A Comunicação é uma ferramenta essencial numa liderança. Segundo Peter Drucker, 60% dos problemas nas empresas são causados por uma comunicação ineficaz.
O Sporting Clube de Portugal liderado por Frederico Varandas talvez seja uma demonstração cabal disto. Tudo começa pela personalidade do próprio que, segundo aquele especialista da área que o ajudou a ser presidente, Luis Paixão Martins, "não sabe e não quer aprender".
Talvez isto explique a sucessão de directores de Comunicação, o último dos quais, Miguel Braga, saiu no final de Maio, ficando o vice-presidente e admnistrador da SAD André Bernardo a gerir também esta área. Agora com o contributo duma jornalista que ficou conhecida por uma pergunta deslocada e inconveniente a Rúben Amorim no rescaldo da derrota do Sporting-Chaves. Muito duvido que fizesse pergunta análoga no Dragão a Sérgio Conceição depois duma derrota do FC Porto, podia-lhe acontecer algum acidente à saída. Não seria a primeira.
Com o presidente a falar pouco e por vezes carregando demasiado nas palavras, com Hugo Viana remetido ao voto de silêncio, com um Miguel Braga com intervenções cinzentas e falhas de oportunidade, muitas vezes Rúben Amorim teve de levar também este barco, falando ao seu jeito, que nem todos entendem, sobre o que devia e o que não devia.
Mas se as pessoas são como são e não vão mudar, a chatice é um conjunto de situações que tem ocorrido, algumas das quais roçam o absurdo:
1.A bufaria das AGs da SAD - Através dos candidatos derrotados nas últimas eleições, Ricardo Oliveira e Nuno Sousa, foi passada para as redes sociais informação sobre quanto efectivamente custou Paulinho, dos 13M€ mais trocos (que o nosso leitor Salgas bem explicou num comentário aqui no blogue), foi bufada uma verba de 23 milhões que teria sido confirmada por Salgado Zenha. A verdade é que a suposta aldrabice foi olimpicamente ignorada pela comunicação do Sporting. Felizmente os sócios e adeptos do Sporting que frequentam o estádio chutaram o tema para canto e continuam a cantar a canção do Paulinho.
2. A "lista de Schindler" - Terá saído no Record recentemente uma lista de jogadores do Sporting com valores pretendidos de taxa de empréstimo e transferência, se calhar proveniente duma plataforma de gestão de efectivos comum aos grandes clubes. Também a saída dessa lista foi olimpicamente ignorada, como já tinha sido o resultado da auditoria de gestão logo a começar o primeiro mandato. Num momento de preparação da nova época, quando todo o sigilo é pouco, isto faz o mínimo sentido? Afinal Chermiti (não vi a lista) é aposta ou é para vender por 10, 15 ou 20 milhões?
3. O penso no joelho - Logo depois de lermos na imprensa sobre alguns jogadores que anteciparam o regresso de férias para uma semana de trabalho no ginásio em Alcochete de forma a entrar na época da melhor forma, deparamos com uma imagem de St.Juste a chegar a Alcochete a coxear e com um penso no joelho. Intervenção programada, caiu do escadote, foi no golfe? Mais uma vez, explicações zero.
4. O "caixeiro viajante" - O presidente do Sporting Clube de Portugal não pode ir a Inglaterra fechar um negócio e vir sem o jogador no bolso, furtando-se, incomodado, no aeroporto às perguntas dos jornalistas. Caberia à Comunicação do Sporting ajudar a resolver o problema da melhor forma.
5. A "puta da gala" - Se já existe o jantar Stromp onde são agraciadas anualmente personalidades e atletas de relevo na época Sporting, porque não transformar esse evento numa gala digna do clube na data certa para o efeito e no melhor local para ser feita, o magnífico pavilhão João Rocha? Com certeza estaria anualmente cheio, seria um enorme prazer estar perto dos atletas mais relevantes. Um evento que aproximaria toda a nação Sporting, um momento de "unir o Sporting".
Nem todos os sócios e adeptos consomem o jornalismo desportivo e bem menos ainda participam nas redes sociais, mas é um facto que a situação atrás descrita contamina os blogues afectos ao clube, enquanto os rivais andam entusiamados com aquilo pouco ou muito que vai chegando e que se lixe o preço, quanto mais caro melhor, nós (com a prestimosa ajuda do "exército do nojo" que por aqui passa a soldo de algum dos rivais) andamos a discutir o preço do Paulinho, as lesões do St.Juste, se o Gyokeres podia vir por metade ou se o Arthur deu lucro ou prejuízo.
Felizmente há coisas muito bem feitas também, como na Sporting TV o programa ADN de Leão, como os Insides Sporting, mas a comunicação do clube tem de levar uma volta para melhor, sem entrar nos métodos mais rasteiros e alguns até criminosos dos rivais, muito mais assertiva, muito mais protectora do treinador e da estrutura do futebol e muito mais defensora da imagem e dos interesses do Sporting Clube de Portugal.
A conferência de imprensa de Rúben Amorim de hoje voltou a pôr a nu um problema interno no Sporting Clube de Portugal, que urge resolver: a comunicação estratégica. Quando falo da comunicação não quero pôr em causa, longe disso, o trabalho do Miguel Braga, muito meritório, aliás, e sempre muito assertivo. Falo antes da comunicação enquanto estratégia da direção do clube e da SAD. Portanto, mais do que comunicação, falamos aqui da estratégia corporativa e dos objetivos a atingir pelo SCP, objetivos que devem inserir-se num plano mais vasto do atual mandato do Presidente Frederico Varandas.
É preciso ter aqui em conta os valores do SCP, o mercado global onde o clube agora se movimenta (e isto inclui, claro, a compra e venda de jogadores, que são uma parte importante dos seus ativos) e o prejuízo para os negócios que um aumento do ruído interno e externo pode trazer, depois com influência na reputação da instituição e no seu reconhecimento perante os diversos stakeholders. Na definição de uma estratégia corporativa, e o clube deve ter a sua, cada um deve saber muito bem o seu papel na estrutura e qual o impacto que pode ter uma declaração fora do contexto.
Por isso, as declarações de Amorim deviam cingir-se ao jogo com o FCP de amanhã, porque a conferência de impresa de antevisão de um jogo serve para isso mesmo: antever o jogo. Não está aqui em causa o trabalho de Amorim e o que já fez por este clube - fez muito e acredito que pode fazer mais ainda -, mas custa-me vê-lo a pronunciar-se sobre a saúde financeira do Sporting, como fez na antevisão do jogo com o Rio Ave. Ou agora, dizendo que continua a ser coerente, dando a entender que outros dentro do clube não serão ou não terão sido, por exemplo no caso da saída de Matheus Nunes para o Wolverhampton.
Claro que Rúben Amorim não podia deixar de falar de Matheus Nunes e da falta que o médio faz, ainda por cima em vésperas de um jogo decisivo com o atual campeão nacional. Mas há frases que podem deixar marcas. A mim preocupa-me que um treinador de futebol num clube como o Sporting possa vir dizer "Não temos mais um euro para gastar", numa semana, ou, na semana seguinte, "O que mudou, não sei, sabia que ele podia sair. Apareceu outra vez esta proposta, a direção faz as suas escolhas e isso eu não controlo. Arranjaremos soluções para que o próximo que se sentar aqui não passe por estes problemas no início da época".
Amorim é um enorme treinador e é genuíno, essa é uma das suas muitas mais-valias. Até aqui era sempre certeiro nas conferências de impresa. Agora, não sei muito bem porquê, tem exagerado e tem ido mais longe. Espero que seja só revolta por ter visto sair um dos seus 'meninos de ouro' e que não seja algo mais. O Sporting não se pode dar ao luxo de perder Amorim, mas também tem que começar a ter estratégia. Quem fala do estado das finanças do clube não é o treinador, quem decide os encaixes necessários a dada altura para equilibrar as contas e manter o clube como cumpridor perante a banca, a AT, a Segurança Social, os trabalhadores e os seus fornecedores, também não é o treinador. A este estão-lhe atribuídas outras tarefas, sendo a mais importante ganhar jogos.
Posto isto, também já vi Jorge Jesus e Sérgio Conceição muito revoltados com a saída de jogadores seus. Faz parte. Rúben Amorim está descontente, é natural. Tem que refazer a estratégia e o Matheus Nunes era mesmo um ponto nuclear dessa estratégia. Outros irão ocupar o lugar, como aconteceu com a saída de Bruno Fernandes, por exemplo, que tinha uma enorme influência no jogo do Sporting. Isto vai ao lugar, mas por favor pensem estrategicamente o SCP e não deixem que cada um fale por si e diga o que lhe vai na alma, sobretudo se isso implicar um embate com a estrutura.
Mais importante que tudo isto: vamos ao Dragão para ganhar!
«Tivemos 17 milhões de visualizações no youtube, mais que Benfica e Porto juntos (7 e 5 milhões respectivamente). É assim que se cria interesse pelo clube e se chama novos adeptos. Muito bem o gabinete de comunicação, que penso ser o responsável pelo canal SCP no Youtube.»
O clube está fortíssimo. Em campo. Fora dele. Na comunicação também. Que época fantástica. Que grande Sporting. E com futuro. Um futuro radioso, certamente.
Honra lhe seja feita, os resultados desportivos que a equipa principal do Sporting tem exibido são mérito da tão vilipendiada direcção do Sporting, e em sentido contrário pode-se afirmar que eles acontecem apesar das claques (e de outros duvidosos protagonistas) e não por causa do seu apoio.
Para além disso parece-me da mais elementar justiça elogiar as pertinentes declarações de Frederico Varandas após o difícil confronto entre o Gil Vicente vs Sporting, afirmando que “a arrogância, a bazófia, é meio caminho para a derrota e uma vitamina extra para os nossos rivais”. Se a mensagem tem várias interpretações, e por isso mesmo revela inteligência e acutilância, parece-me que ela se dirige principalmente para o interior do clube e para os seus adeptos. É preciso travar euforias, o campeonato é uma longa maratona e é do mais elementar bom senso reconhecer que o “Sporting tem de respeitar sempre os seus dois rivais” porque “têm muita força dentro e fora do campo”. Nada mais, nada menos: é este o genuíno espírito e cultura sportinguista que nunca deveriam ter sido traídos.
Filipe Osório de Castro, vice-presidente cessante do Sporting que detinha os pelouros do património e da segurança, estava demissionário desde o início de Março. Soubemos todos só ontem, pela voz do presidente leonino.
É o quinto dirigente a abandonar o clube em seis meses. Depois de Francisco Rodrigues dos Santos, ex-vogal da Direcção. Depois de Cláudia Lopes, ex-directora executiva da comunicação e plataformas. Depois de Miguel Cal, ex-administrador da SAD. E em simultâneo com Rahid Ahmad, outro vogal cessante do Conselho Directivo e ex-director do Jornal Sporting.
Muita gente a sair em tão pouco tempo. Em pelo menos quatro destes cinco casos, existe um fio condutor: a súbita ascensão de André Bernardo, um turbodirigente que neste mesmo período subiu de membro suplente do CD a efectivo, com os pelouros do marketing e área comercial, e também a administrador executivo da SAD, director do jornal do Clube e membro do enigmático Conselho Estratégico de Comunicação, petit comité recém-criado que concentra hoje o núcleo duro da gestão leonina. À revelia dos estatutos.
Confrontado com a insatisfação dos sócios, entendeu só agora Filipe Osório de Castro "informar-nos" sobre o que terá conduzido à sua saída num comunicado em que nada desvenda nem esclarece. Além de chegar com mais de dois meses de atraso.
Questiono-me se é para isto que o Sporting tem agora um "Conselho Estratégico de Comunicação".
«O pós-pandemia terá de ser encarado pelo Sporting Clube de Portugal de forma necessariamente diferente. A alternativa, óbvia e evidente, passa por olhar clinicamente para a nossa Academia, em tempos das melhores do mundo, com competência e olhos de ver. A formação do Sporting, na próxima época, tem de ser encarada por todos, treinador incluído, como uma oportunidade e não como uma fatalidade.»
«Jogadores como Luís Maximiano (hoje titular indiscutível), João Palhinha, Francisco Geraldes, Daniel Bragança, Ivanildo, Diogo Sousa, Rafael Barbosa, Leonardo Ruiz, Eduardo Quaresma, Gonçalo Inácio, Nuno Mendes, Matheus Nunes, Dimitar Mitrovski, Joelson Fernandes, Diogo Brás, Pedro Mendes ou Pedro Marques têm de ser vistos como o nosso investimento e os nossos maiores reforços.»
«É fundamental regressar ao tempo pré-Academia, em que os miúdos eram bem tratados no centro de estágio que existia por baixo das bancadas do velhinho e saudoso Estádio José Alvalade, e em que os treinos aconteciam no pelado. Nesse tempo todos queriam jogar pelo Sporting e foi dessas fornadas que saíram os Cristianos, os Figos, os Futres, os Quaresmas ou os Nanis, só para dar alguns exemplos.»
«Aquilo que temos de voltar a ter é quem "namore" com os pais da criançada que veste a Verde e Branca e lhes diga que os filhos terão uma oportunidade. Do que precisamos é de ter novos Aurélios que sejam a base da nossa equipa. Pouco me importa se são do Sporting quando chegam, até porque todos sabemos que a maioria dos nossos maiores craques mais recentes não nasceram Leões. Aquilo que me interessa é que, na inevitável saída, sejam Sportinguistas dos pés à cabeça, de alma e coração.»
«O Sporting Clube de Portugal que conhecíamos antes da Covid-19 já não é o mesmo. E o que está em causa, por mais que nos custe reconhecer, é encontrarmos, todos juntos, um modelo que assegure a sobrevivência e o futuro de um Clube com quase 114 anos de história.»
«Seja quem for o Presidente do Sporting Clube de Portugal, não pode seguir uma estratégia de comunicação que sirva para iludir e enganar os sócios e adeptos, com frases feitas e chavões mobilizadores. Não! O que é preciso é ter a coragem de falar verdade, por mais dura e dolorosa que ela seja.»
«Concordando que, entre pagar salários e fornecedores, eu, se fosse gestor, optaria sempre pela primeira opção - tal como o Sporting fez relativamente ao Braga -, desde que devidamente conversada e negociada com os credores, nenhum Presidente ou dirigente pode permitir que quem desenha o discurso e a comunicação externa crie a percepção de que somos "caloteiros" porque sim. Porque foi isso que aconteceu no recente episódio do não pagamento da primeira tranche relativa a Rúbem Amorim, conferindo à SAD arsenalista e ao seu presidente um estatuto de superioridade moral inaceitável. Basta simplificar e explicar, de forma clara e transparente, falando verdade, o racional das opções tomadas e aquilo que a lei põe ao nosso dispor.»
Trechos de um texto de opinião hoje publicado no Record
De acordo com o Correio da Manhã, um membro do Conselho Estratégico de Comunicação do Sporting recorreu às redes sociais durante o jogo do passado Domingo para chamar "anormais" aos adeptos que se manifestaram contra a direcção no exterior do Estádio.
Ricardo Agostinho integra, em representação de uma agência de comunicação (Gravity) o Conselho Estratégico de Comunicação do Sporting, liderado por Frederico Varandas e Salgado Zenha. A direcção "Unir o Sporting"...
Este... cavalheiro... não é, obviamente, um personagem importante no filme "noir" desta época do Sporting Clube de Portugal - já uma das piores da sua História (antes de irmos à Luz e ao Dragão). Antes pelo contrário. Mas, às vezes, são as personagens básicas e incontinentes que mais revelam. Às vezes, o mordomo é o assassino.
Se isto é o que este... cavalheiro... publica nas redes sociais, só podemos imaginar os modos e linguajar fora dela.
Aqui, pelo menos, a direcção funciona em uníssono: Zenha diz que o clube era uma "rulote" antes de ele chegar com os seus métodos de gestão do século XXI; Varandas fez descer a novos e perigosos níveis a guerra verbal com os contestatários da sua direcção - ora "esqueletos", ora "escumalha".
Bem conheço os termos cavernosos cunhados pelo seu antecessor (muito aquém de "escumalha", convenhamos). Bem sei que Varandas e a direcção são insultados de tudo. Mas que presidente desde João Rocha não recebeu tais "mimos"? Sobretudo, aqueles que insultam representam-se apenas a si próprios e/ou o grupo (de adeptos?) a que pertencem. Não representam o Sporting Clube de Portugal.
Quem representa o Sporting Clube de Portugal tem, em todos os momentos, de ser digno da História de um clube com elevação, que sempre foi o melhor que o desporto português tem, em termos de atletas e de valores. "Anormais"? É esta linguagem e esta forma de lidar com adversários e adversidades que estamos a ensinar aos nossos jovens atletas?
Ter representantes do Sporting Clube de Portugal a insultar sportinguistas é algo de inconcebível para mim. Além de ser indigno do clube é pura e simplesmente incendiário e apenas agrava o conflito.
Não deixa de ser curioso que quem se arvora de sentimentos de superioridade ("escumalha...") em relação a sportinguistas que não se revêem nos métodos e resultados da sua direcção desça a níveis que o mais humilde dos sportinguistas não desceria.
A par da absoluta impreparação e inaptidão para gerir um Clube da dimensão do Sporting e de mobilizar a sua massa associativa (TODA ela...) - que ficou a nu esta época - a incapacidade para lidar com a crítica e o baixo nível evidenciado em tantas ocasiões por esta direcção é mais uma razão para concluir que, antes que causem mais estragos (morais, reputacionais, financeiros), devem prosseguir a sua carreira profissional noutro lugar.
Apetece perguntar se ainda resta alguém a orientar a comunicação do Sporting. Frederico Varandas falou esta tarde aos adeptos, apresentando o seu sexto treinador em 18 meses, no preciso momento em que o procurador Rosário Teixeira falava ao País, anunciando as conclusões do Ministério Público no debate instrutório da Operação Marquês. Não podia haver pior coincidência. Ninguém em Alvalade estava ao corrente desta última comunicação? Não teria sido possível antecipar ou retardar o anúncio de Varandas?
A coincidência é ainda mais desastrada por ocorrer no dia seguinte às buscas da Autoridade Tributária nas instalações leoninas e de sete outros clubes desportivos, no âmbito da operação Fora de Jogo, que constituiu 47 arguidos - entre eles o actual presidente do Sporting e o seu antecessor Bruno de Carvalho.
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Há muitas formas de comunicar, além da expressão verbal. Com a expressão corporal, facial e gestual também se comunica - para o bem e para o mal. Durante os seis minutos e 52 segundos em que se dignou falar, Varandas esteve o tempo todo com cara de poucos amigos e semblante de "tirem-me daqui": tenso, rígido, procurando aparentar impassibilidade em vez de conseguir transmitir empatia - instrumento fundamental de qualquer liderança.
A empatia, quando não nasce connosco, é algo que pode adquirir-se por treino. Mas no caso dele já foi possível perceber que treinou muito pouco ou treinou mal. Em perfeito contraste com a expressão sorridente e descontraída do novo técnico, que neste aspecto deu uma lição ao presidente.
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Quanto ao que disse, como de costume, foi confrangedor. «Não tenho problema nenhum em investir no treinador certo», declarou, com óbvia deselegância, visando os técnicos que antes contratara, designadamente Marcel Keizer e Silas, que nesta óptica seriam os treinadores errados - embora escolhidos também por ele. «Por vezes o que é barato sai caro», insistiu, em nova demonstração desprimorosa para o técnico "barato" que acaba de despedir seis meses após o ter contratado.
«O treinador certo, num ano, faz valorizar o plantel em 30 ou 40 milhões de euros», disse também. Permitindo que se conclua, obviamente, que Keizer e Silas foram treinadores errados. Sendo assim, o que devemos então concluir do presidente que se descarta de técnicos como quem muda de camisa, confirmando Alvalade como funesto cemitério de treinadores?
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O ex-director clínico do Sporting, ao concorrer à presidência, jurou aos adeptos que Peseiro seria o seu treinador. Quebrou a jura. Disse apostar em Tiago Fernandes e logo o pôs a andar. Trouxe Keizer, mas o holandês só aguentou dez meses. Lançou um repto a Pontes, mas sem o menor sucesso. Contratou e despediu Silas em meio ano.
Era a ocasião certa para um mea culpa do presidente. Que, obviamente, não aconteceu. Até nisto Frederico Varandas é um desastre comunicacional.
Esta noite aconteceu algo absolutamente inédito: quem apresenta aos jornalistas o novo treinador é o treinador que vai embora. Perante o silêncio sepulcral do presidente (que quis assumir o futebol), do director desportivo e do gestor do balneário.
Varandas, Viana e Beto deviam, a essa hora, estar a jogar à lerpa com o doutor Zenha. Com uma deselegância sem par perante o técnico cessante, o plantel e a própria massa adepta leonina. Como se esta lhes fosse olimpicamente indiferente.
este mesmo, resmunga. Pois na semana ora finda, na quinta-feira, os jornais "da especialidade" sopraram rumores sobre as relações do Sporting e médicos da clínica do seu presidente, Dr. Frederico Varandas. No dia seguinte, e muito certeiramente, o departamento de informação do clube esclareceu a opinião pública, e em particular o "Universo Sporting", sobre a matéria. Assim respondendo aos referidos rumores.
Entretanto, na quarta-feira, haviam os mesmos jornais "da especialidade" soprado que membros da direcção do clube anunciavam, oficiosamente, que o treinador Jorge Silas não será reconduzido na próxima época, e que talvez nem conclua esta. Nestes dias seguintes o departamento da informação do clube não esclareceu a opinião pública, e em particular o "Universo Sporting" sobre a matéria. Assim não respondendo aos referidos rumores.
O velho corso, este mesmo, é aquele à direita da imagem, e resmungo "tenho a impressão que ele não tem nada na cabeça". Ele? Sim, o departamento de comunicação do clube. Claro.
A falta de estratégia de comunicação no Sporting é gritante e a administração tarda em perceber a sua importância para a sua sobrevivência. O último exemplo foi a concretização do acordo com a banca na véspera de uma Assembleia que já se perspectivava quente.
Se há uma boa notícia, qual é a dificuldade em dar uma conferência de imprensa ou chamar os principais jornalistas para lhes transmitir todos os pormenores em viva voz e explicar tudo de forma a que não restem dúvidas? Como pouco ou nada foi feito, a mensagem que passou foi a “Banca deu mais um mega-perdão ao pobre Sporting”. Chats e programas de TV cavalgaram a onda, quando na prática o acordo é benéfico tanto para a banca como para o Sporting.
Esta situação caricata acontece depois das recentes entrevistas dadas pelo Presidente Varandas em que foi notória a falta de preparação e o foco para saber o que pode dizer e sobretudo o que nunca deve dizer:
"A derrota na Supertaça, para mim, marcou muito, e a confiança de Keizer baixou e isso sentiu-se a passar ao grupo."
"Gabo muito a sua coragem e paciência, mas eu não tenho para aturar um clube de malucos como o Sporting.”
Se Varandas não tem habilidade para comunicar, então ensinem-lhe. É assim tão difícil com tantos ex-jornalistas e assessores que o clube tem?
Por que razão é que a comunicação do clube está assente em Varandas, Francisco Zenha, Treinador e Capitão de equipa? O Sporting não tem directores e administradores que retirem o foco do Presidente e do Treinador? É difícil perceber que a comunicação precisa de uma estratégia para que se fale e escreva muito mais sobre o que o clube quer e precisa e não do que o vento sopra?
Será difícil aprender com os erros? Como diz o povo, é “a comunicação, estúpido”.
Nenhuma entrevista de um dirigente político, empresarial ou desportivo deve ser feita de improviso, sem preparação. Sobretudo quando se trata de uma entrevista a um canal televisivo, em sinal aberto, à hora de maior audiência.
Na preparação de qualquer entrevista, que inclui a simulação de perguntas com uma equipa de assessores especializados e a preparação das respostas mais indicadas a essas questões, com particular incidência naquelas com maior potencial polémico, a preocupação deve ser de forma mas sobretudo de mensagem. Desde logo, antecipando o título jornalístico que se pretende transmitir.
Recuso acreditar que a equipa de assessores de Frederico Varandas lhe tenha sugerido que a ideia-força a emergir desta entrevista fosse esta de o Sporting ser «um clube de malucos», associada à noção de que nenhum técnico credenciado aceita treinar em Alvalade. Nem a equipa mais incompetente e amadora prepararia uma entrevista nestes moldes.
Resta, portanto, a hipótese alternativa: a de que a declaração inicial de Varandas - e que marcou esta deplorável entrevista ao Jornal da Noite, da SIC, matando à nascença o seu potencial enquanto factor de motivação dos sportinguistas - tenha resultado do improviso. Na linha do que sucedeu com a abortada venda de Bruno Fernandes, com a saída de Bas Dost a preço de saldo, com a desastrada preparação da época, com a não-inscrição de Pedro Mendes nas provas organizadas pela Liga, com as apostas malogradas em sucessivos técnicos, com o pior arranque de uma época futebolística registado desde sempre no Sporting.
Em apenas quatro dias, entre terça e sexta-feira, o nosso blogue registou 60.052 visualizações, avalizadas pela plataforma Sapo, onde estamos inscritos desde a nossa fundação, em Janeiro de 2012.
Confirmando assim a crescente audiência do És a Nossa Fé. Um blogue que continua a ser vergonhosamente ignorado pela televisão do Sporting e pelo jornal do Sporting. Como se não existisse.
Em matéria de comunicação, a administração de Frederico Varandas tem acumulado erros atrás de erros.
Este é só mais um. Quase uma gota de água, entre tantos outros.
A derrota em casa com o Famalicão, que pôs fim à brevíssima carreira de Leonel Pontes no banco do Sporting, foi na segunda-feira. Frederico Varandas mantém-se em silêncio, optando por "comunicar" por intermediários através de um jornal diário e de uma rubrica televisiva onde pontifica um conhecido lampião.
Pergunto: o Sporting dispõe de um jornal e de um canal televisivo para quê?
Vou num quarto de século dedicado a uma profissão que tem na primeira página a montra capaz (ou não) de atrair a atenção daqueles que asseguram o meu salário e o salário dos meus camaradas quando dão uma ou mais moedas para levarem o jornal das bancas - ou, mais recentemente, para o receberem por via electrónica. Nem todas as primeiras páginas para as quais contribuí saíram como eu desejava. Por vezes não consegui convencer quem tinha a incumbência e noutras fui mesmo eu a cometer o que na manhã seguinte eram evidentes erros de palmatória.
Dito isto, a exclusão de Jorge Fonseca, primeiro português campeão mundial de judô, da primeira página do “Jornal do Sporting” é especial aberrante. Não só pelo valor de notícia (que, garantem-me, não foi ignorada no interior), não só por o feito do judoca leonino não ter sido valorizado por nenhum dos cronistas residentes (mais uma vez é o que me dizem), mas também por a exclusão ter indícios de ser a consequência das declarações de Jorge Fonseca e do seu treinador, Pedro Soares, nomeadamente quanto ao estatuto de atleta do Sporting da jovem ucraniana Daria Bilodid, que também venceu o título mundial, e aos elogios públicos de Jorge Fonseca a Bruno de Carvalho.
Se assim tiver sucedido temo muito más consequências para a permanência destes valores do judo de leão ao peito, em linha do que já aconteceu com a valorização da liberdade de expressão que culminou no fim do programa de Rui Calafate e Samuel Almeida na Sporting TV. Quanto ao “Jornal do Sporting”, que vou comprando de forma intermitente desde a adolescência, resolvi suspender a sua retirada das bancas após os textos sobre a Supertaça terem saído amputados da ficha de jogo, numa decisão que me encheu de vergonha alheia. Mas há muito tempo que lhe reconhecia escassa mais-valia em relação ao que vai saindo nas redes sociais, também mais fracas na actual gerência... Espero que melhore o jornal e melhore a mentalidade no Sporting. Alvalade não pode parecer assim tão perto da Coreia do Norte.
Ontem, no canal 11, o presidente do Marítimo disse com ar simpático que acertara tudo com Vieira para que João Félix e Ferro fossem para a Madeira no mercado deste janeiro que passou. Só a troca de treinador na Luz fez abortar o negócio. Para dizer o quê? Que há muito, mas mesmo muito, de oportunidade, sorte e azar no mundo da bola.
O Sporting foi objetivamente prejudicado no último jogo. Há um penalty sobre Raphinha não assinalado (árbitro e VARs coniventes) e pelo menos um dos que foram marcados a Coates é de gargalhada. O Porto foi beneficiado objetivamente por uma das expulsões mais abstrusas de que me lembro. O Benfica foi a Braga receber vários presentes de Natal, não tendo a equipa sido sequer testada, depois do baile que levou do Porto. Para dizer o quê? Que Deus e o demónio estão nos detalhes e que na bola é igual.
O mercado do Sporting foi dos melhores que me lembro. Falo desta fase, do fecho. Só no fim da época saberemos, mas eu sou do tempo de César Prates, Mpenza e André Cruz, que não excitaram ninguém quando apareceram. Sobre Acosta é melhor nem falar. Não houve videirinho do comentário da altura que não se risse da ciática.
Porque é que foi dos melhores? Porque se faturou e imagino que seja necessário para fazer face aos encargos. Eu, para poder comprar a minha casa atual, também vendi a que tinha. E era uma casa do caraças.
E foi dos melhores porque muita “tralha” se foi embora. Jogadores decentes, boa gente, mas cuja qualidade futebolística foi mais do que posta à prova, ficando claro que com eles jamais o SCP seria campeão. Acontece em todos os clubes ter “tralha” e o nosso não é exceção.
Também foi dos melhores, porque os wild cards (sobretudo o playboy Jese) vieram emprestados, o que permite ao clube ganhar mais um ano para que haja produto da formação à altura e/ou scouting eficiente. Ou seja, não se gastou uma pipa de massa em Jese (como se gastou em Diaby, por exemplo) e vieram alguns jogadores “maduros” que podem ajudar. Podem ser flops? Podem. Mas também podem não ser.
Foi dos melhores, porque se chegou a acordo sobre mais um jogador do caso Alcochete. É provável que Podence valha mais do que 7 milhões, mas é sempre melhor encaixar agora do que talvez mais daqui a uns anos valentes, mais as custas judiciais e o diabo a sete. Além disso, houve o bónus de Bruno Gaspar ter sido emprestado à boleia deste deal.
Sobre “estratégias de comunicação” é difícil falar. Muitas vezes, na vida, as pessoas não estão dispostas para ouvir a chamada verdade. Nós, portugueses, somos especialistas nisso, basta ver o que dizem as sondagens eleitorais. Somos adeptos de quimeras, cenários idílicos, achamos que se acreditarmos muito no Pai Natal este passa a existir. Mas chega sempre um tempo em que a mensagem e quem a quer ouvir estão compatíveis.
A equipa de Varandas foi às compras com um saco de caramelos. O lateral francês talvez seja bom, Rafael Camacho talvez dê num negócio Raphinha, Eduardo talvez permita que se possa vender Wendel mais cedo. Mas fazer compras com saco de caramelos implica isto mesmo: apostar que talvez aquele restaurante com aspeto assim assim nos vá servir uma bela refeição.
Entretanto, a ideia que dá é que os sub-23 representam os “good old days” da formação a voltar devagarinho. Cada mês, cada seis meses, cada ano que passam, os garotos estarão mais próximos da equipa.
Há razões para otimismo? Fifty, fifty. Por exemplo, a jornada passada foi uma azia de todo o tamanho, mas Guimarães e Braga também perderam. Não ir à Champions é mau, mas não ir à Liga Europa seria uma tragédia. Thierry, que parecia verde como um abacate, acabou por render uns milhões. Vietto às tantas é craque. Bruno Fernandes ficou.
O que estou para aqui a dizer? Que o Sporting ainda está a ressacar a gestão Bruno de Carvalho. Essa gestão esticou a corda, foi ao limite, contratou dezenas de jogadores, pagando-lhes bem, teve um dos treinadores mais caros do mundo, com a obsessão do título que, é preciso dizer, quase vencemos. Eu, se vou de férias e gasto mais dinheiro, nos meses seguintes tenho de andar mais regrado.
É uma perda de tempo acreditar na “união”. Os meus amigos do Benfica, mal empatam dois jogos seguidos, começam a dizer que o Vieira tem de dar lugar a outro. Mas também é inútil estar pessimista. A vida é feita de fases. O Sporting é o Sporting. Milhares de miúdos e miúdas são do Sporting e choram pelo clube, independentemente do número de campeonatos. Os seus filhos farão a mesma coisa.
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