Está na cara
A renovação do contrato de Rúben Amorim fez bem à equipa do Sporting. Alguém duvida?
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A renovação do contrato de Rúben Amorim fez bem à equipa do Sporting. Alguém duvida?
Sou absolutamente contra a introdução de cláusulas anti-rivais nos contratos de profissionais de futebol. Algo de que agora novamente tanto se fala a propósito da ida de João Mário do Inter para o Benfica.
Explico porquê. Se estas cláusulas vigorassem, não teríamos contado com vários jogadores que actuaram no Benfica e no FC Porto antes de se sagrarem campeões no Sporting. Lembro alguns: Rui Jordão, Artur Correia, Eurico Gomes, João Vieira Pinto, Rui Jorge, Mário Jardel, Paulo Bento, Nuno Santos.
Não sei qual é a vossa opinião, mas eu prefiro assim.
Pelo que vou lendo nas notícias da imprensa especializada, Joelson Fernandes corre o risco de deixar o Sporting sem ter feito sequer meia parte de um jogo na primeira divisão do futebol. Tem contabilizados 37 minutos na Liga 2019/2020 e já chegam a Alvalade apelos cobiçosos ao "rapto" do jogador, que conta apenas 17 anos e quatro meses.
Destaca-se nesta corrida o Arsenal, que andou a jogar às escondidas com o Sporting nos casos de Cristiano Ronaldo e Bruno Fernandes, acabando por ser fintado pelo Manchester United. Ao que parece, o clube londrino não quer agora ficar para trás na corrida ao passe de Joelson, avaliado em 45 milhões de euros (quantia fixada por contrato de Março de 2019). E contará, para o efeito, com o apoio expresso do empresário Kia Joorabchian, e do próprio pai do miúdo, que funciona como tutor de Joelson por este ser menor, mas em articulação directa com o referido indivíduo.
É uma história velha como o mundo, esta dos pais que contam facturar com o talento e o suor dos filhos. O Sporting está doutorado nesta matéria, como sabemos.
Até por isso, não consigo compreender como se incorporam na equipa principal miúdos da formação sem as devidas salvaguardas contratuais para o Clube. Os precedentes nos casos Eric Dier, Bruma e Ilori - lançados na equipa principal durante a malfadada época 2012/2013 - deviam funcionar como alerta permanente em Alvalade para que nada disto se repita.
Afinal o erro volta a ser cometido. Joelson entra no "clube dos grandes" sem ter dado aval, através do pai-tutor, à renovação do contrato. Que inicialmente lhe fixava uma cláusula de 100 milhões de euros, tendo baixado para 80 milhões. O pré-acordo não foi honrado e nem sequer a hipótese alternativa de 60 milhões parece de momento em equação. O que nos pode privar de um inegável talento da Academia de Alcochete que mal chegou a dar contributo desportivo ao clube que o formou.
Espero, sinceramente, que os meus receios não se confirmem e que o desfecho desta história seja o melhor. Mas os maus exemplos do passado fizeram-me muito desconfiado em tudo quanto se relaciona com Joelson. Porque eu já vi este filme. E sei que nunca acaba bem para o Sporting.
Na sequência do que escrevi ontem aqui, continuo com a suspeita - e não passa disso mesmo, de uma suspeita - de que a direção do Sporting Clube de Portugal invocou um incidente de Force Majeure ("força maior", em português) para não saldar a primeira prestação (cinco milhões de euros) da transferência de Rúben Amorim do Braga para o nosso Clube. A confirmar-se esta decisão, muito arrojada para o que conhecemos até aqui da equipa de Frederico Varandas, o SCP está a seguir os passos de muitas empresas e instituições por essa Europa fora e também nos EUA.
As cláusulas de "força maior" - que o contrato de Rúben Amorim deve obrigatoriamente incluir, caso contrário aplica-se a Lei geral no País onde se celebrou - prevêem justamente este tipo de situações extraordinárias, como a pandemia que estamos todos a viver, e na prática alteram as obrigações e as liabilities quando se dá esse evento ou circunstância que muda tudo.
Esta informação só poderia ser confirmada na carta que o SCP dirigiu ao Braga, que julgo ainda não ser pública, já que nos dados fornecidos à CMVM não consta nada sobre isto. No entanto, quer ontem as fontes da direção leonina, em off, quer hoje a análise das capas d' A Bola e do Record indiciam isso mesmo. O jornal mais próximo do SCP diz "Leão falha Amorim", em antetítulo diz que "o Sporting alega que não pagou porque não quis" e em subtítulo: "SAD assume que se trata de medida de gestão". Já o jornal mais lampião escreve em manchete "Rúben Amorim está por pagar" e diz no antetítulo, com gravidade, "Sporting falha 1.ª prestação e fica a dever de imediato €12,3 milhões" [em vez dos dez milhões, cláusula de indemnização do treinador por rescindir com o Braga].
O assunto é sério e deveria ter merecido uma estratégia de contenção de danos por parte da direção, tentando que estas falhas de comunicação não se fizessem sentir. Uma medida de boa gestão é cumprir com as obrigações e os contratos assinados e, caso assim não seja, por qualquer motivo, mesmo que de "força maior", o SCP deve informar a opinião pública para não acontecer o que vimos ontem em todas as televisões e serviços noticiosos. Passou a imagem de que o SCP não é cumpridor, falhou com o Braga e terá consequências inacreditáveis aos olhos de todos nós, como o aumento do seu passivo, a expulsão das competições da UEFA e outras sanções do tipo. A pior, no entanto, é a machadada na sua credibilidade e os efeitos reputacionais disso mesmo perante os diversos stakeholders: à cabeça de tudo os sócios, mas também os parceiros e patrocinadores, outros clubes, os seus profissionais, as associações do setor nacionais e estrangeiras e as entidades financeiras.
Se o Sporting está a tomar medidas excepcionais de gestão prudencial e resolveu, extraordinariamente, não honrar os seus compromissos com terceiros porque outras partes também não estão a cumprir com o Clube - duvido que o Manchester United, por exemplo, com a liquidez que tem, não esteja a pagar rigorosamente tudo o que é suposto pagar pela saída de Bruno Fernandes -, então isso deve ser muito bem explicado, com argumentos jurídicos e financeiros inatacáveis. Essa explicação urge ser dada aos sócios e ao País.
Estamos a falar do Sporting Clube de Portugal e não de uma qualquer instituição de segunda ou terceira categoria. O que levou quase 114 anos a construir não pode ruir de repente por causa de uma pandemia, como também não ruiu com a passagem de outros "vírus" pelo nosso Clube.
Se os jogadores do futebol profissional do Sporting accionarem cláusulas de rescisão unilateral dos respectivos contratos de trabalho a partir da próxima segunda-feira, alegando justa causa, todos os membros do Conselho Directivo em funções a essa data deverão ser alvos imediatos de procedimento disciplinar interno. Por gestão danosa.
Quem será que mente?
Jogador X afirmou ontem que, à data de 15 de Agosto, dia em que a sua filha comemorou 6 dias de vida, o clube A já tinha pago o salário a todos os seus colegas, sem, no entanto, este ter recebido o seu vencimento.
Sensivelmente uma semana depois desta data, o clube A oficializou o empréstimo do jogador X ao clube B.
Em resposta às declarações do jogador X, o clube A revolta-se e afirma, quanto à questão do salário que não foi pago, que os contratos são feitos a partir de Julho, portanto a partir desse mês, quaisquer encargos com o jogador ficam a cargo do clube B.
O que eu gostava de perceber é o seguinte:
Como pode o negócio entre os clubes A e B ser oficializado depois de 20 de Agosto e ser o clube B o responsável pelo pagamento do vencimento de Julho ao jogador X?
É que até compreendo que seja o clube B a assumir os encargos referentes ao mês de Agosto. Agora qual é a lógica de ter de pagar também o vencimento de Julho se, à data em que foi consumada a transferência, o jogador já o devia ter recebido, por ter trabalhado no outro clube?
Evidentemente, o Sporting ter fechado um contrato destes com a NOS foi uma surpresa para muitos profetas da desgraça em tudo o que diga respeito ao nosso clube. Pessoalmente, creio que a melhor resposta a dar-lhes é o próprio contrato: uma bofetada de luva branca.
Mas alguns destes profetas da desgraça não o são somente em relação ao Sporting: são-no em relação a todo o país, em relação a todos os assuntos. Responder-lhes é, por isso, um bom serviço que o presidente do Sporting presta. Só não gosto do estilo, que infelizmente por vezes não prima pelo bom gosto... Mas apesar deste estilo do presidente, considero muito positiva a sua preocupação de nunca deixar o clube ser apoucado, como se vinha tornando cada vez mais habitual.
Respeito muito as opiniões de quem considera excessivas as verbas envolvidas nos contratos dos três grandes, e que isso se vai repercutir nos preços para os clientes. Mas por que razão tais opiniões não surgiram logo que foram conhecidos os contratos com Benfica e FC Porto, e somente depois de ser anunciado o contrato com o Sporting?
Não vou entrar na competição do meu-contrato-é-melhor-que-o-teu que caracterizou o final do ano passado. O contrato do Sporting é o maior em termos de valores, mas também é o que envolve mais cedências. São três contratos diferentes e, por isso, não são diretamente comparáveis. De qualquer maneira parecem-me três bons contratos. O presidente do Benfica, porém, insiste em que o contrato do Benfica é melhor que o do Sporting. Mas, se é assim, por que o quererá rever junto da NOS?
Tanto fogo sobre o Sporting (incluindo o fogo "amigo"), tão pouco tempo para o comentar. Só umas notas soltas:
1 - Se Rojo vale zero de encaixe para o Sporting, seja vendido por 20 milhões ou por 30 milhões, então é o motivo ideal para um braço-de-ferro: se o Sporting não ganha nada em vendê-lo, então, no caso de não ser vendido, quem perde é o jogador (pode perder mesmo a carreira) e é o fundo (que vê o valor do seu activo muito desvalorizado); o Sporting perde apenas o valor dos salários futuros do jogador se, como é previsível, ele não voltar a jogar;
2 - Como foi possível fazer um contrato assim?
3 - O único risco da atitude do presidente do Sporting é criar a ideia de que o Sporting é um clube que não vende; então, poucos jogadores bons e valorizáveis quereriam ir para o Sporting, com receio de nunca mais de lá saírem. Acho que ainda estamos longe desse ponto. Neste momento, talvez seja mais importante mostrar que não se negoceia com o Sporting como se negoceia com o Cascalheira. Mas no futuro, com outros contratos, o Sporting terá de vir a ser mais flexível;
4 - Até agora, as atitudes ditas intransigentes do presidente do Sporting têm corrido bem. Andavam ou queriam andar a sacar à grande no Sporting os seguintes: Bruma, que se perdeu nas brumas desse campeonato de referência que é o turco; Labyad, que se perdeu nas brumas do campeonato holandês; Elias, que se perdeu nas do brasileiro; e Ilori, nas do inglês; se ficassem cá, talvez a sorte deles tivesse sido diferente - pelos menos as oportunidades seriam;
5 - Já se percebeu que o Benfica quer um perdão de dívida. Que eu saiba, o Sporting não teve nenhuma dívida perdoada; teve dívida reestruturada, obtendo condições favoráveis no seu pagamento. Mas isso obrigou o Sporting a uma espécie de programa de austeridade. Se o Benfica quer "perdão de dívida", então que faça austeridade como o Sporting e não compre três plantéis milionários como no ano passado. Julgo que a banca, no estado em que está, nem sequer fará a coisa por menos, aliás;
6 - Depois das declarações de amor do Benfica ao Porto, seria bom acabar com a história do Sporting amiguinho dos andrades;
7 - Parece que há muita gente interessada em destruir a carreira do Sporting esta época logo desde o início. Fascinante.
Esta guerra entre jogadores e clubes, em que os segundos, por razões, na maioria, de carácter financeiro, querem a rescisão dos contratos ou a cedência a outros títulos, sempre vantajosa, é claro, de profissionais seus, não conhece inocentes. Talvez que nas situações concretas actualmente em discussão o Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol tenha grande parte da razão do seu lado, já que me parece evidente que determinados clubes, entre eles, neste momento, o Sporting, tudo fazem para afastar das respectivas folhas de vencimentos jogadores com que não contam ou cuja remuneração é excessivamente pesada para as suas possibilidades. Mas os jogadores e o sindicato não podem, sob pena de ridículo, colocar-se na posição de virtuosos trabalhadores a quem nunca passou pela cabeça, quando a ocasião surge, proceder de maneira equivalente à dos clubes. Admito que a maior parte não será assim, mas há alguns ou mesmo muitos que, pela sua cabeça ou, como é mais comum, obedecendo às ideias inspiradas dos seus agentes, apoderados ou lá como é que lhes chamam, se comportam de maneira a levantar no observador comum as maiores dúvidas sobre os seus padrões morais. Para não ir mais longe, veja-se os recentes casos de Bruma ou, pelo que é possível avaliar através das informações transmitidas pela imprensa, o de Bale, cujas pressões sobre o clube com que mantinha um contrato válido foram repugnantes.
Nesta matéria e para falarmos das acusações vindas à praça pública, Bruno de Carvalho, decidiu exceder-se, de forma totalmente irrazoável, e contrariar os mais elementares conceitos de probidade, aceites em todo o lado há milhares de anos. Em comunicado de resposta a Joaquim Evangelista, que decidiu insurgir-se contra a maneira como o Sporting tem gerido alguns processos de rescisão, Bruno de Carvalho faz diversas e graves acusações, em que não me custa nada acreditar, a alguns atletas, não especificados, dizendo que alguns destes, passo a citar " ... forçam a chegada ao último ano de contrato para chantagearem os clubes..." Espantosa concepção esta dos direitos e deveres decorrentes de um contrato! Forçar a chegada ao último ano. Ou seja, forçar o cumprimento de um contrato! Extraordinário! Como se o vício não estivesse com quem pretende forçar o seu não cumprimento. E Bruno de Carvalho diz mais, acusa esses jogadores de o fazerem com o objectivo de chantagear os clubes. Não sei qual o conceito que o Presidente do Sporting tem de chantagem, admitindo eu, no entanto, que tenha algum. Mas, nas circunstâncias a que se refere, o que é normal é assistir a comportamentos que não têm nada a ver com chantagem. O jogador recusa-se a sair antes do último ano de contrato porque isso lhe vai ser favorável na negociação de um novo contrato com outro clube. Ou o jogador quer sair sob o signo do impropriamente chamado custo zero porque isso lhe permitirá cobrar um elevado prémio de assinatura no contrato com outro clube. Ou o jogador quer negociar com o clube com que tem contrato uma remuneração muito superior.
Podemos imaginar mais algumas situações em que o jogador que tenha cumprido o contrato até ao seu termo beneficie de vantagens negociais que, por outro lado, induzam no clube a sensação de que sai prejudicado. Está bom de ver que este prejuízo não existe nem há, na maioria dos casos, qualquer acto que se assemelhe à chantagem. O contrato foi cumprido e o clube, quando muito, não realiza um negócio que estava nas suas expectativas. E o que é que os clubes querem? Querem que os jogadores aceitem ser transferidos, seja para onde for, nem que seja o Real Madrid, o Barcelona ou o Juventus, só porque isso redundaria num grande negócio para o clube com que têm contrato? Ou que renovem o seu contrato com o clube, porque isso é vantajoso para este? Dentro dos limites fixados pela lei, o que cada um tem a fazer é olhar para os seus objectivos, para as suas vantagens e desvantagens negociais, para os seus interesses financeiros e para quaisquer outros elementos que considere importantes e tomar a melhor decisão possível. Haverá comportamentos que possam ser considerados como chantagem? O melhor é torná-los públicos. O que de certeza não podemos dizer é que a vontade de cumprir contratos, forçar o cumprimento de contratos, na linguagem do Presidente do Sporting, é digna de censura.
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