São estes jogos que vão definir o campeão, o rendimento da equipa depois duma jornada da Champions, com um misto de jogadores, uns cansados outros vindos de lesão, uma equipa muito complicada do outro lado a procurar a sua sorte.
A solução é como na música clássica: seguir a partitura e evitar as notas soltas.
Um dia o Hjulmand e o Bragança, noutro dia o Morita e o Bragança, um dia o Esgaio, o Debast e o Inácio, no outro o Debast, o Diomande e o Inácio, e tudo funciona da mesma forma, o que fazer em cada posição está interiorizado, Debast na direita parece Inácio do outro lado e no meio parece Diomande. Voltou o Pote, ainda sem pilhas para 90 minutos, mas logo mostrou a sua mais-valia.
Se nas primeiras épocas de Amorim sempre havia alguém que não correspondia, um falhava aqui, outro comprometia acolá, agora é mesmo complicado designar o pior em campo. Todos os que jogaram de início estiveram a nível muito alto, os que entraram depois não comprometeram.
O Famalicão muito tentou, defendeu com bravura e atacou com intencionalidade, mas muito pouco conseguiu. Talvez pudesse ter marcado um, mas ficou perto de sofrer meia dúzia. Israel fez uma boa defesa, mas foi a única. Um guarda-redes de equipa grande é assim mesmo.
Melhor em campo? Eu diria Bragança: enorme exibição dum jogador que teve uma evolução incrível post-lesão e que merece ser titular na selecção. Mas qual Vitinha...
Arbitragem? Muitas decisões menores em prejuízo do Sporting, no essencial Fábio Veríssimo cumpriu e não inventou. Se calhar porque o avançado do Famalicão não é aquele batoteiro que o Porto vendeu não sei para onde. Ou o outro que fugiu no termo do contrato.
E agora? Descansar, repousar e rezar para que o Nuno Santos não tenha nada de grave. Foi uma entrada dura mas leal daquele jogador tipo Oceano que não me importava de ver no Sporting, o Zaydou Youssouf.
Realmente é bem estranho ver na mesma semana diferentes equipas do Sporting a alinhar de camisola cor de rosa (ou no caso magenta ?) associada ao género feminino e consequentemente a uma das mais terríveis doenças associadas ao género.
Para mim foi assim duas vezes a cores e ao vivo em Alvalade e duas vezes pela TV. O Sporting acabou por ganhar 3 dos 4 jogos, o único que perdeu foi com o Benfica em futebol feminino no jogo de despedida da Mariana Cabral a quem tenho de agradecer todo o esforço e dedicação que demonstrou nos oito anos que passou como treinadora pelo Sporting e as taças que deixou no museu, e as vitórias nos dérbis. Poucas ou muitas, não interessa. O resto é o resto, e tem mais a ver com o futuro do que com o passado, fica aqui a reparação mais que devida.
Mas voltando à camisola e a julgar pelo que vi nas redondezas do estádio, foi uma campanha a que muitos aderiram e que fez todo o sentido. Se surgirem outras para causas assim tão nobres terão todo o meu apoio também.
Quanto ao jogo em si, se calhar foi o mais traiçoeiro de todos os desta época. Um adversário em 6-4-0, todos atrás da linha da bola, extremos transformados em defesas laterais e defesas laterais em centrais, muito difícil criar espaço no meio de tantas pernas. E logo um susto a abrir o jogo por fífia de Quaresma bem salvo por Israel.
Também o lado esquerdo não ajudou, Maxi muito metido para o meio, encostando Harder a Gyokeres e facilitando ainda mais a vida ao Casa Pia. Valeu o lado direito com Catamo e Trincão sempre tentando entrar embalados da linha para o meio, com cruzamentos perigosos de pé trocado, e incursões em drible que podiam dar penáltis ou cruzamentos atrasados como o que deu o golo. Mas o golo foi quase a única oportunidade clara que o Sporting teve no primeiro tempo.
O Rúben viu bem o problema ao intervalo. Saiu Harder, Morita foi fazer de Pote, muito mais difícil de marcar, e com isso complicou muito a vida do adversário. As oportunidades começaram a surgir. Morita primeiro, Trincão a seguir, falta clara sobre Gyokeres depois e golo de penálti. No entretanto, Inácio e Quaresma tinham chegado ao fim, e o trio defensivo com Fresneda-Debast-Esgaio assustava qualquer um. Mas nada de pior aconteceu, a equipa manteve-se sempre competente e o adversário de tanto defender com tantos nunca conseguiu atacar em condições.
Assim conquistámos a oitava vitória sucessiva no arranque da Liga. A última vez que isso tinha acontecido foi em 90/91 com Marinho Peres como treinador e depois foi o que se viu na altura e que não se quer repetir. Isto não é como começa, é como acaba, e o que importa agora é recuperar os lesionados no período das selecções de forma a enfrentar um novo ciclo de jogos muito exigente, e todos vão ser poucos para o efeito.
Melhor em campo? Israel, Debast, Bragança, Trincão, um qualquer deles.
Arbitragem? Deixou jogar, coerente no critério, nada a dizer.
E agora? Descansar, recuperar, descansar, recuperar. A lição está bem estudada.
PS: Em Arouca Chico Lamba, agora em Alvalade João Goulart e Nuno Moreira, é sempre bom ver alguns jogadores que passaram pela nossa equipa B singrarem profissionalmente. Um ou outro ainda se destacarão e terão transferências que beneficiarão o Sporting através das cláusulas e dos direitos de formação. Mas independentemente disso é sinal que houve trabalho bem feito em Alcochete.
Por curiosidade, aqui fica a soma das classificações atribuídas à actuação dos nossos jogadores no PSV-Sporting, da Liga dos Campeões, por quatro diários desportivos:
Daniel Bragança: 26
Quenda: 23
Israel: 23
Maxi Araújo: 21
Morita: 21
Harder: 20
Morten: 19
Eduardo Quaresma: 18
Nuno Santos: 18
Trincão: 18
Diomande: 17
Gonçalo Inácio: 17
Gyökeres: 17
Geny: 15
Debast: 14
O Zerozero, O Jogo e o Record elegeram Daniel Bragança como melhor em campo. A Bola destacou Israel.
Daniel Bragança fez a diferença ao ser lançado em jogo: devia ter entrado mais cedo
Foto: Maurice Van Steen / EPA
Foi o nosso jogo menos conseguido da temporada. Com uma primeira parte marcada por sucessivas perdas de bola, incapacidade de sair com ela dominada da nossa área e quase nula chegada à frente, onde Gyökeres andou quase sempre sozinho, policiado com eficácia por Flamingo - central de 21 anos que certamente daria muito jeito no Sporting.
Houve demasiados erros individuais nesta primeira metade do desafio em Eindhoven, frente ao PSV, na segunda jornada da Liga dos Campeões. Faltava um elemento desequilibrador, que assegurasse a ligação entre linhas: Pedro Gonçalves, lesionado, fez-nos muita falta contra o rolo compressor da equipa holandesa. Que não perde há 42 jogos no seu estádio.
Ao intervalo, 1-0. Era resultado lisonjeiro para o nosso onze, como bem se percebia pela linguagem corporal de Rúben Amorim, inquieto na sua área técnica. O duo centrocampista formado por Morten e Morita não funcionava, Geny estava em noite para esquecer, as vias de acesso à baliza de Benítez permaneciam bloqueadas. Pior: a grave lesão de Diomande, forçado a sair de campo aos 32'.
A segunda parte foi diferente. Bastou trocar uma peça, aos 52', quando Geny cedeu lugar a Daniel Bragança. Passámos a ter um meio-campo a três, o jogo começou a fluir, a bola começou a ser disputada, avançámos uns metros no terreno. Faltava solucionar o mistério das escorregadelas dos nossos jogadores: nunca tinha visto nada assim.
O futebol é jogo colectivo em que as unidades fazem a diferença. Aconteceu, pela positiva, com dois jogadores saídos do banco: Maxi Araújo no transporte pela ala esquerda e cruzamento, Daniel numa execução perfeita: aos 84' surgia o golo do empate. Rúben esteve melhor na mudança das peças do que o seu homólogo do PSG. O desgaste físico penalizou mais a equipa adversária.
Viemos de Eindhoven com um ponto que pode valer ouro. Permanecemos invictos na Liga dos Campeões, após a vitória em casa com o Lille. A estrelinha de Amorim voltou a brilhar: é bom saber que não nos abandona nos maus momentos.
Fica a minha pontuação aos jogadores:
Franco Israel (7).Sem culpa no golo sofrido, logo aos 15'. No minuto anterior, tinha feito uma grande defesa. Voltou a ser crucial aos 73', evitando o segundo do PSV. Sem lapsos nem deslizes. Merece continuar como titular da baliza.
Debast (3).Parece ter dado um passo atrás, voltando à desastrada exibição da Supertaça. Fez um passe de risco, mal medido, que ao ser interceptado nos custou o golo. Repetiu o erro aos 29': felizmente não passou do susto. Entregou aos 43'. Nervos a mais, ao que parece.
Diomande (4).Estava a ser o nosso melhor central, no eixo do bloco defensivo, quando se viu forçado a sair, amparado por dois elementos da equipa técnica, sem conseguir pôr o pé no chão. Parece lesão grave. Aos 29' fez um grande corte.
Gonçalo Inácio (4).Acusou excesso de nervosismo, o que não é inédito em desafios de maior responsabilidade. Entregou a bola em zona proibida aos 14'. De Jong passou por ele à vontade aos 56'. Tentou golo de cabeça após canto (45'+1), sem sucesso.
Quenda (6).Chegou a ser, na primeira parte, o nosso melhor em campo. Muito bem no plano técnico: fez três túneis na ala direita. Ofereceu golo a Daniel (59'). Esteve muito perto de marcar num remate em arco aos 76'. Só pecou por lapsos defensivos.
Morten (4).Quase irreconhecível: não foi presença autoritária, impondo-se nos duelos, ao contrário do que nos habituou. Tentou apagar demasiados fogos, sem pautar o ritmo da equipa. Melhorou ligeiramente na meia hora final.
Morita (6).Distinguiu-se do colega dinamarquês pela sua capacidade de colocar a bola à distância, em passes cruzados. Aconteceu ao oferecê-la a Nuno Santos (29') e Gyökeres (51'). Isolou Eduardo Quaresma aos 71': situação de golo iminente.
Nuno Santos (4).Continua sem fazer uma grande exibição nesta época. Morita isolou-o aos 29', mas ele finalizou muito mal, com um autêntico passe ao guarda-redes. Falhou cruzamento aos 54'. Incapacidade de criar desequilíbrios.
Trincão (5).Muito castigado pelo jogo duro da turma holandesa, que não hesitava em recorrer à falta para travar lances prometedores do Sporting, foi um dos mais inconformados, desenhando lances de bom recorte técnico que acabaram desperdiçados.
Geny (2).Noite para esquecer do moçambicano, um dos que mais escorregaram em Eindhoven. Remetido à posição de interior esquerdo, afastado da linha e de costas para a baliza, foi presa fácil do PSV. Deixou-se antecipar por Schouten no lance do golo.
Gyökeres (4). Cumpriu a partida menos conseguida até agora de Leão ao peito. Culpa da incapacidade dos nossos médios em ligar o jogo e do seu "guarda-costas" Flamingo, que não lhe concedeu margem de manobra. Interveio no golo com pré-assistência lateral para Maxi.
Eduardo Quaresma (5).Rendeu Diomande, como central à direita. Esteve no melhor e no pior. Grandes cortes (dois aos 41', dois aos 78', outro aos 88'). Excelente recuperação seguida de arrancada que o pôs na cara do golo aos 71': escorregou no momento de marcar. Atraso de bola sem nexo que quase nos custou um golo (82').
Daniel Bragança (8). O nosso melhor. Entrou aos 52', substituindo Geny, e actuou como médio ofensivo, trabalhando com eficácia entre linhas. À segunda tentativa, conseguiu: grande golo marcado de pé direito, sem preparação. Valeu-nos o empate. Estreia de grande nível como artilheiro na Liga dos Campeões.
Maxi Araújo (7).Entrou aos 71', para o lugar de Nuno Santos, e logo imprimiu mais velocidade e qualidade à nossa ala esquerda, beneficiando do desgaste do PSV. É dele a assistência para o golo. Luta para ser titular.
Harder (6). Pouco tempo em campo: substituiu Trincão aos 79'. Cheio de vontade de marcar, atirou às malhas laterais. No último lance da partida, aos 90'+3, viu Benítez negar-lhe o golo com enorme defesa.
Gostei muito do resultado do Sporting (1-1) em Eindhoven, frente ao PSV - equipa que não perde em casa há 42 jogos. Trouxemos da Holanda um precioso ponto que nos dará muito jeito, lá mais para diante, nas contas da Liga dos Campeões. Empate ainda mais precioso por ocorrer num jogo em que a turma dos Países Baixos foi superior durante toda a primeira parte, comprovando que a célebre estrelinha de Ruben Amorim volta a brilhar em momentos difíceis. Com este resultado continuamos invictos na prova máxima do futebol europeu e na própria temporada 2024/2025. Balanço: nove desafios disputados, com oito vitórias e este empate.
Gostei de Daniel Bragança, melhor do Sporting em campo. Só entrou aos 52', substituindo o desastrado Geny, mas chegou muito a tempo de mostrar as suas melhores características: condução da bola, visão de jogo, qualidade de passe, temporização dos lances, chegada à frente. Mexeu com a equipa e brilhou aos 84' com o golo do empate: fugiu à marcação dentro da área e desviou no ar a bola com o seu pé menos bom, o direito, finalizando com brilhantismo. O seu terceiro golo da temporada, comprovando ao treinador que merece ser titular. Rúben certamente levará esta exibição em conta. Tal como a de Maxi Araújo, que fez a assistência e entrou igualmente muito bem, aos 79', rendendo um extenuado Nuno Santos. Também o internacional uruguaio demonstra qualidade para figurar no onze inicial, assim como o seu compatriota Franco Israel, que fez duas grandes defesas, aos 14' e aos 73'. Deve ser ele a continuar entre os postes. A propósito, convém lembrar que não sofríamos um golo desde 17 de Agosto.
Gostei pouco que o nosso treinador tivesse demorado demasiado a mexer na equipa ao verificar que não ganhávamos uma bola dividida e concedíamos toda a iniciativa de jogo ao onze adversário. Além de Daniel e Maxi, também Harder podia e devia ter entrado mais cedo: substituiu Trincão aos 79' e contribuiu para intensificar a nossa pressão atacante. Aos 90''+3 fez um remate com selo de golo que Benítez bloqueou só com muita dificuldade, impedindo assim a derrota do PSV.
Não gostei da exibição de Geny, que rende pouco quando joga à esquerda e se vê forçado a receber a bola de costas para a baliza: não é cenário propício às suas características. Teve responsabilidade no golo sofrido, logo aos 15', ao deixar-se bater por Schouten, que disparou sem hipótese de defesa para Israel. Neste lance o moçambicano divide culpas com Debast: o internacional belga fez um passe de risco totalmente escusado, além de duas entregas de bola comprometedoras noutros momentos. Também Gonçalo Inácio volta a sentir dificuldades num jogo internacional, o que não é inédito nele: entregou aos 14' em zona proibida e aos 56' deixou De Jong fazer o que quis, ficando nas covas. Só por manifesto azar o veterano defesa holandês não a meteu no fundo da nossa baliza.
Não gostei nada de ver tantos jogadores nossos a escorregar o tempo todo no relvado em Eindhoven. Aconteceu com quase todos, com destaque para Gyökeres, ontem neutralizado tanto pelo excelente policiamento do jovem central Flamingo, que não lhe concedeu um centímetro de espaço, como por andar sempre a cair mesmo quando ninguém lhe tocava. O maior escorreganço, no entanto, foi protagonizado por Eduardo Quaresma, que patinou quando se preparava para a meter lá dentro, isolado perante Benítez, aos 71': queda caricata num lance iniciado com brilhante recuperação do próprio lateral leonino. Mas aquilo de que menos gostei foi ver Diomande sair de campo amparado, aparentando torção num pé, aos 32': outra lesão a afligir um defesa nosso, havendo jogo de campeonato, contra o Casa Pia, já daqui a três dias.
O Sporting escorregou e muito em Eindhoven, Diomande saiu do estádio em muletas, Quaresma isolado estatelou-se no relvado e entregou ao bola ao guarda-redes, e assim só com muito esforço, dedicação e devoção dos jogadores conseguimos sair de lá com um ponto.
Curiosamente o Real Madrid-Sporting em feminino da semana passada foi mais ou menos a mesma coisa. O Rúben prefere treinar na véspera em Alcochete, abdicando de treinar no campo do adversário, se calhar a Mariana faz o mesmo. Depois existem as botas e os pitons, o tipo do relvado, a rega intensiva, etc... A escorregar sistematicamente é complicado jogar futebol.
Na 1.ª parte tivemos um PSV completamente adaptado ao relvado, a marcar em cima e a meter o pé no limite do amarelo. Morita e Hjulmand não existiam e os defesas tentavam meter a bola directamente nos avançados que estavam de costas para os defensores. Assim aconteceu o golo sofrido e as restantes oportunidades de golo do PSV.
Na 2.ª parte, o PSV deixou partir o jogo, foi criando oportunidades que poderiam ter resolvido o encontro, as substituições do Sporting ajudaram ainda mais a uma toada de bola lá / bola cá, e depois veio ao de cima a qualidade individual de Bragança. Um grande golo, a grande centro do também recem-entrado Maxi. Mesmo no final aquele remate de Harder podia ter-nos dado os 3 pontos.
Enfim, é a Champions, um nível completamente diferente daquele da Liga nacional, em que todos os adversários são fortes e apresentam armas para as quais não estamos preparados. E depois são as lesões sucessivas a castigar um plantel já de si muito curto para os objectivos da temporada. Em Eindhoven não estiveram Pote, Edwards e Matheus Reis, St. Juste foi de passeio, a adaptação de Geny a interior esquerdo falhou rotundamente, Bragança andou a fazer de avançado e perdemos por umas semanas o "comandante" Diomande.
Também é preciso ver a idade do onze apresentado, especialmente de alguns, como Debast, Quenda e Diomande. Os erros são inevitáveis. Têm muito por onde crescer.
Melhor em campo? Daniel Bragança, quem o viu e quem o vê, que evolução incrível dum jogador que perdeu um ano na carreira por uma grave lesão. Depois dele, Franco Israel esteve à altura dum guarda-redes do Sporting.
Pior em campo? Geny, incapaz de perceber o que a posição exigia.
Arbitragem? Excelente na distinção entre as entradas duras para ganhar a bola e aquelas para castigar o adversário.
E agora? Ganhar ao Casa Pia e recuperar os lesionados. Se calhar nesta fase é mais importante o médico do que o treinador...
Grande exibição do Sporting ontem em Arouca, mesmo com seis alterações nas posições relativamente ao clássico, e mesmo depois dos compromissos das selecções.
Realmente para quem, como eu, pôde estar em Arouca nos últimos três anos, é impressionante a evolução desta equipa de Rúben Amorim, agora transformada numa máquina oleada que não dá hipóteses ao adversário. Bom, ontem deu uma, é verdade, aos 20 segundos do jogo.
A saída lenta a jogar de antes, que deixava o adversário a ver jogar "de cadeirinha", deu origem a um jogo de xadrez onde as peças vão trocando a bola ocupando o terreno e colocando o adversário a correr dum lado para outro em contínuo desgaste.
Depois o "trote" da construção depressa dá lugar ao "galope" em zonas mais avançadas no ataque à defesa adversária entretanto desposicionada.
Não é por acaso que a equipa não sofre golos há três jogos seguidos. É porque os adversários conseguem poucas ou nenhumas oportunidades de golo, tão focados estão em defender. Isto dando-se Amorim ao luxo de rodar os defesas. Cinco deles já alinharam como titulares.
Ontem a equipa valeu como um todo. O sueco estava em noite não, Nuno Santos não acertou um centro e até Trincão alternou o melhor com o pior. O melhor esteve no miolo com Hjulmand, depois Morita, e Bragança em grande nível. Cá atrás Debast fez um grande jogo ao lado de Inácio. Max entrou e no primeiro lance em que interveio fez uma assistência para golo falhado. Israel com presença de guarda-redes de equipa grande.
A única coisa de que não gostei foi o desperdício de contra-ataques rápidos em igualdade numérica. Sempre más decisões no último passe. Aquilo treina-se, como fazia o Waseige.
Melhor em campo? Bragança, que evolução.
Arbitragem? Mais do mesmo. No momento certo espeta o punhal.
E agora? O Lille, terça-feira em Alvalade. Jogo a jogo, é gerir o melhor possível o (curto) plantel.
Diziam dele que, embora com talento, não servia para marcar golos. Enganaram-se também nisto. Na nossa vitoriosa deslocação a Tondela, para a Taça da Liga, o Sporting cumpriu o seu objectivo central em larga medida graças a um golaço de Daniel Bragança. Que assim calou todos os críticos, externos e internos. Foi o primeiro, logo aos 18': pura obra de arte. Servido por Nuno Santos num passe picado, o nosso médio criativo dominou a bola no peito e colocou-a à mercê do seu melhor pé, o esquerdo. Atirando-a lá para o fundo.
- Edmundo Gonçalves: «O jogo andou mais ou menos a passo na primeira parte e a única situação de registo foi mesmo o golo de Daniel Bragança, já que até aí o Sporting não havia rematado à baliza adversária.» (6 de Novembro)
- Luís Lisboa: «Intenso nos duelos, desarmando, usando o corpo sem falta, chegando à area embora falhando um golo que parecia só empurrar.» (15 de Dezembro)
- Eu: «O seu melhor desempenho está a ser agora, de novo no Sporting. Só se surpreende quem andou alheio ao seu percurso ou preferiu ignorar os dotes deste médio tão inteligente como hábil no domínio da bola.» (30 de Dezembro)
Grande dia de Sporting. Pela tarde a equipa B ganhou mais uma vez, agora em casa do Oliveira do Hospital e com um golo da nova paixão de Rúben Amorim, o Giovani Quenda, e logo depois as senhoras do voleibol feminino conseguiram o acesso à final four do campeonato à custa do Benfica.
À noite foi tempo de rumar a Alvalade. Cerca de 40 mil nas bancadas, pelos motivos conhecidos dificilmente se chega a mais, uma das melhores exibições da época. Mais uma goleada, agora a uma equipa que ainda recentemente tinha feito o Porto perder dois pontos no Bessa.
O Boavista entrou a todo o gás, com a lição bem estudada. Duma má intervenção de Israel conseguiu, com um remate acrobático, colocar-se em vantagem. Foi uma faca de dois gumes. Por um lado ganhou confiança para o que ali vinha, por outro foi abdicando de atacar e deixando o Sporting fazer o seu jogo e causar estragos.
Demorou demasiado a concretização desses estragos, quase todos criados por Paulinho, que deambulando entre a zona central e o lado esquerdo, sempre disponível para tabelinhas com Morita, muito baralhava a organização defensiva adversária, um 5-4-1 estacionado atrás. Da primeira vez, o golo a que assistiu foi anulado por 26 cms, mas pela segunda já não foi: cruzamento de luxo para o golo do sueco. Entretanto a lesão dum defesa central tinha fragilizado a defesa boavisteira.
Com o jogo empatado ao intervalo, Amorim puxou da cabeça, interrogou-se como é que o Sporting podia perder pontos num jogo destes e logo descobriu a solução. Só mesmo o medíocre apitador conseguir amarelar Hjulmand. E o treinador fez aquilo que tinha de ser feito com esta "nobreza" da APAF. Trocar o melhor de Bérgamo por Bragança.
O Sporting voltou a não entrar bem na segunda parte. O jogo tornou-se confuso até que dum grande centro tenso de Catamo com "o pé trocado", Paulinho marcou um grande golo, mesmo "à ponta de lança". Ouviu-se em Alvalade mais uma vez e bem forte o cântico do Paulinho, acho que desta vez até o ressabiado tasqueiro mais surdo terá ouvido.
Aproveitou Amorim para dar descanso a Matheus Reis metendo Inácio. Estava a ganhar, estabilizou a defesa, o Boavista tinha de fazer pela vida. O espaço atrás começou a existir e então foi o festival Gyökeres. Bem servido, com um super-Bragança de cadeirinha 10 a comandar as operações, com espaço e já com a defesa adversária desgastada, o sueco foi como um tubarão atacar um cardume de sardinha. Morcona, de preferência. Um festim.
Foram 6-1, podiam até ter sido mais. O sueco fez "hat trick", Paulinho marcou o último. O estádio todo cantou o cântico dum e doutro no final do jogo.
Melhor em campo ? Gyökeres obviamente, mas Paulinho foi o "abre-latas" do jogo. Não admira que o sueco já tenha dito que é com ele que se entende bem. Visto do outro lado, é como segundo ponta de lança que Paulinho se sente melho: foi assim com Slimani e é assim com o sueco. Bragança também esteve excelente na segunda parte.
Arbitragem? Manhosa, para dizer o mínimo, a fazer recordar "padres" e "missas". Valeu o VAR no lance do penálti para o impedir de inventar uma regra nova. Não interessa ver? Repete.
No final mais uma óptima conferência de imprensa de Amorim, a explicar muito bem as suas opções em termos de jogo e de banco. Ou ele é realmente duma inteligência extraordinária ou então muita gente que se diz Sportinguista de futebol não percebe porra nenhuma. Algures no meio estará a verdade.
Assim fechou com chave de ouro o ciclo infernal. Foram 12 jogos em 40 dias, 8V3E1D, 32-10 em golos.
07/02 - U.Leiria 0 - Sporting 3 (TP)
11/02 - Sporting 5 - Sp. Braga 0
15/02 - Young Boys 1 - Sporting 3
19/02 - Moreirense 0 - Sporting 2
22/02 - Sporting 1 - Young Boys 1
25/02 - Rio Ave 2 - Sporting 2
29/02 - Sporting 2 - Benfica 1 (TP)
03/03 - Sporting 3 - Farense 2
06/03 - Sporting 1 - Atalanta 1 (LE)
10/03 - Arouca 0 - Sporting 3
14/03 - Atalanta 2 - Sporting 1 (LE)
17/03 - Sporting 6 - Boavista 1
E agora? Descansar, recuperar o Pedro Gonçalves, treinar sem a dezena que vai às selecções e logo se verá. Morita regressará mais uma vez de rastos, Diomande vai fazer férias em pleno Ramadão, Trincão se calhar vai dar mais cabo do pé na selecção.
Muita coisa pode acontecer. Depois virá um ciclo menos intenso mas quase definitivo em termos de objectivos da época.
Daniel Bragança abriu a contagem no dia da sua estreia como capitão da equipa em Alvalade
Foto: Miguel A. Lopes / Lusa
O pior em campo na jornada anterior desta vez ficou de fora: Adán, com lesão muscular, nem no banco se sentou. O mesmo aconteceu com Gonçalo Inácio. Para compensar, tivemos os regressos de St. Juste, novamente titular ao fim de três meses de ausência. E de Trincão, que começou no banco mas saltou lá para dentro, já recuperado da lesão traumática contra o Rio Ave em lance que devia ter sido penálti mas nem falta chegou a ser assinalada por um árbitro que corre o risco de ganhar o campeonato da incompetência.
Foi, pois, um onze poupadinho, este que no passado domingo enfrentou o Farense no nosso estádio, perante mais de 39 mil espectadores - as assistências avolumam-se à medida que prossegue a contagem decrescente rumo ao título que tanto ambicionamos.
Além dos já mencionados, ficaram de fora Geny, Coates, Morita e Eduardo Quaresma. Já a pensar no desafio desta tarde, contra a Atalanta, para a Liga Europa. Mas, quando o árbitro Cláudio Pereira fez soar o apito final após boa actuação em Alvalade, apenas o moçambicano ficou mesmo sem jogar. Os outros foram entrando à medida que surgiam dificuldades e se impôs a necessidade de fazer sair os mais exaustos. O calendário tão intenso, com jogos de três em dias, vai impondo níveis muito elevados de fadiga física.
Talvez para prevenir isso, entrámos com óbvia vontade de garantir uma vitória rápida contra a turma algarvia, que havíamos vencido na primeira volta por 3-2 em Faro. Em desafio que se revelou muito mais difícil do que se previa.
Não há dois jogos iguais, mas o resultado deste Sporting-Farense repetiu o do embate anterior. Com grau de dificuldade idêntica. E no entanto até nem faltou quem antevisse goleada, pois antes da meia hora já vencíamos por 2-0.
Primeiro com uma bomba disparada por Daniel Bragança, de pé direito, aos 11': o disparo foi de tal ordem que embateu com estrondo na barra, desceu à linha de baliza subiu novamente ao ferro e só então entrou. Fazendo levantar o estádio em louvor ao jovem formado na Academia, em estreia como capitão no nosso estádio. Dedicou o golo aos avós, ali presentes, e emergiu sem sombra de dúvida como o melhor em campo.
Depois, destacou-se o suspeito do costume: Viktor, o craque sueco que faz jus ao nome próprio. Meteu-a lá dentro com assistência soberba de Pedro Gonçalves já de ângulo muito apertado, junto à linha de fundo do lado esquerdo. Aconteceu ao minuto 29: os três pontos pareciam garantidos.
Mas ainda não estavam. Porque aos 32' o argelino Belloumi despejou-nos um balde de água fria em forma de golaço, batendo Israel nesta tarde em que se estreava entre os postes num jogo da Liga 2023/2024. Remate indefensável: o jovem uruguaio ainda voou, mas sem conseguir deter a bola. Ao intervalo, 2-1.
Viemos estranhamente apáticos do balneário. Concedendo iniciativa de jogo ao adversário, em contraste com o sucedido na meia hora inicial, quando soubemos explorar muito bem a profundidade e fechar as linhas de passe do Farense.
Instalava-se o nervosismo nas bancadas.
O facto de o guarda-redes ser caloiro neste campeonato e o trio defensivo (St. Juste, Diomande e Matheus Reis) actuar também pela primeira vez não ajudou. O que viria a confirmar-se quando os forasteiros empataram, aos 50', pelo caboverdiano Zé Luís.
Havia que tocar a rebate. E assim foi. Três minutos decorridos, Pedro Gonçalves - com assistência de Esgaio - meteu-a lá dentro, bem à sua maneira, fixando o resutado.
Depois foi gerir. Com bola e sem ela. Jogo controlado, pausado. Aos 55', tripla alteração: Rúben Amorim trocou Pedro por Francisco (Trincão), Matheus por Eduardo (Quaresma) e Morten por Morita. A pensar na recepção de hoje à equipa italiana, sim. E também a prevenir lesões musculares, cada vez mais prováveis à medida que o calendário aperta.
Entraram depois Coates para render St. Juste - e trancar ainda mais a nossa defesa, novamente com ele a capitão e Diomande remetido ao flanco esquerdo dos centrais - e Paulinho, este como substituto de Edwards, mas tão apagado ou mais do que o titular.
Aplausos à equipa? Claro que sim. Assobios é que não: infelizmente ouviram-se muitos, demasiados, nos minutos finais. Por alegado excesso de precaução defensiva.
Enorme estupidez. Não dos jogadores, mas de quem assobiou. O que me leva a concluir, uma vez mais: alguns adeptos não merecem esta equipa que tantas alegrias nos tem dado.
Breve análise dos jogadores:
Israel - Sofreu dois golos indefensáveis, cada qual à sua maneira: não podemos assacar-lhe culpas. E ainda viu uma bola no ferro aos 48'. Mas sem fífias neste seu jogo de estreia na Liga 2023/2024.
St. Juste - Voltou em boa forma ao fim de três meses inactivo. É a ele a iniciar o primeiro golo, com excelente passe vertical. E ainda cabeceou ao ferro na sequência de um canto, aos 24'.
Diomande- Tentou colmatar a ausência de Coates no onze, mas é ainda muito cedo para o designarem sucessor. Preso de movimentos, melhorou só quando se encostou mais à esquerda.
Matheus Reis - Foi central à esquerda no "jogo de cadeiras" promovido pelo treinador para solucionar o xadrez defensivo. Mas é melhor como ala do que no centro da defesa, voltou a confirmar-se.
Esgaio - Talvez a sua melhor exibição da temporada após o apagamento de Geny na jornada anterior. Dinâmico, fez centro crucial para o primeiro golo e assistiu no terceiro. Difícil exigir-lhe mais.
Morten - Se andasse menos submetido a tão intensa pressão física, talvez tivesse impedido o primeiro golo do Farense. Sem Morita ao lado, imperou enquanto pôde no meio-campo defensivo.
Daniel Bragança - Enorme exibição do nosso jovem capitão (por ausência inicial de Coates). Marcou à bomba o primeiro golo. Esteve a centímetros de marcar outro, aos 87'. E ainda ofereceu um a Paulinho (78').
Nuno Santos - Exagera por vezes no adorno dos lances. Mas num centro bem medido, aos 25', quase forçou autogolo do Farense: a bola foi à trave. Inicia golo 2, bem articulado com Pedro Gonçalves.
Pedro Gonçalves - O melhor português desta equipa já é o segundo goleador do Sporting 23/24. Foi dele o terceiro golo, garantindo os três pontos. Já marcou 15 e fez 13 assistências: notável.
Edwards - Talvez por falta de confiança, continua a abusar do individualismo, como se por vezes se esquecesse da equipa. Rematou à figura aos 35' e perdeu demasiadas vezes a bola.
Gyökeres- É o terror do Farense: já lhes marcou seis em três jogos na época. No domingo, em Alvalade, mais um. Leva 18 golos marcados na Liga - e 32 em todas as competições da temporada.
Trincão - Substituiu aos 55' Pedro Gonçalves, que saiu com queixas físicas. Regressado de breve lesão, menos grave do que se temia, ainda não se apresentou na melhor condição.
Eduardo Quaresma - Saltou do campo aos 55', substituindo Matheus Reis. Primeiro como central à esquerda, posição que lhe é estranha. A partir dos 69', actuou pela direita. Sempre seguro.
Morita - Rendeu Morten ao minuto 55. Refrescou o meio-campo leonino, sobretudo no capítulo da recuperação, e orientou os passes com a destreza habitual.
Coates - Substituiu St. Juste aos 69', impondo serenidade na linha defensiva com os seus cortes cirúrgicos (exemplar, aos 75') e a sua temporização no início de cada lance de ataque.
Paulinho - Entrou para render Edwards no minuto 69. Lento, algo apático, desperdiçou o 4-2 que Daniel lhe ofereceu aos 78', deixando-se interceptar. Nem sequer foi útil na posse de bola.
De mais uma vitória: o Sporting soma e segue. Ontem derrotámos o Farense em Alvalade. Por 3-2 (com 2-1 ao intervalo), num jogo em que dispusemos de muito mais oportunidades do que a equipa adversária mas manteve o resultado em aberto quase até ao fim, num grande espectáculo de futebol. Resultado que repete o da primeira volta, no Algarve, desta vez com dois belos golos da turma forasteira - pelo argelino Belloumi (32') e pelo caboverdiano Zé Luís (50'). Mas insuficientes para os de Faro pontuarem no nosso estádio. Convém não esquecer que esta foi a mesma equipa que impôs um empate a zero ao Benfica na Luz e perdeu à tangente com o FCP no Dragão numa partida em que os portistas só fizeram o 2-1 ao minuto 100.
De Daniel Bragança. Grande jogo do esquerdino, que aos 24 anos se estreou como capitão da equipa em Alvalade devido à ausência simultânea de Coates (começou no banco e só entrou aos 69') e de Adán (lesionado). Com os avós na bancada, o médio formado em Alcochete fez jus à braçadeira impondo a sua qualidade de passe e a sua visão de jogo. A vitória leonina começou por ele, logo aos 11': grande disparo com o pé direito, com tanta força que fez a bola bater duas vezes na trave antes de entrar. Interveio também no início da jogada do terceiro golo. Mostrou-se infatigável: à beira do fim ainda corria para recuperar bolas. Melhor em campo.
De Gyökeres. É impressionante, vê-lo jogar. Mesmo já sem a frescura que lhe vimos noutras fases, acusando o desgaste de actuar agora de três em três dias, continua a exibir toda a qualidade do seu futebol, em contínua vertigem ofensiva. Num destes lances, marcou, encaminhando-a da melhor maneira para o fundo das redes: foi aos 18', na primeira oportunidade de que dispôs, alargando então a vantagem para 2-0. E serviu os colegas, como aconteceu aos 87', após um estonteante slalom dentro da área algarvia: era para Daniel, a quem só faltou encostar. Tem já 18 golos marcados na Liga e 32 no total das competições.
De Pedro Gonçalves. Desta vez jogou menos tempo do que é habitual: Rúben Amorim trocou-o aos 55' por Trincão, já a pensar na eliminatória da Liga Europa com a Atalanta, que vai decorrer depois de amanhã em Alvalade. Mas esteve tempo suficiente para assistir o sueco no nosso segundo golo, num ângulo muito apertado na ponta esquerda, e marcar ele próprio o terceiro, aos 53', após centro de Esgaio. Missão cumprida. Isola-se como segundo artilheiro do Sporting na temporada em curso.
Do regresso de St. Juste. Após longa ausência (mais uma), o holandês voltou para integrar um inédito trio defensivo do Sporting, com ele à direita, Diomande ao meio e Matheus Reis à esquerda - rendendo Eduardo Quaresma, Coates e o lesionado Gonçalo Inácio no onze. Cumpriu no essencial, faltando-lhe alguns automatismos, como seria de esperar. Mas saiu dos pés dele uma grande abertura que iniciou o nosso golo inaugural. Podia ter feito melhor na cobertura do lance do segundo golo algarvio, mas vê-lo outra vez operacional já é boa notícia. E aos 24' esteve quase a marcar, de cabeça, na sequência de um canto: a bola foi ao ferro.
Da hora do jogo. Começou às seis da tarde, com as bancadas muito compostas (mais de 39 mil espectadores), cheias de crianças acompanhadas dos pais e avós, neste domingo. O ideal para congregar famílias, seja Inverno ou seja Verão, em estádios de futebol. Seria bom que este horário se repetisse.
Da homenagem inicial a Alexandre Baptista. Justa lembrança de um dos nossos melhores centrais de sempre, ontem falecido aos 83 anos. Foi um dos heróis da feliz campanha leonina de 1963/1964 que culminou com a conquista da Taça dos Vencedores das Taças e um dos "Magriços" que subiu ao pódio, com a camisola das quinas, no Mundial de 1966.
De Cláudio Pereira. Boa actuação deste jovem árbitro, que não complicou nem atrapalhou nem quis ser o centro do espectáculo. São atributos que deviam ser muito mais frequentes na arbitragem portuguesa, mas isso não acontece. Daí merecer este sublinhado pela positiva.
De continuarmos invictos em casa. Nem uma derrota nesta Liga em que confirmamos o nosso estatuto de equipa mais regular. Já levamos 40 golos marcados em Alvalade. E dez jogos consecutivos sem perder neste campeonato (nove vitórias, um empate).
De ver o Sporting marcar há 32 jornadas consecutivas. Sempre a fazer golos, consecutivamente, desde o campeonato anterior. Sem eles não há vitórias. E sem vitórias não se conquistam títulos e troféus.
De retomarmos a liderança isolada da Liga 2023/2024. Agora com 59 pontos, beneficiando da humilhante goleada (5-0) do Benfica no Dragão. Um mais do que os encarnados, mais sete do que os azuis-e-brancos e mais dez do que o Braga. Tendo - pormenor que convém não ser esquecido - ainda um jogo por disputar. Se o vencermos, ampliamos a vantagem sobre o SLB de um para quatro. Cenário desejável e bem possível.
Não gostei
De ter sofrido dois golos. Sem culpas para Israel, que ontem substituiu Adán entre os postes por impedimento físico do guardião espanhol. Já são cinco, em duas jornadas, se os somarmos aos três que o Rio Ave nos marcou na ronda anterior, em Vila do Conde. Confirma-se: a nossa defesa, nesta Liga, está num patamar inferior ao nosso ataque.
Do início da segunda parte. Viemos sem dinâmica do intervalo, um pouco anestesiados pela magra vantagem obtida nos 45' iniciais. Cinco minutos depois, o Farense empatava: era um justo castigo para a desconcentração leonina. Felizmente não tardámos a pôr-nos de novo à frente do marcador.
De ver antigos jogadores do Sporting na equipa adversária. É vulgar acontecer, mas desta vez foram três: Elves Baldé, Cristian Ponde e Rafael Barbosa. Todos formados em Alcochete, onde actuaram em vários escalões menos na equipa principal - excepto Ponde, que ainda chegou a estrear-se, com Marco Silva, numa partida da Taça da Liga. Ausente esteve também outro ex-Sporting: Mattheus Oliveira. Este não passou pela formação e saiu sem ter deixado saudades de qualquer espécie. Foi ele a marcar os dois golos que sofremos no desafio da primeira volta.
De Edwards. Nada lhe saiu bem. Voltou a ser titular, beneficiando da recente lesão de Francisco Trincão, entretanto regressado. Mas continua sem justificar a aposta de Amorim: o melhor que fez ontem foi um remate frouxo, à figura, aos 35'. De resto foi abusando das fintas, foi-se comportando como dono da "redondinha" até ser desarmado, foi-se atirando para o chão. O treinador, farto de tanta inoperância, deu-lhe ordem de saída aos 78' (fazendo entrar Paulinho) após duas perdas sucessivas de bola do inglês nos minutos precedentes.
Dos assobios dos adeptos à beira do fim. Uma vez mais, quando a equipa mais precisava de apoio e procurava segurar a bola para garantir os três pontos, uma caterva de imbecis instalados nas bancadas desatou a brindá-la com sonoras vaias, iniciadas ainda antes do fim do tempo regulamentar e prolongadas pelos cinco minutos de período extra. Nunca me cansarei de protestar contra tanta demonstração de estupidez.
Sem sofrimento não existem campeões. Quem pensa o contrário percebe mesmo pouco do futebol que se joga no estádio, se calhar com o entendimento moldado pela Tv ou Internet.
O sofrimento tende a aumentar exponencialmente em jogos inseridos em sequências bi-semanais de diferentes competições, com cartões e condições físicas para gerir, em que o essencial é ganhar com o mínimo de desgaste e consequências para os jogos seguintes.
Para este jogo com um Sp. Farense que nos tornou a vida bem difícil no jogo da 1.ª volta, o Sporting vinha dum desgastante dérbi para a Taça de Portugal, tinha cinco jogadores à beira de exclusão para Arouca por cartões amarelos e disputará a eliminatória da Liga Europa com o Atalanta três dias depois.
E ganhou por 3-2, sem amarelos a registar, dando palco a jogadores vindos de lesão como St. Juste, Trincão e Paulinho, e descansando jogadores como Coates, Morita e Hjulmand, e tendo de recorrer ao guarda-redes suplente, Israel.
Excelente! Tudo o resto é acessório.
Qual é o resto?
Uma primeira parte marcada pelo desperdício ou falta de sorte atacante, com dois golos, duas bolas nos ferros e outras que mereciam melhor sorte, tendo o adversário feito dois remates excelentes de fora da área. Um deu golo, o outro não entrou porque não calhou.
Uma segunda parte em que o Sp. Farense, duma boa jogada, sacou um livre perigoso, dum livre um canto em que a (improvisada) linha defensiva do Sporting cedeu e empatou. Logo a seguir uma ida à linha e golo de Pedro Gonçalves. Recuperada a vantagem, foi tempo de recompor a defesa e gerir o resultado. As entradas de Coates, Morita e Quaresma revelaram-se determinantes para segurar a vitória.
Melhor em campo nos 90 minutos? Daniel Bragança, um belo bolo e sempre em alta rotação, finalmente a correr para trás o que corre para a frente. Esgaio muito bem hoje também, melhor do que Nuno Santos do outro lado.
Arbitragem? Impecável. Um árbitro que começou muito mal na alta roda mas conseguiu dar a volta ao texto, transformou arrogância em assertividade, e valoriza o jogo deixando jogar sem faltas e faltinhas.
E agora? Para quarta-feira, a gamebox já está carregada para o efeito.
E depois? Arouca, onde espero estar.
E os outros? Benfica perde em Alvalade e é goleado no Dragão. O Atalanta empatou com o Milão, perdeu 4-0 contra o Inter, e perdeu em casa com o Bologna. Isto é garantia de alguma coisa de bom? Não, mas mal não faz, como se diz algures no Brasil "pimenta no cu do outro é refresco".
Rúben Amorim, na conferência de imprensa, veio dizer o seguinte: “Alguma ineficácia da nossa equipa, foram praticamente três ataques em que o Farense fez dois golos, estamos nessa fase. Fomos falhando golos com um bom ritmo e uma boa dinâmica, mas falhámos, outra vez, muitos golos. Na segunda parte controlámos mais sem bola, poderia falar na nossa definição quando ganhámos na bola rápido, faltou-nos o último passe. Mas os jogadores estão a dar tudo, alguns não têm mais para dar nesta sequência de jogos. Foi uma vitória justa." É mesmo difícil não concordar com ele...
Um jogo para a Taça de Portugal a meio da semana neste complicado mês de Janeiro obriga a muito mais do que pôr o melhor onze em campo. Foi esse o exercício que Rúben Amorim fez, dando treino a alguns, protagonismo a outros e motivação a terceiros. Sempre numa lógica de alargar o plantel efectivo, aquele com que pode mesmo contar para o resto da temporada.
Com o onze que definiu para enfrentar o Tondela, o Sporting conseguiu uma bela primeira parte. Equipa com tracção à frente pela locomotiva sueca e com um Bragança sempre a pôr carvão na caldeira, conseguindo abafar um adversário que tentou jogar futebol. O 3-0 ao intervalo apenas pecava por escasso, mesmo considerando a grande defesa de Israel num lance que nasceu dum passe de Nuno Santos para o "pé cego" do estreante Pontelo.
E a mesma locomotiva logo inventou mais um golo no início da 2.ª parte. Com 4-0 aos 60 minutos o desfecho da eliminatória estava mais do que definido, altura em que ele e Inácio sairam. Aí o jogo terminou. Quem ficou no estádio, como eu, foi assistindo a duas equipas a falhar, por cansaço de alguns e desispiração de outros, e um árbitro ainda a falhar mais porque mais do que aquilo não sabe. Quem tenha saido aos 60 minutos não perdeu nada.
Melhor em campo? Gyökeres, mais uma vez, um exemplo para todos. Grande exibição de Bragança na 1.ª parte, realmente cresceu nesta temporada duma forma incrível, isto após uma época perdida por uma lesão grave. Se calhar Varandas e Amorim tinham mesmo razão.
Sobre Pontelo, parece o irmão mais novo de Feddal. Claro que não é um Diomande, precisa também de ganhar outra compleição física, mas também está muito acima de defesas centrais com a sua idade que tenham passado pela nossa equipa B nos últimos tempos. Nem vale a pena comparar com o Chico Lamba ou com o Muniz. Excelente contratação ainda mais pelo valor do passe, que como Fresneda (e como Tanlongo, e como Sotiris e como Matheus Nunes e como outros) vai precisar de tempo para se impor.
Sobre os mais novos, Essugo e Moreira, foi apenas mais uma oportunidade para os dois. Essugo aos poucos parece lá ir, de jogo para jogo acrescenta qualquer coisa, mas talvez um empréstimo a equipas da 1.ª ou 2.ª Liga onde pudessem jogar com continuidade fosse benéfico para ambos.
Quaresma já parece ter passado essa fase, agora é dar seguimento quando chamado a jogo.
E agora? Ir ganhar ao Chaves e depois ao Vizela.
Dois jogos fora contra equipas pequenas cruciais neste mês de Janeiro, em relvado que podem ser verdadeiros pântanos e com arbitragens encomendadas pelos que sabemos quem são.
O calvário deste jovem jogador chegou ao fim: ei-lo renascido para o futebol. No Sporting, seu clube de sempre. Após um ano de inactividade forçada, imposto por uma grave lesão na pré-temporada de 2022: entorse traumática com lesão do ligamento cruzado anterior, num particular com o Estoril, a 9 de Julho. Foi sujeito a intervenção cirúrgica e a um período pós-operatório que parecia interminável.
Mas não há mal que sempre dure. Em Maio, com a época desportiva quase no fim, voltou a trabalhar com os colegas da equipa. Após 305 dias sem fazer o gosto ao pé. Aperitivo para a temporada agora em curso: pudemos enfim voltar a ver Daniel Santos Bragança, ribatejano agora com 24 anos, na sua posição de médio criativo, encarregado da construção ofensiva com qualidade técnica, precisão de passe e apurada visão de jogo. Foi entrando aos poucos até cumprir várias partidas como titular. Fazendo parceria com Morten ou com Morita: compõem o trio mais habitual do nosso meio-campo.
Desde 2007 no Sporting, onde fez toda a sua formação, Daniel é fruto da excelência da Academia de Alcochete, evidenciado sob o comando de Rúben Amorim. Já sénior, esteve emprestado ao Farense e ao Estoril. Com presença regular nas selecções jovens, sobretudo na sub-21, às ordens de Rui Jorge. Em 2021, sagrou-se subcampeão europeu: a equipa das quinas só perdeu a final frente à Alemanha.
Mas o seu melhor desempenho está a ser agora, de novo no Sporting. Só se surpreende quem andou alheio ao seu percurso ou preferiu ignorar os dotes deste médio tão inteligente como hábil no domínio da bola.
Já marcou três golos em competições oficiais desta época. Os primeiros contra o Olivais e Moscavide para a Taça de Portugal (21 de Outubro) e contra o Estrela da Amadora para o campeonato (5 de Novembro).
Sem favor algum: é jogador que há muito admiro. Está vinculado até 2025 ao Sporting, com 45 milhões de euros de cláusula de rescisão. Até lá, estou convicto, continuará a demonstrar o seu talento em campo. Os adeptos agradecem desde já.
Por curiosidade, aqui fica a soma das classificações atribuídas à actuação dos nossos jogadores no Tondela-Sporting, da Taça da Liga, pelos três diários desportivos:
Daniel Bragança: 18
Paulinho: 18
Pedro Gonçalves: 15
Nuno Santos: 15
Israel: 15
Morten: 15
Dário: 14
Edwards: 14
Neto: 14
Gonçalo Inácio: 14
Trincão: 12
Esgaio: 12
Eduardo Quaresma: 11
Matheus Reis: 10
Afonso Moreira: 1
Geny: 1
O Record e A Bola elegeram Daniel Bragança como melhor em campo. O Jogo optou porPaulinho.
Gostei muito do triunfo leonino em Tondela por 2-1. Os números são claros: em 24 jogos já disputados esta época, vencemos 18 em quatro competições diferentes. Chegamos ao Natal competindo em todas as frentes, o que contraria os pessimistas militantes e os letais que torcem sempre por derrotas verde-e-brancas. A vitória neste gélido frio de tarde na Beira Alta torna-nos semifinalistas da Taça da Liga: iremos disputar o acesso à final com o Braga a 23 de Janeiro, no estádio municipal de Leiria. Com o FC Porto já afastado da prova. Convém recordar que quatro das últimas seis edições foram conquistadas por nós.
Gostei de Daniel Bragança, para mim o melhor em campo. Marcou um belíssimo golo, logo aos 18': pura obra de arte - o seu terceiro da temporada em curso. E ainda assistiu Paulinho no segundo, aos 32', também com nota artística: o passe foi de calcanhar. Coincidência ou não, quando foi substituído por Dário, aos 63', a equipa caiu de rendimento. Gostei globalmente do primeiro tempo, em que dominámos por completo, chegando ao intervalo a vencer por 2-0. Destaque também para Paulinho: não apenas pelo golo que marcou, de pé direito, mas por outros dois lances: aos 5' fez a bola embater na barra; aos 66' proporcionou a defesa da noite ao guarda-redes tondelense. Reforça posição como rei dos goleadores na Taça da Liga: já marcou 21 em várias edições.
Gostei pouco que o Sporting tirasse o pé do acelerador, parecendo conformado com os dois golos de diferença alcançados ainda cedo. Apesar do forte apoio sentido no estádio, onde uma das bancadas estava cheia de adeptos leoninos - muitos inconformados por não terem visto jogar Gyökeres. Aliás Rúben Amorim deixou de fora cinco outros habituais titulares: Adán, Diomande, Coates, Morita e Edwards, além do internacional sueco. Em sentido inverso, fez alinhar Neto - desta vez capitão de início, neste seu centésimo jogo de leão ao peito. Assim poupou alguns jogadores para o próximo confronto do campeonato: será dia 30 em Portimão.
Não gostei de Trincão. Integrou o onze, mas voltou a decepcionar. Parece sempre algo desligado da manobra colectiva, apático, desconcentrado. Com os defeitos habituais: agarra-se à bola e entretém-se com ela, esquecido dos companheiros e da baliza, revelando-se inofensivo. Quando intervém, o nosso jogo empastela, perde dinâmica e fluidez.
Não gostei nada de sofrer um golo. Foi contra a corrente do jogo, é certo, e na única oportunidade de que o Tondela dispôs num desafio em que fez o primeiro remate (não enquadrado) só aos 39'. Aconteceu aos 76', por deficiente cobertura de Matheus Reis em zona frontal da grande área, permitindo que o adversário se movimentasse à vontade no lance, num remate indefensável para Israel. Vínhamos de duas partidas consecutivas sem sofrer golos, algo raro nesta temporada. Mas houve duas sem três: andamos mais inconsistentes do que gostaríamos no capítulo defensivo. E convém anotar que o Tondela segue em oitavo lugar na Liga 2: está longe de ser oponente temível.
O Sporting fechou a fase de grupos da Liga Europa com uma vitória clara contra o actual 2.º classificado da Liga Austríaca (o 1.º, com 2 pontos mais, só por milagre não pôs o Benfica fora da Europa), num jogo que deu para tudo. Descansar titulares, dar minutos a suplentes, até para testar Essugo a ala direito.
Foi um.jogo perfeito do ponto de vista de controlo das operações e de não dar chances ao adversário. Israel teve apenas de defender uma bola, um cabeceamento na sequência duma bola parada, e várias oportunidades existiram para marcar mais golos e seguir até à goleada.
Pela negativa, Trincão, que ameaça converter-se num grande problema, falhando lances em série por um individualismo exacerbado, sempre à procura do golo fenomenal que teima em não surgir e sempre parecendo traumatizado por isso mesmo.
Pela positiva, Bragança que fez talvez o melhor jogo que lhe vi num meio-campo a dois. Intenso nos duelos, desarmando, usando o corpo sem falta, chegando à area embora falhando um golo que parecia só empurrar. Também Inácio, que conseguiu marcar dois golos de oportunidade.
E agora? Venha quem vier em Fevereiro, mas o importante é ganhar o clássico na segunda-feira.
Confio que sim, contra tudo e contra todos. Contra os APAFs que além do que fizeram em Guimarães conseguiram levar ao colo o cadastrado Pepe para o clássico, os andrades do norte e os letais do sul.
SL
{ Blogue fundado em 2012. }
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