A imagem foi retirada da edição de hoje d´ A Bola.
É a primeira vez que vejo ilustrar a morte de A com uma fotografia de B.
É a primeira vez que vejo ilustrar a morte de A com uma fotografia manipulada de B, na imagem B parece um guerreiro Masai e A um pigmeu; na realidade B (Eusébio) tinha 1,75 m de altura e A (Johan) 1,83; logo A era 8 cm mais alto que B, não parece nada quando olhamos para a imagem, pois não?
No entanto, aquilo que me levou a escrever este "post" nem foi isso, foi a estampagem da marca alemã das três riscas colada em Johan Cruijff.
Johan dava-se ao trabalho de arrancar uma das riscas (cf. com esta foto) da camisola e dos calções por razões ideológicas.
As três riscas de Johan eram duas. Detestava a conotação do nome do fundador da marca Adolf (conhecido como Adi) Dassler.
Parece quase uma provocação à memória de Johan, a capa que o citado jornal decidiu fazer.
Cruijff foi o meu primeiro jogador favorito, como o Ajax e a selecção holandesa de 1974 foram as minhas primeiras equipas favoritas - para lá de Yazalde e do Sporting da mesma época. Sou demasiado novo para ter visto aquela que toda a gente diz ter sido a oitava maravilha à face da terra: a selecção do Brasil de 1970. De muitos jogadores diz-se que são génios. Mas trata-se de uma genialidade que se esgota dentro das quatro linhas (Maradona, Pelé, Eusébio...). Cruijff era um génio também fora. Enquanto jogador, foi protagonista do célebre "futebol total" (totaalvoetbal, no original) do Ajax e da selecção. Depois, foi para a Catalunha pôr o Barcelona a jogar futebol holandês e, desse modo, inventou o Barcelona moderno, o tal que é sempre a "melhor equipa de sempre", desde então até ao MSN, passando pelo tiki-taka de Guardiola. Guardiola foi treinado por Cruijff nos anos 90. O tiki-taka de Guardiola foi apenas uma versão caricatural do que Cruijff trouxe para Barcelona nos anos 70. A genialidade de Cruijff fora das quatro linhas sobrevive nas duas melhores equipas da actualidade, o Barcelona (que ainda vive na sua sombra) e o Bayern Munique (para onde o profeta Guardiola foi espalhar a mensagem - já sem o exagero do tiki-taka). Não houve, não há, nem haverá muitos como ele.
Pela despedida de Pep Guardiola do Barcelona, surge novamente o debate sobre o sucesso do seu reinado e o do lendário Johan Cruyff. Algumas das manchetes da actualidade denominam os quatro anos de Guardiola como «o melhor Barça de sempre», argumento compreensível mas discutível, mormente pelo futebol mais dinâmico e empolgante que, na opinião de muitos, as equipas do técnico holandês praticavam, pese a elevada nota artística e o domínio do mais recente Barcelona.
Guardiola orientou a equipa entre 2008 e 2012, enquanto Cruyff permaneceu exactamente o dobro das épocas, entre 1988 e 1996. O primeiro conquistou o total de 14 troféus, incluindo três campeonatos (2008-09/2009-10/2010-11), duas Taças da Liga dos Campeões (2008-09/2010-11), duas Supertaças Europeias e duas Taças do Mundial de Clubes da FIFA. Johan Cruyff gravou o seu nome em 11 troféus, quatro campeonatos consecutivos (de 1990-91 a 1993-94), uma Taça das Taças (1988-89), uma Taça dos Campeões Europeus (1991-92) e uma Supertaça Europeia. Curiosamente, Guardiola, enquanto jogador, esteve seis épocas sob o comando de Cruyff.
Os tempos são diferentes e os jogadores que constituiam as equipas também. Cruyff formou a então denominada «equipa de sonho», com Ronald Koeman, Michael Laudrup, Romário e Stoichkov. Guardiola contou com Xavi, Iniesta, Puyol e o inevitável Lionel Messi. Pep Guardiola foi muito rápido a somar títulos mas, com eles, a acrescida pressão que, pelas suas próprias palavras, é a principal causa da sua saída do clube. Dois períodos fabulosos do futebol do Barcelona. Fica para a história e para os «aficionados» decidirem qual o mais glorioso.
{ Blogue fundado em 2012. }
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