Acredito em ti, Sebastián. Desejo-te tudo de melhor. No campo desportivo e no outro, que é ainda mais importante embora por vezes alguns de nós se esqueçam disso.
Há doze anos lançou-se neste blogue uma série, "Os nossos ídolos". Escrevi então sobre o André Cruz, por quem tinha uma predileção especial. Terminei a minha homenagem ao André com uma frase amarga e pessimista. Há já uns anos (provavelmente desde 2018, quando um ex-presidente decidiu brindar o Coates e o Mathieu com uns comentários desdenhosos nas redes sociais após uma derrota em Madrid) que tinha concluído que a frase estava, felizmente, ultrapassada. Não retiro de forma nenhuma a homenagem ao André (e a minha admiração e agradecimento por ele mantêm-se), mas sobretudo graças ao Coates retiro aqui a última frase desse texto. Era válida em 2012, mas não o é desde 2016. Coates foi um dos melhores centrais da história do Sporting e o mais importante capitão desde o Manuel Fernandes. Merece ser homenageado ao nível do que o Manel é homenageado hoje (o Manel merecia uma homenagem maior, mas essa é outra conversa). Será sempre um dos nossos. Obrigado por tudo.
Começou já a pré-época do Sporting com 24 jogadores às ordens de Rúben Amorim, dos quais nove jovens de Alcochete com 20 anos ou menos.
Faltam ainda os envolvidos no Europeu e alguns estrangeiros, mas é notório que mais uma vez o Rúben abre a porta aos jovens, depois tudo depende deles para entrarem. No caso, nas opções para o onze.
Mas hoje fomos confrontados com a saida do grande capitão Seba Coates por motivos pessoais que o Sporting tem de acolher e corresponder. Sai no meu entender o melhor defesa central do Sporting dos últimos 50 anos, sai o patrão da defesa e com grande influência no modelo de jogo da equipa, ficam alguns jovens de imensa qualidade mas com mercado, poderão sair a qualquer momento.
Enfim, fechou-se um ciclo no Marquês de Pombal ainda há pouco, começou outro e não da melhor forma.
Vamos acompanhando a situação conforme as novidades.
O que escrevemos aqui, durante a temporada, sobre COATES:
- Edmundo Gonçalves: «Não está bem, talvez precise de descansar, a sua eficácia depende muito da sua boa condição física.» (6 de Novembro)
- Vítor Hugo Vieira: «Coates e Adán estão numa fase descendente das duas carreiras e, gradualmente ao longo desta época, terá de se ir tratando da sua sucessão. Para mim o melhor trio de centrais neste momento já é St. Juste, Diomande e Inácio.» (12 de Novembro)
- Luís Lisboa: «O melhor central dos últimos 50 anos do Sporting, antes não faço ideia.» (26 de Novembro)
- José Navarro de Andrade: «O Sporting deste ano está muito bem afinado, (Diomande, Coates, Morita, Hjulmand, Geny, Bragança, St. Juste, Edwards, são um gosto de ver jogar).» (5 de Dezembro)
- Eu: «Segurança, maturidade, enorme capacidade de temporizar o jogo e de motivar os colegas com a sua capacidade de liderança a partir do centro da defesa.» (23 de Abril)
- Pedro Boucherie Mendes: «As traves deste Sporting são Ruben, são Coates, são o Viana, a sorte, o azar dos outros, o Var, mas também têm muito de nunosantismo, aquela dimensão de talento com agressividade e provocação que destestamos nos adversários.» (5 de Maio)
Filipe Moura: «Muito orgulho no capitão.» (14 de Maio)
Estrelinha de campeão. Não existem campeões sem ela, e o Sporting contou com ela ontem à noite em Alvalade para vencer o dérbi já nos descontos, num jogo muito equilibrado que podia ter caído (pela sorte do jogo ou empurrado pelo maior árbitro do planeta) para qualquer dos lados. E com ela não contou naquele outro dérbi em que Bryan Ruiz falhou um golo de baliza aberta a 1m da linha de golo como Bragança falhou ontem um nos minutos finais da partida. O que seria se o Benfica marcasse logo depois? Escapou de boa.
O Sporting iniciou o jogo com o onze que eu tinha previsto e Pedro Gonçalves logo mostrou a sua classe oferecendo o golo a Catamo com um ressalto pelo meio. Podia ter partido daí para uma exibição convincente, mas deixou que o Benfica reagisse com base na pressão alta e na intensidade ofensiva de Di María e dos dois nórdicos. Não era o dia de Morita: o Benfica fazia do meio-campo a zona de aceleração para o ataque à defesa do Sporting, os cantos e livres sucediam-se. Mesmo em cima do intervalo, dum livre de excelência do Di María, surgiu a cabeçada nas costas do último homem da linha defensiva e foi empate. Entretanto o Sporting tinha desperdiçado ingloriamente dois livres frontais de alto perigo, nem sequer acertando na baliza.
Na segunda parte, com a entrada de Bragança, o Sporting cresceu. O desgaste de ambos os lados começou a sentir-se e os disparates também, como um de Inácio que ia sendo fatal não fosse a magnífica defesa de Israel ou os de Catamo e Edwards a desperdiçar dois contra-ataques em superioridade númerica. Hjulmand tem uma entrada que podia ter dado expulsão forçando Rúben Amorim a meter Koba por volta dos 80 minutos.
Temia-se o pior. Mas os jogadores frescos ajudaram a pôr o Sporting de novo por cima do jogo e dum ataque banal a bola sobrou para Catamo que marcou com um balázio do "pé cego". Depois, mais uns minutos de sofrimento, com uma grande oportunidade do Benfica pelo meio, para segurar o triunfo.
Foi mesmo um jogo de sofrimento. Os pontos fracos habituais vinham todos ao de cima: desperdício de livres frontais, desperdício de contra-ataques em superioridade numérica, debilidade defensiva nas bolas paradas ao segundo poste. Enquanto os pontos fortes, como as arrancadas de Gyökeres e as chegadas à area pelas alas, estavam a dar muito pouco.
Mas o que importa é que ficámos na liderança a 4 pontos do Benfica, com mais um jogo para disputar e em vantagem no desempate. E com o Benfica ainda envolvido na Liga Europa.
Não podíamos desejar melhor, mas temos de fazer o resto. Para a semana, três jogos complicados: Gil Vicente, Famalicão e V.Guimarães. E muitos castigos e desgastes para gerir.
Melhores em campo? Coates, o baluarte da defesa. Catamo pelos golos. Israel pela grande defesa a remate do Di María. St. Juste, Hjulmand e Gyökeres muito bem também.
Arbitragem? Arrogância e prepotência, o jogo é dele e faz o que quer, não há VAR nenhum que se atreva a opinar seja o que for. Começa pelo amarelo a Catamo: bastava uma advertência pública. Os amarelos a Otamendi e Hjulmand, a mesma coisa. Continua pelo fechar de olhos à agressão do Di María e acaba na não-amostragem do segundo amarelo ao mesmo Hjulmand. Pelo meio uma falta anedótica marcada a Gyökeres quando Otamendi, limitado pelo amarelo, se deixa cair.
E agora? Uma semana muito complicada a próxima, mas os Sportinguistas vão esgotar os estádios e levar a equipa ao colo rumo ao título. Eu vou procurar lá estar também.
Falta muito ainda? Já faltou mais. Toda a confiança no Amorim e na equipa.
Como se costuma dizer "as finais são para ganhar, não são para jogar". O Sporting conseguiu fazer isso na Luz, num jogo de sofrimento e contra uma equipa do Benfica desta vez com a lição bem estudada.
Péssima primeira parte, com Hjulmand e Bragança longe um do outro e completamente abafados pelo meio-campo contrário, Esgaio e Nuno Santos deprimentes, Paulinho e Gyökeres abandonados à sua sorte, e tudo o resto sem saber bem o que fazer. Valeu Israel que safou um golo feito.
Ao intervalo Rúben Amorim deu um murro na mesa, mudou as alas, o Sporting recomeça o jogo a atacar e consegue um grande golo por Huljmand. Depois disso o jogo abriu, o cansaço começou a vir ao de cima e os lances de perigo foram acontecendo de um e doutro lado. Morita entrou bem em campo para substituir um Bragança em noite para esquecer.
Gyökeres e Paulinho falharam por pouco dois golos, mas do outro lado falharam também e o resultado acaba por ser justo. Gyökeres fica mais uma vez ligado a um golo sofrido, perdeu completamente a noção de quem tinha nas costas, não se percebe esta incapacidade do sueco defender na área.
Melhor em campo? Coates, depois Israel.
Arbitragem? Impecável, deixou jogar e não foi em palhaçadas. Nada a dizer, por estranho que pareça.
Morita e Morten brilharam no meio-campo, vulgarizando o Benfica no clássico da Taça em Alvalade
Foto: Rodrigo Antunes / Lusa
Gostei muito da nossa vitória ontem, em Alvalade, frente ao Benfica, cumprindo a primeira mão da meia-final da Taça verdadeira. Num desmentido vivo e cabal daquela treta - propalada por alguns adeptos que são leões sem juba - de que o Sporting claudica nestes clássicos. O que se viu ontem foi o contrário disto: o Benfica a tremer durante uma hora, em que sofreu dois golos e podia ter sofrido outros tantos, incapaz de construir um lance colectivo digno desse nome, sem posse de bola, remetido ao reduto defensivo, impotente na reacção à contínua pressão atacante da nossa equipa. Basta referir que o primeiro remate deles à nossa baliza aconteceu só aos 59' quando João Mário - sempre muito assobiado cada vez que tocava na bola - atirou à figura, para defesa fácil de Israel.
Gosteideste triunfo por 2-1 que nos dá vantagem para o desafio da segunda mão, a disputar na Luz daqui a mais de um mês - caprichos do calendário futebolístico que está sobrecarregado de jogos nesta fase e devia ser revisto em futuras temporadas. Pusemo-nos em vantagem logo aos 9', com um surpreendente golo de Pedro Gonçalves de cabeça, quase sem tirar os pés do chão, batendo o guarda--redes ucraniano do SLB, que tem quase 2 metros de altura. Mérito inegável do melhor jogador português do Sporting, ontem excelente como segundo avançado: já fez 14 golos esta época, sendo agora o segundo artilheiro da equipa. Assim chegámos ao intervalo. O segundo golo, aos 54', foi de antologia - com Gyökeres muito bem lançado de trivela por Geny junto à linha direita, a correr com ela dominada durante 35 metros e a fuzilar Trubin. Destaco ainda a fantástica dupla Morita-Morten (com o dinamarquês a assistir no primeiro golo), que controlou as operações no meio-campo durante 65 minutos, até a fadiga se instalar. Mas sublinho acima de tudo a presença imperial de Coates no comando da defesa neste seu jogo 355 de Leão ao peito: elejo-o como melhor em campo. Cortes impecáveis aos 22', 38', 45'+2, 51' e 90'+5. Com ele ao leme, nem parecia que estávamos desfalcados de um titular naquele sector: Gonçalo Inácio, lesionado, esteve ausente do onze. Tal como Trincão, pelo mesmo motivo.
Gostei pouco que algumas oportunidades de golo tivessem ficado por consumar. O campeão dos perdulários voltou a ser Edwards, que atravessa fase menos boa. Frente à baliza e com as redes à sua mercê, demorou a rematar, permitindo intercepção, aos 45'. Também muito bem colocado, aos 64', falhou o disparo: a bola saiu-lhe enrolada, perdendo-se assim a hipótese de dilatar o marcador.
Não gostei que o golo de Nuno Santos - obra-prima que prometia dar a volta ao mundo - tivesse sido anulado por deslocação de Paulinho. Aconteceu aos 90'+3: ainda festejámos por alguns momentos o suposto 3-1 após monumental chapéu de mais de 20 metros a desenhar um arco perfeito sobre a cabeça de Trubin com a bola a anichar-se no ninho da águia. Mas ficou sem efeito, o que deve ter causado noite de insónia ao nosso brioso ala esquerdo, que substituiu Geny aos 86' enquanto Paulinho rendera Pedro Gonçalves no minuto anterior.
Não gostei nada da exibição de Esgaio: entrou aos 76', rendendo um Edwards que se perdeu em fintas e fintinhas esquecendo-se de que o futebol é um desporto colectivo. Mas o substituto do inglês não esteve melhor, longe disso: voltou a revelar-se o elemento tecnicamente mais débil do plantel leonino. Aos 80', muito bem enquadrado com a baliza, em posição de disparo e sem marcação, ficou sem saber o que fazer com a bola: sentiu uma espécie de temor cénico e acabou por confundir futebol com râguebi, atirando-a muito por cima da baliza. Pior: voltou a fazer o mesmo aos 88'. Incapaz de tirar um jogador da frente, entregou-a em zona perigosa, aos 90'+1, ficando pregado ao chão e dando origem a uma rápida ofensiva dos encarnados. Tanta asneira junta em tão pouco tempo. Pior só aqueles inenarráveis "olés" que a partir da hora de jogo, num estádio com lotação quase esgotada (45.393 espectadores), começaram a escutar-se nas bancadas: bazófia burra que só contribuiu para desconcentrar os nossos e mobilizar a equipa adversária. Esta gente tarda em perceber que "olés" servem para a tourada, nada têm a ver com futebol.
Uma derrota muito difícil de engolir, esta em Leiria. Foram 65 minutos do melhor futebol da época do Sporting, de domínio total. Três bolas nos ferros e várias, nem sem bem quantas, a rasar os postes sem o guarda-redes adversário poder fazer seja o que for. Um lado esquerdo demolidor com Inácio, Nuno Santos, Pedro Gonçalves e Trincão.
Depois o Sp. Braga meteu um avançado fresco. Dum mau alívio de cabeça na direita, penso que por Coates, resultou um centro largo ao segundo poste, Esgaio mais uma vez fica a olhar e esse avançado marca... com o ombro. Mas se fosse com outra parte da anatomia era o mesmo, estava escrito que ia ser assim.
As alterações feitas logo a seguir por Rúben Amorim não ajudaram. Sem Coates os nervos dos mais novos e/ou menos experientes vieram ao de cima, a equipa abusou do jogo directo, tudo era feito à pressa e nada bem, e a partida foi correndo muito ao gosto do Sp.Braga. Até estivemos perto de sofrer um segundo golo, enorme defesa de Israel.
O Braga ganhou porque marcou um golo na primeira oportunidade e conseguiu não sofrer em muitas que teve o Sporting. Com esta sorte, e nem é preciso tanta nos jogos europeus que aí vêm, ainda vai ganhar a Liga Europa. Mas desconfio que no sábado volta ao normal.
O que correu pior ao Sporting e que terá de ser corrigido para o resto da época? Além de todo o azar ou falta de sorte, hoje tivemos:
- Uma equipa coxa do lado direito, ofensiva e defensivamente, sem articulação entre o trio Quaresma-Esgaio-Edwards e com Esgaio a comprometer.
- Uma equipa com overdose de criativos. Pedro Gonçalves, Trincão e Edwards no mesmo onze é demasiado, e quem sofre é o sueco, que nunca sabe o que vai sair dali. Nem eles. Que falta lhe faz o Paulinho.
- Uma equipa em estado de nervos quando se vê a perder e o patrão sai do jogo. Porque Coates é mesmo o patrão neste modelo de jogo do Sporting, é ele que acelera a saída ou temporiza e deixa a equipa subir no terreno, nenhum dos médios tem essas características, e Gonçalo Inácio não tem o mesmo "calo", não falando da questão "mercado de Inverno".
Melhor em campo? Pedro Gonçalves, sempre a procurar fazer bem e a estar no lugar certo. E ia fazendo muito bem um par de vezes.
Arbitragem? Impecável, nada a dizer.
E quando é o jogo com o Casa Pia? Segunda-feira ou quarta-feira?
Coates pediu a nacionalidade a portuguesa nessa altura, reunia todas as condições para a atribuição da mesma.
Como vimos com P.P. Pichardo a nacionalidade portuguesa pode ser obtida em três meses ou recentemente, com as gémeas Maité e Lorena, a nacionalidade portuguesa pode ser obtida em 10 dias úteis
Tudo indica que Coates, reside em Portugal há cerca de oito anos, terá a cidadania portuguesa.
Será, portanto, o estrangeiro com nacionalidade portuguesa (presumo que Polga, também, tenha passaporte português, não fui verificar) com mais jogos com a camisola do Sporting.
Bom jogo do Sporting hoje num Alvalade bem composto, mais de 18 mil espectadores para um jogo da Taça com uma equipa da 4.ª divisão nacional.
E com muitas famílias e miudagem, avós com filhos e netos, com todos incrivelmente a pagar desde tenra idade, o que deu um colorido completamente diferente a uma bancada central mais "histórica".
Bom jogo desde logo porque o Sporting respeitou público e adversário entrando em campo com um onze rotinado como entraria contra a Atalanta, com o habitual 3-4-3 um pouco assimétrico pela vagabundagem consentida de Nuno Santos, controlando o jogo, rodando a bola pelos corredores e desgastando o adversário que se focalizou na marcação apertada a Hjulmand e Bragança e dava espaço nas alas. Mas por más decisões no último passe ou remate no jogo corrido os golos só acabaram por aparecer na sequência de cantos muito bem marcados por Nuno Santos.
Na segunda parte obviamente que o Dumiense se iria ressentir pelo esforço de marcação realizado e foi só uma questão de acelerar o ritmo "pondo carvão na fornalha" com as entradas de Edwards e Gyökeres para a goleada acontecer. Foram oito, podiam ter sido menos ou mais. Umas entraram, outras não.
Até deu para Essugo e Quaresma terem minutos, e a verdade é que os mereceram, entraram concentrados, a jogar simples e também eles souberam contribuir para a goleada. Um e outro de toscos não têm nada, a capacidade técnica está lá, precisam é que a cabeça ajude o resto. Recordemo-nos que há quatro anos, quando Rúben Amorim chegou ao Sporting, a aposta primeira parecia ser Quaresma e não Inácio. Quanto valem um e outro hoje? E onde está a diferença? Mas ainda vai a tempo o Quaresma, assim ele queira.
Já agora a mesma coisa mas noutro nível relativamente a Trincão. Um Porsche com rendimento de VW.
Melhor em campo? Paulinho: três bons golos e uma assistência para o golo de Trincão. Foram 13M€ mais o Borja? Uma das melhores decisões do presidente no que respeita ao futebol. As bancadas mais uma vez cantaram o seu nome, e com Gyökeres ao lado está nas suas "sete quintas".
Outros merecem referência:
- Coates passou a ser o estrangeiro com mais jogos no Sporting? O melhor central dos últimos 50 anos do Sporting, antes não faço ideia. E hoje com mais um golo "à ponta de lança".
- Neto marcou o primeiro golo ao serviço do Sporting? O "avô" do balneário já merecia e há muito. Hoje deu o corpo ao manifesto, cortando um remate que podia ter dado golo, acudindo prontamente ao lapso dum Bragança ainda combalido por uma situação anterior.
- Com um ou outro desperdício pelo meio, Nuno Santos marcou três cantos para golo e converteu impecavelmente o penálti.
Arbitragem de categoria, oxalá o rapaz não se perca nas malhas mafiosas que dominam a arbitragem.
E agora? Ir ganhar a Bérgamo, vingando a derrota de Alvalade onde o poste impediu a reviravolta no marcador.
- Gonçalo Inácio foi extremamente imprudente no lance do segundo amarelo. Não sei que percentagem da falta é um toque efetivo do nosso jogador e o que é aproveitamento do adversário, mas realmente existe a entrada, que foi muito precipitada;
- Em relação ao segundo golo, entendo que é de muito difícil análise, mas temos de constatar que as imagens que temos, que serão as mesmas que o VAR usa nas suas análises, são fornecidas pelo próprio Benfica, clube que é responsável pela transmisão dos seus jogos em casa;
- João Neves recebe um amarelo aos 75 minutos, Constanto que depois disso faz mais duas faltas, uma delas uma rasteira por trás a Hjulmand, outra numa disputa com Nuno Santos. Não vê amarelo nenhum neste lances e acaba por marcar o primeiro golo do Benfica.
- A equipa jogou tão bem ou melhor com 10 do que com 11. O Benfica limitou-se a bombear bolas na segunda parte e, com excepção do grande remate de Di María que Adán defendeu, não criou perigo até aos 94 minutos.
- Coates e Adán estão numa fase descendente das duas carreiras e, gradualmente ao longo desta época, terá de se ir tratando da sua sucessão. Para mim o melhor trio de centrais neste momento já é St. Juste, Diomande e Inácio;
- Os golos e as jogadas de perigo do Benfica foram todos em resultado de erros de jogadores do Sporting:
O 1.º lance de perigo, um remate de Rafa a rasar o poste direito, resulta de um conjunto de bolas divididas que foram ressaltando, até que a bola lhe chegou aos pés à frente da baliza;
A bola ao poste resultou de um mau passe de Gonçalo Inácio (salvo erro);
O 1.º golo do Benfica resulta de um má organização defensiva na marcação do canto: oito dos nove jogadores de campo estavam todos ao monete dentro da pequena área, não ficando ninguém para marcar João Neves um pouco mais atrás. O Benfica, apesar de ter o guarda-redes lá à frente, só tinha seis jogadores dentro da área, por isso não sei quem é que os nossos nove jogadores estavam a marcar.
O 2.º golo do Benfica veio na consequência de um mau passe de Hjullmand, que podia ter mantido a posse de bola mas teve a tentação de arriscar em criar uma jogada de perigo aos 96 minutos, quando estava empatado em casa do rival e com menos um jogador.
Da difícil mas justíssima vitória leonina contra o Estrela. Triunfo por 3-2 num jogo cheio de emoção em que chegámos ao intervalo a vencer por 1-0. Na segunda parte, a equipa da Amadora mudou isto em dois minutos (50' e 52'), mas soubemos operar a reviravolta demonstrando toda a qualidade do nosso futebol ofensivo, com enorme capacidade de reacção, inegável robustez psicológica e boa organização colectiva. Num plantel que confirma ter fibra de campeão.
De Rúben Amorim. Fez as mudanças certas, mexendo na equipa quando se impunha, com atenta e competente visão de jogo. Todas as trocas mudaram o onze para melhor: Coates por Gonçalo Inácio, St. Juste por Matheus Reis, Daniel Bragança (já muito fatigado) por Paulinho, Esgaio por Trincão. Era preciso virar o resultado - e conseguimos. Mérito indiscutível do treinador.
De Edwards. Parecia estar a passar ao lado da partida quando assina uma jogada de sonho, à Maradona ou à Messi, marcando o nosso segundo golo - que é também, sem sombra de dúvida, o melhor do Sporting nesta temporada 2023/2024. Pegou na bola perto da linha direita e conduziu-a para o interior driblando sucessivamente quatro adversários antes de lhe surgir pela frente o guarda-redes, também impotente para o travar. Era o minuto 71': um golaço, daqueles que fazem do futebol o melhor espectáculo do planeta. Podia ter ficado por aí, mas fez mais: foi dele a assistência para o terceiro, cruzamento teleguiado para Paulinho converter de cabeça aos 79'. Assim garantimos os três pontos. Melhor em campo, o avançado inglês.
De Morten. Exibição em crescendo, desta vez sem o parceiro japonês a combinar com ele. Esteve bem na primeira parte, mas mostrou todo o seu talento sobretudo nos últimos 45', com recuperações, passes verticais, muita disputa bem-sucedida, travando o passo ao Estrela. Tornou-se dono do corredor central. E ainda tentou o golo, primeiro à queima-roupa (58'), depois num disparo que rasou a barra (90'+4).
Da estreia de Daniel Bragança a marcar nesta Liga. Com Morita ausente, coube-lhe o papel de médio de construção. Que cumpriu no essencial, tanto na progressão com bola como em passes a rasgar linhas. Mas o seu mérito principal foi no golo de meia distância - único do primeiro tempo, assinalando o seu regresso como artilheiro do campeonato, algo que não sucedia desde a Liga 2021/2022. Aos 33', com assistência de Gyökeres, levando a bola cheia de efeito a aninhar-se no canto esquerdo da baliza adversária.
De Gonçalo Inácio e St. Juste. Mencionados em simultâneo por terem feito a diferença mal entraram em campo, aos 59'. Aumentaram a rapidez de reflexos e a velocidade do nosso bloco defensivo, impedindo por completo o Estrela de pôr a bola nas nossas costas.
De Gyökeres. Desta vez não marcou. Mas assistiu para Daniel Bragança, depois de ter ido ganhar a bola junto à linha de fundo e foi criando desequilíbrios ao longo de todo o jogo. Espectacular, a recepção orientada aos 43' em que progride na ala esquerda deixando para trás o lateral adversário com perfeito domínio técnico. Ainda tentou o golo, atirando pouco acima da trave, aos 90'+6. Se há jogador que jamais baixa os braços, é ele.
Do guarda-redes do Estrela, António Filipe. Fez uma série de enormes defesas, negando o golo a três jogadores nossos: Morten (58'), Pedro Gonçalves (82') e Trincão (90'). No último lance, deu até a sensação de que a bola chegou a entrar: foi travada já praticamente para além da linha de baliza.
De termos conquistado 28 pontos em 30 possíveis. Mais nove do que na mesma fase do campeonato anterior. Eficácia sem margem para dúvida. Marcámos até agora em todos os jogos. Aliás estamos há 18 jornadas seguidas a marcar. Os 38.408 espectadores do desafio de ontem em Alvalade viram mais três.
De continuarmos sem perder. Somando as 14 rondas finais do campeonato anterior às dez decorridas deste, são já 24 desafios seguidos sem conhecermos o amargo sabor da derrota na prova máxima do futebol português.
De ver o Sporting cada vez mais líder. Comandamos o campeonato. Mantemo-nos no topo há cinco rondas consecutivas. Somos a única equipa invicta na Liga 2023/2024.. Ampliámos a vantagem, estando agora ainda mais isolados no posto de comando. Seguimos com mais três pontos do que os encarnados (que defrontaremos na próxima jornada, a disputar na Luz), mais seis do que a turma portista (derrotada em casa pelo Estoril) e mais oito do que o Braga. Aumentando o desgosto daqueles idiotas que, dizendo-se sportinguistas, desejavam que tudo nos fosse correndo mal porque odeiam o presidente, detestam o treinador e passam o tempo a vomitar bojardas contra os jogadores.
Não gostei
De sofrer dois golos. Ambos na sequência de contra-ataques rapidíssimos, com a nossa defesa em contrapé - o segundo na sequência de uma perda de bola de Pedro Gonçalves no meio-campo. E estivemos quase a sofrer outro, aos 37', quando Adán saiu muito bem dos postes, fazendo a mancha com Leo Jabá isolado à sua frente.
De Coates. Preso de movimentos, com reacção lenta, teve responsabilidades nos dois golos. No primeiro, provocando um penálti sem margem para discussão. No segundo, batido em velocidade, abriu uma cratera no nosso corredor central. Foi substituído de imediato. Percebe-se agora melhor por que não tem sido convocado para a selecção do Uruguai: atravessa um período de menor fulgor físico, neste caso com más consequências para o colectivo leonino.
Das lesões de Geny e Morita. Nem chegaram a sentar-se no banco - onde se estreou o jovem Quenda, com apenas 16 anos mas já estrela da formação. Os dois internacionais fazem falta ao nosso onze titular. Haveremos de perceber isso ainda melhor quando estiverem ausentes ao serviço das selecções de Moçambique e do Japão.
Dos assobios. Voltamos ao mesmo: vários daqueles que antes de começar o jogo cantam a plenos pulmões «Farei o que puder / pelo meu Sporting» são os primeiros a vaiar os jogadores quando as coisas não estão a correr bem. Uma vez mais, lá se ouviram os malfadados assobios no nosso estádio quando o Estrela marcou o segundo golo e ficámos temporariamente na mó de baixo. Que raio de "apoio" este: se querem assobiar, façam-no lá em casa, fechados no chuveiro.
Por curiosidade, aqui fica a soma das classificações atribuídas à actuação dos nossos jogadores no Raków-Sporting, da Liga Europa, pelos três diários desportivos:
Coates: 19
Morten: 14
Pedro Gonçalves: 14
Diomande: 14
Gonçalo Inácio: 14
Edwards: 12
Israel: 12
Morita: 12
Geny: 11
Esgaio: 11
Paulinho: 10
Matheus Reis: 10
Gyökeres: 5
Daniel Bragança: 1
Nuno Santos: 1
Os três jornais elegeram Coates como melhor em campo.
Gostei muito do golo de Coates, ontem contra o Raków em Częstochowa, na Polónia, em jogo da terceira ronda do Grupo D da Liga Europa. Marcado em circunstâncias difíceis, quando a nossa equipa já alinhava com um a menos frente ao campeão polaco. Golo marcado a partir de um canto muito bem apontado por Pedro Gonçalves, com o nosso capitão - melhor Leão em campo - a erguer-se sobre os centrais adversários e a encaminhá-la para o sítio certo. Estavam decorridos 14 minutos. Mantivemos esta vantagem durante mais de uma hora.
Gostei de ver o Sporting aguentar firme o desconforto de passar a jogar com um a menos logo a partir do minuto 8 num relvado indigno de uma competição europeia. A equipa soube reagir ao contratempo, cerrar fileiras, avançar linhas, trocar a bola e espreitar o contra-ataque. Resistiu o mais possível à adversidade: foi para o intervalo a vencer 0-1 em casa do adversário, dando-lhe sempre boa réplica.
Gostei pouco que consentíssemos o empate (1-1) já quase ao cair do pano, aos 79', em lance que culminou a superioridade da turma da casa na meia hora final. Aí recuámos demasiado as linhas, o que favoreceu a manobra ofensiva do Raków, inofensivo até então. Mas este empate na Polónia não altera a classificação no nosso grupo: continuamos no segundo lugar, com 4 pontos, a três do Atalanta e com mais três do que o Rakow. Já vencemos o Sturm Graz, que ontem empatou 2-2 com os italianos na Áustria.
Não gostei que Rúben Amorim, vendo-se tão cedo a jogar só com dez, demorasse demasiado a refrescar a equipa: esperou até aos 58' para fazer as primeiras mexidas. Dando a impressão que pensava mais em poupar alguns titulares habituais para o embate da próxima segunda-feira no Bessa. Valha a verdade que o Sporting não parece ter lucrado muito com a mudança, quando finalmente ocorreu, aos 58': Paulinho e Geny não fizeram melhor do que Edwards e Pedro Gonçalves.
Não gostei nada de ver Gyökeres expulso logo aos 8', com cartão vermelho directo, por pisão dois minutos antes a um adversário após ter sido alertado pelo VAR. O nosso melhor jogador ficará ausente do próximo desafio da Liga Europa. Fica-lhe de lição, esperemos, para ser menos impetuoso nestas entradas, ainda por cima longe da zona de actuação preferencial do ponta-de-lança. Serve também de lição àqueles adeptos leoninos que cultivam teorias da conspiração, passando o tempo a acusar os árbitros portugueses de perseguirem os nossos jogadores e defendendo até a importação de apitadores estrangeiros para a Liga nacional. Este Raków-Sporting foi arbitrado por um grego, tanto quanto se sabe sem qualquer interesse em prejudicar o emblema do Leão: limitou-se a aplicar as leis do futebol.
Foi ontem a apresentação aos sócios da equipa de futebol do Sporting no agora magnífico relvado de Alvalade. E mais uma vitória clara por 3-0 frente a uma das melhores equipas da liga espanhola e que joga um futebol próximo do Barcelona. Um “tiki taka” de atracção /explosão que corre riscos atrás para chegar à frente com capacidade para resolver.
Depois do jogo contra o Villarreal ouvi Rúben Amorim dizer que andou desde Março atrás deste sueco, felizmente tem um presidente que entende o que quer e vai atrás. E o sueco veio. Dizem que agora virá um dinamarquês para o meio-campo. Pois se for como este sueco, é para ontem.
Obviamente que antes de pensar no sueco Amorim fez um balanço bem negativo do que foi a primeira metade da época passada. Foi atrás de Diomande para estabilizar a defesa e depois pensou no ataque. E o ataque precisava duma locomotiva que Paulinho não é, um jogador poderoso que verdadeiramente incomode os defesas contrários, que os force à falta em zonas perigosas e liberte os baixinhos mais ou menos geniais do onze. Com Trincão ou Paulinho próximos, Gyökeres torna-se um avançado muito difícil de parar. E tendo um ataque assim, não vale mesmo a pena gastar tempo atrás a construir desde o guarda-redes. O futebol do Sporting tornou-se mais simples e directo do que na época passada, sem prejuízo da eficácia. Muito mais de acordo com os objectivos desta época.
Foi uma 1.ª parte aberta com muitas bolas perdidas pelos dois lados no meio-campo que davam origem a contra-ataques perigosos e oportunidades para os dois lados. Valeu o rasgo do pior em campo até ao momento, Edwards, para chegarmos ao intervalo em vantagem.
A 2.ª parte começou com um festival de posse por parte dos espanhóis, com o Sporting a assistir de poltrona, até que mais um contra-ataque encontrou Pedro Gonçalves no sítio em que é letal.
Depois vieram as substituições em massa dos dois lados, e ainda houve tempo para um estádio em delírio a cantar a canção do Paulinho.
Coates e Pedro Gonçalves foram os heróis da noite, Gyökeres encantou as bancadas, Edwards e Paulinho marcaram belos golos, mas gostei muito de ver um Catamo muito focado e perigoso a ala direito. Simplesmente extraordinário e merecedor de todos os elogios o trabalho de Amorim em recuperar jogadores da casa que vêm de maus momentos, como o próprio Catamo, Quaresma, Jovane e Bragança.
E agora? É ter calma e deixar Amorim e a estrutura trabalhar.
Infelizmente o bom desempenho no óptimo relvado de Alvalade da equipa de Amorim não foi acompanhado por um desempenho análogo na organização do evento, e particularmente no acesso e usufruto do estádio, digamos que o New Era 2.0 ficou a 0.8, pior do que antes. Uma confusão na informação recebida nos mails de subscrição da Gamebox, uma confusão nas filas para as portas, uma confusão nos torniquetes devido às avarias de alguns e das particularidades do código QR, uma confusão nos lugares com o desaparecimento das marcações nos degraus (pintados de cinzento cor de rato morto) e passagem das mesmas para as cadeiras (algumas erradas).
Tudo isto originou uma apresentação do plantel a bancadas semi-vazias, e depois com um estádio cheio a uns 70/80% veio o anúncio que estavam 30 mil pessoas.
Bom, se o outro punha mais 10 mil em cima para animar a malta que lá ia e criar o apetite nos outros, este “artista” 2.0 tira 10 para deprimir quem lá esteve e para dizer a quem não vai que não merece a pena por lá os pés.
A reorganização dos espaços das claques também levanta muitas interrogações, os descontos a quem foi forçado a trocar de lugar face aos restantes também, os espaços de restauração parece que deixaram muito a desejar, enfim toda uma confusão sem qualquer justificação.
Se eu fosse o presidente diria das boas ao “artista”. Amorim, a equipa, os sócios e adeptos que quase encheram o estádio mereciam bem melhor.
Perdemos Porro em Janeiro. Perdemos Ugarte agora. Estamos na iminência de perder Coates - tentado pelos petrodólares da Arábia Saudita, para onde poderá ir ganhar quatro vezes mais. O mesmo destino que já seduziu Iuri Medeiros (saiu do Braga por 3 milhões) e Francisco Geraldes (saído do Estoril), dois jogadores formados em Alcochete mas que não vingaram na equipa principal do Sporting.
Precisamos, portanto, de um ala direito, um médio defensivo e um defesa central. Além de um ponta-de-lança, claro - neste caso para colmatar uma lacuna já com dois anos.
Apetece-me fazer esta pergunta à administração da SAD: estão à espera de quê?
O que escrevemos aqui, durante a temporada, sobre COATES:
- José Navarro de Andrade: «Neto estava em noite não e o próprio Coates alivia umas biqueiras sem nexo.» (28 de Agosto)
- Pedro Boucherie Mendes: «Nunca foi um líder – é um jogador de grande envergadura e dedicação, mas não um daqueles que sigamos até à morte.» (2 de Novembro)
- Eu: «Inspira tranquilidade e segurança como comandante da defesa e patrão da equipa. Acalma os colegas quando estão mais ansiosos, pauta o ritmo de jogo na construção.» (31 de Dezembro)
- Luís Lisboa: «Não está bem, melhor do que ninguem ele saberá o que se passa. Se calhar precisava de parar para se recuperar fisicamente.» (12 de Fevereiro)
- Pedro Guilherme Figueiredo: «Estamos claramente numa fase de transição na defesa, em que Coates perde importância e Luís Neto, outro jogador importante no título de há duas épocas, se prepara para arrumar as chuteiras.» (10 de Abril)
- Edmundo Gonçalves: «Definitivamente já vai pedindo alguém para o seu lugar. Hoje errou várias vezes, com prejuízo e perigo para a nossa baliza. Temos de volta o Coates trapalhão, o que foi uma constante das últimas jornadas. E ele não merece, que foram dele muitos dos golos que nos deram o título.» (22 de Maio)
{ Blogue fundado em 2012. }
Subscrever por e-mail
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.