Como se já não bastasse vermos a Jumentude Leonina transformada em Cobradora de Fraque ao serviço de supostos credores do Sporting Clube de Portugal (acusando o clube de ser «caloteiro», o que deve ter dado imenso gozo ao trolha minhoto), agora até os núcleos entram na dança e começam a disparar para dentro, fazendo coro com empresários, empresas privadas e emblemas rivais do Sporting reclamando pagamentos que em vários casos estão a ser contestados pelo nosso Clube em tribunal. Mas para os núcleos, espantosamente, nem é preciso um veredicto de nenhum juiz: já concluíram que a SAD leonina é culpada.
Parece que anda tudo doido. Vemos, assim, núcleos leoninos assumirem-se como paquetes ao serviço da Sampdória, do Bratislava, do Belenenses SAD (difícil descer mais baixo...) e até do Braga, clube liderado por um indivíduo que alimenta um ódio patológico ao Sporting. E que é tão idóneo, em matéria de contas, que consegue estar na mira simultânea da Autoridade Tributária e do Ministério Público.
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Como ontem aqui escrevi, as acusações de falta de pagamento feitas ao Sporting por clubes rivais são recorrentes, vêm de longe e têm particular impacto nesta altura do ano, em que o defeso (agora acrescido da pandemia) impõe severas restrições aos temas a abordar nas colunas jornalísticas.
Ao contrário do que alguns palermas imaginam, nada disto começou no consulado de Varandas. Ainda hoje, a imprensa faz eco das reclamações de uma empresa denominada Football Capital, S. A., que reclama mais de 600 mil euros, acrescidos de juros, por um suposto pagamento que o Sporting lhe deverá no âmbito da transferência de Piccini para Alvalade, em Maio de 2017.
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Os núcleos de Vila do Conde, Póvoa de Varzim, Barcelos, Quinta do Conde e Batalha, que andam tão preocupados com dívidas, perderam uma excelente oportunidade para reclamar. Não junto do Sporting, partindo do princípio que ainda têm juba de leão em vez de penas de águia ou escamas de dragão, mas junto de clubes que nos devem dinheiro.
Refiro-me, por exemplo, ao Atlético de Madrid - que tem atrasado o pagamento a que se comprometeu por Gelson Martins. Ou ao Valência - que continua sem honrar o compromisso assumido perante o Sporting relativamente a Thierry Correia. Ou aos brasileiros do Sport Recife, que três anos e meio depois ainda não nos pagaram 1,2 milhões pela contratação de André. Ou ao Zamalek, do Egipto, que cinco anos depois ainda nos deve meio milhão de euros pelo anedótico Shikabala.
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Os tais núcleos não protestam com nada disto. Parecem ao serviço dos inimigos do Sporting, em vez de demonstrarem apoio ao Clube.
É um comportamento execrável, como nunca vi. Espero que os sócios desses núcleos recusem ser cúmplices desta atitude vergonhosa de quem ainda os dirige.
Há épocas recorrentes nos órgãos de comunicação social. Há a "época dos fogos", a época balnear, a época dos "surtos de gripe", a época dos assaltos (esta, em regra, coincidente com o defeso futebolístico, que instala um súbito vazio em várias redacções).
Existe também, sobretudo na imprensa desportiva, a época do "surto de dívidas". Os mais incautos e distraídos poderão supor que se trata de algo inédito, nunca ocorrido antes, absolutamente em estreia, e que só envolve o Sporting. Como se todos os clubes não devessem a outros clubes quantias de maior ou menor dimensão neste mercado sempre flutuante das movimentações de jogadores, com ou sem crise pandémica.
É tempo de sossegar tão boas almas. Os "surtos de dívidas" estampados nas manchetes dos jornais funcionam à semelhança das "vagas de assaltos" destinadas a preencher vazios informativos: são cíclicos, recorrentes e motivados por indignações muito selectivas. Hoje visam esta administração da SAD leonina, mas já visaram gerências anteriores.
Seguem-se alguns exemplos, enumerados sem grande esforço de memória.
É notícia um pouco por todo o lado: "Sporting falha pagamento da primeira prestação de Rúben Amorim". Não sei que argumentos jurídicos a equipa de Frederico Varandas estará a usar para não proceder ao pagamento da primeira prestação (cinco milhões de euros) da transferência do treinador do Braga para o Sporting, mas a verdade é que me parece que os dirigentes leoninos poderão estar a querer invocar um incidente de Force Majeure, o que, a confirmar-se, irá fazer correr rios de tinta e será mais um foco de tensão - incluindo uma batalha jurídica, dentro e fora de portas - entre os dois clubes.
Ao JN, fonte da direção de Varandas já dá a entender que isto é para resolver mais à frente. "Um ato de gestão excecional motivado pelo atual estado de emergência", define este dirigente em off. A confirmar-se, repito, a decisão do SCP vai dar muito que falar, vamos ver se pelas melhores razões e sobretudo espera-se que esteja, no mínimo, devidamente sustentada em termos jurídicos porque terá sem dúvida um impacto na credibilidade do Clube e na sua posição creditícia.
A 13 de outubro de 2018, Rúben Ribeiro revelou a Record a intenção de colocar o Sporting em tribunal, devido a valores alegadamente em dívida relativos a uma parte do seu prémio de assinatura e do seu desempenho desportivo na época 2017/18.
Agora venceu esse processo. Mais uma dívida herdada.
Na sequência da AG de Fevereiro último, dois dias depois, um tal de João Camacho, coadjuvado por António Nunes, lampião dos quatro costados, interpuseram uma acção de pedido de falência da SAD do Sporting, por pretensa dívida de cerca de meio milhão de euros.
Sabendo-se que esta suposta dívida já tinha sido reclamada no tempo da presidência de Godinho Lopes e tinha sido provado que não existia, a pergunta para o milhão de euros é, por que carga de água, dois dias depois de uma AG do Sporting, estas duas aventesmas interpuseram nova acção para recuperar uma verba cuja dívida já havia sido refutada e provada a sua não existência?
Logo na altura a direcção presidida por Bruno de Carvalho interpôs uma acção por litigância de má-fé contra estes dois senhores.
Muita água foi passando debaixo das pontes e eis que agora os senhores reconhecem não existir dívida e desistem da acção. Como sportinguista e um tipo que gosta das coisas da justiça decididas, passe a redundância, com justiça, fiquei satisfeito, não poderia ser de outra forma.
Na sequência desta desistência, que veio em toda a linha dar razão ao Sporting quanto à acção por litigância de má-fé que interpôs, seria de supor que a SAD exigisse o cabal esclarecimento de todo o processo e exigisse o reconhecimento legal ao seu bom nome e idoneidade.
Não foi isto que aconteceu. A Sporting, SAD, também ela, após a desistência dos pantomineiros, desistiu da sua acção.
Sou só eu, ou isto é assim um bocado esquisito e tem um cheiro a qualquer coisa?
Muito se tem falado sobre a diferença entre o valor que o Wolverampton paga ao Sporting pela transferência de Rui Patrício e o valor que o clube recebe. Se existe uma dívida reconhecida pela Sporting SAD à Gestifute ou qualquer outra entidade, é bom que a mesma seja regularizada o quanto antes, sem manobras dilatórias ou chico-espertices tipo “Marcos Rojo/Doyen”, que acabam sempre por serem pagas, acrescidas de juros. Afirmar que dos supostos 18 milhões o clube recebe apenas 11, é intelectualmente desonesto, porque existe encontro de contas.
Mas desonestidade é algo a que nos habituámos durante 5 anos, sempre em defesa dos superiores interesses do Sporting, está bom de ver, acabando sempre por perder os processos em sede própria, só não viu quem não quis, ou quem de forma acéfala seguiu o conselho do guru espiritual e apenas sintonizou a Sporting TV, que foi, como sabemos até aqui, uma verdadeira fonte de informação ao serviço do deposto querido líder. É que, não tendo nada a ver com a vida dos outros, ainda me lembro quando um presidente de clube rival desbaratou o bom nome na praça, coleccionando dívidas e rasgando contratos. As consequências duram anos.
É pois com alguma surpresa e receio que ouço rumores que algumas transferências estão por pagar, que existem dívidas a fornecedores no valor de 40 milhões de euros. A ser verdade, tal poderia explicar algum desnorte e fuga à realidade que fizeram perigar nos últimos meses a existência do Sporting Clube de Portugal. Mas ninguém tenha dúvidas que, apesar do coro de viúvas carpideiras saudosistas do passado recente, o clube está a ser reerguido. Esperemos pelo resultado da auditoria forense e retiremos da mesma todas as consequências.