O fim de semana de jogadores Sportinguistas ao serviço das selecções foi excelente, tanto que acho que merece um pequeno destaque.
Tivemos várias estreias, nomeadamente as de Diomande e Hjulmand nas selecções A da Costa do Marfim e Dinamarca, respectivamente, e de Dário Essugo e Mateus Fernandes nos nossos sub-21.
Em termos de destaques individuais, Morita foi titular na vitória do Japão por 4-1 à Alemanha, Gyökeres marcou pela Suécia e Geny Catamo fez uma assistência por Moçambique.
Também as selecções portuguesas de sub-20, sub-19, sub-18 e sub-17 jogaram todas nos últimos dias, e todas contaram com vários jogadores do Sporting, demasiados para estar a enumerar.
Tivemos ainda Gonçalo Inácio e Franco Israel, convocados mas não utilizados até ao momento.
Isto é tudo um indicador da atenção e valorização que vários seleccionadores dão ao Sporting.
Pode haver um seleccionador ou outro que valoriza mais os jogadores do campeonato saudita, ou de clubes que lutam para não descer de divisão em Inglaterra ou até jogadores que não jogam pelos seus clubes, mas isso é uma gota no oceano de jogadores que o Sporting fornece às selecções e não merece a nossa atenção.
O que escrevemos aqui, durante a temporada, sobre DÁRIO:
- Luís Lisboa: «Muito boa primeira parte, evoluiu muito na B, temos ali um trinco com um grande futuro que pode substituir ou complementar Ugarte.» (30 de Outubro)
- Eu: «Desta vez substituiu como titular o ausente Ugarte. E cumpriu a missão, no essencial, como médio defensivo. Viu o vermelho directo aos 82' por falta desnecessária.» (31 de Dezembro)
- Paulo Guilherme Figueiredo: «Palhinha é insubstituível. Mas temos um jovem com características semelhantes que dentro de dois anos acredito que estará ao seu nível - Dário Essugo. Caso Ugarte saia no final da época, deve ser aposta.» (10 de Abril)
Nuno Santos, em grande forma, celebra o segundo golo leonino da noite de anteontem
Foto: Miguel A. Lopes / Lusa
Acabou por saber a pouco. Com 3-0 ao intervalo, e o triunfo a começar a ser construído logo aos 3', num golo de cabeça de Porro correspondendo a primoroso passe de Nuno Santos, adivinhava-se goleada em Alvalade. Acabou por não acontecer. No segundo tempo tirámos o pé do acelerador e passámos a gerir o resultado contra ao Paços de Ferreira, "lanterna vermelha" do campeonato, que apenas tem 2 pontos em 14 jogos.
É verdade que o primeiro tempo decorreu a um ritmo vertiginoso, com o Sporting a acelerar pelas alas: os dois extremos deram nas vistas. Pareciam concorrer ao título de melhor em campo, competição acentuada quando Nuno Santos marcou o segundo, de frente para a baliza, empurrando-a por gentileza de Edwards. Estávamos no minuto 22: os 31 mil adeptos presentes no nosso estádio tinham motivos para se sentirem satisfeitos.
Em ambos os golos Pedro Gonçalves - que fez duo com Dário na linha do meio-campo, competindo-lhe a ligação imediata à linha ofensiva - marcou presença. No primeiro, foi ele a servir Nuno Santos, em pré-assistência. No segundo, conduziu o veloz contra-ataque colectivo.
Faltou ao transmontano brilhar naquilo em que foi exímio na sua primeira época de verde-e-branco: metê-la lá dentro. Teve duas oportunidades para isso: aos 48', após centro milimétrico de Nuno Santos, fez a bola rasar o poste; e aos 72', quando o excesso de ansiedade o levou a rematar por cima. Não podemos pedir-lhe que construa jogo e converta, tudo em simultâneo. Ao jogar mais recuado, por imperativo táctico, a veia goleadora vai esmorecendo.
Quem parece renascido como goleador é Paulinho. Neste encontro com o Paços encerrou a contagem, aos 45', desta vez com assistência de Porro, num cabeceamento cheio de pontaria. Foi o seu sétimo golo em seis partidas consecutivas, contando com a Taça da Liga. Este é o Paulinho dos melhores tempos em Braga. Mereceu brinde e ovação dos adeptos ao ser substituído, aos 79'. Cinco minutos antes, o lateral esquerdo Antunes, da equipa forasteira, teve o mesmo tratamento das bancadas: os adeptos não esquecem que ele foi um dos obreiros do nosso título de campeão em 2020/2021.
O nosso sector mais recuado esteve irrepreensível (Adán fez a primeira defesa aos 41'), o meio-campo interior não se ressentiu da inédita parceria Dário-Pedro Gonçalves e ao trio mais ofensivo só faltou maior produção de golos: Trincão e Edwards desta vez ficaram em branco, com o inglês a centímetros de marcar aos 8' e aos 38'.
Rúben Amorim está a cumprir o que prometeu: aposta mesmo nos jovens. Além de Dário, desta vez titular, mandou saltar do banco Rodrigo, Mateus Fernandes (aos 79') e Sotiris (em campo desde os 85'). O jovem médio, de apenas 17 anos, assumiu o papel mais ingrato na desgastante missão de substituir Ugarte, ausente por castigo. Já muito fatigado, acabou por entrar de sola num lance dividido junto à linha do meio-campo, o que lhe valeu um vermelho directo. Saiu em lágrimas, confortado com os aplausos do público. É assim que se cresce. É assim que se ganha experiência.
Mateus Fernandes, em menos de um quarto de hora, voltou a demonstrar que merece a confiança do técnico com pormenores de classe. Como quando isolou Rodrigo na grande área, aos 89'. Não custa vaticinar que vai ser craque na equipa principal.
Assim nos despedimos, em ambiente alegre e até festivo, de um ano agridoce para o futebol leonino. Com Coates a ser distinguido pelo presidente Frederico Varandas com um brinde especial, após o fim do jogo, pela tricentésima partida já feita de Leão ao peito. O mais veterano da equipa, um verdadeiro capitão, um verdadeiro campeão.
Breve análise dos jogadores:
Adán - Foi pouco mais que um espectador durante grande parte do encontro. Mas, quando chamado a intervir, revelou bons reflexos. Renovou contrato: é um bastião desta equipa.
Gonçalo Inácio - O mais discreto dos nossos defesas, pautou a sua exibição pela segurança e pela eficácia. Sem falhas nem deslizes. Canhoto à direita: não tem concorrentes ali.
Coates - Inspira tranquilidade e segurança como comandante da defesa e patrão da equipa. Acalma os colegas quando estão mais ansiosos, pauta o ritmo de jogo na construção.
Matheus Reis - Combina cada vez melhor com Nuno Santos na ala esquerda. Impõe o físico nas bolas divididas. Grande passe para Edwards (8'). Tentou o golo de meia-distância (49').
Porro - Autêntico dínamo do onze titular leonino. Marcou o primeiro, à ponta-de-lança, de cabeça, o que lhe deu ainda mais confiança para uma grande exibição. Assistiu no terceiro.
Dário - Desta vez substituiu como titular o ausente Ugarte. E cumpriu a missão, no essencial, como médio defensivo. Viu o vermelho directo aos 82' por falta desnecessária.
Pedro Gonçalves - Sacrifica a veia goleadora pela construção de lances ofensivos em prol do colectivo. Missão de sacrifício bem executada: dois dos golos começaram nos pés dele.
Nuno Santos - Está em grande forma: isso nota-se cada vez que busca a bola e a endossa aos colegas lá na frente. Foi assim logo aos 3'. E também marca: o segundo foi dele.
Edwards - Parece às vezes algo apático e até fora das jogadas, mas é uma questão de estilo. Porque poucos tratam bem a bola como ele neste onze. Assistiu no segundo, aos 22'.
Trincão - Rende mais como interior esquerdo, onde evidencia todos os seus dotes técnicos. Bom trabalho aos 31' e 36'. Podia ter feito melhor aos 60', quando atirou ao lado.
Paulinho - Estará, em definitivo, recuperado como goleador? Se não é, parece. Desperdiçou aos 31, mas aos 45' meteu-a lá dentro. E podia ter bisado, aos 58', num remate à queima.
Jovane - Primeiro suplente utilizado, em estreia na Liga 2022/2023, rendeu Edwards aos 71'. Ainda distante da boa forma que chegámos a ver-lhe noutras épocas. Falta-lhe confiança.
Arthur - Substituiu Nuno Santos aos 71' já em fase de alguma contenção da nossa parte. Desta vez não protagonizou nenhum daqueles vistosos lances a que nos tem habituado.
Mateus Fernandes - Entrou muito bem, substituindo Pedro Gonçalves aos 79'. Tem bom toque de bola, visão estratégica, gosta de disputar a bola. Está no rumo certo.
Rodrigo - Rendeu Paulinho aos 79'. Cheirou o golo aos 89', quando atirou ao lado. Agora que renovou contrato será certamente utilizado bastante mais vezes.
Sotiris - Último a entrar: substituiu Trincão aos 85'. Continua a não saber utilizar da melhor maneira a força física. Podia ter visto novo cartão amarelo em lance dividido.
O Sporting entrou em Arouca para ganhar e, quer o onze inicial quer os que entraram depois, correram, meteram o pé, quiseram ganhar, e se não puderam sair de lá com uma vitória foi porque apanharam um adversário competente, um árbitro ao nível da mediocridade apadrinhada que é, e a sorte é verdade que também não ajudou. Merecem o meu aplauso.
Mas não foi só isso, e para mim a razão principal da derrota não foi nenhuma dessas.
Amorim que me perdoe, eu que sempre o apoiei e não é por mais uma derrota que o vou deixar de apoiar, terça-feira lá estarei para o apoiar e à equipa de novo, mas esta derrota deve-se muito à sua invenção, não faço ideia de onde lhe veio a inspiração dum ataque móvel a quatro, retirando o melhor goleador do sítio onde se marcam golos. Desta vez não merece mesmo o meu aplauso.
Pedro Gonçalves até pode ser um óptimo médio e fez carreira enquanto tal, mas notabilizou-se no Sporting por marcar golos. Muitos golos. E Rochinha, Trincão, Edwards e Arthur Gomes marcam golos de quando em vez, nunca foram goleadores em lado nenhum. Ora os jogos ganham-se a marcar golos, e até a marcar mais golos do que os que se sofrem. Pedro Gonçalves a médio é um desperdício de bradar aos céus.
Este jogo em Arouca foi quase uma cópia do jogo em casa contra o Chaves. Uma primeira parte com o Pedro a organizar e a ir lá à frente uma vez por outra, os três avançados a entrar mais ou menos facilmente na defesa contrária, e a falhar, uma oportunidade atrás da outra. Depois uma segunda parte onde a equipa entra a dormir, sofre um golo escusado, e aí o adversário enche o peito de confiança, recua no terreno, vem a pressão de dar a volta ao resultado, todos a querer fazer depressa o que se tem de fazer bem, Coates a ponta de lança, hoje até Adán lá foi, mas por muito que se queira meter a bola lá dentro ou há sempre um pé ou uma cabeça de alguém na frente, ou uma defesa incrível do guarda-redes contrário. E depois numa ou noutra perda de bola atacante surge um contra-ataque rápido adversário que dá golo ou quase.
Isto assim não dá.
Ganhar a equipas pequenas, fisicamente bem mais fortes que a nossa, em relvados pesados, sem ponta de lança e com o avançado goleador convertido em médio, sem presença permanente na área contrária nem capacidade no jogo aéreo é complicado. E quando a sorte não ajuda, a derrota é quase certa.
E ver mais uma vez Coates fazer no final o que um ponta de lança devia ter feito desde o início do jogo é deprimente. Se um ponta de lança "clássico" é solução, porque é que não temos nenhum no plantel? Porque é que Slimani não foi substituido?
Melhor em campo? Dário Essugo, muito boa primeira parte, evoluiu muito na B, temos ali um trinco com um grande futuro que pode substituir ou complementar Ugarte. Porro entrou com tudo, esteve muito bem também.
E agora? Agora é o Eintracht Frankfurt, terça-feira em Alvalade, muita coisa para ganhar ainda esta temporada.
«A intensidade está directamente ligada à capacidade física, mas está muito dependente, também, de uma mentalidade ganhadora que potencie a vertente física. Há jogadores com poder físico que se escondem no jogo, que aparecem pouco, e em contrapartida há outros, franzinos, que estão sempre a morder as canelas dos adversários. Isto a propósito do Dário Essugo, que parece aliar uma capacidade física invulgar, que está bem patente aos olhos de todos, à mentalidade competitiva de um vencedor, o que faz dele uma grande promessa do Sporting.»
Acabei de ver, com muito gosto, a vitória do Sporting B contra o Cova da Piedade (0-2), em partida disputada na Malveira. Excelente exibição dos nossos jogadores, que dominaram por completo o desafio, mesmo tendo actuado com um a menos durante metade da segunda parte devido à expulsão de Edu Pinheiro.
Destaco a estreia a marcar de Gonçalo Esteves - o ala direito que veio do FC Porto: grande golo aos 69', executado com o seu pé menos bom, que é o esquerdo. Golo de notável execução técnica, coroando uma bela jogada protagonizada por Dário Essugo junto à linha direita. Dário - o melhor em campo - teve momentos fulgurantes, comprovando a sua valia no plano físico e técnico. É, sem dúvida, um dos mais promissores da nossa formação.
Realço ainda Geny Catamo, autor do primeiro golo leonino, logo aos 9'. Que também começou a ser construído por Dário, com total eficácia. Intensidade, capacidade de desequilíbrio, dinâmica ofensiva: características deste médio que pode vir a ser muito útil no meio-campo da equipa principal.
Este foi um jogo igualmente marcado pela estreia do catalão José Marsà, central esquerdino que chegou no Verão, oriundo do Barcelona. Teve bons apontamentos, mas ainda insuficientes para extrairmos conclusões.
Tiago Rodrigues (outra estreia), autor da assistência para o primeiro golo e o capitão João Goulart, timoneiro da defesa, também justificam referências positivas numa partida em que o guarda-redes, André Paulo, protagonizou a primeira intervenção digna desse nome quando já estavam decorridos 60'.
Este onze da equipa B incluiu quatro jogadores sub-20: Marsà (19 anos), Gonçalo Esteves (17), Dário (16) e Vando Félix (19). Sinal inequívoco de que a aposta no futuro continua a ser um lema deste Sporting campeão.
Na Liga Bwin joga-se o futebol classificado como profissional em Portugal.
No último Sp. Braga – Sporting, jogou pela equipa da casa um menino nascido a 21 de Nov. de 2005, com 15 anos, portanto.
Desconheço os regulamentos da dita Liga Profissional de Futebol, porém olhando para a lei geral do trabalho, nos seus artigos 3, 68 e 76 leio o seguinte:
“art. 3 - O menor com idade inferior a 16 anos não pode ser contratado para realizar uma atividade remunerada prestada com autonomia, exceto caso tenha concluído a escolaridade obrigatória ou esteja matriculado e a frequentar o nível secundário de educação e se trate de trabalhos leves.”
“art. 68 - A idade mínima de admissão para prestar trabalho é de 16 anos.”
“art. 76 - É proibido o trabalho de menor com idade inferior a 16 anos entre as 20 horas de um dia e as 7 horas do dia seguinte.”
P.S.: Dário Essugo, quando se estreou pela equipa profissional do Sporting tinha 16 anos e 6 dias.
O Sporting B iniciou ontem a sua participação na Liga 3 com a visita ao Real Massamá, num final de tarde frio e ventoso (a tal "onda de calor" esteve mesmo ausente e à hora que escrevo este post isto parece mesmo um dia de inverno), empatando 0-0 num jogo nem sempre bem jogado que dominou de princípio ao fim. Eu sei bem que foi assim, porque foi a primeira vez que voltei a uma bancada dum estádio desde aquele dia em que Rúben Amorim chegou ao Sporting.
É a segunda época da renascida equipa B. Com Godinho Lopes tivemos a melhor equipa B de sempre, com Esgaio, João Mário, Dier, Bruma, Arias e muitos outros, mas depois Augusto Inácio e Bruno de Carvalho encarregaram-se estupidamente de a destruir com Dramés, Sackos e Gazelas, muitos autocarros de entulho chegaram de facto a Alcochete nesse tempo, trocando-a por uma equipa de sub-23 em que ex-juniores voltam a defrontar outros ex-juniores nuns joguinhos bonitos de ver e pouco mais.
Nesta Liga 3, como na 2, a música é outra. Marcações em cima, não há espaço nem tempo para adornar o lance, há que pôr o físico e executar bem e depressa, ou seja, além da capacidade técnica de cada um. Este espaço de competição permite dotá-los das ferramentas necessárias para terem sucesso no futebol profissional. Como aconteceu com jogadores como Beto, Miguel Garcia, José Fonte, Custódio e muitos outros, além dos que mencionei antes.
Por outro lado, e se os resultados são secundários relativamente à evolução dos jogadores, o Sporting B entra sempre em campo para ganhar a adversários menos dotados tecnicamente, exactamente aquilo que acontece em quase todos os jogos da A.
O Sporting B partilha com a A os princípios do jogo: sair em construção, atrair para romper, variar o flanco, etc, mas joga em 4-3-3, sistema que permite outra liberdade a cada jogador relativamente ao 3-4-3. Faria sentido jogar no mesmo sistema da A? Mas que sistema irá utilizar o treinador que vier a seguir a Amorim? Com certeza a questão foi analisada e decidiu-se por manter na B o sistema de jogo comum a toda a formação do clube. Amorim depois trata da adaptação necessária do jogador que pretende promover.
Na época passada tivemos uma equipa B com bom desempenho mas em que se percebia que havia muita gente sem o talento necessário para chegar algum dia à primeira equipa, e uma equipa sub23 a perder jogos sobre jogos mas com dois ou três elementos de grande talento.
Dessa equipa B muitos saíram do clube, ainda agora vimos Nuno Moreira e Tomás Silva a jogar pelo Vizela, e aqueles da sub23 que referi agora estão na B. Vieram ainda meia-dúzia de reforços que pensava que se iriam estrear neste jogo, mas por alguma razão que desconheço estiveram ausentes.
O Sporting B alinhou com:
André Paulo (24); Hevertton Santos (20), Chico Lamba(18), João Goulart (21), Gonçalo Costa (21); Edu Pinheiro (23)[C], Dário Essugo (16), Geny Catamo (20); Bernardo Sousa (21), Joelson Fernandes (18) e Paulo Agostinho (18). Jogaram depois Rafael Fernandes (19), João Daniel(19), Lucas Dias (18), e Tiago Rodrigues (20).
O melhor em campo foi claramente Essugo, um "panzer" no meio-campo sempre a procurar meter velocidade no jogo e a variar jogo com critério. Depois dele, Hevertton e Joelson, a qualidade está lá mesmo que não tenham resolvido o jogo como muitas vezes conseguem. Depois há um ou outro que têm de melhorar muito para justificar a presença, em particular o Chico Lamba e o Paulo Agostinho. A capacidade física está lá, mas o resto...
Quanto ao Edu Pinheiro, se calhar está lá pela braçadeira e entende-se. Sobre André Paulo (o outro mais velho) de longe parece Adán mas pelo que teve que fazer pouco mais posso adiantar.
Se quiserem o relato do jogo ou o desempenho da árbitra podem ler noutro sítio, eu fui lá para apreciar os jovens que entraram em campo com a camisola do Sporting. E sempre que se proporcionar tentarei estar presente.
Pelo menos três jogadores que irão sagrar-se campeões nacionais na temporada 2020/2021 não eram sequer nascidos na última época desportiva em que o Sporting venceu o campeonato. Refiro-me a Nuno Mendes, Tiago Tomás e Dário.
Não é preciso mais para percebermos a dimensão desta conquista. Mérito absoluto de um trio composto por Frederico Varandas, Hugo Viana e Rúben Amorim.
É presente, sim, mas já com um toque de futuro. Porque pertence ao património histórico do Sporting. E ninguém vai conseguir apagá-lo.
Há que pensar nisto. Para que tudo quanto foi alcançado com tanto esforço não tenha sido em vão.
«Quando o Sporting lança na primeira equipa Dário Essugo, um jovem de 16 anos acabados de fazer, e outro, o Benfica, aparentemente, mete fichas valiosas na contratação de Diego Costa, um bom avançado mas a caminho de um penoso final de carreira, percebe-se quem tem os pés assentes no chão e quem caminha como se a Covid fosse um aborrecimento passageiro.»
(...)
«O mundo do futebol pós-moderno estará muito mais próximo do que Dário Essugo representa do que da mercantilização febril que existia antes da pandemia e de que a venda de jogadores como Diego Costa, em acelerada saída de cena, é um exemplo. Um é o futuro, outro é o passado.»
Dizem-nos isso a classificação no campeonato nacional, as exibições da equipa, o excelente treinador que a orienta, a Direcção que o contratou, a estrutura do futebol que tem verdadeiramente actuado em prol do magnífico grupo de atletas e profissionais que vestem a verde e branca, todos. Entre eles Dário Essugo que fala assim sobre a estreia na equipa principal aos 16 anos e sobre o seu futuro de leão ao peito.
«Um misto de sensações, foi inexplicável. Passou-me tudo pela cabeça depois do apito final. Foi quase um flashback de todas as coisas que passei, de todo o trabalho. Estrear-me pelo Sporting foi algo com que sempre sonhei e, por isso, foi motivo de orgulho. Estou muito feliz.»
«Há dois anos tinha definido o objetivo de estrear-me e estar na equipa principal aos 16 anos. Ao conseguir esse objetivo, torna-se tudo ainda mais importante. Também há outros fatores, ter jogadores fantásticos, equipa e estrutura fantásticas.»
«Nada mudou em mim. Tenho de trabalhar mais e mais para manter-me lá. O mais difícil não é chegar lá, mas manter-me lá. É para isso que vou trabalhar. O que aconteceu no passado fica no passado. Temos de olhar para novos horizontes e objetivos.»
«O Dário tem uma determinação, na sua capacidade de trabalhar e de treinar, que lhe permitiu esta ascensão meteórica junto do treinador, que lhe reconheceu o valor e não teve dúvidas em apostar nele. (...) É um jogador que, apesar de ser o típico n.º 6 defensivo, tem uma qualidade muito forte na procura de zonas de finalização. Tem um remate fortíssimo. Chegou a fazer golos de livre de grandes distâncias nas equipas em que participou, quer na selecção quer na formação do Sporting. É um verdadeiro box-to-box.»
Luís Dias - que trabalhou durante 21 anos (1998-2019) na formação do futebol do Sporting, das escolinhas aos juniores - anteontem, no canal 11
Não é todos os dias que na 1.ª Liga portuguesa ou em qualquer 1.ª liga do mundo que, com a sua equipa a vencer pela margem mínima um jogo determinante para ser campeão, se estreia a 10 minutos do fim, descontos incluídos, um miúdo com 16 anos acabados de fazer. Visto bem, nem todos os dias nem quase nunca. Não sei o que teria acontecido se o Essugo falhasse um desarme e provocasse um penálti, como aconteceu com o Doumbia um dia destes. O que sei é que nada disso aconteceu: o rapaz entrou a jogar como se andasse naquilo há muito tempo, e se alguma oportunidade houve foi para a sua equipa, nada para o adversário. Mas que foi uma jogada de alto risco isso foi.
Mas existe o risco calculado e o outro. Pensando um pouco percebemos que Matheus Nunes estava impedido, não convinha recorrer aos médios-centros da equipa B para não ficarem impedidos de alinhar nos jogos finais do Campeonato de Portugal, nos sub23 não há nenhum elemento na posição que se destaque, o Essugo tem sido presença regular nas selecções da sua categoria, tinha treinado bem duas semanas com a equipa, e estava preparado para jogar esses minutos finais à frente de Palhinha, ajudando ao controlo do meio-campo. Portanto, foi um risco alto de facto, mas foi um risco bem calculado.
Mas quando o árbitro apitou para o final, o miúdo quebrou em pranto abraçado aos colegas acariciando o emblema do leão rampante. Amorim veio calmamente dizer:"O Dário é um miúdo com muito talento, com muita humildade, trabalhou bem e faz parte do nosso projecto. É mérito do Dário, e isto é também uma mensagem para os jovens jogadores, não interessa a idade, o Sporting está neste caminho, aqueles que estiverem em dúvida entre clubes, sabem que aqui têm a porta aberta, isso por vezes faz a diferença." Passámos a conhecer a história da família e dos contornos da sua vinda para o Sporting, então a jogada de risco transformou-se numa jogada de mestre.
Se calhar como foi a contratação do próprio Amorim por Frederico Varandas. A tal jogada de alto risco, a que muitos de nós torcemos o nariz, que o levou a ser acusado de gestão danosa e de estar a cometer um acto de desespero e que ajudou a engrossar o "comité de recepção" daquela tarde da visita do Desp. Aves a Alvalade, transformou-se efectivamente numa jogada de mestre.
PS: Esta história do Dário Essugo e da sua família vem na sequência de outra: a dum miúdo que também esteve com ele no banco, Joelson Fernandes, há um ano e picos agraciado pelo Grupo Stromp, com a família mais próxima presente no jantar respectivo. Ou duma terceira história que envolveu Jovane Cabral e Sousa Cintra. E de outras e outras do passado... como a história da Dona Dolores Aveiro.
Dário Essugo, aos 16 anos e 10 dias, estreou-se ontem na equipa principal do Sporting C.P.
Durante a sua ainda curta vida, nunca viu o seu clube ser campeão, mas arrisca-se a sê-lo, ao ter sido aposta de Ruben Amorim, durante a partida disputada ontem em Alvalade, quando o resultado ainda estava em aberto.
À semelhança do que têm procurado, mas ainda não conseguiram, os doutos iluminados que dirigem o podre e fedorento tuga soccer, na senda do processo a Ruben Amorim, por falta de habilitações para exercer o cargo de treinador, com 10 pontos de avanço para o segundo classificado, nem imagino como estaria a classificação se tivéssemos um treinador qualificado, talvez descubram agora que foi violada uma qualquer lei, que possa punir o Sporting C.P., eventualmente exploração do trabalho infantil...
Notícia para alguns que foram emitindo opinião sobre a formação do Sporting e a acusação de ter sido abandonada quase até à extinção: Vai a cada jogo sendo provado que essas eram notícias manifestamente exageradas.
Nota: A foto foi roubada do twitter do Pedro Fernandes.
De voltar a vencer o V. Guimarães, agora em casa. Domínio total do jogo e conquista de mais três pontos nesta recepção à turma minhota, apanhada de surpresa pela mudança do sistema táctico intoduzida por Rúben Amorim na nossa equipa, que actuou sobretudo em 3-5-2, com Daniel Bragança como médio colocado logo atrás do duo de avançados (Pedro Gonçalves e Tiago Tomás). Desta forma o corredor central foi todo nosso. E os de Guimarães viram-se incapazes de desatar o nó.
De Gonçalo Inácio. Grande exibição do jovem promovido por Amorim à equipa principal. Para este jogo, o treinador atribuiu-lhe uma pesada responsabilidade: substituir Coates no eixo defensivo, ficando Neto (regressado ao onze titular, como capitão) à direita e Feddal à esquerda. Ele cumpriu com brilho e distinção: rendeu o internacional uruguaio como patrão do sector mais recuado, foi de longe o que mais acertou nos passes longos e ainda foi à frente, marcar de cabeça o golo da vitória, aos 42', na sequência de um livre.
De Palhinha. Para a enorme eficácia da nossa equipa, que lidera há 18 jornadas o campeonato, muito contribuiu o nosso médio defensivo, enfim chamado à selecção nacional, mesmo nunca tendo sido convocado para a selecção sub-21. Parece estar em todo o lado: tão depressa vai à dobra de um central apanhado fora de posição como integra uma segunda linha ofensiva. Mas é sobretudo ele quem domina no meio-campo: ganha ali todos os duelos, impedindo a progressão dos adversários. Excelentes e sucessivos cortes do princípio ao fim: aos 11', 14', 16', 22', 54', 56', 86' e 90'+5. É dele a assistência para o golo. E ainda esteve quase a marcar, num disparo a meia-distância que rasou a barra aos 46'. Melhor em campo.
De Tiago Tomás. Dois momentos de exemplar nota artística, driblando adversários na grande área com toques de calcanhar, demonstram que este avançado ainda júnior não é apenas combativo e tem faro de golo: vem requintando também os seus atributos no domínio técnico. Marcou um belo golo aos 26', coroando a melhor jogada colectiva do Sporting - infelizmente viria a ser anulado, por intervenção correcta do vídeo-árbitro, porque a bola havia saído totalmente de campo antes de Porro cruzar para Nuno Mendes que tocou em Daniel Bragança que deixou em Pedro Gonçalves que assistiu para o golo que não valeu. Saiu aos 71', dando lugar a Paulinho: uma vez mais, com a missão cumprida.
De Daniel Bragança. Em estreia absoluta como titular no campeonato, o médio leonino revelou os seus melhores atributos sobretudo na primeira parte: visão periférica, capacidade técnica, velocidade de execução em cada lance. Quebrou fisicamente a partir da hora de jogo, dando lugar a Tabata aos 71'. Mas merece nota muito positiva.
Da estreia de Dário Essugo. Ainda juvenil, cumpridos os 16 anos poucos dias antes, o jovem médio entrou aos 84' para render João Mário. Foi um momento emocionante para os adeptos: desde logo por ser um acto de coragem de Amorim, quando o resultado ainda era incerto. E também por representar um marco histórico: nunca um jogador tão jovem havido actuado no principal escalão do futebol português. Emocionante sobretudo para ele: Dário não conteve as lágrimas após o apito final, proporcionando as melhores fotos desta partida que ele guardará para sempre na memória. E nós também.
Do remate rasteiro de João Mário aos 15'. Levava selo de golo: só difícil intervenção de Bruno Varela, guardando a baliza vimaranense, travou a bola in extremis. Três minutos depois, foi Pedro Gonçalves a enviá-la com estrondo ao poste. Para compensar, os de Guimarães viram a bola embater duas vezes nos nossos ferros, aos 34' - numa das ocasiões após enorme defesa de Adán, outra vez baluarte do onze leonino. Estrelinha? Talvez. Mas muita competência, acima de tudo.
Da confiança da equipa. Excelente primeira parte, com um dos nossos melhores desempenhos colectivos nesta Liga 2020/2021. Na segunda, o Sporting quase se limitou a guardar a bola e a impedir as rotas de acesso à nossa baliza. Pausando o jogo, sempre com segurança, sem nervosismo nem ansiedade. Parecia exibição de campeão antecipado.
Da aposta sempre renovada na formação leonina. Começámos o jogo com oito portugueses no onze titular (Gonçalo, Neto, Palhinha, João Mário, Nuno Mendes, Daniel Bragança, Pedro Gonçalves e Tiago Tomás). Seis formados na Academia de Alcochete, portanto. Aos quais se juntaram Dário e Jovane (que entrou aos 89' para substituir Pedro Gonçalves). Outros proclamam a "aposta na formação", nós praticamo-la. Sem complexos. Com muito orgulho.
Do árbitro. Tiago Martins apitou pouco e quase sempre bem. Dizem alguns, em futebolês, que isto é "arbitar à inglesa". Prefiro dizer que é arbitrar com competência. Pena acontecer tão poucas vezes no campeonato português.
De ver o Sporting ainda imbatível. Concluimos a 24.ª jornada sem derrotas. Somos a equipa com melhor registo defensivo não apenas de toda a história leonina mas também ao nível do futebol europeu actual: apenas 11 golos encaixados nas nossas redes. Não sofremos golos em 15 destes 24 jogos. E já somamos 12 jornadas sem perder em casa.
De já somarmos 64 pontos. Correspondentes a 20 vitórias e quatro empates. Mantemos dez pontos de avanço face ao FC Porto, segundo classificado. Levamos agora 14 de avanço ao Braga e 16 ao Benfica de Jorge Jesus, que se enfrentarão esta noite.
De Paulinho. Recuperado de lesão, o ex-artilheiro do Braga regressou quatro jogos depois. Entrou aos 71', mas quase só se viu em missões defensivas. Desperdiçou um golo cantado, após impecável assistência de Jovane: rematou para as nuvens quando tinha apenas Bruno Varela à sua frente. Foi o último lance do desafio - pouco lisonjeiro para a sua fama como goleador.
Da ausência de Coates. Primeiro jogo desta Liga 2020/2021 em que não pudemos contar com o nosso capitão, excluído por acumulação de amarelos: Adán é agora o único titular absoluto da equipa no campeonato. Mas Gonçalo Inácio deu boa conta do recado.
De ver Matheus Nunes e Antunes fora da convocatória. Ambos acusaram positivo em teste à Covid-19. Oxalá recuperem depressa. E bem.
30 pontos em disputa 10 pontos de avanço sobre o 2.° classificado Faltam 21 pontos para atingir o impossível.
Nota pessoal: o meu filho é trabalhador-estudante. Exerce funções no pólo EUL, como secretário técnico das equipas. Iniciou as suas funções em 2016, como estagiário do Curso de Técnico de Gestão Desportiva que frequentou no Sporting. O escalão com o qual trabalhou nesse primeiro ano, era o dos 11-12 anos e tinha um menino chamado Dário Essugo. Ontem foi uma noite muito emotiva, para o Dário e para quem acompanhou o seu percurso. Estão de parabéns todos os que, na estrutura de formação do Sporting, conseguem mudar a vida destes miúdos.