Ver um clássico ao vivo dá outra "pica"! Então se no primeiro minuto o Sporting marcar um golo, mais ainda.
Cheguei cedo ao estádio, mas este já estava composto. Não é que estivesse cheio como veio a ficar, mas ainda assim já com alguma gente.
Tomei assento no meu costumado lugar e como sempre atrás de mim aquela "trécula" (como se diz na aldeia) que nunca, mas nunca se cala durante qualquer jogo. Nós a vermos as incidências do jogo e a estuporada adepta a envergonhar alguma vendedora do Bolhão, com a sua linguagem sempre assertiva.
A verdade é que o apoio à equipa naquela zona norte é quase permanente.
Após o empate, segundos antes do intervalo, fez crescer o nervosismo e a incerteza do resultado para a segunda metade. Quem pagou todo este meu nervosismo foram as unhas que ficaram por lá na bancada.
Quando veio o segundo golo quase ao final do jogo, o estádio veio abaixo e mais dois espectadores, que depois vim a saber, estavam muitas filas acima de mim. Só que com a euforia do segundo golo acabaram literalmente por aterrar nos bancos da fila à minha frente. Vi algo a passar, é certo, mas nunca pensei que fossem sportinguistas... porque normalmente os leões não voam. De tal forma foi o trambolhão que tiveram de chamar os paramédicos. Finalmente um deles, o que terá ficado pior, recuperou da alegria e deve ter muito que contar à família este serão.
E nos serões seguintes! Nomeadamente nódoas negras!
Que dor, caneco. Que estafermo de coisa dolorosa. Primeiro porque perdemos. Segundo porque a derrota teve muita culpa nossa. Nossa! Lamentavelmente não me é possível sequer arranjar um bode expiatório do apito (e lamento-o porque apesar de fraco consolo, porventura, se considerasse ter havido falhas graves de Artur Soares Dias, hoje estaria menos desconsolado), mas, na verdade, não encontro na arbitragem qualquer justificação para a mágoa que aqui venho carpir.
Uma equipa que se bate leoninamente durante uma segunda parte praticamente toda com apenas 10, virtuosamente segurando bem a vitória, muitas vezes, podendo até consolidá-la - e tudo isso no estádio do rival, silenciando o tão propalado "inferno"-, uma equipa que faz isto, uma equipa do Sporting que faz isto, não pode perder o jogo em apenas dois minutos fatídicos de um prolongamento. Não pode!
Vivendo o pesadelo que estou, a catarse impunha-se.
Dito isto, à Loja Verde online já encomendei um Casaco Tricolor Acolchoado. Não será por mim e pela falta do meu apoio que a equipa perderá mais pontos. E a Alvalade, faça chuva ou sol, calor ou frio (venha de lá a encomenda!), continuarei a ir e o Sporting apoiar. O campeonato está longe do fim. E é no fim que se fazem as contas. Dependemos apenas de nós para sermos campeões.
Uma primeira parte muito bem preparada por Rúben Amorim e executada pela equipa, com domínio total sobre o Benfica, um Israel em descanso e um 2-0 inteiramente merecido.
Uma segunda parte com o Benfica a correr e pressionar e o Sporting a encostar atrás, cada vez com mais dificuldade a sair a jogar, o 2-1 acontece por volta dos 70 minutos, as substituições foram ocorrendo dos dois lados, com vantagem para o Benfica, e o jogo ficou numa corda bamba, entre o 3-1 e o 2-2. Acabou por acontecer o 2-2, num lance em que Coates sofre uma carga dum jogador que sai de posição de fora de jogo. Mais uma Pinheirada.
Melhor em campo? Ugarte, mesmo com aquele passe para golo desperdiçado. Dos suplentes, Bellerín demonstrou a sua qualidade.
Quem viu este jogo e viu todos os outros do Sporting, como eu, encontra facilmente as razões para o relativo insucesso desta época:
1. A falta que fez Matheus Nunes. Se num 8, ou box-to-box, a capacidade física é fundamental, a diferença entre Matheus e Morita é abissal. Enquanto o primeiro aguentava a bom ritmo 120 minutos se preciso fosse, Morita "fica" no intervalo. Pior que isso, enquanto o primeiro passava toda uma temporada sem lesões, com o japonês, também pelos compromissos com a sua selecção, não é assim. E depois, quando não está disponível, recua Pedro Gonçalves, ou seja destrói-se fisicamente o melhor jogador e melhor avançado do plantel, com impacto directo no seu instinto goleador. Ontem Morita desapareceu na 2.ª parte, o suplente Tanlongo está na selecção argentina de sub20, Sotiris não se adaptou, Daniel Bragança cumpre a sua penosa via-sacra, sobrou hoje um Essugo ainda muito verde para estas andanças.
2. A falta que fez um Bölöni. O livro que publicou descreve o processo e todos os que treinaram com ele confirmam, ainda agora Paito confessou isso, o cuidado que o romeno colocou na preparação física e que esteve na base do sucesso da temporada. Neste plantel do Sporting há demasiados jogadores que não aguentam os 90 minutos a bom ritmo, como Morita, Trincão e Edwards, e este Benfica treinado por um alemão tipo Bölöni, que foi pondo toda a carne no assador, pôs isso a nu. Muito tinha a ganhar Amorim com um Bölöni a seu lado.
3. A falta que fez um "artilheiro". Se Paulinho, muito castigado pelas lesões, esteve muito abaixo do que pode e sabe, Pedro Gonçalves a mesma coisa pelos motivos atrás referidos. Ontem um e outro, pela enésima vez esta época, falharam golos que não se podem falhar. Que custaram muito em termos da temporada.
Concluindo, soube a pouco este empate concedido ao cair do pano ao futuro campeão nacional. Mas não foi nos jogos com os grandes que perdemos a temporada, foi mesmo com os pequenos.
Voltamos amanhã à Luz para mais um dérbi lisboeta, num momento marcado por outra vaga de Covid que muito irá impactar esta época. Para já saiu a sorte grande ao Benfica, que depois do jogo da vergonha (para quem a tem) do Jamor apanha o Sporting sem o seu capitão e mais influente jogador.
Mas a coisa não ficará por aqui e essa sorte pode transformar-se em falta dela na próxima curva do caminho. Nesse caso lá voltarão as calimerices de quem não consegue reconhecer a superioridade alheia, tal como aconteceu no último dérbi de futsal.
Vamos olhar um pouco mais para dentro. Juntando à indisponibilidade por quase duas semanas de Coates (antes o Covid que um problema no joelho) as lesões mais ou menos longas de Palhinha, Jovane e Vinagre, vamos ter um mês de Dezembro mais complicado do que se previa antes do jogo com o Tondela. Recordando, teremos sete jogos: Benfica (F), Ajax (F/CL), Boavista (C), Penafiel (F/TL), Gil Vicente (F), Casa Pia (F/TP) e Portimonense (C), dos quais apenas um apresenta dificuldade máxima, exactamente a deslocação à Luz, já que a visita ao Ajax deixou de ser decisiva para a continuidade na Champions.
Sendo assim, com a coluna vertebral da equipa Adán-Coates-Palhinha-Paulinho seriamente comprometida, Amorim vai ter de recriar uma nova equipa para os próximos jogos, mantendo o 3-4-3 mas se calhar com outras dinâmicas de pormenor.
A dupla Matheus Nunes-Bragança foi testada no último dérbi e não funcionou, e tem sido utilizada pontualmente esta época. A grande questão é que Bragança não tem físico para se impor nas divididas e incorre em faltas que podem tornar-se perigosas se ele jogar em terrenos atrasados: para jogar obriga o outro médio a proteger-lhe as costas, e se Matheus Nunes faz isso ficamos sem o melhor dele, as cavalgadas atacantes.
Por outro lado, Ugarte tem andado a passear de avião para não jogar na selecção de Uruguai, faltando a treinos importantes.
Ainda existe a alternativa Pedro Gonçalves, mas assim como aconteceriam os golos caídos do céu como aquele primeiro contra o Dortmund? E também Tabata, que foi testado ali na pré-época.
Por mim, era Ugarte que jogava numa perspectiva de continuidade, de substituição de Palhinha até ao seu regresso, porque qualidade tem, faltam-lhe apenas ritmo e a tal continuidade.
No tridente defensivo quem substitui Coates no centro? Inácio, Neto ou Feddal? Já aconteceu qualquer deles jogar no centro, nenhum me convenceu, e está ali o segredo da segurança defensiva do Sporting.
Gostava de ver ali Neto (pois, mas o Ajax...foi o Ajax), deixando Inácio e Feddal nas suas posições habituais.
No tridente ofensivo não há questões. Paulinho não exibiu o nível habitual frente ao Tondela porque estava em risco de não jogar também pelos cartões amarelos. Mas no dérbi terão todos de trabalhar muito de forma a não deixar os dois médios em inferioridade numérica contra o meio-campo adversário.
Do Benfica conheço pouco, para sofrer já me bastam os jogos do Sporting, mas aquela legião estrangeira paga a peso de ouro mais o seu treinador mestre da táctica não estão para grandes incómodos. Fazem o seu número: se a coisa estiver a correr bem entusiasmam-se, caso contrário ajoelham e afundam.
Cabe ao Sporting não os deixar confortáveis no jogo e explorar as baldas que fatalmente irão surgir. Para isso precisa de ter paciência, defender bem especialmente nas zonas interiores, circular a bola, entrar com velocidade pelas alas sem desposicionar a estrutura defensiva, tudo aquilo que o Sporting já deu mostras de saber fazer. E não errar nas saídas a jogar e nos passes interiores, porque os erros vão pagar-se bem caro.
Voltamos então a tentar adivinhar como começa e acaba o Sporting.
O meu palpite é:
Inicial: Adán; Inácio, Neto e Feddal; Porro, Ugarte, Matheus Nunes e Matheus Reis; Pedro Gonçalves, Paulinho e Sarabia
Final: Adán; Inácio, Neto e Matheus Reis; Esgaio, Matheus Nunes, Bragança e Nuno Santos; Pedro Gonçalves, Paulinho e Tiago Tomás.
Vou contar um ponto por acerto, 22 pontos em discussão. Fico a aguardar os vossos palpites.
PS: No último jogo deste tipo referente ao jogo contra o Tondela ganhou o Carlos Calado com 19 pontos, os falhados estão em sublinhado:
Inicial: Adán; Inácio, Coates e M. Reis; Esgaio, Palhinha, M. Nunes e Nuno Santos; P. Gonçalves, Paulinho e Sarabia
Final : Adán; Inácio, Coates e M. Reis; Esgaio, Ugarte, Bragança e Nazinho; Tabata, Tiago Tomás e Nuno Santos.
Eis a melhor prova de que um clássico como o de hoje é sempre um um jogo muito dificil para nós: o Sporting não vence o Benfica em casa, para o campeonato, desde 9 de Abril de 2012.
Vai fazer nove anos.
Nesse dia vencemos 1-0. Com golo (de penálti) apontado por Wolfswinkel. Curiosamente, numa partida também com arbitragem de Artur Soares Dias, o árbitro desta noite. Ele que também apitou os dérbis de 2016, 2017 e 2019.
Por curiosidade, recordo o nosso onze titular desse desafio já longínquo: Rui Patrício; João Pereira, Polga, Xandão, Insúa; Matías Fernández, Schaars, Elias; Izmailov, Capel, Wolfswinkel.
Reparem: só dois portugueses. E apenas um oriundo da Academia.
Não será bem assim que estará Alvalade amanhã, que saudades de lá estar, sabe Deus quando poderá ser...
O Sporting chega ao primeiro dérbi lisboeta da temporada numa situação invejável. Mesmo contando que Porto e Braga ganhem os respectivos confrontos, o Sporting ganhando fica com 4, 9 e 9 pontos de vantagem sobre os perseguidores mais directos. Perdendo, mesmo assim fica com 1, 3 e 6. Sendo assim, só tem de entrar tranquilo e concentrado em campo, jogar o melhor que pode e sabe, e ser feliz no final.
Melhor ainda entraria se pudesse contar com Palhinha: mais uma canalhice arbitral que prejudicou o Sporting, mas Matheus Nunes e João Mário mostraram no Bessa que se complementam muito bem e fazem um meio-campo de qualidade. O problema pode ser no decorrer do jogo, na hora de reforçar o centro para compensar o desgaste ou prevenir expulsões. Bragança incorre em faltas perigosas por falta de físico, talvez Gonçalo Inácio possa fazer de Palhinha se for necessário.
De qualquer forma o Sporting vai entrar em campo do jeito habitual. Amorim acredita mais na consistência que vem dos treinos do que dos coelhos que saem das cartolas. Já do outro lado, mesmo com Jesus de cama, deve haver alguma surpresa que se correr bem é porque realmente ele é genial; se correr mal, claro, os jogadores são burros e não percebem. Também, com toda aquela legião estrangeira paga a peso de ouro tem muito por onde escolher e muito por onde inventar. Levámos três anos disto, vimos Bruno César a ponta direita na Amoreira, Esgaio a defesa esquerdo em Alvalade, que nem estranhamos. Já que eles tanto o quiseram, agora que aguentem e não chorem.
Nesta semana marcada pelas novelas de fecho de mercado, entre o Paulinho que poderá vir ou talvez não, e os excedentários que finalmente vão à sua vida ou talvez não, temos agora o miúdo Plata desestabilizado pelos convites de Espanha e remetido para a equipa B, espero que aproveite para dois ou três jogos de luxo e voltar moralizado, porque precisamos dele.
Sendo assim, não vamos ter Palhinha, Plata e Luiz Phellype nos convocados. De resto, moralizados pela vitória na Taça da Liga, e com todos os restantes jogadores disponíveis, imagino que Amorim convoque os seguintes elementos:
Guarda-redes: Adán e Max.
Defesas Centrais: Quaresma, Neto, Coates, Borja, Feddal e Inácio.
Alas: Porro, Nuno Mendes e Antunes.
Médios Centro: João Mário, Bragança e Matheus Nunes.
Interiores: Tiago Tomás, Jovane, Nuno Santos e Tabata.
Ponta de lança: Sporar, Pedro Marques.
E apostava no seguinte onze:
Adán; Neto, Coates e Feddal; Porro, Matheus Nunes, João Mário e Nuno Mendes; Pedro Gonçalves, Tiago Tomás e Nuno Santos.
Concluindo,
Amanhã o Sporting entra em campo em Alvalade para ultrapassar o Benfica e manter a vantagem pontual na liderança da Liga.
Considerando o sistema táctico de Rúben Amorim, qual seria o vosso onze?
#OndeVaiUmVãoTodos
PS: No jogo do Bessa, com toda a questão dos cartões para evitar, ninguém acertou na previsão.
Não há jogo mais clássico no futebol português do que um Sporting-Benfica. É um disparate chamar-lhe derby, preferindo uma expressão inglesa (aliás originalmente relacionada com corridas de cavalos), desgraduando-o desse nobre patamar de clássico.
Um disparate ainda maior quando proferido por sportinguistas. Ao justificarem a designação derby por envolver "duas equipas da mesma cidade", cometem dois erros: equiparam o Sporting-Benfica a um Boavista-FC Porto; e esquecem que o Sporting não é um clube de bairro, nem de cidade: como o nome indica, é um clube de Portugal.
Vamos lá deixar-nos de estrangeirismos. Se este jogo não for um clássico, nenhum outro é.
Sem voz mas muito contente tenho algumas considerações a fazer após o final do dérbi:
1 - Gostaria que a nossa equipa jogasse sempre assim;
2 - ao invés do que alguns sportinguistas me disseram nesta tarde o jogo não estava "feito" (seja lá o que isto quer dizer...);
3 - há muuuuuuuuuitos anos que um jogador do Sporting não era tão importante na equipa;
4 - achei curiosas as declarações do treinador adversário ao afirmar que foi um jogo muito parado, olvidando as vezes que a sua equipa tinha direito a lançamentos de linha lateral e demorava um tempo enorme;
5 - pela primeira vez o público leonino uniu-se à volta da equipa (terão lido o postal da Marta?);
Vendo o que vi em diversos estádios deste país e lendo o que disse Miguel Albuquerque depois da vitória na final da Taça de Futsal, importa saber quem é que vai estar em Alvalade amanhã como Sportinguista a sofrer pelo clube, a apoiar o clube, a cantar "O mundo sabe que", a suportar os profissionais, a ajudar a transportar a equipa à vitória e ao acesso ao Jamor, e quem vai lá estar para descarregar as suas frustações, fazer o seu número de circo foleiro e, se as condições se proporcionarem, ajarvardar o ambiente, ofender os profissionais e revoltar-se contra quem não embarca na javardice.
Para javardos (ver dicionário) já bastam os lampiões, não precisamos dessa gente no nosso Sporting Clube de Portugal.
Acabámos de vencer o Benfica no pavilhão João Rocha por 29-22, no dérbi dos dérbis em andebol. Entrámos assim da melhor maneira na fase final do campeonato nacional da modalidade, fazendo jus ao nosso estatuto de bicampeões.
Num jogo tremendamente difícil, onde Keizer voltou a teimar numa defesa de cartão, sem um trinco que compense as basculações dos centrais, com um lado direito que foi sempre uma porta aberta para o Benfica criar ocasiões de golo, devido a mais uma exibição deplorável do B. Gaspar e a um Jovane inconsequente e desleixado no apoio defensivo, foi o tal Bruno a que me refiro, o Fernandes, o capitão de equipa que fez mais uma vez de tudo, foi o melhor a defender, foi o melhor a organizar, foi o melhor na transição ofensiva, foi o melhor (e único) a marcar. Um grande golo, mais um.
O Sporting lutou muito, nada a dizer do esforço dos jogadores, os reforços esforçaram-se mas têm de render muito mais para justificarem o que custaram. No final do jogo houve dois lances que podiam ter sido julgados doutra forma e de um ou outro poderia ter saído o empate, mas também antes o Benfica podia ter liquidado o jogo.
A eliminatória está em aberto e muita água correrá por baixo das pontes até ao jogo da segunda mão. O Sporting e Keizer ganharam um tempo precioso para resolver questões essenciais que não podem ser ignoradas, sob pena de comprometermos o resto da época.
Mas agora o tempo é de respirar fundo, esquecer a deprimente jornada anterior e partir para os próximos desafios importantes que esperam o Sporting, particularmente a eliminatória com o Villarreal e a recepção ao Braga.
Já todos sabemos que a derrota de ontem foi humilhante e que o momento é mau. A conquista da Taça da Liga não apaga semanas de mau futebol nem a sensação de desilusão com Keizer, após a promessa de bom futebol, de ataque e com recurso a jovens formados na Academia. Miguel Luís e Jovane Cabral cada vez se vêem menos e outros, como Thierry Correia, Bruno Paz e Pedro Marques, nunca mais se viram. Elves Baldé e Daniel Bragança serão vistos apenas na próxima época.
Keizer chegou com um bom plano A, com pressão e com o ataque a ser o foco da equipa. Eu não quis ver que a cada goleada correspondia pelo menos um golo sofrido e não quis acreditar que os golos marcados deixariam de ser suficientes. Keizer tem um bom plano A e ainda não encontrou o B. Petrovic, Gudelj ou Diaby são teimosias do holandês que parece agora trair-se, com cautelas demasiadas.
A noite de ontem foi dura mas a época está longe de acabar. Não vamos ser campeões e a esta altura o quarto lugar até parece o cenário mais provável. Não o devemos aceitar já e devemos lutar por subir o máximo na tabela mas não dependemos só de nós. Não nos podemos esquecer é que ainda há a Taça de Portugal e a Liga Europa. Vencer a primeira e chegar às meias (mais do que isso, também é bem vindo) da segunda seriam metas para uma época interessante.
Keizer não se pode atrever a apostar nos mesmos na Luz. Acredito que alguns, como Dost, Raphinha, Nani ou Wendel, saibam fazer muito mais (aliás, já o fizeram). Outros há que acredito que não possam dar muito mais. Para o lugar destes, é quase obrigatório apostar-se no que há. E o que há são jovens de qualidade. Thierry e Abdu não fariam melhor nas alas defensivas? Ilori já cá está, que jogue. Bruno Paz ou Doumbia seriam melhores trincos do que o atual e, para ajudar Bruno Fernandes a não se sentir sozinho no meio-campo, gostaria de ver Miguel Luís a jogar mais. No ataque, Jovane precisa de mais minutos e se Pedro Marques não puder ser lançado de início, que vá sendo gradualmente.
O momento é mau, há um contexto que nunca podemos esquecer (onde estávamos há seis meses?), o plantel é mais fraco do que gostaríamos mas há tempo e recursos para fazer muito melhor. Assim Keizer se lembre de um plano B, os jogadores mostrem a sua garra e os jovens sejam lançados. Assim Keizer volte a ser fiel à sua escola de futebol de ataque e de aposta nas camadas jovens. Assim Keizer deixe as cautelas e se abra. Afinal de contas, o 2-4 de ontem teria custado menos se tivéssemos visto uma equipa de jovens portugueses, com garra e a atacar.
1. Há qualquer coisa de ardilosa no treinador português que normalmente exige o contexto português. Ou seja, os nossos treinadores no futebol português, quando têm bons jogadores, tendem a ser excelentes, porque conhecem bem as regras do jogo e com craques no plantel safam-se smpre. Mas ontem Lage nem precisou de meter o chapéu de “treinador português a treinar em Portugal” tamanha foi a sua superioridade profissional sobre o antagonista. Fica-se com a ideia que dos treinadores que estão no ativo na primeira Liga, qualquer um teria vencido Keizer ontem. E até podemos incluir alguns dos que foram dispensados nos últimos meses.
Frederico Varandas - que apoiei – cometeu um erro de novato e foi all-in antes do jogo, chegando ao cúmulo de dizer que o seu plantel nem era grande coisa. No poker convém saber que cartas ainda estão na mesa, mas o nosso presidente ignorou que o Benfica teve mais descanso, tem um treinador português a treinar em Portugal que conhece o contexto, e tem excelentes e fortes jogadores (Félix, Rafa, os centrais, Pizzi) que dominam os códigos do futebol português. São rijos, rápidos, intimidam árbitros e adversários, jogam com o público, rebolam no chão para perder tempo, espetam o dedo na cara, etc. Ontem nada disto foi necessário, mas se fosse acreditem que seria só desembainhar o “futebolista português” que habita em cada futebolista português. Não é por acaso que nosso refilão Bruno Fernandes seria dos poucos a poder ter lugar no plantel do Porto e do Benfica. A este propósito, veja-se o caso do Porto que joga segundo esta lógica trauliteiro-estratégica e nunca, mas mesmo nunca, se esquece de vazar para a arbitragem parte da responsabilidade pelo mau resultado.
Os únicos tipos que perdem ainda mais vergonhosamente com o Benfica do que nós, também o fazem e ficarão em terceiro lugar muito por causa disso.
4. Keizer chegou e implantou um sistema otimista e juvenil. Agora parece um homem que teme a sombra. A catadupa de jogos com boas equipas (Guimarães, Belém, Porto, Braga e Benfica) deve ter metido a sua entourage – e a malta que orbita a entourage – à rasquinha e Keizer, que será sempre funcionário leal, deve ter obedecido.
5. O nosso futebol, como qualquer contexto, tem regras próprias. Numa guerra no Iraque se calhar não é preciso levar esquis, mas convém – por exemplo – ter malta tradutora em que se possa confiar. Contratar esquiadores campeões nas olimpíadas militares e apanhar os primeiros tradutores à mão no aeroporto à chegada, não é boa ideia.
6. Ora o futebol português dá trabalho. É criativo-caceteiro. Os adversários têm agenda e esforçam-se aqui, mas já abrem as pernas ali. Compensa malhar nos árbitros e compensa malhar agora no VAR. Compensa ter cara de pau nas conferências de imprensa, porque os jornalistas juniores se encolhem e os “escribas” na imprensa da especialidade até gostam que os seus heróis tenham mau perder. Compensa mandar fazer coisas próprias de séries da Netflix, porque Portugal não é propriamente um regime decente de contrapesos e checks and balances, mas sim uma gigantesca e dinâmica bola de conhecimentos, mãos debaixo da mesa, subornozinhos, favores, jogadas, jeitinhos e jeitos que a dita “sociedade civil” até acha graça se for o seu clube a vencer.
7. A probabilidade de Keizer estar por cá no arranque na próxima temporada é, por isto, muito baixa. Para um holandês, um país calvinista onde o “hard work”, o cumprimento de regras e uma noção fortíssima de comunidade onde não há lugar a trapaceiros e cada um tem de vergar a mola, tudo isto é muito latino, muito Narcos, muito livro do Tintin, muito próprio dos sítios onde eles vão de férias.
8. Claro que a Holanda é um dos países mais ricos e fantásticos da história da humanidade, que até foi capaz de resgatar território ao mar. Mas who cares, quando o que importa é poder chegar segunda de manhã e humilhar o Costa lá do escritório?
p.s. Espero que fique claro que o Benfica ganhou com 101% de mérito, justiça e até deveria ter ganho por mais.
Quando o Sporting perdeu 4-2 fora de casa com o Portimonense, na recta inicial deste "ano zero" (presidente Varandas dixit), caiu o Carmo e a Trindade - e viria a cair o treinador logo a seguir.
Hoje, que perdemos 4-2 em nossa casa com o Benfica, que passa a ficar oito pontos à nossa frente, vai cair o quê?