O óbvio ululante impôs-se aos olhos da administração da SAD, dando razão àquilo que tantas vezes vários de nós escrevemos aqui nas semanas mais recentes.
Devia ter saído antes. Ou antes: nem devia ter entrado como substituto de Ruben Amorim.
Ninguém imaginaria há duas semanas a hecatombe que se iria abater na equipa de futebol do Sporting. Sou o primeiro a dar a mão à palmatória por tender a subestimar a importância do treinador no grupo de trabalho. Nem nas minhas mais negras previsões imaginaria que uma equipa aparentemente invencível com Ruben Amorim, duas semanas após a sua saída sofreria quatro derrotas seguidas. Os jogadores são os mesmos assim como o sistema de jogo – não me venham cá os intelectuais da bola com teorias de equívocas “novas geometrias” e “losangos do meio-campo” implementadas pelo novo treinador João Pereira: o sistema é o mesmo, condicionado por inúmeras lesões de jogadores fundamentais substituídos por diferentes protagonistas. O problema, quanto a mim não reside no novo treinador. Ruben Amorim nos últimos 4 anos envolveu-se e deixou uma marca fortíssima em todo o balneário do Sporting, uma mística que ao desaparecer, abalou profundamente o subconsciente dos jogadores, que ficaram com as pernas a tremer. Isto para dizer que a quebra de produção da equipa tem mais a ver com a traumática saída de Amorim que com a entrada de João Pereira. Qualquer treinador que chegasse depois de Amorim estaria condicionado por este impacto, estava condenado a ser queimado.
Como sempre defendi, o fascínio do futebol é a sua dinâmica colectiva, profundamente ligada a frágeis factores de psicologia de grupo lentos de implementar. Essa é a razão porque falham tantas equipas recheadas de bons jogadores. João Pereira pouco poderá fazer que resolva este problema de um dia para o outro, e estou em crer que a sua capacidade de liderança está definitivamente comprometida pela cruel realidade: quatro derrotas seguidas.
Tudo isto conduz a outra questão, para mim a mais efectiva neste momento. A preponderância de alguma racionalidade na massa adepta leonina, tão dada a atitudes autofágicas, como já se vislumbrou ontem com o arremesso de tochas aos jogadores na Bélgica por energúmenos das claques. Desses já sabemos o que esperar. Dos outros exige-se ponderação, amor ao clube e apoio incondicional à equipa que subir ao relvado no próximo sábado.
De resto, não há bem que sempre dure nem mal que nunca acabe. Por isso é que em mais de um século o Sporting nunca tinha ganho mais de 12 jogos e o record caiu. Os records são isso mesmo fenómenos raros, como quatro derrotas seguidas.
No que depende de nós sportinguistas, há que não deitar tudo a perder. E confiar em Frederico Varandas e Hugo Viana.
Poucas dúvidas existirão que João Pereira foi um erro de casting tremendo de Frederico Varandas.
Não estando em causa a pessoa do nosso ex-jogador e treinador das equipas secundárias, a verdade é que num par de semanas conseguiu desbaratar uma parte substancial da herança de Rúben Amorim, nomeadamente a comunicação clara e assertiva, o modelo de jogo e o espírito de equipa.
De Amorim ficou o 3-4-3 e pouco mais. Mas o sistema táctico, sendo a base de trabalho duma equipa e da constituição do plantel, só por si não define a forma de jogar, ou seja o modelo de jogo, da equipa. Como se encolhe e organiza para defender, como se alarga e que recursos usa para atacar. E que ritmos utiliza nos diferentes momentos do jogo.
Não sei quantos jogos do Sporting de Amorim vi ao vivo em Alvalade e fora dele, tivemos o Covid pelo meio. Trinta por cento ou 40% talvez, não consigo dizer, se juntar a TV foram 99% (um não vi na altura e recuso-me a ver).
Acompanhei a evolução do modelo de jogo, o futebol de transições que nos deu o primeiro título, a "pinheirada" no Dragão que nos roubou o segundo, o malfadado ataque móvel do 4.º lugar, o upgrade físico que nos deu o segundo título, e a máquina oleada desta primeira metade da temporada que culminou no 4-1 ao Man.City e nos 4-2 ao Sp.Braga para uma saída em ombros do criador.
Fiquei estarrecido quando João Pereira, que integrou o plantel no ano do primeiro título, veio dizer na conferencia de imprensa que antecedeu o jogo com o Moreirense que: "Isso das ideias do outro treinador é difícil. Se tentar fazer isso, apesar do sistema ser parecido, não sei exactamente em que se baseava. Então, vou imitar uma coisa que não sei replicar, trabalhar?"
Até eu, que não joguei na equipa de Amorim, não tendo nível 4, nem 3, nem nenhum de treinador, fui percebendo muito bem as ideias dele e em que se baseava. Baseava-se na ocupação integral do terreno, na procura de espaços livres, na imprevisibilidade para o adversário, no saber onde perder a bola, no controlo do jogo.
Tudo aquilo que não vimos com João Pereira nestes dois jogos. Vimos uma ocupação do terreno deficiente, com uma molhada de jogadores na zona central, insistência em tabelinhas, uma lentidão a toda à prova, perdas de bola na zona central que originavam contra-ataques perigosos que conduziam a faltas que davam livres, cortes para fora e para canto e a cartões.
A própria gestão do plantel faz pouco sentido. Contra o Arsenal um lado esquerdo "ofensivo" Maxi-Edwards que foi facilmente ultrapassado, tendo Quenda do outro lado, contra o Moreirense um lado esquerdo "defensivo" Matheus Pereira-Daniel Bragança tendo Catamo do outro lado, que foi inoperante em termos ofensivos, e que ainda por cima lançou um dos três médios do plantel para o estaleiro.
Foi o que foi, mas importa agora olhar para o futuro e não deixar ir a criança com a água do banho.
Foram muitos anos sem ganhar nada de substancial no Sporting, com cada novo treinador a trazer o seu sistema táctico e o seu modelo de jogo (com o Jorge Jesus até veio o Octávio Machado...), a contratarem-se ou promoverem-se jogadores que serviam para um e eram prontamente descartados pelo seguinte. Na formação o importante era ganhar qualquer coisa no momento, não interessava que futuro os jovens iriam ter no Sporting.
Depois de várias épocas a apostar no modelo de formação centrado no jogador, finalmente o Sporting colocou as equipas principais (A, B e C/Sub23) a jogar no mesmo sistema táctico, de forma a permitir o treino em jogo dos mais novos nos conceitos e rotinas da equipa A.
A campanha na Youth League deste ano, onde seguimos em 2.º lugar, está a demonstrar a validade do conceito. Com 17 anos, Quenda e João Simões já pertencem ao plantel A, outros estão a caminho. Mesmo aprendendo a perder na complicada Liga 3, como aconteceu ontem na Tapadinha (0-3 com o Atlético).
Então existe aqui todo um trabalho bem feito, ao qual ainda tenho de juntar o scouting que descobriu Diomande, Gyokeres, Hjulmand, Debast e Harder, que demorou muito tempo a fazer e que não pode cair com a saída da estrutura de comando do futebol sénior, Viana, Amorim e respectiva equipa técnica.
Passarmos agora do "incapaz de perceber" João Pereira para alguém que percebe bem mas vem apostado em construir outra coisa qualquer à maneira dele destruindo o "edifício" existente não é solução.
A solução é vir alguém capaz de fazer evoluir o mesmo, e de fazer acreditar jogadores, sócios e adeptos numa nova fase de vitórias e sucessos. Fazendo crescer mais ainda o valor do plantel no ranking do TM.
Se Abel Ferreira é homem para isso não sei dizer. A corrida a pontapé que lhe fez o Bruno de Carvalho envinagrou-o no que respeita ao Sporting demasiado tempo.
Se haverá um treinador estrangeiro disponível tipo Boloni, inteligente, exigente, bom comunicador, com um estilo de liderança suave e agregadora? Também não sei.
De qualquer forma, não será amanhã que alguém virá, e os jogadores não podem ficar ainda mais abandonados do que já estão, pelo que até lá não podemos embarcar no "napalm" mediático que letais, lampiões e morcões lançam sobre o nosso clube.
Apoiar a equipa, aplaudir os jogadores que correram, lutaram e sofreram para ultrapassar uma situação que não criaram, desejar a vitória em Brugges e em Alvalade a seguir, porque só assim se ganha a tranquilidade necessária para o passo seguinte, rumo ao futuro.
É muito raro num grande clube um treinador vir da equipa secundária para a principal e ter sucesso imediato, há o caso do Bruno Lage no Benfica e pouco mais, mas aí estamos a falar de alguém com mais de duas décadas de experiência prévia como adjunto e nas camadas jovens.
Ainda assim, como vários de nós referiram na altura, a escolha não era totalmente descabida. João Pereira já estava na casa e tinha a vantagem de conhecer a equipa, a táctica, e de estar estar a ter um excelente rendimento.
Por isso, é uma proeza assinalável colocar uma equipa a render tão pouco em tão pouco tempo. Há as atenuantes da arbitragem e das lesões, mas se formos a ver, Ruben Amorim também teve sempre vários jogadores lesionados esta época e a equipa manteve sempre um rendimento alto.
É por demais evidente que João Pereira não está preparado para o nível do Sporting. Isso nota-se em pormenores como as suas opções para 11 (é sintomático que Matheus Reis, a epítome do jogador mediano, tal como o era João Pereira, tenha sido titular neste dois jogos), nas substituições, na sua linguagem corporal no banco, meio perdido e em pânico, nas suas declarações nervosas e atabalhoadas, na dramática quebra de rendimento de quase todos os jogadores, nas falhas individuais e colectivas dos mesmos e, acima de tudo, na sensação que perpassou nestes dois jogos de que, a partir do momento que a equipa se encontrou a perder, esta não teria capacidade de virar o resultado.
Acredito que, tal como Frederico Varandas disse, João Pereira esteja num grande clube europeu daqui a quatro anos, mas acho que será a fazer uma daquelas visitas turísticas ao estádio e ao museu, e não a treinar um deles.
Amorim já lá vai. Varandas não pode continuar a recorrer ao único sucesso que teve como treinador principal e ignorar todos os outros que escolheu para a posição, qual deles o pior.
Como se viu no passado, a teimosia e inacção do Presidente vão fazer com que João Pereira fique mais tempo do que devia, por isso só nos resta esperar que este demita primeiro. Para tal, penso que uma derrota em Brugge será a melhor coisa que nos pode acontecer.
É triste admitir isto, mas é a realidade que temos.
Depois é ir ao mercado buscar alguém com experiência e capacidade. Não haverá nenhuma solução perfeita, mas quase todas elas serão melhores do que João Pereira.
Segundo o modelo de Kübler-Ross, aqueles que experimentam um sentimento de perda imensa depois dum evento traumático passam por 5 fases emocionais, descritas como recusa, raiva, negociação, depressão e aceitação. O percurso pode ser progressivo ou com recuos e avanços ao longo do tempo. No final teremos uma nova vida ou uma crise sem fim.
Trata-se dum modelo que surgiu na área da medicina, mas que foi já utilizado noutros domínios, por exemplo na gestão dos recursos humanos, como nos processos de despedimento massivo. Penso que houve um em França que correu muito mal há uns anos, suicídios incluídos.
Para não irmos para outras situações (por exemplo para as cheias de Valência), imaginem que destroem o vosso muito estimado automóvel topo de alguma gama amanhã num acidente algures.
Numa primeira fase não acreditamos no que aconteceu. Não pode ser. Não estou a ver bem. Não é possível.
Na segunda vem a raiva. Porquê eu? Que mal fiz eu? Quem foi o culpado? Quem foram os malditos? Qual foi a conspiração?
Na terceira vem a negociação. Bom, foi apenas o carro. Não sofri nada. O outro teve tanta culpa quanto eu, a estrada também. Até tenho seguro contra todos os riscos. Com o que me dão posso comprar outro. Até lá, tenho o carro do seguro.
Na quarta vem a depressão. Não me apetece sair. Não me apetece conduzir. Tenho medo dos carros. Não quero saber de carros, vou andar de transportes públicos.
Na quinta vem a aceitação. Acidentes todos têm. Já comprei carro novo. Até é melhor que o outro, mais seguro também.
Isto tudo para falar da saída de Amorim neste momento da época, com a equipa invicta na Liga e no andar de cima da Champions. Um tremendo choque para todos.
Para mim também. Tenho sido um feroz apoiante dele desde o primeiro dia, aquele da manifestação anti-Varandas nas portas de Alvalade e duma vitória frente ao Desp. Aves, estranha pelas expulsões mas com alguns sinais prometedores. Um tremendo choque.
E como estou eu no meu ciclo de luto?
Bom, pela primeira fase passei num minuto. Dúvida nenhuma que uma proposta do gigante Man. United neste momento era irrecusável. Que ele lá iria estar desse por onde desse.
Pela segunda demorei mais. Vieram à baila o bicampeonato, as abordagens aos jogadores, o compromisso de todos, e... o abandono. Ou mesmo a traição.
Depois veio a terceira, essa também pouco demorou. O Sporting de Amorim, o Sporting sem Amorim, o Sporting que Amorim encontrou quando chegou, o Sporting que Amorim deixa quando sair, o trajecto de João Pereira, o capitão Hjulmand, o espírito de equipa, o ADN de leão, enfim, muita coisa.
Mas veio depois a depressão. Mas e agora? Sem ele como vai ser? Lixámos o campeonato, vamos cair a pique, os lampiões e os morcões já estão em fase crescente, agora que o Vieira derrete o "principezinho" e o Pinto da Costa com a mão no caixão dá cabo do fidalgo Villas-Boas e o Conceição do "traidor" Bruno é o carma, é a sina do Sporting, o clube do quase. Sempre há qualquer coisa quando está tudo a correr bem. Não ir a Alvalade. Não ver na TV. O quê??? Impossível.
Mas logo depois veio a aceitação. Obrigado por tudo, Amorim, e passa bem que nós também. Não penses que sais a fugir rumo a Tires apanhar o jacto. És um profissional e um homem quer queiras quer não. Ganhas os dois jogos da Liga, passas a pasta ao João Pereira, até porque não vais deixar ninguem que o faça, e depois vais à tua vida. Com grande aplauso pelo teu trabalho mas sem homenagens "póstumas" porque, independentemente de tudo o resto, a última palavra para a saída foi tua e sabes bem o rombo que causaste no projecto do bicampeonato.
E pronto. Este é o meu percurso no ciclo de luto.
Cada Sportinguista terá o seu.
Mas não queiramos ser como as almas-penadas brunistas da tasca que ainda vivem na raiva pela queda do querido lider.
Perder com Varzim, Arouca, Chaves e Boavista não é normal. Não competir na Taça de Portugal nesta fase também não é normal. Ter a possibilidade de se qualificar para os oitavos-de-final da Champions na terça-feira é um acontecimento raro, uma oportunidade de ouro que deve ser aproveitada. O Sporting é isto tudo neste momento.
Depois disso faremos contas. Uma coisa é certa e todos nós já apontámos aqui: a época foi muito mal planeada e aí a responsabilidade divide-se entre a direção do clube, a estrutura do futebol e o próprio Amorim, que gosta muito de entrar nos pelouros de outros e dizer que "não há dinheiro". Não é assim, o Sporting gastou somas consideráveis em jogadores que simplesmente não produzem e outros são autênticos "flops". A responsabilidade é, por isso, partilhada.
O que se viu ontem foi quase surreal: mudar meia equipa para perder com o Arouca parece quase mentira. Mas aconteceu. Há dias em que as opções de Amorim parecem ilógicas. Ontem foi mais um dia.
Nunca esquecer que o Sporting está acima do seu treinador, dos jogadores do plantel atual e, no limite, da sua direção. E vai ter que sobreviver a esta fase péssima, como sobreviveu a outras, e vai olhar para a frente e voltar a sorrir. Mas, por favor, treinador, jogadores e direção: não brinquem com o Sporting. Isso não. O Sporting não é para brincadeiras.
Há poucos dias, não faltava aqui gente a pôr tudo em causa. Como é costume no Sporting. O treinador não prestava e estava a querer pôr-se ao fresco. Os jogadores eram péssimos, muito inferiores aos do FCP e do SLB. Os reforços não tinham reforçado coisa nenhuma. O presidente, como sempre, era para deitar abaixo: havia que correr com ele.
Enfim, um cataclismo, uma tragédia, um horror.
Entretanto fomos ganhar ao Estoril (2-0), estádio sempre difícil. Arrancámos uma vitória histórica contra o Eintracht na Alemanha (3-0) para a Liga dos Campeões. Hoje, em Alvalade, goleámos o Portimonense (4-0), equipa nada fácil.
Resumindo e abreviando: nestes últimos três desafios, para duas competições, marcámos nove golos e não sofremos nenhum.
Crise? Que crise?
Aguardo respostas dos profetas da desgraça que andaram aqui dia após dia a vaticinar os piores cenários e a jurar que o Sporting «já era» nesta temporada que ainda mal começou.
Bem sei que os comentadores do costume, nas jornais e nas TV, estão a todo o gás a inculcar a mensagem de que o Sporting está no caminho certo e que temos de aceitar a direcção que temos, porque somos um clubezinho que já não se compara ao SLB e FCP.
Bem sei da grande influência que esta gente tem sobre os adeptos/ sócios do Sporting e de outros clubes.
Bem sei que, de tão fraquinhos que somos, é suposto aplaudir o facto de não termos perdido com o Porto em casa, no passado Sábado (foi o VAR... apesar dos dois golos infantis sofridos).
( e bem sei que isto é como lutar contra moinhos de vento...)
Ainda assim, e porque me preocupa que se instale no Clube uma espécie de conformismo derrotista, em que vamos alegremente deslizando de ano para ano rumo ao meio da tabela, gostaria de vincar aqui alguns pontos:
1. A última época foi das piores, desportivamente, da história do Clube; os resultados são directamente imputáveis a uma direcção que vendeu todos os bons jogadores do plantel e não foi capaz de fazer uma única contratação à altura (e que agora tem de pagar X milhões por ano a jogadores que ninguém quer);
2. A julgar pelas decisões da direcção, os únicos responsáveis pela desastrosa época 2019-2020 foram os treinadores e Beto - aliás, Viana parece ter saído reforçado;
3. Ao longo de toda a época, elementos da direcção não pararam de contribuir para a instabilidade no Clube, classificando quem os critica de "anormais", "escumalha" e afins.
4. Esta época começou com uma eliminação da Liga Europa pelo 5º classificado do campeonato austríaco, ainda por cima com uma goleada em casa; esta época estamos ao nível do Rio Ave e do Famalicão, já nem do Braga;
5. Apesar de a época de 2019 ter terminado em Fevereiro do ano passado, dando 6 meses de preparação da nova época, o plantel do Sporting revela lacunas enormes, sobretudo na defesa (6 golos sofridos em 2 jogos em casa) e no ataque, não tendo opções para jogo dentro da área adversária (apenas Luiz Phellype); daquilo que vi até agora, o Sporting não tem jogadores para o sistema que o treinador quer implementar.
6. Ao longo de 3 anos, esta direcção fez zero (repito: ZERO) para contrariar o domínio das instituições de arbitragem pelos dois principais clubes; estava mais concentrada em atacar as claques do Clube e os sócios que criticavam a direcção; agora, indigna-se com decisões do VAR.
7. Com esta direcção o desrespeito pelo Clube atingiu limites inimagináveis, devido aos resultados desportivos e às peripécias de não pagamento de contratações ao Braga, ou de supostas tentativas de contratar metade do plantel do Braga - que este clube explora mediaticamente a seu favor, apresentando o Sporting como uma estrutura de tontos.
A maioria das críticas foram no sentido de "isto não é de agora, há muito tempo que é tudo uma porcaria". As últimas décadas não são famosas, é um facto, mas não foi assim há tanto tempo que disputamos taco-a-taco o último campeonato e demos 3-0 na Luz... ou ganhamos a SuperTaça ao SLB. No desporto, às vezes ganha-se e outras perde-se. Mas perder tantas vezes seguidas como nos últimos anos (várias de goleada...) não é aceitável para um sportinguista que se preze.
Um dos últimos comentários ao meu post, deixou-me pasmo, mas diz tudo: é preciso "enaltecer o trabalho que se está a tentar fazer". Sim, temos de de nos dar por contentes por não termos perdido com o Porto em casa e "enaltecer" a direcção. Isto de um adepto do Sporting, não do Marítimo ou do Farense.
O problema está aqui: muita gente no Sporting, começa a pensar como adepto de Clube de meio da tabela. E os verdadeiros sportinguistas não podem aceitar esse miserabilismo. Não podem aceitar ver o clube definhar de ano para ano, em apenas 4 anos ir de golear na Luz a festejar não perder em casa com o Porto.
Bem sei que estas opiniões são minoritárias, mas diz bem do que é a lavagem cerebral a que os sportinguistas estão hoje sujeitos, numa das fases mais negras da existência do Clube - que já nem europeu é - e em que nos prometem "alegrias". Todos os dias, promessas de alegrias. Mas só se "enaltecermos" a direcção. Se não, somos "anormais".
É meu dever de consciência, enquanto sportinguista, não deixar que este pensamento medíocre tome conta do Clube, tornando irremediável a pronunciada trajectória descendente em que nos encontramos. E a primeira coisa a fazer é remover quem, por total e manifesta incompetência, colocou o Clube nessa espiral para fora da Europa e dos topos das tabelas.
O Sporting Clube de Portugal não é isto. Estamos fora da fase de grupos da Liga Europa e, logo no dia 1 de outubro, somos obrigados a fazer receitas extraordinárias com a venda de jogadores. O problema é este: o plantel é tão fraco que não há um ou dois jogadores com mercado que se veja para se fazer uma transferência que venha a equilibrar as contas.
Em termos desportivos, o fracasso é total e vamos de 'flop' em 'flop'. Não há quem salve o Sporting de mais humilhações como a desta noite com o Lask?
Precisamos de uma autêntica Junta de Salvação Sportinguista. Já.
Sendo importante a discussão das alterações estatutárias no Clube, é preciso fazer um sublinhado: não nos podemos que a mesma desvie a nossa atenção do urgente.
Não nos iludamos: a casa está a arder... A evolução conhecida da realidade financeira do clube é alarmente. Os resultados desportivos (falta deles...) são os que sabemos. A desmobilização da massa adepta é notória. O Clube continua sem orçamento aprovado. A gestão do Clube é errática a todos os níveis. A comunicação um desastre, protegendo a direcção e atirando areia diariamente para os olhos dos sócios e adeptos, disfarçando a má gestão, incompetência e incapacidade de corrigir erros. Na próxima época o terceiro lugar dá acesso à Champions, mas Braga e Guimarães serão seguramente candidatos e estão a construir plantéis fortes.
A quem interessa que falemos agora, neste preciso momento, de estatutos? Eu diria: aos incompetentes barricados na direcção, que não querem reconhecer a sua incapacidade para gerir um Clube da dimensão do Sporting Clube de Portugal.
Por acaso estes estatutos impediram o Sporting de ir à Champions há 3 anos? De construir uma grande equipa com jogadores como Bruno Fernandes ou Mathieu? De lutar pelo título?
Falar de estatutos nesta fase é um pouco como um faminto estar entretido a ver um catálogo de fatos Hugo Boss.
Sobre a grave situação financeira do Clube, é importante (e urgente...) ler a escalpelização feita pelo Pedro Azevedo aqui:
Esqueçam tudo quanto ficou para trás: a pandemia em curso, que forçou o Governo a decretar o estado de alarme sanitário e o Presidente da República a proclamar o estado de emergência pela primeira vez no actual regime constitucional, obriga-nos a mudar prioridades, linhas de rumo, parâmetros de reflexão.
Tudo se alterou. Na vida de cada um de nós, na sociedade portuguesa, nos comportamentos mais elementares do nosso dia-a-dia. Mais de mil milhões de pessoas em todo o mundo estão neste momento confinadas às quatro paredes domésticas no combate ao coronavírus que, como assinalou o director-geral da Organização Mundial de Saúde, demorou 67 dias a gerar os primeiros cem mil infectados, 11 dias a infectar os cem mil seguintes e apenas quatro dias a contaminar os cem mil que se sucederam.
Neste momento, morre uma pessoa a cada 16 minutos em Madrid. Neste momento, morrem 33 pessoas por dia em Itália. Há cinco gerações que ninguém via nada semelhante à escala planetária. Como acentuou a chanceler alemã, Angela Merkel, o combate universal ao coronavírus «é o maior desafio desde a II Guerra Mundial».
Tudo diferente, tudo novo. Acontece o impensável: a UEFA adia por um ano a realização do Campeonato da Europa de Futebol, o Comité Olímpico Internacional adia também por um ano a realização dos Jogos Olímpicos de Tóquio. O desporto está parado. Como o turismo, como a aviação civil, como a hotelaria, como a restauração, como a indústria do espectáculo.
Portugal, claro, não é excepção. Vejo alguns, no entanto, comportarem-se no universo leonino como se nada se passasse. Há até um suposto movimento que reclama eleições no Sporting para 20 de Abril em nome - dizem eles - da legalidade estatutária. É uma desonestidade intelectual somada a uma chocante insensibilidade social: os representantes desse suposto movimento sabem muito bem que acima dos estatutos de qualquer colectividade está a lei geral do País - e esta força as pessoas a ficar em casa e os clubes a paralisarem a actividade até a emergência sanitária cessar. Não por acaso, até num gigante como o Barcelona a direcção do clube propõe aos jogadores do plantel principal uma drástica redução de salários, antevendo o pior que se prepara para vir.
«Nenhum de nós sabe quanto tempo durará esta crise. Antes de Junho é muito prematuro termos uma visão de médio prazo sobre esta situação», declarou ontem o primeiro-ministro António Costa na Assembleia da República. Só uma coisa temos garantida: esta pandemia veio para ficar. E a palavra de ordem, inquestionável, é isolamento social.
Exigir de momento a convocação de uma assembleia geral eleitoral, seja para o dia 20 de Abril seja para outra data qualquer, desacredita irremediavelmente os promotores deste "movimento", cobrindo-os de ridículo não apenas junto dos adeptos leoninos mas perante a generalidade dos portugueses.
Dizem-me que o "movimento" Sou Sporting é um baluarte da oposição ao actual Conselho Directivo do Sporting. Se assim é, os membros do CD não poderiam sonhar com melhor oposição.
Hoje não estarei em Alvalade, na manifestação de protesto contra Frederico Varandas que conta com a entusiástica adesão da Juventude Leonina. Faço-o por uma questão de princípio. Exerço o meu direito ao protesto, enquanto sportinguista, de duas formas: escrevendo neste blogue (que já vai no nono ano de existência e tem cada vez mais leitores) e votando.
Nas últimas semanas publiquei aqui duras críticas a Varandas e estou firmemente convencido de que o presidente leonino não irá completar o seu mandato, tantos e tão graves têm sido os erros cometidos na gestão do futebol. Nos momentos próprios, quando assim o entendi, fiz o mesmo em relação a Godinho Lopes e Bruno de Carvalho. Mas há duas atitudes que nunca tomei nem tomarei: assobiar quem preside ao clube enquanto estou na bancada do Estádio José Alvalade e integrar protestos públicos em dias de jogo. Desde logo porque uma coisa e outra desestabilizam a equipa e dão alento aos nossos adversários. E eu apoio sempre a equipa - seja quem for o presidente, seja quem for o treinador.
Respeito quem se manifestar mas considero um erro que este protesto público ocorra imediatamente antes do Sporting-Aves - tratando-se ainda por cima do jogo em que se estreia o sucessor de Silas, que a partir de hoje é o timoneiro do plantel leonino, gostemos ou não do tempo e do modo como foi contratado.
Sou coerente com o comportamento assumido no passado. Critiquei aqui o expressivo coro de assobios e injúrias a Bruno de Carvalho, num célebre Sporting-Paços de Ferreira, e recusei participar na manifestação que se realizou contra o ex-presidente, apesar de ter ocorrido após o encerramento da época desportiva. Julgo não ter havido outra a visá-lo. Varandas enfrenta agora a segunda em pouco tempo. Nada mais legítimo: serei sempre o último a contestar o direito à manifestação. Mas estarei sempre entre os primeiros que advogam uma separação clara entre dia de protesto e dia de jogo.
Muito se escreveu nas últimas horas sobre a entrada de outro pseudo treinador, desta vez com o nome de Amorim, no Sporting. O futebol está cheio de manhas, de favores, de aproveitamentos e projetos pessoais com maior ou menor influência nos bastidores. Há nisto algo de estranho, e obscuro, onde se movimentam atores, uns ligados a clubes de top na Europa, com contornos a clubes portugueses, que fazem esta poderosa máquina do futebol, ter nuances muito díficeis de explicar. Fico por aqui... acreditando que um dia a HISTÓRIA nos dirá a verdade toda sobre aquilo que se passou e que é hoje tão difícil de entender.
Até agora, só Silas falou. Despediu-se dos adeptos e anunciou o sucessor (um dos maiores erros desta administração). De resto, um enorme vazio comunicacional e organizacional, já com consequências. A estrutura está escondida numa gruta?
Face às notícias hoje propaladas nos jornais desportivos, apetece-me falar muito sinteticamente de arte cinematográfica e em "Silent Movie", fantástico filme de 1976 dirigido por Mel Brooks, em que a única palavra que se ouve durante 87´é NON, completamente inesperada porque dita por Marcel Marceau, famoso mimo* francês. https://youtu.be/cyY5vWc5TEQ
Perante o delirante mutismo reinante na direção do nosso clube e a deriva em que vive, com o seu primeiro responsável a acumular erros estratégicos, faço minha a palavra do mimo, traduzindo:
NÃO!
*Mimo: ator que representa através de gestos e expressões fisionómicas e corporais, sem recorrer à palavra.
Leio n' A Bola que houve quatrocentos malucos, nos precisos termos utilizados por Frederico Varandas que ainda preside ao CD do Sporting, que se deslocaram à Turquia para apoiar o Sporting. Gabo-lhes o espírito, diria de missão, de terem feito uma deslocação a país tão longínquo para proporcionar algum conforto aos nossos jogadores.
Extraordinário é que, a determinada altura, a polícia lá do sítio irrompeu pela bancada e desatou a retirar toda a parafernália de material de apoio aos nossos rapazes.
Não me parecendo que sejam os turcos avessos ao verde, concluiu quem lá estava que terá sido após uma assobiadela à UEFA de quem dirige o Sporting que a "bófia" confiscou tudo o que era bandeira, tarja, etc. Eu penso que como não seria possível meter a música em altos berros, como usa fazer em Alvalade para calar as manifestações contra, o sôtor achou que pelo menos as televisões e os jornais não mostrariam as manifestações de apoio... à equipa!
Triste! É um momento de enorme tristeza e revolta quando alguém e esse alguém só pode ser o presidente, manda retirar bandeiras de apoio ao clube num jogo, internacional, fora de casa.
É por tudo o que de mau até agora tem feito, com uma cadência regularíssima a bater records negativos, mas também por (mais) esta manifestação de enorme prepotência e irresponsabilidade e desrespeito para quem se deslocou tão longe, que lá estarei dia 8 de Março, conjuntamente com muitos milhares de outros sócios, a exigir a demissão imediata de Frederico Varandas.
"Meus senhores, como todos sabem, há diversas modalidades de Estado. Os estados sociais, os corporativos e o estado a que chegámos. Ora, nesta noite solene, vamos acabar com o estado a que chegámos! De maneira que, quem quiser vir comigo, vamos para Lisboa e acabamos com isto. Quem for voluntário, sai e forma. Quem não quiser sair, fica aqui!"
Salgueiro Maia
{ Blogue fundado em 2012. }
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