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És a nossa Fé!

Quente & frio

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Morita e Morten brilharam no meio-campo, vulgarizando o Benfica no clássico da Taça em Alvalade

Foto: Rodrigo Antunes / Lusa

 

Gostei muito da nossa vitória ontem, em Alvalade, frente ao Benfica, cumprindo a primeira mão da meia-final da Taça verdadeira. Num desmentido vivo e cabal daquela treta - propalada por alguns adeptos que são leões sem juba - de que o Sporting claudica nestes clássicos. O que se viu ontem foi o contrário disto: o Benfica a tremer durante uma hora, em que sofreu dois golos e podia ter sofrido outros tantos, incapaz de construir um lance colectivo digno desse nome, sem posse de bola, remetido ao reduto defensivo, impotente na reacção à contínua pressão atacante da nossa equipa. Basta referir que o primeiro remate deles à nossa baliza aconteceu só aos 59' quando João Mário - sempre muito assobiado cada vez que tocava na bola - atirou à figura, para defesa fácil de Israel.

 

Gostei deste triunfo por 2-1 que nos dá vantagem para o desafio da segunda mão, a disputar na Luz daqui a mais de um mês - caprichos do calendário futebolístico que está sobrecarregado de jogos nesta fase e devia ser revisto em futuras temporadas. Pusemo-nos em vantagem logo aos 9', com um surpreendente golo de Pedro Gonçalves de cabeça, quase sem tirar os pés do chão, batendo o guarda--redes ucraniano do SLB, que tem quase 2 metros de altura. Mérito inegável do melhor jogador português do Sporting, ontem excelente como segundo avançado: já fez 14 golos esta época, sendo agora o segundo artilheiro da equipa. Assim chegámos ao intervalo. O segundo golo, aos 54', foi de antologia - com Gyökeres muito bem lançado de trivela por Geny junto à linha direita, a correr com ela dominada durante 35 metros e a fuzilar Trubin. Destaco ainda a fantástica dupla Morita-Morten (com o dinamarquês a assistir no primeiro golo), que controlou as operações no meio-campo durante 65 minutos, até a fadiga se instalar. Mas sublinho acima de tudo a presença imperial de Coates no comando da defesa neste seu jogo 355 de Leão ao peito: elejo-o como melhor em campo. Cortes impecáveis aos 22', 38', 45'+2, 51' e 90'+5. Com ele ao leme, nem parecia que estávamos desfalcados de um titular naquele sector: Gonçalo Inácio, lesionado, esteve ausente do onze. Tal como Trincão, pelo mesmo motivo. 

 

Gostei pouco que algumas oportunidades de golo tivessem ficado por consumar. O campeão dos perdulários voltou a ser Edwards, que atravessa fase menos boa. Frente à baliza e com as redes à sua mercê, demorou a rematar, permitindo intercepção, aos 45'. Também muito bem colocado, aos 64', falhou o disparo: a bola saiu-lhe enrolada, perdendo-se assim a hipótese de dilatar o marcador.

 

Não gostei que o golo de Nuno Santos - obra-prima que prometia dar a volta ao mundo - tivesse sido anulado por deslocação de Paulinho. Aconteceu aos 90'+3: ainda festejámos por alguns momentos o suposto 3-1 após monumental chapéu de mais de 20 metros a desenhar um arco perfeito sobre a cabeça de Trubin com a bola a anichar-se no ninho da águia. Mas ficou sem efeito, o que deve ter causado noite de insónia ao nosso brioso ala esquerdo, que substituiu Geny aos 86' enquanto Paulinho rendera Pedro Gonçalves no minuto anterior.

 

Não gostei nada da exibição de Esgaio: entrou aos 76', rendendo um Edwards que se perdeu em fintas e fintinhas esquecendo-se de que o futebol é um desporto colectivo. Mas o substituto do inglês não esteve melhor, longe disso: voltou a revelar-se o elemento tecnicamente mais débil do plantel leonino. Aos 80', muito bem enquadrado com a baliza, em posição de disparo e sem marcação, ficou sem saber o que fazer com a bola: sentiu uma espécie de temor cénico e acabou por confundir futebol com râguebi, atirando-a muito por cima da baliza. Pior: voltou a fazer o mesmo aos 88'. Incapaz de tirar um jogador da frente, entregou-a em zona perigosa, aos 90'+1, ficando pregado ao chão e dando origem a uma rápida ofensiva dos encarnados. Tanta asneira junta em tão pouco tempo. Pior só aqueles inenarráveis "olés" que a partir da hora de jogo, num estádio com lotação quase esgotada (45.393 espectadores), começaram a escutar-se nas bancadas: bazófia burra que só contribuiu para desconcentrar os nossos e mobilizar a equipa adversária. Esta gente tarda em perceber que "olés" servem para a tourada, nada têm a ver com futebol. 

O dia seguinte

Uma derrota muito difícil de engolir, esta em Leiria. Foram 65 minutos do melhor futebol da época do Sporting, de domínio total. Três bolas nos ferros e várias, nem sem bem quantas, a rasar os postes sem o guarda-redes adversário poder fazer seja o que for. Um lado esquerdo demolidor com Inácio, Nuno Santos, Pedro Gonçalves e Trincão.

Depois o Sp. Braga meteu um avançado fresco. Dum mau alívio de cabeça na direita, penso que por Coates, resultou um centro largo ao segundo poste, Esgaio mais uma vez fica a olhar e esse avançado marca... com o ombro. Mas se fosse com outra parte da anatomia era o mesmo, estava escrito que ia ser assim.

As alterações feitas logo a seguir por Rúben Amorim não ajudaram. Sem Coates os nervos dos mais novos e/ou menos experientes vieram ao de cima, a equipa abusou do jogo directo, tudo era feito à pressa e nada bem, e a partida foi correndo muito ao gosto do Sp.Braga. Até estivemos perto de sofrer um segundo golo, enorme defesa de Israel.

O Braga ganhou porque marcou um golo na primeira oportunidade e conseguiu não sofrer em muitas que teve o Sporting. Com esta sorte, e nem é preciso tanta nos jogos europeus que aí vêm, ainda vai ganhar a Liga Europa. Mas desconfio que no sábado volta ao normal.

 

O que correu pior ao Sporting e que terá de ser corrigido para o resto da época? Além de todo o azar ou falta de sorte, hoje tivemos:

- Uma equipa coxa do lado direito, ofensiva e defensivamente, sem articulação entre o trio Quaresma-Esgaio-Edwards e com Esgaio a comprometer.

- Uma equipa com overdose de criativos. Pedro Gonçalves, Trincão e Edwards no mesmo onze é demasiado, e quem sofre é o sueco, que nunca sabe o que vai sair dali. Nem eles. Que falta lhe faz o Paulinho.

- Uma equipa em estado de nervos quando se vê a perder e o patrão sai do jogo. Porque Coates é mesmo o patrão neste modelo de jogo do Sporting, é ele que acelera a saída ou temporiza e deixa a equipa subir no terreno, nenhum dos médios tem essas características, e Gonçalo Inácio não tem o mesmo "calo", não falando da questão "mercado de Inverno".

 

Melhor em campo? Pedro Gonçalves, sempre a procurar fazer bem e a estar no lugar certo. E ia fazendo muito bem um par de vezes.

Arbitragem? Impecável, nada a dizer.

E quando é o jogo com o Casa Pia? Segunda-feira ou quarta-feira? 

SL

O estrangeiro com nacionalidade portuguesa

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A notícia é de Maio de 2022.

Coates pediu a nacionalidade a portuguesa nessa altura, reunia todas as condições para a atribuição da mesma.

Como vimos com P.P. Pichardo a nacionalidade portuguesa pode ser obtida em três meses ou recentemente, com as gémeas Maité e Lorena, a nacionalidade portuguesa pode ser obtida em 10 dias úteis

Tudo indica que Coates, reside em Portugal há cerca de oito anos, terá a cidadania portuguesa.

Será, portanto, o estrangeiro com nacionalidade portuguesa (presumo que Polga, também, tenha passaporte português, não fui verificar) com mais jogos com a camisola do Sporting.

O dia seguinte

Bom jogo do Sporting hoje num Alvalade bem composto, mais de 18 mil espectadores para um jogo da Taça com uma equipa da 4.ª divisão nacional.

E com muitas famílias e miudagem, avós com filhos e netos, com todos incrivelmente a pagar desde tenra idade, o que deu um colorido completamente diferente a uma bancada central mais "histórica".

Bom jogo desde logo porque o Sporting respeitou público e adversário entrando em campo com um onze rotinado como entraria contra a Atalanta, com o habitual 3-4-3 um pouco assimétrico pela vagabundagem consentida de Nuno Santos, controlando o jogo, rodando a bola pelos corredores e desgastando o adversário que se focalizou na marcação apertada a Hjulmand e Bragança e dava espaço nas alas. Mas por más decisões no último passe ou remate no jogo corrido os golos só acabaram por aparecer na sequência de cantos muito bem marcados por Nuno Santos.

Na segunda parte obviamente que o Dumiense se iria ressentir pelo esforço de marcação realizado e foi só uma questão de acelerar o ritmo "pondo carvão na fornalha" com as entradas de Edwards e Gyökeres para a goleada acontecer. Foram oito, podiam ter sido menos ou mais. Umas entraram, outras não.

Até deu para Essugo e Quaresma terem minutos, e a verdade é que os mereceram, entraram concentrados, a jogar simples e também eles souberam contribuir para a goleada. Um e outro de toscos não têm nada, a capacidade técnica está lá, precisam é que a cabeça ajude o resto. Recordemo-nos que há quatro anos, quando Rúben Amorim chegou ao Sporting, a aposta primeira parecia ser Quaresma e não Inácio. Quanto valem um e outro hoje? E onde está a diferença? Mas ainda vai a tempo o Quaresma, assim ele queira. 

Já agora a mesma coisa mas noutro nível relativamente a Trincão. Um Porsche com rendimento de VW.

 

Melhor em campo? Paulinho: três bons golos e uma assistência para o golo de Trincão. Foram 13M€ mais o Borja? Uma das melhores decisões do presidente no que respeita ao futebol. As bancadas mais uma vez cantaram o seu nome, e com Gyökeres ao lado está nas suas "sete quintas".

Outros merecem referência:

- Coates passou a ser o estrangeiro com mais jogos no Sporting? O melhor central dos últimos 50 anos do Sporting, antes não faço ideia. E hoje com mais um golo "à ponta de lança".

- Neto marcou o primeiro golo ao serviço do Sporting? O "avô" do balneário já merecia e há muito. Hoje deu o corpo ao manifesto, cortando um remate que podia ter dado golo, acudindo prontamente ao lapso dum Bragança ainda combalido por uma situação anterior.

- Com um ou outro desperdício pelo meio, Nuno Santos marcou três cantos para golo e converteu impecavelmente o penálti.  

Arbitragem de categoria, oxalá o rapaz não se perca nas malhas mafiosas que dominam a arbitragem.

E agora? Ir ganhar a Bérgamo, vingando a derrota de Alvalade onde o poste impediu a reviravolta no marcador.

SL

Meia dúzia de notas sobre o jogo de hoje

- Gonçalo Inácio foi extremamente imprudente no lance do segundo amarelo. Não sei que percentagem da falta é um toque efetivo do nosso jogador e o que é aproveitamento do adversário, mas realmente existe a entrada, que foi muito precipitada;

- Em relação ao segundo golo, entendo que é de muito difícil análise, mas temos de constatar que as imagens que temos, que serão as mesmas que o VAR usa nas suas análises, são fornecidas pelo próprio Benfica, clube que é responsável pela transmisão dos seus jogos em casa;

- João Neves recebe um amarelo aos 75 minutos, Constanto que depois disso faz mais duas faltas, uma delas uma rasteira por trás a Hjulmand, outra numa disputa com Nuno Santos. Não vê amarelo nenhum neste lances e acaba por marcar o primeiro golo do Benfica.

- A equipa jogou tão bem ou melhor com 10 do que com 11. O Benfica limitou-se a bombear bolas na segunda parte e, com excepção do grande remate de Di María que Adán defendeu, não criou perigo até aos 94 minutos.

- Coates e Adán estão numa fase descendente das duas carreiras e, gradualmente ao longo desta época, terá de se ir tratando da sua sucessão. Para mim o melhor trio de centrais neste momento já é St. Juste, Diomande e Inácio;

- Os golos e as jogadas de perigo do Benfica foram todos em resultado de erros de jogadores do Sporting:

  • O 1.º lance de perigo, um remate de Rafa a rasar o poste direito, resulta de um conjunto de bolas divididas que foram ressaltando, até que a bola lhe chegou aos pés à frente da baliza;
  • A bola ao poste resultou de um mau passe de Gonçalo Inácio (salvo erro);
  • O 1.º golo do Benfica resulta de um má organização defensiva na marcação do canto: oito dos nove jogadores de campo estavam todos ao monete dentro da pequena área, não ficando ninguém para marcar João Neves um pouco mais atrás. O Benfica, apesar de ter o guarda-redes lá à frente, só tinha seis jogadores dentro da área, por isso não sei quem é que os nossos nove jogadores estavam a marcar.
  • O 2.º golo do Benfica veio na consequência de um mau passe de Hjullmand, que podia ter mantido a posse de bola mas teve a tentação de arriscar em criar uma jogada de perigo aos 96 minutos, quando estava empatado em casa do rival e com menos um jogador.

Rescaldo do jogo de ontem

 

Gostei

 

Da difícil mas justíssima vitória leonina contra o Estrela. Triunfo por 3-2 num jogo cheio de emoção em que chegámos ao intervalo a vencer por 1-0. Na segunda parte, a equipa da Amadora mudou isto em dois minutos (50' e 52'), mas soubemos operar a reviravolta demonstrando toda a qualidade do nosso futebol ofensivo, com enorme capacidade de reacção, inegável robustez psicológica e boa organização colectiva. Num plantel que confirma ter fibra de campeão.

 

De Rúben Amorim. Fez as mudanças certas, mexendo na equipa quando se impunha, com atenta e competente visão de jogo. Todas as trocas mudaram o onze para melhor: Coates por Gonçalo Inácio, St. Juste por Matheus Reis, Daniel Bragança (já muito fatigado) por Paulinho, Esgaio por Trincão. Era preciso virar o resultado - e conseguimos. Mérito indiscutível do treinador.

 

De Edwards. Parecia estar a passar ao lado da partida quando assina uma jogada de sonho, à Maradona ou à Messi, marcando o nosso segundo golo - que é também, sem sombra de dúvida, o melhor do Sporting nesta temporada 2023/2024. Pegou na bola perto da linha direita e conduziu-a para o interior driblando sucessivamente quatro adversários antes de lhe surgir pela frente o guarda-redes, também impotente para o travar. Era o minuto 71': um golaço, daqueles que fazem do futebol o melhor espectáculo do planeta. Podia ter ficado por aí, mas fez mais: foi dele a assistência para o terceiro, cruzamento teleguiado para Paulinho converter de cabeça aos 79'. Assim garantimos os três pontos. Melhor em campo, o avançado inglês.

 

De Morten. Exibição em crescendo, desta vez sem o parceiro japonês a combinar com ele. Esteve bem na primeira parte, mas mostrou todo o seu talento sobretudo nos últimos 45', com recuperações, passes verticais, muita disputa bem-sucedida, travando o passo ao Estrela. Tornou-se dono do corredor central. E ainda tentou o golo, primeiro à queima-roupa (58'), depois num disparo que rasou a barra (90'+4).

 

Da estreia de Daniel Bragança a marcar nesta Liga. Com Morita ausente, coube-lhe o papel de médio de construção. Que cumpriu no essencial, tanto na progressão com bola como em passes a rasgar linhas. Mas o seu mérito principal foi no golo de meia distância - único do primeiro tempo, assinalando o seu regresso como artilheiro do campeonato, algo que não sucedia desde a Liga 2021/2022. Aos 33', com assistência de Gyökeres, levando a bola cheia de efeito a aninhar-se no canto esquerdo da baliza adversária. 

 

De Gonçalo Inácio e St. Juste. Mencionados em simultâneo por terem feito a diferença mal entraram em campo, aos 59'. Aumentaram a rapidez de reflexos e a velocidade do nosso bloco defensivo, impedindo por completo o Estrela de pôr a bola nas nossas costas. 

 

De Gyökeres. Desta vez não marcou. Mas assistiu para Daniel Bragança, depois de ter ido ganhar a bola junto à linha de fundo e foi criando desequilíbrios ao longo de todo o jogo. Espectacular, a recepção orientada aos 43' em que progride na ala esquerda deixando para trás o lateral adversário com perfeito domínio técnico. Ainda tentou o golo, atirando pouco acima da trave, aos 90'+6. Se há jogador que jamais baixa os braços, é ele.

 

Do guarda-redes do Estrela, António Filipe. Fez uma série de enormes defesas, negando o golo a três jogadores nossos: Morten (58'), Pedro Gonçalves (82') e Trincão (90'). No último lance, deu até a sensação de que a bola chegou a entrar: foi travada já praticamente para além da linha de baliza.

 

De termos conquistado 28 pontos em 30 possíveis. Mais nove do que na mesma fase do campeonato anterior. Eficácia sem margem para dúvida. Marcámos até agora em todos os jogos. Aliás estamos há 18 jornadas seguidas a marcar. Os 38.408 espectadores do desafio de ontem em Alvalade viram mais três.

 

De continuarmos sem perder. Somando as 14 rondas finais do campeonato anterior às dez decorridas deste, são já 24 desafios seguidos sem conhecermos o amargo sabor da derrota na prova máxima do futebol português.

 

De ver o Sporting cada vez mais líder. Comandamos o campeonato. Mantemo-nos no topo há cinco rondas consecutivas. Somos a única equipa invicta na Liga 2023/2024.. Ampliámos a vantagem, estando agora ainda mais isolados no posto de comando. Seguimos com mais três pontos do que os encarnados (que defrontaremos na próxima jornada, a disputar na Luz), mais seis do que a turma portista (derrotada em casa pelo Estoril) e mais oito do que o Braga. Aumentando o desgosto daqueles idiotas que, dizendo-se sportinguistas, desejavam que tudo nos fosse correndo mal porque odeiam o presidente, detestam o treinador e passam o tempo a vomitar bojardas contra os jogadores.

 

 

Não gostei

 

De sofrer dois golos. Ambos na sequência de contra-ataques rapidíssimos, com a nossa defesa em contrapé - o segundo na sequência de uma perda de bola de Pedro Gonçalves no meio-campo. E estivemos quase a sofrer outro, aos 37', quando Adán saiu muito bem dos postes, fazendo a mancha com Leo Jabá isolado à sua frente.

 

De Coates. Preso de movimentos, com reacção lenta, teve responsabilidades nos dois golos. No primeiro, provocando um penálti sem margem para discussão. No segundo, batido em velocidade, abriu uma cratera no nosso corredor central. Foi substituído de imediato. Percebe-se agora melhor por que não tem sido convocado para a selecção do Uruguai: atravessa um período de menor fulgor físico, neste caso com más consequências para o colectivo leonino.

 

Das lesões de Geny e Morita. Nem chegaram a sentar-se no banco - onde se estreou o jovem Quenda, com apenas 16 anos mas já estrela da formação. Os dois internacionais fazem falta ao nosso onze titular. Haveremos de perceber isso ainda melhor quando estiverem ausentes ao serviço das selecções de Moçambique e do Japão.

 

Dos assobios. Voltamos ao mesmo: vários daqueles que antes de começar o jogo cantam a plenos pulmões «Farei o que puder / pelo meu Sporting» são os primeiros a vaiar os jogadores quando as coisas não estão a correr bem. Uma vez mais, lá se ouviram os malfadados assobios no nosso estádio quando o Estrela marcou o segundo golo e ficámos temporariamente na mó de baixo. Que raio de "apoio" este: se querem assobiar, façam-no lá em casa, fechados no chuveiro.

Pódio: Coates, Morten, Pedro Gonçalves

Por curiosidade, aqui fica a soma das classificações atribuídas à actuação dos nossos jogadores no Raków-Sporting, da Liga Europa, pelos três diários desportivos:

 

Coates: 19

Morten: 14

Pedro Gonçalves: 14

Diomande: 14

Gonçalo Inácio: 14

Edwards: 12

Israel: 12

Morita: 12

Geny: 11

Esgaio: 11

Paulinho: 10

Matheus Reis: 10

Gyökeres: 5

Daniel Bragança: 1

Nuno Santos: 1

 

Os três jornais elegeram Coates como melhor em campo.

Quente & frio

 

Gostei muito do golo de Coates, ontem contra o Raków em Częstochowa, na Polónia, em jogo da terceira ronda do Grupo D da Liga Europa. Marcado em circunstâncias difíceis, quando a nossa equipa já alinhava com um a menos frente ao campeão polaco. Golo marcado a partir de um canto muito bem apontado por Pedro Gonçalves, com o nosso capitão - melhor Leão em campo - a erguer-se sobre os centrais adversários e a encaminhá-la para o sítio certo. Estavam decorridos 14 minutos. Mantivemos esta vantagem durante mais de uma hora.

 

Gostei de ver o Sporting aguentar firme o desconforto de passar a jogar com um a menos logo a partir do minuto 8 num relvado indigno de uma competição europeia. A equipa soube reagir ao contratempo, cerrar fileiras, avançar linhas, trocar a bola e espreitar o contra-ataque. Resistiu o mais possível à adversidade: foi para o intervalo a vencer 0-1 em casa do adversário, dando-lhe sempre boa réplica.

 

Gostei pouco que consentíssemos o empate (1-1) já quase ao cair do pano, aos 79', em lance que culminou a superioridade da turma da casa na meia hora final. Aí recuámos demasiado as linhas, o que favoreceu a manobra ofensiva do Raków, inofensivo até então. Mas este empate na Polónia não altera a classificação no nosso grupo: continuamos no segundo lugar, com 4 pontos, a três do Atalanta e com mais três do que o Rakow. Já vencemos o Sturm Graz, que ontem empatou 2-2 com os italianos na Áustria.

 

Não gostei que Rúben Amorim, vendo-se tão cedo a jogar só com dez, demorasse demasiado a refrescar a equipa: esperou até aos 58' para fazer as primeiras mexidas. Dando a impressão que pensava mais em poupar alguns titulares habituais para o embate da próxima segunda-feira no Bessa. Valha a verdade que o Sporting não parece ter lucrado muito com a mudança, quando finalmente ocorreu, aos 58': Paulinho e Geny não fizeram melhor do que Edwards e Pedro Gonçalves.

 

Não gostei nada de ver Gyökeres expulso logo aos 8', com cartão vermelho directo, por pisão dois minutos antes a um adversário após ter sido alertado pelo VAR. O nosso melhor jogador ficará ausente do próximo desafio da Liga Europa. Fica-lhe de lição, esperemos, para ser menos impetuoso nestas entradas, ainda por cima longe da zona de actuação preferencial do ponta-de-lança. Serve também de lição àqueles adeptos leoninos que cultivam teorias da conspiração, passando o tempo a acusar os árbitros portugueses de perseguirem os nossos jogadores e defendendo até a importação de apitadores estrangeiros para a Liga nacional. Este Raków-Sporting foi arbitrado por um grego, tanto quanto se sabe sem qualquer interesse em prejudicar o emblema do Leão: limitou-se a aplicar as leis do futebol. 

Pódio: Coates, Morita, Pedro Gonçalves

Por curiosidade, aqui fica a soma das classificações atribuídas à actuação dos nossos jogadores no Braga-Sporting pelos três diários desportivos:

 

Coates: 17

Morita: 17

Pedro Gonçalves: 17

Diomande: 16

Gonçalo Inácio: 16

Nuno Santos: 15

Morten: 15

Adán: 15

Gyökeres: 15

Geny: 13

Edwards: 13

Esgaio: 13

Fresneda: 12

Paulinho: 12

Daniel Bragança: 10

Trincão: 9

 

A Bola elegeu Morita como melhor Leão em campo. O Jogo optou por Diomande. O Record escolheu Coates.

O dia seguinte

Foi ontem a apresentação aos sócios da equipa de futebol do Sporting no agora magnífico relvado de Alvalade. E mais uma vitória clara por 3-0 frente a uma das melhores equipas da liga espanhola e que joga um futebol próximo do Barcelona. Um “tiki taka” de atracção /explosão que corre riscos atrás para chegar à frente com capacidade para resolver.

Depois do jogo contra o Villarreal ouvi Rúben Amorim dizer que andou desde Março atrás deste sueco, felizmente tem um presidente que entende o que quer e vai atrás. E o sueco veio. Dizem que agora virá um dinamarquês para o meio-campo. Pois se for como este sueco, é para ontem.

Obviamente que antes de pensar no sueco Amorim fez um balanço bem negativo do que foi a primeira metade da época passada. Foi atrás de Diomande para estabilizar a defesa e depois pensou no ataque. E o ataque precisava duma locomotiva que Paulinho não é, um jogador poderoso que verdadeiramente incomode os defesas contrários, que os force à falta em zonas perigosas e liberte os baixinhos mais ou menos geniais do onze. Com Trincão ou Paulinho próximos, Gyökeres torna-se um avançado muito difícil de parar. E tendo um ataque assim, não vale mesmo a pena gastar tempo atrás a construir desde o guarda-redes. O futebol do Sporting tornou-se mais simples e directo do que na época passada, sem prejuízo da eficácia. Muito mais de acordo com os objectivos desta época.

 

Foi uma 1.ª parte aberta com muitas bolas perdidas pelos dois lados no meio-campo que davam origem a contra-ataques perigosos e oportunidades para os dois lados. Valeu o rasgo do pior em campo até ao momento, Edwards, para chegarmos ao intervalo em vantagem.

A 2.ª parte começou com um festival de posse por parte dos espanhóis, com o Sporting a assistir de poltrona, até que mais um contra-ataque encontrou Pedro Gonçalves no sítio em que é letal.

Depois vieram as substituições em massa dos dois lados, e ainda houve tempo para um estádio em delírio a cantar a canção do Paulinho.

Coates e Pedro Gonçalves foram os heróis da noite, Gyökeres encantou as bancadas, Edwards e Paulinho marcaram belos golos, mas gostei muito de ver um Catamo muito focado e perigoso a ala direito. Simplesmente extraordinário e merecedor de todos os elogios o trabalho de Amorim em recuperar jogadores da casa que vêm de maus momentos, como o próprio Catamo, Quaresma, Jovane e Bragança.

E agora? É ter calma e deixar Amorim e a estrutura trabalhar.

 

Infelizmente o bom desempenho no óptimo relvado de Alvalade da equipa de Amorim não foi acompanhado por um desempenho análogo na organização do evento, e particularmente no acesso e usufruto do estádio, digamos que o New Era 2.0 ficou a 0.8, pior do que antes. Uma confusão na informação recebida nos mails de subscrição da Gamebox, uma confusão nas filas para as portas, uma confusão nos torniquetes devido às avarias de alguns e das particularidades do código QR, uma confusão nos lugares com o desaparecimento das marcações nos degraus (pintados de cinzento cor de rato morto) e passagem das mesmas para as cadeiras (algumas erradas).

Tudo isto originou uma apresentação do plantel a bancadas semi-vazias, e depois com um estádio cheio a uns 70/80% veio o anúncio que estavam 30 mil pessoas.

Bom, se o outro punha mais 10 mil em cima para animar a malta que lá ia e criar o apetite nos outros, este “artista” 2.0 tira 10 para deprimir quem lá esteve e para dizer a quem não vai que não merece a pena por lá os pés.

A reorganização dos espaços das claques também levanta muitas interrogações, os descontos a quem foi forçado a trocar de lugar face aos restantes também, os espaços de restauração parece que deixaram muito a desejar, enfim toda uma confusão sem qualquer justificação.

Se eu fosse o presidente diria das boas ao “artista”. Amorim, a equipa, os sócios e adeptos que quase encheram o estádio mereciam bem melhor. 

SL

Estão à espera de quê?

Perdemos Porro em Janeiro. Perdemos Ugarte agora. Estamos na iminência de perder Coates - tentado pelos petrodólares da Arábia Saudita, para onde poderá ir ganhar quatro vezes mais. O mesmo destino que já seduziu Iuri Medeiros (saiu do Braga por 3 milhões) e Francisco Geraldes (saído do Estoril), dois jogadores formados em Alcochete mas que não vingaram na equipa principal do Sporting.

Precisamos, portanto, de um ala direito, um médio defensivo e um defesa central. Além de um ponta-de-lança, claro - neste caso para colmatar uma lacuna já com dois anos.

Apetece-me fazer esta pergunta à administração da SAD: estão à espera de quê?

Balanço (8)

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O que escrevemos aqui, durante a temporada, sobre COATES:

 

- José Navarro de Andrade: «Neto estava em noite não e o próprio Coates alivia umas biqueiras sem nexo.» (28 de Agosto)

Pedro Boucherie Mendes: «Nunca foi um líder – é um jogador de grande envergadura e dedicação, mas não um daqueles que sigamos até à morte.» (2 de Novembro)

Eu: «Inspira tranquilidade e segurança como comandante da defesa e patrão da equipa. Acalma os colegas quando estão mais ansiosos, pauta o ritmo de jogo na construção.» (31 de Dezembro)

- Luís Lisboa: «Não está bem, melhor do que ninguem ele saberá o que se passa. Se calhar precisava de parar para se recuperar fisicamente.» (12 de Fevereiro)

- Pedro Guilherme Figueiredo: «Estamos claramente numa fase de transição na defesa, em que Coates perde importância e Luís Neto, outro jogador importante  no título de há duas épocas, se prepara para arrumar as chuteiras.» (10 de Abril)

- Edmundo Gonçalves: «Definitivamente já vai pedindo alguém para o seu lugar. Hoje errou várias vezes, com prejuízo e perigo para a nossa baliza. Temos de volta o Coates trapalhão, o que foi uma constante das últimas jornadas. E ele não merece, que foram dele muitos dos golos que nos deram o título.» (22 de Maio)

Houve de tudo, da pasmaceira à agitação

Sporting, 2 - Marítimo, 1

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Festa verde e branca no relvado quando Coates marcou o golo que fixou o resultado

Foto: Tiago Petinga / Lusa

 

Jogo de loucos. Houve quem lhe chamasse «épico», mas nada teve de épico: foi mais uma farsa. Com a equipa forasteira a marcar nem sabe como na única oportunidade conseguida na partida de sábado, logo aos 10', o Sporting a arrastar-se em campo na hora seguinte, Rúben Amorim falhando na formação do onze inicial e a emoção descontrolada a apoderar-se das bancadas em Alvalade nos 20 minutos finais, marcado pelo assalto total à baliza dos insulares no desafio em que conseguimos mais "posse de bola".

O nosso central actuando como avançado e o nosso ponta-de-lança à baliza.

 

Antes de cair o pano, lá para os 90'+114, houve tempo para tudo.

Para o treinador voltar a investir o capitão Coates da missão de ponta-de-lança, plantado na grande área como se Bas Dost estivesse de regresso. Para o Marítimo marcar um autogolo (o sétimo de que beneficiamos nesta época, cinco dos quais na Liga). Para Coates esticar o pé e entrar com a bola na baliza, operando a reviravolta (90'+3). Para o Marítimo fingir que empatava 2-2 (90'+6) num pseudo-golo precedido de falta grosseira sobre Nuno Santos que o árbitro auxiliar logo invalidou levantando a bandeirola, gesto a que Tiago Martins, de cabeça perdida, não fez caso, apontando para o centro do terreno. Para Adán, com os nervos em franja, protestar de tal maneira que acabou por ver o segundo amarelo três minutos depois de ter visto o primeiro, o que o afasta da recepção ao Benfica do próximo domingo. Para o vídeo-árbitro André Narciso insistir com o apitador para que visse as imagens. Para que Martins, tendo-as visto, desse o dito por não dito, com vários minutos de atraso. Para que, estando o Sporting reduzido a dez e com as substituições esgotadas desde o minuto 64, Paulinho se assumisse como improvisado guarda-redes, colocando-se entre os postes. Para que, logo a seguir, segurasse uma bola com o estádio inteiro a aplaudi-lo - o mesmo estádio onde tinham começado a ecoar assobios bem sonoros aos 36', dirigidos primeiro a Diomande e depois a todos os nossos jogadores. Para que, ainda antes do fim, houvesse uma chuva de cartões amarelos, com Martins a confirmar a sua imensa incompetência: espero que tenha sido a última vez que o vimos em jogos profissionais de futebol.

 

Tudo está bem quando acaba bem. Os 27 mil espectadores que compareceram em Alvalade tiveram direito a tudo, num vendaval de emoções que se prolongou por quase duas horas de morna pasmaceira seguida de imensa agitação no relvado.

Isto faz parte da magia do futebol. 

Foi o nosso 12.º jogo seguido do campeonato 2022/2023 sem derrotas - a melhor série em ano e meio. Há três meses que permanecemos invictos na Liga. Mas de nada nos serve, pois a duas jornadas do fim todos os adversários à nossa frente superaram os respectivos desafios. Mantém-se a distância de quatro pontos face ao Braga, que tem calendário mais favorável nas duas rondas que restam.

Se não formos à próxima Liga dos Campeões, como tudo indica, só temos de queixar-nos de nós próprios. Aquela medíocre primeira volta conduziu-nos a isto.

Pelo menos vencemos o Marítimo. Que nos tinha vencido (1-0) no Funchal. Como esses três pontos lá desperdiçados nos faziam falta agora...

 

Breve análise dos jogadores:

Adán - Nem uma defesa, mas dois cartões vistos em três minutos, no tempo extra. Por retardar a bola e por protestos. Fica fora do clássico de domingo.

Diomande - Atrasou duas vezes a bola ao guarda-redes, quase a partir da linha do meio-campo, e ouviu sonoras vaias no estádio. Afectou-o, visivelmente. Saiu aos 64'.

Coates - Esteve no pior e no melhor. Falha individual, oferecendo o golo ao Marítimo (10'). Mas como avançado protagonizou o 2-1 da reviravolta. Homem do jogo, melhor em campo.

Matheus Reis - Amorim teima em fazer dele central. Voltou a incluí-lo nos três da retaguarda, deixando Gonçalo Inácio no banco. Não resultou: o brasileiro é lateral. Saiu ao intervalo.

Bellerín - Tentou mostrar serviço, mas não se esforçou muito. Ele e Edwards funcionam como a água e o azeite: não combinam. Inoperante, já não regressou do intervalo.

Ugarte - Quando se fala muito dele para rumar a Inglaterra, mostrou neste jogo a maior das suas limitações: o remate. Atirou duas vezes a bola para a bancada (66' e 76') quando tentava o golo.

Pedro Gonçalves - Dele esperamos sempre um toque de magia. Andou perto disso no lance individual em que se envolveu na grande área e forçou o autogolo madeirense (85'). 

Arthur - Amorim insiste em jogar com alas de pés trocados. Eis um caso. O brasileiro tem bom toque de bola, mas centrar sem linhas de passe é um desperdício. Saiu ao intervalo.

Edwards - Vai acendendo e apagando. Apático em largos momentos, esteve a centímetros de marcar um golo espectacular (74'). No segundo golo, o passe de ruptura saiu dos pés dele.

Trincão - Voltou a pecar por clamorosa falta de intensidade: mal perde uma bola, desinteressa-se do lance. Fez três posições, sem render em nenhuma. Substituído aos 57'.

Paulinho - Cabeceou ao lado (14'), tentou o golo mas saiu passe ao guarda-redes (30'). Assistiu no segundo e brilhou ao oferecer-se como guarda-redes quando Adán foi expulso.

Gonçalo Inácio - Entrou aos 46', substituindo Matheus Reis. Deu mais consistência à defesa, mas não era necessário: o Marítimo quase não saía. Corte muito oportuno aos 61'.

Nuno Santos - Estava inquieto no banco: entrou aos 46', rendendo Arthur. Não fez muito melhor. Tentou o golo, mas atirou por cima (90'+2). Carregado em falta no lance que deu sururu (90'+6).

Morita - Substituiu Bellerín aos 46'. Bom a distribuir jogo, arriscou o amarelo que o poria fora do clássico. Acabou por não ter a utilidade já revelada noutros desafios.

Fatawu - Entrou aos 57', para render Trincão. Muito mais dinâmico, nos confrontos individuais, pôs a defesa madeirense em sentido. Também tentou o golo, mas rematou para a bancada (80').

Esgaio - Substituiu Diomande aos 64'. Foi ele a iniciar a jogada do lance que culminaria no segundo golo leonino - e os consequentes três pontos desta vitória tão suada.

Rescaldo do jogo de ontem

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Coates muito cumprimentado pelos colegas ao marcar golo da vitória, assistido por Paulinho

Foto: Tiago Petinga / Lusa

 

Gostei

 

De termos vencido o Marítimo. Foi uma vitória (2-1) tirada a ferros, na noite de ontem em Alvalade, mas até por isso mais saborosa. Que vinga a derrota (0-1) que sofremos no Funchal durante a primeira volta. E nos aproxima - pelo menos provisoriamente - do Braga, agora apenas com mais um ponto. Chegámos aos 70.

 

De Coates. O homem do jogo. Primeiro pela negativa, ao perder a bola em zona perigosa, logo aos 10', permitindo que a turma madeirense se adiantasse no marcador. Depois largamente pela positiva, ao jogar nos 20' novamente na posição de ponta-de-lança e ao apontar o golo que nos valeu três pontos (90'+3). O seu golo de estreia neste campeonato prestes a terminar. Preciosíssimo. Voto no capitão uruguaio como melhor em campo.

 

Da decisão do treinador ao intervalo. Muito descontente com a exibição da equipa, Rúben Amorim não hesitou em fazer três trocas simultâneas da primeira para a segunda parte. E resultou: a equipa jogou mais unida, com maior equilíbrio e revelando acrescida acutilância. Gonçalo Inácio (no lugar de Matheus Reis), Nuno Santos (rendendo Arthur) e Morita (substituto de Bellerín) deram boa conta do recado. Valeu a pena mexer na equipa.

 

Da nossa reacção. Chegámos aos 85' ainda a perder. Mas insistimos nos lances ofensivos, sempre visando a baliza adversária. Sem baixar os braços, reagindo à adversidade. Foi um período decisivo do desafio, em que os nossos jogadores demonstraram aos adeptos que não estavam ali só a cumprir calendário, mas mesmo determinados a vencer. Foram bem-sucedidos.

 

De mais um autogolo. Beneficiámos do sétimo nesta temporada: poucas equipas europeias podem gabar-se do mesmo. Fica o registo: Boateng (Rio Ave), Miguel Silva (Marítimo), Bah (Benfica), Gartenmann (Midtjylland), Salvador Agra (Boavista), Marafona (Paços de Ferreira) e agora o maritimista Matheus Costa. Todos marcaram em nosso benefício, na baliza errada.

 

De termos cumprido o 12.º jogo seguido sem perder. Vencemos Chaves, Estoril, Portimonense, Boavista, Santa Clara, Casa Pia, V. Guimarães, Famalicão, Paços de Ferreira e agora o Marítimo, empatámos com Gil Vicente e Arouca. Somos a equipa que está há mais tempo sem derrotas na Liga 2022/2023: desde o embate com o FCP em Alvalade, a 11 de Fevereiro. Temporada muito superior neste terço final em comparação com o terço inicial. Antes assim.

 

Do vídeo-árbitro. André Narciso contribuiu para repor a verdade desportiva aos 90'+3, contrariando a decisão do árbitro de validar um suposto segundo golo do Marítimo contra a indicação do seu assistente que assinalara falta atacante óbvia sobre Nuno Santos. Ainda bem que existe VAR.

 

De ver Paulinho como guarda-redes improvisado. Expulso Adán, por acumulação de amarelos, o ponta-de-lança foi para a baliza quando já passavam 10 minutos do tempo extra. Uma das muitas originalidades de um jogo cheio de momentos dignos dos "apanhados" que proporcionaram cenas circenses aos 27.130 espectadores no estádio. O nosso avançado cumpriu entre os postes, tendo sido muito aplaudido. Enquanto Coates jogava lá na frente, plantado na grande área do Marítimo. Papéis trocados. Acabou por resultar.

 

Do regresso da "estrelinha". Rúben Amorim bem pode sorrir: ela está de volta.

 

 

Não gostei

 

Da nossa incapacidade ofensiva. Mais de uma hora sem um remate enquadrado com a baliza. A primeira real oportunidade de golo surgiu só aos 66', quando Ugarte, em boa posição para o disparo, chutou para a bancada. Nem um remate perigoso até aos 84'. O guarda-redes do Marítimo não chegou a fazer uma defesa digna desse nome. Tudo muito poucochinho. Contra uma equipa que só uma vez venceu fora neste campeonato, no final de Outubro, e tem a pior defesa da Liga.

 

Da expulsão de Adán. No dia em que festejou 36 anos, o veterano guarda-redes (sem culpa no golo sofrido) recebeu uma péssima prenda: dois sucessivos cartões amarelos, aos 90'+4 e aos 90'+6. Acabou expulso. Não jogará no Sporting-Benfica, ficando o inexperiente Israel no seu lugar. Baixa de vulto.

 

Da lesão de Chermiti. O jovem leão, já com três golos apontados esta época, ficou excluído do onze devido a uma lumbalgia. Oxalá recupere a tempo de disputar o clássico.

 

De ver Félix Correia na equipa errada. Jogador da nossa formação, com inegável talento, quis sair do Sporting atraído pela Premier League. Mas na Juventus - clube a que agora está ligado, aos 22 anos - não contam com ele, daí marcar agora presença no campeonato português. Por empréstimo, nas fileiras do Marítimo. Mais lhe valia ter continuado de verde e branco.

 

Da displicência de Amorim. Já a pensar no desafio seguinte, o Sporting-Benfica do próximo domingo, o treinador deixou jogadores como Nuno Santos, Morita e Gonçalo Inácio fora do onze inicial. Quis queimar uma etapa, esquecendo-se que primeiro teríamos de superar este obstáculo. Corrigiu o erro ao intervalo. Com isso, oferecemos meia partida ao Marítimo.

 

Do árbitro Tiago Martins. Péssimo nas decisões técnicas e no critério disciplinar, fez vista grossa a uma falta cometida sobre Trincão perto da quina da grande área, ignorou um penálti sobre Edwards e validou um suposto segundo golo do Marítimo contra a opinião do seu árbitro auxiliar, numa decisão felizmente revertida pelo VAR. Exibiu doze cartões amarelos e um vermelho (por acumulação). É um escândalo vê-lo de apito na boca: não devia ter lugar no futebol português.

 

Dos assobios à equipa. Começaram a ouvir-se, bem sonoros, logo aos 36'. Visando sobretudo Diomande, sem contemplações contra o jovem central marfinense. Pura estupidez: em vez de apoiar a equipa, esta turba do assobio dá moral ao adversário. Além disso, a meio da segunda parte, da zona das claques começaram a escutar-se insultos ordinários ao presidente do Sporting, em claro desrespeito pelos estatutos do clube e pela vontade dos sócios expressa nas urnas. Mais valia incentivarem e aplaudirem o Marítimo, sem disfarce nem hipocrisia. Só faltaram as habituais tochas e os habituais potes de fumo para a "festa" anti-Sporting ser ainda mais animada.

Esgaio na baliza certa, Coates na errada

Sporting, 2 - Famalicão, 1

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Edwards foi o melhor em campo contra os minhotos em Alvalade: esteve nos dois golos

Foto: Miguel A. Lopes / Lusa

 

Quem pensava que seria apenas para cumprir calendário, enganou-se. Foi um bom jogo de futebol, muito emocionante sobretudo na segunda parte, com um Famalicão confirmando anteontem em Alvalade por que motivo se encontra num lugar confortável do campeonato (sétima posição) e chegou a semifinalista da Taça de Portugal.

Houve oportunidades para os dois lados. Mas com óbvia supremacia da equipa da casa. O Sporting voltou ao "ataque móvel", sem grande sucesso (duas unidades, Trincão e Pedro Gonçalves, não estiveram à altura da aposta do treinador), Nuno Santos no habitual vaivém junto à linha esquerda e Esgaio na nova missão que Rúben Amorim lhe vem indicando, de fazer movimentos como interior direito em complemento de Edwards. De uma tabelinha entre ambos nasceu o nosso primeiro golo, aos 18', por Morita. E foi o próprio Esgaio, aproveitando uma bola de ressaca, também após bom trabalho do inglês, a marcar o segundo. Que nos valeu três pontos - temos agora 64.

Houve festa no estádio, onde estiveram quase 30 mil espectadores. Prémio merecido a um dos mais esforçados elementos do plantel leonino, várias vezes criticado pelos adeptos - e com razão - mas que tem evoluído muito ao longo desta época. E que, ao contrário do que alguns temiam, não deixou a nossa ala direita desguarnecida com a partida de Porro, em Janeiro. Pelo contrário, tem demonstrado mais eficácia a partir daí.

 

Esta foi a parte melhor do jogo. A menos boa, uma vez mais, situou-se no nosso reduto defensivo. Com Diomande como protagonista pela negativa em dois momentos que puseram à prova os bons reflexos de Adán (um dos melhores em campo) e Coates muito infeliz num corte que devia ter sido para canto mas acabou por encaminhar a bola para dentro da baliza, traindo o guarda-redes. Há muito que o nosso capitão não marcava um autogolo. Pela minha parte, confesso: disto não tinha saudades.

Foi a única forma de o Famalicão não ficar em branco no nosso estádio. Em boa verdade, mereceu esse golo solitário. Por ser uma equipa bem organizada, bem orientada, tecnicamente bastante evoluída e que pratica um futebol acima da média para os padrões nacionais. Merece o sétimo lugar, merece ter chegado onde chegou na Taça. É, além disso, uma equipa que vem mantendo boas relações institucionais com o Sporting - algo que justifica uma palavra acrescida de saudação.

 

Resta-nos agora o quê?

Vencer os quatro jogos que faltam para concluir o campeonato. E aproveitar estes desafios, desde já, como etapa preliminar da época que irá seguir-se. Sem facilitar, sem cometer os erros de sempre. Sabendo progredir, sabendo evoluir.

A temporada 2023/2024 pode, de algum modo, começar ainda com esta a decorrer. Há toda a vantagem nisto. Nós, adeptos, não exigimos menos que isto.

 

Breve análise dos jogadores:

Adán - Sem deslizes digno de nota, fez duas boas intervenções impedindo golos do Famalicão.

Diomande - Noite azarada para o jovem marfinense. Dois lapsos, aos 30' e aos 52'. Saiu aos 56'.

Coates - Autogolo aos 69': só assim o Famalicão conseguiu marcar. Quis aliviar, mas foi mal-sucedido.

Gonçalo Inácio - Discreto. Começou como central à esquerda, aos 56' passou para a direita. Já está habituado.

Esgaio - Uma das figuras do jogo. Marcou o golo da vitória, aos 60' - o primeiro como profissional do Sporting. Saiu sob fortes aplausos aos 82'.

Ugarte - Útil como sempre, na vigilância do nosso meio-campo. Segundo golo começa com uma recuperação dele. Amarelado, saiu aos 73'.

Morita - O nosso melhor reforço em 2022/2023 voltou a dar nas vistas. Autor do primeiro golo, aos 18'. Já marcou mais do que Paulinho na Liga.

Nuno Santos - Dinâmico, veloz, cheio de energia. Mas neste seu 90.º jogo no campeonato português não cruzou com êxito. 

Edwards - O melhor em campo. Está nos dois golos. Grande trabalho oferecendo de bandeja a Morita e é ele próprio a rematar no segundo com a bola a ressaltar para Esgaio.

Pedro Gonçalves - Muito apagado. Podia ter marcado aos 29' e aos 45', mas faltou-lhe poder de fogo. Substituído aos 56'.

Trincão - Amorim colocou-o como avançado-centro - falso ponta-de-lança. Não se sente à vontade ali, está demonstrado. Saiu aos 82'

Chermiti - Substituiu Pedro Gonçalves aos 56'. Não marcou, mas incomodou muito a defesa forasteira. Móvel, ele sim. Vai evoluindo a cada nova oportunidade que o técnico lhe dá.

Matheus Reis - Substituiu Diomande aos 56'. Com vantagem para a equipa: mais seguro e mais sólido.

Tanlongo - Entrou aos 73', rendendo Ugarte. Está convocado para o Mundial sub-20 pela Argentina, mas continua sem exibir grandes dotes de verde e branco.

Bellerín - Substituiu Esgaio aos 82'. Teve ainda tempo para um remate bem colocado à baliza dos minhotos.

Arthur - Em campo desde os 82', por troca com Trincão. Já em fase de contenção ofensiva da equipa. Não deu nas vistas.

Pós-Palhinha (e pré-pós-Coates) - uma defesa à espera de melhores dias

Sendo ainda relativamente cedo para balanços da época, os três golos ontem sofridos contra o Casa Pia (4-3) mostram bem aquele que tem sido o grande problema da equipa esta época - uma defesa menos competente. É certo que Ruben Amorim optou por deixar no banco um titularíssimo (Gonçalo Inácio) e um habitual (St. Juste), mas isso não justifica por si só a facilidade (displicência, mesmo) com que o SCP encaixa 3 golos - sobretudo estando lá o mais titular dos centrais, Coates.

Com os 3 golos encaixados ontem, o SCP 2022-2023 tem em média quase um golo sofrido por jogo. E, a 7 jornadas do fim, tem mais 3 golos sofridos do que em toda a última época. Caso se mantenha esta média até final da temporada, estará praticamente ao nível de 2019-2020, uma das piores épocas da história do clube.

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Na época do título, este quadro acima mostra bem, a defesa foi fundamental. Apenas 20 golos sofridos em 34 jogos (sem recorrer a calculadora, deve dar uma média de 0,58 golos por jogo). Uma única derrota em todo o campeonato. Na época passada, a defesa manteve a qualidade, mas as derrotas passaram a 3 (incluindo uma no Dragão, com uma expulsão absurda de Coates que nunca esqueceremos e que, feitas as contas, dá a vitória - e o título - ao FCP).

Com uma equipa rotinada, com processos consolidados e sem grandes alterações ao plantel, o que terá mudado das duas últimas épocas para esta, que nos leva a sofrer tantos golos? Na minha opinião, duas coisas.

Primeiro, a falta de Palhinha - um jogador único que funcionava como uma espécie de central à solta em todo o campo, ganhando bolas atrás de bolas (pelo ar, pelo chão...) e destruindo jogo adversário antes de chegar à nossa defesa. Será sempre, para mim, o jogador mais importante das duas últimas épocas. Ugarte é um bom recuperador de bolas - e um grande jogador - mas João Palhinha é um dos melhores jogadores do mundo nesse aspecto, combinando força física, inteligência e intensidade.

Segundo, Coates. Ele que foi decisivo nas duas últimas épocas - magistral na época do título, com sete golos marcados que terão rendido dezenas de pontos - está este ano em clara perda de rendimento. O que é normal num jogador de 32 anos. Os números demonstram-no - apenas 2 golos marcados - mas as grandes exibições também começam a escassear. Ontem terá sido dos piores jogos que já o vi fazer pelo SCP. 

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Estamos claramente numa fase de transição na defesa, em que Coates perde importância e Luís Neto, outro jogador importante  no título de há duas épocas, se prepara para arrumar as chuteiras. As boas notícias são duas: Amorim está ciente disso e as contratações de Diomande e St. Juste prometem. Há muitos jovens defesas com potencial no plantel, outros a rodar (Quaresma, campeão nacional) e a equipa B está recheada de talentos que rapidamente darão o salto (Muniz parece-me o caso mais óbvio nesta fase). 

Palhinha, repito, é insubstituível. Mas temos um jovem com características semelhantes que dentro de 2 anos acredito que estará ao seu nível - Dário Essugo. Caso Ugarte saia no final da época, deve ser aposta. 

 

PS - Vi o 3o jogo do SLB esta época, contra o FCP(1-2). Havia visto outro jogo em que o SLB foi vulgarizado (contra o Braga, 0-3) e contra o SCP (2-2). Pertenço portanto a um grupo de pessoas restrito que não viu o SLB ganhar uma única vez esta época e assistiu a uma equipa vulgaríssima. Admito que só saiba da "missa" metade. Mas também admito que haja a habitual "missa" de adversários "acólitos" dóceis, árbitros simpáticos e jornais a fazer "coro" das maravilhas do treinador e de um jogador que vieram roubar ao SCP e marca os (muitos) penáltis ganhos. Posso estar a ser injusto, mas tendo visto os 3 jogos que vi, espanta-me que o SLB esteja em 1o.

Pódio: Coates, Ugarte, Gonçalo Inácio

Por curiosidade, aqui fica a soma das classificações atribuídas à actuação dos nossos jogadores no Sporting-Midtjylland, para a Liga Europa, pelos três diários desportivos:

 

Coates: 17

Ugarte: 16

Gonçalo Inácio: 15

Edwards: 15

Pedro Gonçalves: 14

Nuno Santos: 13

Bellerín: 12

Arthur: 12

Esgaio: 12

Paulinho: 12

St. Juste: 12

Tanlongo: 11

Matheus Reis: 11

Chermiti: 10

Trincão: 10

Adán: 9

 

O Jogo e o Record elegeram Coates como melhor em campo. A Bola optou por Edwards.

Quente & frio

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Coates festeja no último lance: golo caído do céu salva naufrágio em Alvalade

Foto: Lusa

 

Gostei muito de dois jogadores do Sporting - ambos uruguaios, ambos dignos de envergar o símbolo do Leão ao peito. Sebastián Coates e Manuel Ugarte. O primeiro pelo exemplo de tenacidade que dá aos colegas, tanto à frente como atrás - com cortes providenciais perante ataques promissores do adversário, como aconteceu aos 7', 20' e 87' (este valeu-lhe um amarelo) e sobretudo pelo modo como superou o cansaço e foi de novo capaz de se transfigurar nos minutos finais, recriando-se como ponta-de-lança. O segundo pela eficácia e capacidade de resistência que revela como médio mais recuado, trabalhando por dois, quase sempre sem apoios nem dobras, vital na recuperação de bola - assim foi aos 27', 36' e 62'. Fizeram ambos tudo para conseguirmos a vitória no desafio de ontem, frente ao Midtjylland. Sem eles, nem ao empate (1-1) teríamos chegado numa partida que soava a derrota até aos 94'.

 

Gostei do golo alcançado na nossa única verdadeira oportunidade nesta partida da Liga Europa. Golo com um toque miraculoso, no último momento do desafio, com uma recarga de Coates como ponta-de-lança improvisado num lance que o fez entrar na baliza junto com a bola após centro de Edwards que carambolou em Gonçalo Inácio dentro da área e um primeiro remate que foi devolvido ao nosso capitão agora em estreia como artilheiro na época em curso. Já vai tarde, mas soube muito bem este golo do empate que pareceu caído do céu aos 90'+4, segundos antes do apito final, e mantém a eliminatória em aberto. Após uma repescagem para a Liga Europa em que nos qualificámos, vindos da Liga dos Campeões, graças a um golo no último minuto marcado pelo Tottenham em Marselha. Entre tanta mediocridade, parece que pelo menos a estrelinha de Rúben Amorim voltou a acender-se.

 

Gostei pouco da nossa confrangedora incapacidade para superar o vice-campeão dinamarquês, que só cumpriu agora, em Alvalade, o primeiro jogo oficial após um longo interregno: não competia desde 13 de Novembro devido ao Mundial e à paragem de Inverno no futebol do seu país. O Midtjylland, que em Agosto havia sido goleado duas vezes pelo Benfica nas pré-eliminatórias de acesso à Liga dos Campeões, impôs o seu jogo em largos momentos desta partida e abriu mesmo o marcador, por Ashour, aos 77', após monumental fífia de Adán. Foi a primeira vez que a turma dinamarquesa - em sétimo no campeonato do seu país - conseguiu pontuar em cinco jogos europeus disputados em Portugal. E este foi o quinto jogo seguido do Sporting sem vencer em desafios europeus. Dado factual preocupante, entre tantos outros.

 

Não gostei do onze escalado por Rúben Amorim para este jogo europeu do Sporting. Sinal errado transmitido à equipa, uma vez mais, com dois jogadores que têm demonstrado uma vez e outra a sua inutilidade, por motivos diferentes. Ricardo Esgaio, o ala direito que não cria desequilíbrios nem cruza com perigo, e Paulinho, o avançado-centro que passa jogos consecutivos sem rondar o golo. Chermiti estranhamente no banco após três partidas com bons números: dois golos e uma assistência. St. Juste, desta vez titular num constante entra-e-sai que não confere a menor estabilidade ao reduto defensivo. Matheus Reis sempre fora de posição (actua como central quando é lateral de raiz). Pedro Gonçalves, o jogador leonino com mais golo, novamente empurrado para longe da baliza. Ugarte quase sempre só no meio-campo. Equívocos em catadupa presenciados ao vivo por uma das mais fracas molduras da temporada: apenas 23 mil em Alvalade. Os primeiros assobios aconteceram ao intervalo. Nos minutos finais, sobretudo após o golo dinamarquês, já não eram só assobios: choviam insultos das bancadas. Quase um filme de terror. Que felizmente não atemorizou o nosso capitão.

 

Não gostei nada de Adán: está sem condições para garantir tranquilidade e segurança à baliza leonina. Precisa de concorrente: nunca o teve, foi-se desleixando. "Despediu" Luís Maximiano, levando a SAD a contratar Franco Israel. Mas o jovem uruguaio, de apenas 22 anos, nunca conseguiu uma verdadeira oportunidade para mostrar o que vale: passa o tempo no banco. Se não tem qualidade, para que o foram buscar? A verdade é que o espanhol enterrou a equipa na derrota sofrida no Dragão (0-3) no início do campeonato, no duplo desaire contra o Marselha na Liga dos Campeões (1-4 lá, 0-2 em Alvalade) e na recente final da Taça da Liga perdida frente ao FC Porto (0-2). Ontem, numa péssima reposição, ofereceu de bandeja a bola a Ashour, que não perdeu a oportunidade. É excessivo, é de mais. Custará assim tanto ao treinador perceber que este já não é o guarda-redes campeão? Custará assim tanto ao treinador perceber que Paulinho (substituído por Chermiti só aos 79') é um fracasso como avançado-centro? Custará assim tanto ao treinador perceber que Trincão (substituiu Arthur aos 65') é uma inutilidade em campo? Custará assim tanto ao treinador perceber que os mesmos processos conduzem fatalmente aos mesmos tristes resultados quando qualquer equipa de vão de escada já está farta de saber como o Sporting se movimenta em campo e quais são os nossos pontos fracos mais notórios?

Pódio: Coates, Gonçalo Inácio, Ugarte

Por curiosidade, aqui fica a soma das classificações atribuídas à actuação dos nossos jogadores no Marítimo-Sporting pelos três diários desportivos:

 

Coates: 17

Gonçalo Inácio: 16

Ugarte: 16

Nuno Santos: 15

Rochinha: 14

Matheus Reis: 14

Porro: 14

Adán: 13

Paulinho: 12

St. Juste: 11

Arthur: 11

Edwards: 11

Trincão: 10

Mateus Fernandes: 9

Jovane: 8

 

O Jogo e o Record elegeram Gonçalo Inácio como melhor em campo. A Bola optou por Ugarte.

Alegre despedida de um ano agridoce

Sporting, 3 - Paços de Ferreira, 0

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Nuno Santos, em grande forma, celebra o segundo golo leonino da noite de anteontem

Foto: Miguel A. Lopes / Lusa

 

Acabou por saber a pouco. Com 3-0 ao intervalo, e o triunfo a começar a ser construído logo aos 3', num golo de cabeça de Porro correspondendo a primoroso passe de Nuno Santos, adivinhava-se goleada em Alvalade. Acabou por não acontecer. No segundo tempo tirámos o pé do acelerador e passámos a gerir o resultado contra ao Paços de Ferreira, "lanterna vermelha" do campeonato, que apenas tem 2 pontos em 14 jogos.

É verdade que o primeiro tempo decorreu a um ritmo vertiginoso, com o Sporting a acelerar pelas alas: os dois extremos deram nas vistas. Pareciam concorrer ao título de melhor em campo, competição acentuada quando Nuno Santos marcou o segundo, de frente para a baliza, empurrando-a por gentileza de Edwards. Estávamos no minuto 22: os 31 mil adeptos presentes no nosso estádio tinham motivos para se sentirem satisfeitos.

Em ambos os golos Pedro Gonçalves - que fez duo com Dário na linha do meio-campo, competindo-lhe a ligação imediata à linha ofensiva - marcou presença. No primeiro, foi ele a servir Nuno Santos, em pré-assistência. No segundo, conduziu o veloz contra-ataque colectivo. 

Faltou ao transmontano brilhar naquilo em que foi exímio na sua primeira época de verde-e-branco: metê-la lá dentro. Teve duas oportunidades para isso: aos 48', após centro milimétrico de Nuno Santos, fez a bola rasar o poste; e aos 72', quando o excesso de ansiedade o levou a rematar por cima. Não podemos pedir-lhe que construa jogo e converta, tudo em simultâneo. Ao jogar mais recuado, por imperativo táctico, a veia goleadora vai esmorecendo.

 

Quem parece renascido como goleador é Paulinho. Neste encontro com o Paços encerrou a contagem, aos 45', desta vez com assistência de Porro, num cabeceamento cheio de pontaria. Foi o seu sétimo golo em seis partidas consecutivas, contando com a Taça da Liga. Este é o Paulinho dos melhores tempos em Braga. Mereceu brinde e ovação dos adeptos ao ser substituído, aos 79'. Cinco minutos antes, o lateral esquerdo Antunes, da equipa forasteira, teve o mesmo tratamento das bancadas: os adeptos não esquecem que ele foi um dos obreiros do nosso título de campeão em 2020/2021.

O nosso sector mais recuado esteve irrepreensível (Adán fez a primeira defesa aos 41'), o meio-campo interior não se ressentiu da inédita parceria Dário-Pedro Gonçalves e ao trio mais ofensivo só faltou maior produção de golos: Trincão e Edwards desta vez ficaram em branco, com o inglês a centímetros de marcar aos 8' e aos 38'. 

 

Rúben Amorim está a cumprir o que prometeu: aposta mesmo nos jovens. Além de Dário, desta vez titular, mandou saltar do banco Rodrigo, Mateus Fernandes (aos 79') e Sotiris (em campo desde os 85'). O jovem médio, de apenas 17 anos, assumiu o papel mais ingrato na desgastante missão de substituir Ugarte, ausente por castigo. Já muito fatigado, acabou por entrar de sola num lance dividido junto à linha do meio-campo, o que lhe valeu um vermelho directo. Saiu em lágrimas, confortado com os aplausos do público. É assim que se cresce. É assim que se ganha experiência.

Mateus Fernandes, em menos de um quarto de hora, voltou a demonstrar que merece a confiança do técnico com pormenores de classe. Como quando isolou Rodrigo na grande área, aos 89'. Não custa vaticinar que vai ser craque na equipa principal.

Assim nos despedimos, em ambiente alegre e até festivo, de um ano agridoce para o futebol leonino. Com Coates a ser distinguido pelo presidente Frederico Varandas com um brinde especial, após o fim do jogo, pela tricentésima partida já feita de Leão ao peito. O mais veterano da equipa, um verdadeiro capitão, um verdadeiro campeão.

 

Breve análise dos jogadores:

Adán - Foi pouco mais que um espectador durante grande parte do encontro. Mas, quando chamado a intervir, revelou bons reflexos. Renovou contrato: é um bastião desta equipa.

Gonçalo Inácio - O mais discreto dos nossos defesas, pautou a sua exibição pela segurança e pela eficácia. Sem falhas nem deslizes. Canhoto à direita: não tem concorrentes ali.

Coates - Inspira tranquilidade e segurança como comandante da defesa e patrão da equipa. Acalma os colegas quando estão mais ansiosos, pauta o ritmo de jogo na construção.

Matheus Reis - Combina cada vez melhor com Nuno Santos na ala esquerda. Impõe o físico nas bolas divididas. Grande passe para Edwards (8'). Tentou o golo de meia-distância (49').

Porro - Autêntico dínamo do onze titular leonino. Marcou o primeiro, à ponta-de-lança, de cabeça, o que lhe deu ainda mais confiança para uma grande exibição. Assistiu no terceiro.

Dário - Desta vez substituiu como titular o ausente Ugarte. E cumpriu a missão, no essencial, como médio defensivo. Viu o vermelho directo aos 82' por falta desnecessária.

Pedro Gonçalves - Sacrifica a veia goleadora pela construção de lances ofensivos em prol do colectivo. Missão de sacrifício bem executada: dois dos golos começaram nos pés dele.

Nuno Santos - Está em grande forma: isso nota-se cada vez que busca a bola e a endossa aos colegas lá na frente. Foi assim logo aos 3'. E também marca: o segundo foi dele.

Edwards - Parece às vezes algo apático e até fora das jogadas, mas é uma questão de estilo. Porque poucos tratam bem a bola como ele neste onze. Assistiu no segundo, aos 22'.

Trincão - Rende mais como interior esquerdo, onde evidencia todos os seus dotes técnicos. Bom trabalho aos 31' e 36'. Podia ter feito melhor aos 60', quando atirou ao lado.

Paulinho - Estará, em definitivo, recuperado como goleador? Se não é, parece. Desperdiçou aos 31, mas aos 45' meteu-a lá dentro. E podia ter bisado, aos 58', num remate à queima.

Jovane - Primeiro suplente utilizado, em estreia na Liga 2022/2023, rendeu Edwards aos 71'. Ainda distante da boa forma que chegámos a ver-lhe noutras épocas. Falta-lhe confiança.

Arthur - Substituiu Nuno Santos aos 71' já em fase de alguma contenção da nossa parte. Desta vez não protagonizou nenhum daqueles vistosos lances a que nos tem habituado.

Mateus Fernandes - Entrou muito bem, substituindo Pedro Gonçalves aos 79'. Tem bom toque de bola, visão estratégica, gosta de disputar a bola. Está no rumo certo.

Rodrigo - Rendeu Paulinho aos 79'. Cheirou o golo aos 89', quando atirou ao lado. Agora que renovou contrato será certamente utilizado bastante mais vezes.

Sotiris - Último a entrar: substituiu Trincão aos 85'. Continua a não saber utilizar da melhor maneira a força física. Podia ter visto novo cartão amarelo em lance dividido.

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