisa que precisamos é vendedores de ilusões. Seria até caricato elegermos alguém que passaria os dias seguintes à tomada de posse em busca de garantias financeiras, em vez de gerir os destinos do clube. Estender a duração das mesmas até aos três meses seguintes à cessação do mandato, permitiria ao CD sucessor promover uma auditoria, garantindo o estado do clube. Obviamente que tudo isto se faz com regras e envolve uma complexidade técnica que não vou, nem cabe aqui, discutir sequer os montantes. Importa por agora o princípio.
Há muitos motivos que nos levam a recomendar uma alteração dos estatutos do Sporting. Para mim, um dos mais prementes é a instituição de um limite temporal para os sucessivos mandatos dos membros dos órgãos sociais do clube. Com destaque, naturalmente, para quem integra o Conselho Directivo.
Esta é uma prática salutar, que tem vindo a ser adoptada aos mais diversos níveis nas instituições políticas do País - começando pelo Presidente da República, que não pode cumprir mais de dois mandatos ininterruptos.
Convém seguir os bons exemplos. Com a noção exacta de que os mecanismos da democracia interna devem ser reforçados numa colectividade de reconhecido interesse público, como é o Sporting Clube de Portugal. Isto leva-me a defender a introdução do limite de mandatos nos órgãos sociais leoninos, circunscrevendo-os a dois períodos sucessivos e complementando-o com a redução de cada ciclo eleitoral de quatro para três anos. Em nome dos bons princípios da renovação periódica de quadros dirigentes e da submissão do interesse individual ao interesse colectivo. Travando tentações bonapartistas que vemos há muito aplicadas noutros clubes, onde não falta quem se perpetue no poder e pretenda confundir-se com a instituição que lidera.
Proponho, portanto, que o presidente leonino - e quem o acompanha nas listas - passe a cumprir um máximo de seis anos em funções ininterruptas, correspondendo a dois mandatos consecutivos. É tempo mais que suficiente para mostrar o que vale. E ninguém diga que é pouco: o último presidente que completou mais de seis anos em funções no Sporting foi João Rocha, que deixou o cargo no longínquo ano de 1986.
Era outro século, era outro mundo. Os ciclos de liderança desgastam-se e esgotam-se hoje com muito maior rapidez. Os nossos estatutos devem adaptar-se a este mundo.
Reconheço que numa hipotética como tão necessária alteração estatutária, este, sendo um tema que deve obrigatoriamente estar em cima da mesa, é certamente dos mais quentes e aquele que eventualmente mais discussões apaixonadas proporcionará.
Há vários escalões de sócios no clube que, consoante a antiguidade, vão adquirindo votos que lhes permitem ser mais influentes em votações em AG's, entre elas as eleitorais, conferindo aos sócios com maior tempo de fidelização uma enorme e desproporcional preponderância sobre os mais recentes.
Sou desde há muito defensor de que a cada sócio deve corresponder apenas e só um voto, desde logo porque é assim no país para todas as eleições importantes e até nas organizações empresariais por quotas, onde cada accionista tem os votos proporcionais à sua quota-parte da sociedade, independentemente se a possui há muito ou pouco tempo.
Reconheço que a este sistema há que, sob pena de haver subversão dele próprio, impor algumas regras que evitem a apropriação do clube por grupos de pessoas com interesses menos sérios. Mesmo havendo apenas uma ínfima hipótese de num acto eleitoral um grupo estranho tomar de assalto o clube (seriam necessários muitos milhares, diria largos milhares, para que fosse isso possível), haverá que acautelar por exemplo um período de tempo razoável, que eu diria de cinco anos, para se obter o direito a eleger os corpos sociais. Em AG's ordinárias ou extraordinárias que não as eleitorais ou que impliquem a perda de mandato dos corpos sociais em parte ou no seu todo, ou ainda as que impliquem a relação com a SAD, os sócios terão todos os direitos que agora detêm, com a permissa sempre de um sócio/um voto.
Bem sei que há uma distinção entre os sócios A e B, desde logo pelo valor da quota paga (12€/6€) e que os primeiros poderão ter alguma relutância em prescindir da "vantagem" que detêm por via do valor a dobrar que pagam pela sua quota. Será uma posição legítima, mas convenhamos que já hoje por via disso há algumas legítimas diferenças de tratamento, sejam elas o importante direito a serem eleitos, ou o acesso à bancada A, entre outros. Tenho para mim que será talvez o maior obstáculo à implementação do sistema "um sócio/um voto" ("então eu pago o dobro daquele e ele tem um voto igual ao meu?"), maior do que o da antiguidade como associado.
Há ainda os jovens, a quem deve ser dada oportunidade de exercer mais cedo na vida o direito a eleger os corpos sociais. Eu diria que aos 16 se estará preparado para eleger quem deve dirigir o clube. Afinal também se pode, num infortúnio, estar preparado para sofrer uma pena de prisão maior... E estes jovens teriam o seu voto aos 16 anos, se fossem associados, ainda que noutra qualquer categoria, ininterruptamente, há pelo menos cinco anos.
Clamarão alguns dos que irão perder os seus votos que o clube poderá ser tomado de assalto por "pára-quedistas" e que a antiguidade deve ser recompensada. Quanto à questão do "assalto", creio ter encontrado uma solução razoável (haverá outras e este post serve para isso, para os comentadores as indicarem). Quanto à recompensa pela antiguidade e fidelização ao clube, sem querer ferir ninguém, é-se sócio do Sporting por sentimento, por gosto, por coração, por amor, por partilha, até por egoísmo em casos extremos de clubismo/clubite, ou seja para dar. No entanto o clube já proporciona algumas vantagens aos seus associados, seja através de protocolos com terceiros, seja na aquisição de bilhetes ou outros. Esta antiguidade e fidelidade ao clube, não havendo qualquer necessidade de ser retribuída, pode no entanto ser recompensada. Há imensas formas de o fazer que ficarão à imaginação de cada um, mas por exemplo que tal sortear uns lugares nas deslocações ao estrangeiro para os associados com mais de "xis" anos de permanência? (às vezes até vai gente que nem do clube é...), reservar um número de bilhetes nos jogos internos exclusivamente para esses associados, com desconto até, criar uma tabela de preços de bilhete de época que premeie a antiguidade... O que quiserem e seja exequível.
Em resumo, o tema é polémico, mas se nos afirmamos como um clube democrático, que tal passar da palavra ao acto e instaurar um verdadeiro regime democrático no clube?
Termino com o exemplo da aberração do último acto eleitoral: João Benedito teve maior número de eleitores. Frederico Varandas teve maior número de votos. Ganhou aquele que teve menos associados com a sua candidatura. É justo, faz sentido? Não me parece...
Há vários princípios consagrados nos estatutos do Sporting Clube de Portugal que carecem de revisão urgente. Propomo-nos, a partir de amanhã, sugerir aqui algumas normas que deverão ser alteradas para melhor funcionamento do Clube e tendo em vista o reforço da aproximação entre os sócios e esta centenária instituição de utilidade pública que nos serve de senha de identidade e denominador comum.
Numa óptica construtiva, não nos limitaremos a criticar: vamos propor alternativas que, no nosso entender, deverão ficar consagradas em próxima revisão estatutária - a referendar pelos sócios em assembleia geral, como mandam as regras.
Este debate envolve, numa primeira linha, os autores do És a Nossa Fé, mas a ele poderão associar-se também os leitores que assim o entendam - a partir de agora. Em benefício do Sporting, que está acima de qualquer de nós.
Vivemos "tempos interessantes", na óptica daquela milenar maldição chinesa. Tempos de emergência sanitária, à escala mundial, que nos impõem drásticas restrições à liberdade de movimentos. Mas também com inevitável repercussão económica e financeira, designadamente no futebol.
Espantosamente, ficámos a saber por estes dias que uma situação como a actual, de paragem forçada das competições profissionais, não estava prevista nos regulamentos federativos ou da Liga de Clubes para efeitos do apuramento do campeão.
Estamos, portanto, num impasse. Que suscita as maiores incógnitas sobre o título desta época. Como resolver este imbróglio? Que solução deve ser adoptada?
Lanço as questões na expectativa de que os leitores se pronunciem. O debate está lançado.
Hoje apresento aqui alguns conceitos em termos de estratégia e ideias nas áreas de marketing e merchandising. Aqui vai:
ESTRATÉGIA: Emparedado em Lisboa pelo Benfica e no Norte pelo Porto, o Sporting necessita de ser um “first mover”. Como tal, tem de ser inovador, ter uma orientação para o crescimento e estar disposto a correr riscos. O Sporting tentou trilhar esse caminho, nomeadamente quando apostou em Jorge Jesus e simultaneamente recomprou partes de direitos desportivos de diversos jogadores, convencido de que teria resultados desportivos, mas também financeiros devido à valorização que um treinador de primeiro plano traria aos seus jogadores. Foi uma “pedrada no charco” no futebol português e uma ruptura com o plano de austeridade seguido nos primeiros dois anos de mandato. Em estratégia, uma situação com estes contornos tem o nome de inovação radical. O problema é que a estratégia falhou no plano desportivo, embora no plano económico se tenha assistido a uma valorização dos activos intangíveis (direitos económicos sobre os jogadores) da SAD. No entanto, para manter os seus melhores jogadores, no sentido de poder manter a sua competitividade, o Sporting necessitaria de cumprir os objectivos mínimos, no caso a presença na Champions, dado que, como explica Miles e Snow, este tipo de estratégia tem associado problemas frequentes de tesouraria, algo que neste momento é visível até na postecipação do pagamento do empréstimo obrigacionista (para que ninguém fique a pensar que esta “inovação radical” é uma hidra, ela é seguida pela Apple, Google ou, em Portugal, pela Renova). Nesse sentido, o único caminho possível é uma alteração no comando técnico na equipa de futebol e o aproveitamento dos miúdos provenientes da Formação, um tipo de estratégia doravante assente numa inovação incremental, que consistirá no aperfeiçoamento gradual dos jovens provenientes da Formação. O sucesso futuro desta estratégia estará dependente da qualidade do processo da sua “linha de montagem”, pelo que se recomenda o investimento em técnicos que auxiliem o crescimento dos “produtos” (jogadores).
MERCHANDISING: julgo ser uma área onde esta Direcção ainda não teve um grande sucesso. Embora o futebol per si seja “o produto”, o merchandising é um elemento essencial na afirmação de uma marca. Na minha opinião, não faz sentido o Sporting abrir uma loja na Rua Augusta, de dimensão bem mais reduzida do que a que o Benfica tem na mesma rua, apenas dois quarteirões abaixo. Aquilo que deveria ser considerado como muito positivo – abertura de uma loja numa zona com enorme circulação de pessoas, muitas delas de cidadania estrangeira, aspecto importante na internacionalização da marca – acaba por ficar indelevelmente marcado pela comparação pela negativa face a um rival, algo facilmente percepcionado por qualquer transeunte e que põe em causa a imagem do Sporting como a maior potência desportiva nacional. Se queriam competir na mesma zona não poderiam ter arranjado um espaço pelo menos de dimensões idênticas às do rival? Estas coisas têm de estar integradas com a estratégia de afirmação do clube e serem transversais a todos os pelouros atribuídos no CD/CA. Outro aspecto que tem vindo a ser negligenciado: os estágios de pré-época na Suiça não têm sido aproveitados para divulgar a nossa marca internacionalmente, nem para satisfazer a procura dos emigrantes portugueses. Por incrível que pareça, o Sporting não transportou nenhum material de merchandising consigo nessa viagem. Dado que a equipa actuou em diversas cidades suíças, porque é que o Sporting não fez deslocar um camião itinerante da Loja Verde? O mesmo se aplica aos nossos jogos fora de casa, em Portugal, que também não costumam ter a presença de qualquer merchandising do clube, algo que acaba por ser um sonho para a contrafacção.
MARKETING: a recente emergência de atritos relacionados com a equipa principal de futebol, independentemente da sua origem, expõe a necessidade de o Sporting reforçar a sua cultura corporativa. Na procura desse padrão de identidade único, a pior coisa que se pode fazer é multiplicar essa identidade. Os “sportingados”, os “croquettes”, os “verdadeiros sportinguistas” significam, no caso concreto, uma dispersão de conceitos perfeitamente evitável e que, para além de causar confusão na mente das pessoas, não apela à união. O marketing criou o “Feito de Sporting”, o que me pareceu bem, mas depois falta uma narrativa por detrás da expressão, algo que arregimente à volta do clube. Mais do que “o que” fazemos ou “como" fazemos, o que cria laços com as pessoas é o “porquê”. Vejam os exemplos da Apple, de Martin Luther King e dos irmãos Wright. A Apple não vende um produto, cria um novo conceito, um nova modo de utilização, revolucionando paralelamente o mundo dos computadores, da música, dos telemóveis, etc. O Dr King teve muito mais sucesso que os pregadores do seu tempo. Enquanto outros bebiam do ódio racial, Martin disse “I have a dream”, sonhando que brancos e pretos um dia seriam iguais. Os irmãos Wright tinham uma pequena loja de bicicletas e uma paixão genuína por voar. Paralelamente, Samuel Pierpont Langley era rico, tinha um financiamento de 50.000 usd (na época) do departamento de Guerra americano e acompanhamento do NY Times. A verdade é que os irmãos Wright foram os primeiros a voar. Langley desistiu por não ter sido o primeiro. A sua motivação não era voar, mas sim a vaidade, o reconhecimento de ter sido o primeiro, uma motivação errada. Não somos o “glorioso”, nem temos a "causa do Norte" e da descentralização, pelo que temos de descobrir a nossa própria cultura, o que é “Ser Sporting”, a razão de aqui estarmos. E depois, partilhar o nosso sonho com o nosso mercado-alvo. William Bruce Cameron um dia disse que “nem tudo o que pode ser contado conta, nem tudo o que conta pode ser contado”. Atendendo a que somos um clube com menos títulos que os outros dois, mas que sempre (espero que as notícias recentes não tenham delapidado essa noção) pugnou por um comportamento desportivo exemplar, julgo que estas frases se aplicariam como uma luva à nossa narrativa. Para além de que deveríamos reflectir na razão pela qual ganhando muito pouco (no futebol) conseguimos manter, passando sportinguismo de geração em geração, um número de simpatizantes que representa cerca de 3,5 milhões de portugueses. Sim, não são só 180.000, pelo que o nosso espaço de crescimento de sócios é ainda muito grande e poderá ser exponenciado se tivermos presença comercial activa nos distritos deste país - a propósito, porque não aproveitar a rede de distribuição nacional de um "large retailer" para vender cartões de sócio do Sporting, pagando o Sporting um "fee" a essa instituição? Duas marcas de prestígio associadas uma à outra? Isso implicaria uma assinatura anual, recebendo distribuidor e clube logo à cabeça (já nem falo numa parceria deste tipo com um banco porque poderia impactar com as contas de clientes de outros clubes, embora se a iniciativa fosse conjunta dos 3 grandes pudesse resultar bem) - pois diria que temos uma resiliência extraordinária e que os pais sportinguistas conseguem passar melhor aos filhos a paixão pelo clube, independentemente dos resultados desportivos. Isso é uma força que não deve ser delapidada nunca via subversão de valores devido à pressão de ganhar rapidamente. O Sporting deve afirmar-se como um clube do Renascimento (ou renascentista), com uma capacidade reformadora, de mudança de paradigma (o status-quo) e que valorize os seus sócios e as suas opiniões (não podemos querer discutir tudo externamente e internamente reduzir a discussão), com respeito pela integridade das competições, o objectivo de promover um futebol melhor, mais justo, equilibrado e íntegro, tudo assente numa cultura de excelência, compromisso e superação. Por isso, julgo que se deveriam promover algumas alterações (não sou dogmático) ao lema do clube. O esforço vem do tempo em que o desporto era amador. Pedir esforço a um atleta profissional é de uma exigência mínima e nós queremos que o Sporting seja um clube de exigência máxima. Acertada a narrativa, cabe à Direcção/Administração fazer chegá-la a todos os colaboradores e sócios do clube e depois, através do estacionário, de actos/eventos, procedimentos e atitudes mantê-la viva na cabeça de todos, sem ruído, com urbanidade e elevação. Atenção, isto nada tem a ver com uma “cartilha”, em si mesma um instrumento de ódio e de suspeições, mas sim com um guia para a excelência, para a afirmação do Sporting em Portugal e no mundo. Adicionalmente, adaptar modelos à Porto, tipo “todos contra nós”, por exemplo, não respeita a nossa idiossincrasia, os nossos valores ou as nossas necessidades específicas e cria um choque com o que são os valores tradicionais sportinguistas. A cultura de uma organização não pode estar nos antípodas do que é a personalidade e o carácter dos seus colaboradores e accionistas/sócios.
Hoje abordo aqui ideias sobre o futebol profissional e a sua articulação com a Formação. Algumas destas ideias são constatações típicas do adepto da "bola", dúvidas que temos e das quais gostaríamos de ser esclarecidos por quem de facto é conhecedor - o profissional de futebol. Ainda assim, lanço-as aqui, até porque entendo que o modelo de Formação deve ser imposto pelo clube, o qual o deve conter na sua política desportiva. É que, independentemente dos resultados desportivos que o treinador consiga obter, a factura é paga pelo clube/sociedade anónima desportiva e cabe a ela garantir a sustentabilidade económico/financeira do projecto.
Sistema de jogo: na Formação, o sistema de jogo é o 4-3-3. Segundo Aurélio Pereira - e eu gosto muito de ouvir quem realmente sabe, especialmente quando possuem a humildade do nosso catedrático Senhor Formação – o sistema de jogo mais fácil de aprender é o 4-3-3, porque dá mais liberdade aos jovens, não lhes retirando totalmente o “jogo de rua”. O sistema 4-4-2, nas suas múltiplas versões com dois médios centro de perfil, com duplo-pivot ou em losango, exige outra qualidade táctica, outra interpretação do jogo. Ora, se os nossos jovens, desde os 14/15 anos, treinam neste sistema fará sentido, quando chegam aos séniores, experimentarem outro? Até por isso, a contratação de Jorge Jesus para mim fez pouco sentido. Principalmente, se quisermos ancorar o nosso rendimento desportivo e a nossa sustentabilidade financeira no projecto da Formação. Veja-se, por exemplo, a dificuldade que Podence (zero golos) teve para ser o segundo avançado de um sistema que não conhecia (simultaneamente, observem de que zona do terreno partiram a maioria das suas 7 assistências da época). Diga-se que estas dificuldades não foram exclusivas do pequeno-grande jogador proveniente da nossa Academia. Alan Ruiz, que na Argentina e no Brasil jogava a partir da ala direita, também nunca se enquadrou e só Bruno Fernandes, que teve 4 anos da tácticamente fortíssima escola italiana, teve um desempenho assinalável. O meu ponto, e admito que seja polémico, é que se queremos ter um projecto de futebol profissional assente na Academia então deveremos herdar o seu sistema de jogo, havendo naturalmente os sistemas alternativos que o treinador principal entenda criar. Um modelo à Barça, mas nós também somos mais do que um clube. Até admito como 2ª opção que se adapte o modelo de jogo aos jogadores que temos (se a aposta na Formação for real não se afastará do que anteriormente disse), agora o que penso não dever acontecer nunca é os jogadores terem de adoptar o modelo do treinador (isso também fez a diferença na performance de Rui Vitória face a JJ, quando o 1º soube adoptar o sistema que o 2º tinha deixado no Benfica, prescindindo do seu 4-3-3 que tão bons resultados lhe tinha granjeado em Guimarães).
Treinador Principal do futebol profissional: a meu ver, o treinador tem de ser alguém com especial vocação de artífice, no sentido em que está na última estação de produção de talento da linha de montagem que é a nossa Formação. Ao seu nível, tratará dos “acabamentos”, a dimensão táctica do jogador. Se este chegar aqui com deficiências técnicas, a nível do passe e recepção orientada, dificilmente terá um crescimento tão exponencial quanto aquele que se poderá esperar no plano táctico (olho para Ristovski, por exemplo, um jogador rápido e todo-o-terreno, mas nota-se a falha na sua formação a nível de recepção). Já a finta orientada ou o remate poderão mais facilmente ser trabalhados, burilados pelo treinador. Ao mesmo tempo, o treinador tem de estar habituado à pressão de ganhar, mesmo quando com orçamentos inferiores aos seus rivais. Deixo aqui um nome de alguém que penso ter essas duas valências, a título meramente ilustrativo: Rudi Garcia. O treinador francês foi campeão pelo Lille, em 2010/11, numa equipa onde despontavam os jovens Hazard, Gervinho ou Cabaye. Seguidamente, foi para a Roma onde bateu o record de vitórias seguidas na Serie A (2013/4), com 12 vitórias consecutivas, lançando os jovens Dodô (20 jogos), Florenzi (41 J), Destro (23 J) ou Ljajic (32 J), todos com idades compreendidas entre os 20 e os 23 anos, numa temporada onde ganhou 26 dos 38 jogos que disputou no campeonato, totalizando 85 pontos (só superado por uma super Juventus que fez a sua melhor época de sempre). Actualmente, é o treinador do Marselha, equipa que disputou a final da Liga Europa com o Atlético de Madrid.
Adjuntos: um dos adjuntos da equipa profissional deve ser uma velha glória do Sporting, campeão pelo clube e com capacidade para passar a cultura Sporting ao plantel. Deve também ser um homem leal e que ajude na integração do treinador principal e restante equipa técnica, especialmente se forem estrangeiros.
Gabinete Técnico do futebol profissional: formada por Director Geral para o futebol profissional, treinador principal do futebol profissional, Coordenador do futebol de Formação, treinador dos sub-23 e treinador dos juniores. Reunindo semanalmente, espaço onde se pode ir avaliando a evolução dos jogadores jovens com potencial para subirem à 1ª equipa do clube. Decisões como “queimar etapas” na Formação, posições em que é necessário intensificar o treino do jovem, com mais conteúdos tácticos, para mais rapidamente suprir uma lacuna da equipa principal, empréstimos para rodar ou dispensas devem ser aqui definidas, de forma a que o Director Geral possa saber com a máxima antecedência possível com o que pode contar na equipa principal e as posições em que terá de ir ao mercado.
Política de quotas da Formação até que a aposta se consolide: não sou muito fã das quotas, mas a verdade é que se tem de começar por algum lado. Por exemplo, em tempos não muito distantes, foi a única forma de as mulheres poderem subir na sua carreira profissional. Uma discriminação positiva e que, no início poderá mais privilegiar a quantidade do que a qualidade, mas creio ser a única forma de impedir desvios ao que deveria ser o nosso ADN. Julgo, por isso, que deveria haver um número mínimo de jogadores provenientes dos nossos escalões de Formação na equipa principal e nem me chocaria que isso fosse integrado nos Estatutos do clube.
Tecto máximo de jogadores: o plantel principal deve ter um número máximo de jogadores. Na minha opinião deveria ser de 24: dois por cada posição, 3 pontas-de-lança e 3 guarda-redes. Havendo lesões, subiriam jogadores dos sub-23 à equipa principal para as posições em défice. Seria uma maneira inteligente de optimizar recursos, com consequências positivas em termos de custos com pessoal e resultados líquidos da sociedade anónima desportiva.
Política de empréstimos: do meu ponto-de-vista, cumprindo-se os pressupostos dos dois pontos anteriores não seria necessário emprestar muitos jogadores (existe a equipa sub-23). Em todo o caso, estes, a acontecerem, por motivos de maior competitividade, deveriam privilegiar clubes que tenham treinadores com histórico de aposta em jogadores jovens e da nossa Formação, tais como José Couceiro, Luis Castro ou mesmo Silas. A meu ver, o treinador é mais importante do que o clube. Pode-se ter óptimas relações com o clube, mas o treinador não apostar em jovens. A não ser que se queira influenciar a escolha do treinador por parte do clube, mas isso já seria passar aquela linha que a mim me começaria a causar alguma urticária, pois a possibilidade de a coisa entrar no domínio do conflito de interesses seria considerável.e tenho como certo que o Sporting é um clube que não pode estar ligado a essas situações.
Contratação de novos jogadores: só deveriam ser contratados jogadores cirurgicamente e para as posições em falta. Posições como as de ponta-de-lança ou de defesa esquerdo, que a nossa Formação geralmente não produz, por exemplo, e outros que conjunturalmente seja necessário colmatar. De qualquer forma, a qualidade das “fornadas” da Academia não é uniforme de ano para ano pelo que que haverá anos em que será necessário actuar mais no mercado. Evidentemente, uma boa oportunidade de mercado não deve ser desperdiçada, obedecendo ao tecto contemplado em cima. Vejo o Sporting a contratar um jogador de qualidade média como Marcelo (defesa), com 28 anos, e faz-me uma certa confusão. O mesmo se passou com Ruben Ribeiro. Eu proporia que só se contratassem jogadores com idade máxima de 23/24 anos (numa óptica de rendibilização de investimento) e alguns jogadores mais velhos apenas quando pudessem efectivamente fazer a diferença (Mathieu, por exemplo) e trouxessem a experiência que faltasse à equipa. Nunca contrataria nenhum jogador por empréstimo, excepto se tiver uma cláusula de opção com um valor acessível para as nossas finanças.
Introdução do treino por sectores na Formação: vemos as melhores práticas dos desportos profissionais americanos e fica sempre a sensação que a Europa está muito atrás em diferentes matérias. Desde logo na interligação com os adeptos, mas aqui vou falar do treino por sectores, algo que é particularmente visível no futebol americano. O futebol ganhará muito com os ensinamentos de outros desportos. Por exemplo, a basculação (mudança de flanco) é uma coisa que se vê com frequência num jogo de andebol. Como é possível termos um homem como Manuel Fernandes nos nossos quadros e continuarmos sem produzir um ponta-de-lança com qualidade? Manuel Fernandes daria um bom treinador de avançados e pontas-de-lança em particular, transversal aos diferentes escalões de Formação, ensinando os miúdos em questões de posicionamento no campo, colocação do pé na bola, cabeceamento (vemos muitos que chegam ao plantel principal com défices nesse aspecto – Gelson, Matheus, etc). Não seria o Manél mais útil para nós aqui que no Scouting?
Scouting: conseguir cadastrar a base-de-dados com o maior número possível de jogadores, nacionais e internacionais, ainda em idade juvenil e ter a capacidade de os ir acompanhando até que as regras FIFA (jogadores estrangeiros) não impeçam a sua contratação. Isto traria menores custos na sua aquisição. Quando se chega a um jogador “já feito”, os custos são necessariamente superiores. Procurar mercados emergentes (Argentina, Uruguai, Chile, os brasileiros já estão muito inflacionados), mas também afluentes. No tempo de Sousa Cintra chegaram ao Sporting, pela mão do empresário Lucídio Ribeiro, uma série de jogadores muito interessantes, provenientes do centro da Europa e do Magrebe. Balakov, Iordanov (bulgaros), Cherbakov (Ucrânia), Valckx (holandês) ou Naybet e Hadgi (marroquinos) foram jogadores que chegaram ao Sporting por valores acessíveis e que tiveram excelente performance desportiva, além de, alguns deles, proveitos extraordinários para o clube após venda. Abandonaram-se esses mercados e não se percebe bem porquê.
Propriedade Intelectual vs Academia: julgo que a maioria dos adeptos e até alguns dirigentes confunde muito a nossa Formação com a Academia de Alcochete. A Academia é um espaço físico, com excelentes condições é certo, mas o que faz toda a diferença é a propriedade intelectual, o enorme talento de homens como Aurélio Pereira ou João Couto, por exemplo, ou dos falecidos César Nascimento e Osvaldo Silva que fizeram escola. Se alienarmos isto, podemos ter a melhor Academia do mundo que os resultados não aparecerão. E depois há outras coisas: aquele campo pelado, ali ao lado do antigo pavilhão, viu nascer jogadores como Futre, Figo e Ronaldo (apanhou a Academia já no final da sua formação). Esses campos irregulares estimulavam a técnica e a habilidade dos jogadores, obrigados a dominar a bola após ressaltos inesperados ou a fintar entre umas covas ou lombas no terreno de jogo. Hoje em dia, os campos são perfeitos mas os talentos escasseiam. Dá que pensar, mas talvez não fosse má ideia ter um campo pelado em Alcochete, que pudesse recriar um pouco as condições do futebol de rua, onde craques como os já citados, para além dos ultramarinos Peyroteo, Hilário, Eusébio, Coluna ou Matateu, aprenderam o ofício. E continuem a recrutar formadores de excelência para enquadrar os nossos jovens.do ponto-de-vista desportivo e educacional.
na sequência da rúbrica que ontem aqui iniciei, junto hoje algumas ideias sobre a relação do clube com os seus SÓCIOS:
CRM Sporting: os sócios têm diferentes competências, trabalham em diferentes sectores de actividade, têm skills que podem ser úteis ao clube e à sua Direcção. A partir do momento em que é extinto o Conselho Leonino, ainda mais importante é explorar o conhecimento que estes sócios têm sobre matérias específicas, podendo e devendo a Direcção pedir-lhes apoio na implementação de certos projectos ou, simplesmente, via algum conselho que possa ser dado, sempre em complemento das equipas de colaboradores do Sporting. Para que a Direcção possa conhecer melhor os seus sócios tem de promover um novo cadastramento dos mesmos (os dados preenchidos aquando da adesão são insuficientes). Proponho que se olhe para as melhores práticas da banca, a qual tem hoje em dia um formulário obrigatório denominado Know Your Customer (KYC), que inclui dados complementares (profissionais e áreas de interesse). Depois é adaptá-lo à relação entre um clube e seus sócios (os dados patrimoniais já seriam talvez intrusivos) e lançá-los numa plataforma CRM. No passado, criei uma de raíz através do Microsoft Dynamics, a custo muito baixo. Outro aspecto relevante é esta ferramenta também permitir fazer uma segmentação dos sócios, por "bucket" etário, geografia, profissão, interesses, etc, adaptando a nossa oferta de produtos/serviços a cada segmento. Preocupação que tenho nesta matéria: Protecção de dados. Associado ao CRM, geralmente existem diferentes níveis de prioridade de acesso aos dados do cliente/sócio. Alguns dados deveriam permanecer confidenciais para todos os colaboradores e só poderiam ser acedidos pelo Conselho Directivo/Conselho de Administração e pelo Director de Marketing. Tenho um exemplo muito desagradável no passado, com outra Direcção, quando, através de um Contact Center, uma determinada companhia de seguros começou a ligar-me diariamente e às horas mais impróprias (durante reuniões e/ou à hora do jantar) no sentido de que lhes comprasse um determinado produto. Isto durou meses - todos os dias ligavam-me pessoas diferentes - apesar de, desde o início, ter referido não estar interessado. Quando lhes perguntei como tinham obtido os meus dados referiram-me que o Sporting lhes tinha vendido a base de dados dos seus sócios. Fiquei indignado é só não tomei uma providência por ser o meu clube do coração (já não me recordo - sou sócio há 38 anos - se aquando da filiação havia algum campo que permitisse a transmissão de dados, mas sendo eu menor na altura duvido que isso fosse legalmente permitido).
Provedor do sócio/Secretário Geral: não sei se existe; no site, em lugar de destaque, não consta. Como podem os sócios encaminhar sugestões para o clube? Ou queixas sobre um determinado abuso por parte do clube? O Nosso comentador Leão da Estrela também levanta esta questão. Seria importante, em ambiente fechado ou aberto a outros sócios, os sócios terem um espaço onde pudessem apresentar sugestões de melhoria de determinados serviços ou ideias, visões, para o futuro do clube. O tipo de conteúdo é diferente de uma Linha de Apoio, pelo que deveria haver um canal próprio criado para o efeito. Já agora, gostaria de deixar aqui uma nota à atenção de alguém responsável porque, tendo acontecido comigo, dela tenho conhecimento. No início deste ano, o banco que uso para débito em conta, das quotas dos meus 3 filhos, após uma integração, mudou os IBANs dos seus clientes. O resultado disso foi que os antigos IBANs deixaram de estar disponíveis e os pagamentos não foram efectuados (teria de me ter deslocado a Alvalade e dado os novos IBANs). São 3 quotas que estão a meu cargo, um dos meus filhos é maior de idade e já não sou eu que recebo as mensagens para pagamento, e o Sporting deixou de ter assegurado o pagamento das quotas por débito directo, passando para a situação mais precária (e ao cuidado da memória de cada um) de ter de ser o sócio a fazer a transferência por multibanco ou home-banking, tudo isto, dizia, sem me fazer um único telefonema. Ora, é ou não de todo o interesse do clube que os sócios não tenham as quotas em atraso?
Sócios - iniciativa Glória do mês: iniciativa que visaria homenagear mensalmente um atleta que pelo seu palmarés e comportamento social tenha sido uma referência dos valores que apregoamos. Do futebol ao atletismo, do hóquei ao basquetebol, do andebol ao futsal e restantes modalidades seria prestada homenagem a essas figuras, o que permitiria aos mais jovens tomar consciência de quem foram essas pessoas e aos mais antigos recordá-las com saudade. Armando Marques (tiro), vice-campeão olímpico (quem conhece?), Chana (hóquei, campeão do mundo, para mim, ainda melhor que Livramento, quem conhece?), Rita Villas-Boas (trampolins, vários títulos, quem conhece?). Isso permitiria às pessoas, durante esse mês, tomar contacto com a história desse atleta e da sua modalidade, com peças na SportingTV, jornal do Sporting, Site do clube e iniciativas próprias no estádio de Alvalade e no Pavilhão João Rocha antes dos jogos das nossas equipas, reforçando o orgulho de ser Sporting e o "awareness" sobre uma modalidade específica.
Stock-out Loja Verde: mensalmente, haveria um dia com preços bastante mais baixos, com colecções "retro" de outras épocas, vendidas a preço muito acessível.
Dia de Sporting: trabalho de pré-época, de conjugação dos calendários dos jogos no Pavilhão com os jogos no Estádio, permitindo maior afluência de público, envolvendo famílias. Criação do Pack Dia do Sporting, de bilhete único para utilizar no estádio e pavilhão, no mesmo dia.
Sócio do mês: em todos os jogos em Alvalade, o Conselho Directivo (por mérito ou por sorteio, critério a definir) escolheria alguns sócios, os quais teriam direito a assistir aos jogos em Alvalade com a sua família (4 pessoas, p.e.), entrar em campo com as equipas, dar um pontapé de saída simbólico, receber uma bola autografada por todos os jogadores e treinadores, efectuar uma visita guiada a Academia e Museu, participar nas homenagens ao atleta do mês (Glória), entrevistas a SportingTV e Jornal do clube dando conta da sua experiência de envolvimento com o clube. Nota: poucos sócios reunem condições para terem a familia com eles nos jogos durante toda a época. Só aqui em casa somos cinco, pelo que se torna incomportavel caso não queiramos naturalmente descriminar qualquer dos filhos.
Site do Sporting: carece de urgente reformulação. Não só é muito pouco sofisticado técnicamente, com consequências a nível de navegação, como é paupérrimo em termos de conteúdos e da sua actualização (procurar as equipas de Formação é um exercício surrealista, os jogadores são sempre os do ano anterior), mesmo a nível do calendário de jogos da nossa equipa principal de futebol como o Nosso autor Ricardo Roque tem feito o favor de demonstrar. É muito pobre, tem muito poucas referências à nossa história e à dos nossos atletas e é pouco funcional e interactivo (a não ser para pagamentos de quotas ou gamebox). Aqui há tempos, o Nosso comentador JHC deu conta de um site brasileiro, "Esquadrão Imortal", que faz mais jus à carreira de Peyroteo e dos 5 Violinos do que qualquer publicação leonina (exceptuando os livros de Fernando Correia). No mês dedicado a um atleta, poderiam ser incluídos no site peças diárias sobre todos os relevantes atletas dessa modalidade onde o homenageado se destacou.
Novas tecnologias: O Nosso comentador Leão da Estrela traz a sugestão, ipsis verbis, de que, em tempos de internet, redes sociais, jogos eletrónicos e toda uma interatividade digital de meios, seria importante criar um gabinete de novas tecnologias como forma igualmente de criar maior ligação ao sócio e adepto e consequentemente, entrar no mundo dos mais jovens criando assim maiores laços e cativando a sua ligação ao Clube. Neste mundo digital, ter-se-ia que dar maior destaque aos atletas e às modalidades, sendo importante e principalmente para os mais jovens, a criação de jogos onde o Clube, os seus heróis desportivos ou as suas modalidades desportivas fossem jogáveis de forma interactiva.
Não coloquei aqui a "carne toda no assador", até porque as características de um Post na blogosfera desaconselham a que seja demasiado grande. Agradecia que complementassem estas ideias com outras sugestões, através da caixa de comentários.
Bem sei que a Direcção do clube passou aquele linha que relegou para segundo plano as suas inúmeras realizações ao longo destes anos. Por muito que se valorize um trabalho, a ameaça de utilização de uma "bomba atómica", latente durante um período em Abril e agora de volta, em forma de boomerang, nos últimos dias, é algo que tem de alarmar um sócio. A ideia de exigência no plantel profissional de futebol é algo que me agrada e que penso necessita de ser reforçada, mas isso não pode ser imposto de uma forma autoritária, repressiva e, perdoem-me, imatura. Deve, isso sim, ser obtida com inteligência através de um conjunto de práticas, procedimentos e atitudes, em que o exemplo deve sempre vir de cima. Enfim, as coisas não correram bem, as partes foram-se afastando (o que é sempre um mau sinal sobre a liderança) e para piorar o cenário surgiriam os horríveis acontecimentos de Alcochete, que enquanto adepto e sócio me envergonharam, mas do qual espero que os jogadores não retirem outra conclusão que não seja não confundir um grupo de arruaceiros com os ordeiros adeptos comuns do Sporting. Não sei o que será o futuro. Sei que retirei o meu apoio a esta Direcção, em Abril, mas é apenas a minha opinião, os sócios são e serão soberanos. Como sempre nestas ocasiões começa a surgir na imprensa o habitual desfile de diversos nomes, putativos candidatos à presidência do Sporting. Sou mais um homem que valoriza ideias e tem muito pouca paciência para feiras de vaidades. Nesse sentido, lembrei-me de criar esta série onde diariamente irei apresentando ideias que fui maturando com o tempo, na esperança de que, após revistas, melhoradas e complementadas por todos aqui no blogue, possamos, em conjunto, humildemente contribuir para o engrandecimento desta ENORME instituição, seja este ou qualquer outro o presidente em funções. Não nos podemos estar sempre a queixar, temos o dever de cidadania leonina de nos informarmos, nos envolvermos, de participarmos activamente na vida do clube, trazendo valor e mostrando ao mundo que somos realmente diferentes e pela positiva, mais ainda agora que a imagem pública do clube está degradada e que urge recuperá-la. Parafraseando John Fitzgerald Kennedy, mais do que lamentarmos o que o clube não faz por nós (ou ficarmos à espera do que o clube pode fazer por nós), afirmemos aqui aquilo que podemos fazer pelo clube. Levantemo-nos leões!!!
Como o texto que tenho preparado é longo e compreende diferentes áreas, decidi dividi-lo aqui no És a nossa FÉ em vários fascículos/capítulos. Hoje, apresento aqui o primeiro, subordinado aos temas Cultura Corporativa, Dinamização dos Núcleos, Academias e Liga de Clubes (nota: dada a natureza de um Post tentei sintetizar o mais possível os tópicos). Amanhã, trarei aqui um Post dedicado à relação com os sócios.
Cultura Corporativa: os jogadores de futebol não são prestadores de serviços, mas sim quadros do clube. Julgo que uma das prioridades do clube deverá ser o investimento na cultura corporativa (a “mística”, no jargão futebolístico), um elo identificador que una todos os profissionais do clube à volta de um nexo comum, de forma a que o todo se sobreponha sempre à soma das partes. Nesse sentido, em relação à equipa de futebol, urge retirá-la um pouco do isolamento de Alcochete e aproximá-la do coração do clube, Alvalade, dos seus adeptos (não confundir com hooligans) e de atletas de outras modalidades, para além de permitir a realização de acções formativas. Marcar-se um treino matinal semanal em Alvalade (às quartas-feiras?) seguido de um "day-out", à tarde, com os sócios e atletas das modalidades, seja através de actividades de team-building, seja através de apoio ao merchandising (com sessões de autógrafos) na Loja Verde, seja através de seminários organizados pelo Sporting que visem acautelar o futuro profissional dos jogadores (criando aquele factor diferenciador que os jogadores reconhecerão), pós cessação da sua carreira desportiva, em matérias como gestão de empresas, liderança, literacia financeira, etc. Gostaria também de ver um ex-jogador, campeão pelo Sporting, como Director para o Futebol, que fosse capaz de ser um fio condutor entre a história centenária do clube e o balneário, com o objectivo de se conseguir uma cultura de exigência, excelência e superação, a todos mobilizando no sentido da atitude e compromisso necessários para lá chegar. Em traços mais gerais, e visando todo o clube, criaria um Comité de Inovação, forum onde todo o tipo de colaboradores do clube estaria representado. O clube podia promover um concurso de ideias para funcionários/sócios, oferecendo um prémio simbólico como forma de motivar as pessoas a apresentarem-nas. Lembro-me sempre daquele episódio académico, salvo erro na Colgate, onde foi aberto um concurso interno em que se pediam ideias a todos os funcionários sobre como aumentar as vendas. O vencedor foi o motorista da empresa, que preconizou que se aumentasse o bocal das bisnagas de dentífrico...
Dinamização dos núcleos: também tem de se dinamizar mais os núcleos, que são um bom canal de vendas (para além da bilhética) e potenciadores de negócios para o clube. Estão nas regiões e devem estar ligados ao tecido económico das mesmas. Poderão servir para aumentar o número de associados, incrementar as vendas de produtos e serviços do clube e como polo aglutinador de patrocinadores para o clube através do conhecimento das forças vivas da região e suas necessidades de promoção das marcas. Deveriam ter Promotores comerciais, pagos à comissão, na venda de produtos/serviços, num modelo que poderia atribuir um "fee" maior ao núcleo, ficando estes responsáveis pelo pagamento dos comerciais, ou um "fee" menor, assumindo o Sporting os compromissos com esses comerciais. Gostaria que um dia nos fosse mostrada uma discriminação dos proveitos obtidos na Loja Verde, Rua Augusta, "on-line sales" e outros canais, de forma a perceber de que forma se podem melhorar as vendas nos diversos canais de distribuição. Nos escrutínios eleitorais, os núcleos deveriam poder participar através do voto electrónico, observadas as necessárias garantias de fiabilidade e integridade do sistema.
Academias: existem actualmente diferentes modelos de negócio das Academias. Em algumas, o Sporting tem uma participação; noutras receberá um “fee” (100% franchising). Seria interessante que estes modelos e respectivos Business Plan fossem apresentados aos associados e que se percebesse, através de planos plurianuais, quais os custos em que o clube incorre e os proveitos que se podem esperar destas apostas. Igualmente, no plano desportivo, perceber-se quais são os objetivos. Há algumas informações dispersas que indicam que já há alguns jovens a treinar nas equipas de Formação do Sporting e que são provenientes deste tipo de academias, mas não são claros quais são objectivos (quantificáveis). No fundo, seria interessante uma apresentação, onde ficassem claros os objectivos económicos e desportivos da aposta nas academias, a nível nacional e internacional, e perceber-se qual a política de expansão e como se conjuga com o merchandising e a promoção da marca.
Liga de clubes
Inspirar uma alteração dos quadros competitivos: em cinco anos (se não se conseguir antes), campeonato com 12 equipas, disputado numa primeira fase a duas voltas; “play-off” (6 primeiros da primeira fase) e “play-out” (6 últimos da primeira fase) com 6 equipas cada, a duas voltas, total de 32 jogos; os pontos contam desde o início, descida de divisão para os dois últimos classificados do “play-out”, o que possibilitaria que a mesma receita fosse dividida por menos clubes. Igual modelo para a 2ªLiga e para a 3ªLiga (inovação). Criação da 4ª Divisão, nos moldes do actual Campeonato de Portugal, a cargo da Federação Portuguesa de Futebol. Desde logo, haveria mais jogos entre Sporting, Porto e Benfica e quem conseguisse chegar ao “Play-off” receberia duas vezes os “grandes”, uma grande motivação e aumento das receitas de bilheteira para todos. O vencedor do “Play-out” poderia ter um bónus da Liga (ou mesmo uma participação europeia garantida, por troca com os quintos/sextos classificados do “Play-off”), a fim de que os clubes estejam motivados. Julgo que com estas medidas, e assegurando que em 5 anos, o modelo estaria implantado, teríamos daqui a 10 anos 3 clubes na Champions.
Melhor distribuição das receitas televisivas entre os clubes: pode parecer um paradoxo, mas a verdade é que actualmente Portugal só tem um participante garantido na Champions e isso deve-se, essencialmente, à má prestação dos clubes médios do futebol português nas provas da UEFA. Às vezes, é importante dar um passo atrás para se poderem dar dois à frente e uma maior competitividade da Liga ajudará a todos a longo prazo.
SADs: A Liga enquanto regulador tem de fazer outro escrutínio na constituição de sociedades anónimas desportivas. O futebol, actualmente, é um paraíso para negócios pouco claros e é necessário tomar medidas para combater isto. O “match-fixing”, geralmente associado às apostas desportivas, é um flagelo que importa enfrentar. Não me parece que haja suficiente “compliance” sobre os investidores e a Liga deveria adoptar os procedimentos actualmente em vigor no sistema financeiro sobre branqueamento de capitais e financiamento ao terrorismo (BCFT). E depois, há modelos que funcionam porque apostam em criar raízes e na envolvência com as povoações, como é o caso do Aves, outros não contemplam essa realidade e acabam por criar um fosso com os sócios e adeptos do clube, servindo apenas como plataforma de interface de jogadores.
Código de Ética dos Agentes Desportivos; é fundamental a existência de um código de ética, de conduta, que abranja todos os agentes desportivos, com especial ênfase na prevenção de conflito de interesses, promiscuidade, tráfico de influências e corrupção. Penalizações em sede de justiça desportiva para os prevaricadores.
Desvantagens competitivas face a diversos países europeus devido a uma fiscalidade mais exigente e que não discrimina positiva uma profissão de desgaste rápido (dos profissionais de futebol). Promover consenso na Liga e constituir "lobby" para sensibilizar o governo, no sentido de tentar aligeirar a carga fiscal.
O Sporting tem de estar estratégicamente na primeira linha em todas estas transformações que o futebol português precisa e necessita de ser mais persuasivo na mobilização dos restantes clubes para esta causa. Há que perceber o que é fundamental e o que é acessório e saber estabelecer os compromissos necessários para que as nossas ideias vinguem. Inovar permanentemente e criar factores de diferenciação face à concorrência têm de ser um moto contínuo do nosso dia-a-dia.
«Mentalidade. Falta mentalidade competitiva a todos os níveis. E isto não se resolve apenas e só mandando dez jogadores embora e vindo dez jogadores made in Sporting. A tal falta de mentalidade começa nas camadas etárias mais baixas e daí para cima. Só se resolve portanto com uma boa injecção de querer, ousadia, perseverança, garra. E isso não sei como há-de ser incutido. Finalmente, é necessário muito treino.»
«Prospecção: o Sporting tem que arranjar um departamento profissional, mas competente, com ligações em África e na América do Sul. Poucos, muito poucos, são os jogadores que nos últimos anos foram contratados e considerados mais-valias. Já no que diz respeito a barretes e aquisições que logo no início deixaram muitas dúvidas...»
«Se o nosso presidente foi exímio a contratar treinadores, no que aos jogadores diz respeito, têm sido épocas atrás de épocas a contratar entulho às pazadas – de slavechevs a mankovics… o que nos conduz ao erro genético de ter ignorado uma formação mundialmente reconhecida para ter não sei quantos emprestados no plantel…»
«O único comentário que faço é só este: trabalhem e organizem-se em beneficio do clube. Corram com a maioria dos reforços e apostem nos nossos jovens para o bem e para o mal.»
«Com os mesmos intérpretes (Bruno de Carvalho e Jorge Jesus) não julgo ser possível retomarmos o rumo que eu tinha por certo e adequado. O primeiro teria que ter a humildade de reconhecer que se enganou ao contratar o segundo e esperar algum tempo mais para inscrever o seu nome na listas dos Presidentes campeões e não tem paciência para tal. O segundo (JJ) teria que mudar de natureza e temperamento e, com a idade que tem, não vai fazê-lo e acho que nem está para aí virado. Há que mudar.»
«O modelo de jogo do Sporting tem que ter em Bas Dost a sua figura central. Chega de obrigar o holandês a vir a meio do meio-campo fazer tabelas, despovoando a área para depois as jogadas serem concluídas com cruzamentos para a bancada. Jorge Jesus tem obrigação de pôr a equipa a fazer mais. E por favor, arranjem laterais que pelo menos não comprometam a equipa. Já não era mau. Em relação ao que o presidente tem de mudar, depois das eleições haverá tempo para isso. Por enquanto urge é que a equipa pratique futebol.»
«O Presidente deve comportar-se como presidente e não como adepto. Deixe lá o banco de suplentes para os responsáveis do futebol. O Presidente deve resguardar-se. Deixar-se de guerras de "alecrim e manjerona" que só o desgastam e prejudicam o clube. Sempre ouvi dizer que não é com vinagre que se apanham moscas.»
«Há uma falta gritante de fio e consistência de jogo. Tudo demasiado previsível: bola dos centrais para o meio-campo, lateralização para as alas, sobreposição do lateral e bola despejada na área. As bolas paradas são uma piada de mau gosto, ineficácia total. Incapacidade de introduzir criativadade no jogo: basta os adversários povoarem a área e o Sporting fica anulado. Gostava de saber o que treinam durante a semana. Fazem apenas recuperação de condição física? Sinceramente não faço ideia, mas pelo produto que apresentam em campo fica a ideia que não há trabalho de casa feito em condições.»
«Há que ganhar a serenidade. Há que pensar (e ganhar) jogo a jogo. Há que dispensar os excedentários, corrigir os erros de casting, pensar uma estratégia para assegurar, com o mínimo de custo e eventual realização de receitas, um lugar na Champions. É só isto. Temos sob contrato aquele que é, demonstradamente, e de longe, o melhor treinador em Portugal, desde que Mourinho saiu do Porto - aquele que no ano passado nos pôs a jogar como eu nunca vi e nos fez alcançar a nossa melhor pontuação de sempre.»
«Luís Duque, bonacheirão, foi o elemento mais importante do penúltimo campeonato ganho pelo Sporting (1999/2000). Este Sporting precisa de alguém na sua estrutura com o perfil de Luís Duque, que faça a ligação presidente-jogadores - assim evitar-se-ia a cena de Chaves - e que intervenha em outras áreas onde é importante marcar posição. O campeonato ganha-se dentro e fora das quatro linhas e o Sporting tem que voltar a ser respeitado; os jogadores agradecem... Ver o seu trabalho frequentemente esbulhado desmotiva.»
«Emagrecer o plantel. Vender a maioria que se contratou e as "vedetas" que não queiram continuar. Apostar na formação e em alguns emprestados. Claro, Jorge Jesus não vai nisso. Portanto é chegar a acordo com ele para sair no fim desta temporada. Não vejo outra saída.»
«O problema é a bola não entrar... e algumas contratações terem falhado. Se queremos um projecto a médio/longo prazo, terá que passar sempre pela aposta nos jogadores da formação e com dois terços de jogadores não portugueses que sejam de factos reforços. Não podemos voltar ao despesismo de anos anteriores. O presidente será sempre Bruno de Carvalho e o treinador Jesus.»
«Por mim Bruno de Carvalho ficará muitos mais anos à frente do clube. Certo que apostou forte no treinador que mais depressa poderia ser campeão e essa aposta falhou, em parte porque lhe deu demasiado poder. Em quase tudo o resto está a fazer um grande trabalho, mesmo que Joaquim Rita espume de raiva ou apesar disso. A partir de agora muita coisa terá de mudar, o problema é que tenho muitas dúvidas que Jesus abdique de comprar jogadores ao quilo e que aceite ficar noutras condições. Mas o Sporting é maior que Jesus, não é?»
«Jesus lembra-me a anedota do escorpião. Sentado nos louros da época passada, sabia que se ia dar mal, mas tinha de repetir erros passados do Benfica, desprezar a academia, comprar jogadores velhos, cansados e com vícios, pôr o ego à frente da cabeça e dar roda livre ao disparate. Será que Jesus vai mudar, aceitar partilhar poder na gestão do plantel, valorizar jogadores de que pode não gostar mas que são activos da formação e não podem ser desprezados (Mané é um bom exemplo), e ser um líder motivador e inspirador para a equipa? Dificilmente acho eu, não acredito, não consegue, não precisa, o ónus pelo divórcio está do lado do Sporting. Pelo que se ouve Bruno de Carvalho fez a sua opção e vai com Jesus até ao fim. Entende-se. Se é o fim de Jesus ou dele ou dos dois, a ver vamos.»
«A gente tem muito a tendência escatológica (talvez porque há muito não se ganha; porque há muito ruído nos painéis televisivos e nas redes sociais), e esquece as boas coisas num instante - nas últimos quatro épocas do futebol A duas foram excelentes (mas não óptimas) e uma boa. Esta está a meio. Parece (tem sido anunciado) que as finanças vão muito bem e a economia também melhorou. As "modalidades" (e o ecletismo) reviveram. O pavilhão está aí. E de repente, em meia dúzia de jogos, o sentimento é parecido (ou pelo menos a sua expressão pública) com o de há quatro anos atrás. Calma. Cautela e caldos de galinha (sendo que estes, para mim, são sinónimo de jogar sempre com um lateral esquerdo e que este não seja o Marvin).»
«A prioridade é, desde já, preparar a próxima época, que, espero, inclua Jorge Jesus e um novo Presidente, que não tem de ser outra pessoa, mas sim uma pessoa diferente, que pode bem ser um Bruno de Carvalho mais calmo e mais, muito mais profissional do que tem sido, concentrando-se no que se passa dentro de casa, pondo-se no lugar dele que, segura e felizmente, não é o de treinador da equipa, menos ainda em tempo de campanha eleitoral. Infelizmente, nos últimos dias, BdC tem sido a principal fonte de problemas que têm minado a equipa de futebol. BdC corre mesmo o risco de ser o principal responsável pela delapidação das suas maiores conquistas enquanto presidente leonino e elas não foram poucas: devolveu o orgulho à nossa massa adepta, fez-nos reviver a nossa grandeza, recuperando um Sporting competitivo e temido. Essas conquistas, lamento, estão todas em risco!»
«É bom não esquecer que não há campeões a jogar com muitos jovens. Isso não existe em nenhum clube da Europa! Existiu em tempos no Ajax, mas hoje em dia é quase impossível. Os jovens têm que ser integrados aos poucos e três ou quatro por época. Acima disto é fazer demagogia. Além de que a camisola de qualquer um dos ditos grandes "pesa" muito mais do que a de qualquer clube ao qual sejam emprestados. Até pela pressão de ter de ganhar sempre.»
«O nosso SCP deve ter: um Presidente que preside, ou seja governa a "casa"; um treinador que treine, ou seja tire o melhor partido dos jogadores que o Clube lhe põe à disposição; um director desportivo que blinde o grupo de trabalho "futebol profissional" e que seja o elo de ligação com a Administração da SAD; uma estrutura profissional de pesquisa de jogadores que possa colmatar as necessidades da equipa; a estrutura médica e um gabinete de comunicação. O que temos? Um Presidente que é ao mesmo tempo Presidente, comunicador, director desportivo, pesquisador de jogadores e acima de tudo, alguém que ainda não despiu a roupa de adepto. E um treinador que não consegue perceber até onde pode ir, que mantém um esquema de jogo sem que para isso tenha jogadores para tal, com um comportamento que o faz ser expulso jogo sim jogo não e com uma retórica antes e pós-jogos de bradar aos céus.»
Pedro Wasari
{ Blogue fundado em 2012. }
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