Festa verde e branca no relvado quando Coates marcou o golo que fixou o resultado
Foto: Tiago Petinga / Lusa
Jogo de loucos. Houve quem lhe chamasse «épico», mas nada teve de épico: foi mais uma farsa. Com a equipa forasteira a marcar nem sabe como na única oportunidade conseguida na partida de sábado, logo aos 10', o Sporting a arrastar-se em campo na hora seguinte, Rúben Amorim falhando na formação do onze inicial e a emoção descontrolada a apoderar-se das bancadas em Alvalade nos 20 minutos finais, marcado pelo assalto total à baliza dos insulares no desafio em que conseguimos mais "posse de bola".
O nosso central actuando como avançado e o nosso ponta-de-lança à baliza.
Antes de cair o pano, lá para os 90'+114, houve tempo para tudo.
Para o treinador voltar a investir o capitão Coates da missão de ponta-de-lança, plantado na grande área como se Bas Dost estivesse de regresso. Para o Marítimo marcar um autogolo (o sétimo de que beneficiamos nesta época, cinco dos quais na Liga). Para Coates esticar o pé e entrar com a bola na baliza, operando a reviravolta (90'+3). Para o Marítimo fingir que empatava 2-2 (90'+6) num pseudo-golo precedido de falta grosseira sobre Nuno Santos que o árbitro auxiliar logo invalidou levantando a bandeirola, gesto a que Tiago Martins, de cabeça perdida, não fez caso, apontando para o centro do terreno. Para Adán, com os nervos em franja, protestar de tal maneira que acabou por ver o segundo amarelo três minutos depois de ter visto o primeiro, o que o afasta da recepção ao Benfica do próximo domingo. Para o vídeo-árbitro André Narciso insistir com o apitador para que visse as imagens. Para que Martins, tendo-as visto, desse o dito por não dito, com vários minutos de atraso. Para que, estando o Sporting reduzido a dez e com as substituições esgotadas desde o minuto 64, Paulinho se assumisse como improvisado guarda-redes, colocando-se entre os postes. Para que, logo a seguir, segurasse uma bola com o estádio inteiro a aplaudi-lo - o mesmo estádio onde tinham começado a ecoar assobios bem sonoros aos 36', dirigidos primeiro a Diomande e depois a todos os nossos jogadores. Para que, ainda antes do fim, houvesse uma chuva de cartões amarelos, com Martins a confirmar a sua imensa incompetência: espero que tenha sido a última vez que o vimos em jogos profissionais de futebol.
Tudo está bem quando acaba bem. Os 27 mil espectadores que compareceram em Alvalade tiveram direito a tudo, num vendaval de emoções que se prolongou por quase duas horas de morna pasmaceira seguida de imensa agitação no relvado.
Isto faz parte da magia do futebol.
Foi o nosso 12.º jogo seguido do campeonato 2022/2023 sem derrotas - a melhor série em ano e meio. Há três meses que permanecemos invictos na Liga. Mas de nada nos serve, pois a duas jornadas do fim todos os adversários à nossa frente superaram os respectivos desafios. Mantém-se a distância de quatro pontos face ao Braga, que tem calendário mais favorável nas duas rondas que restam.
Se não formos à próxima Liga dos Campeões, como tudo indica, só temos de queixar-nos de nós próprios. Aquela medíocre primeira volta conduziu-nos a isto.
Pelo menos vencemos o Marítimo. Que nos tinha vencido (1-0) no Funchal. Como esses três pontos lá desperdiçados nos faziam falta agora...
Breve análise dos jogadores:
Adán - Nem uma defesa, mas dois cartões vistos em três minutos, no tempo extra. Por retardar a bola e por protestos. Fica fora do clássico de domingo.
Diomande - Atrasou duas vezes a bola ao guarda-redes, quase a partir da linha do meio-campo, e ouviu sonoras vaias no estádio. Afectou-o, visivelmente. Saiu aos 64'.
Coates - Esteve no pior e no melhor. Falha individual, oferecendo o golo ao Marítimo (10'). Mas como avançado protagonizou o 2-1 da reviravolta. Homem do jogo, melhor em campo.
Matheus Reis - Amorim teima em fazer dele central. Voltou a incluí-lo nos três da retaguarda, deixando Gonçalo Inácio no banco. Não resultou: o brasileiro é lateral. Saiu ao intervalo.
Bellerín - Tentou mostrar serviço, mas não se esforçou muito. Ele e Edwards funcionam como a água e o azeite: não combinam. Inoperante, já não regressou do intervalo.
Ugarte - Quando se fala muito dele para rumar a Inglaterra, mostrou neste jogo a maior das suas limitações: o remate. Atirou duas vezes a bola para a bancada (66' e 76') quando tentava o golo.
Pedro Gonçalves - Dele esperamos sempre um toque de magia. Andou perto disso no lance individual em que se envolveu na grande área e forçou o autogolo madeirense (85').
Arthur - Amorim insiste em jogar com alas de pés trocados. Eis um caso. O brasileiro tem bom toque de bola, mas centrar sem linhas de passe é um desperdício. Saiu ao intervalo.
Edwards - Vai acendendo e apagando. Apático em largos momentos, esteve a centímetros de marcar um golo espectacular (74'). No segundo golo, o passe de ruptura saiu dos pés dele.
Trincão - Voltou a pecar por clamorosa falta de intensidade: mal perde uma bola, desinteressa-se do lance. Fez três posições, sem render em nenhuma. Substituído aos 57'.
Paulinho - Cabeceou ao lado (14'), tentou o golo mas saiu passe ao guarda-redes (30'). Assistiu no segundo e brilhou ao oferecer-se como guarda-redes quando Adán foi expulso.
Gonçalo Inácio - Entrou aos 46', substituindo Matheus Reis. Deu mais consistência à defesa, mas não era necessário: o Marítimo quase não saía. Corte muito oportuno aos 61'.
Nuno Santos - Estava inquieto no banco: entrou aos 46', rendendo Arthur. Não fez muito melhor. Tentou o golo, mas atirou por cima (90'+2). Carregado em falta no lance que deu sururu (90'+6).
Morita - Substituiu Bellerín aos 46'. Bom a distribuir jogo, arriscou o amarelo que o poria fora do clássico. Acabou por não ter a utilidade já revelada noutros desafios.
Fatawu - Entrou aos 57', para render Trincão. Muito mais dinâmico, nos confrontos individuais, pôs a defesa madeirense em sentido. Também tentou o golo, mas rematou para a bancada (80').
Esgaio - Substituiu Diomande aos 64'. Foi ele a iniciar a jogada do lance que culminaria no segundo golo leonino - e os consequentes três pontos desta vitória tão suada.
Coates muito cumprimentado pelos colegas ao marcar golo da vitória, assistido por Paulinho
Foto: Tiago Petinga / Lusa
Gostei
De termos vencido o Marítimo. Foi uma vitória (2-1) tirada a ferros, na noite de ontem em Alvalade, mas até por isso mais saborosa. Que vinga a derrota (0-1) que sofremos no Funchal durante a primeira volta. E nos aproxima - pelo menos provisoriamente - do Braga, agora apenas com mais um ponto. Chegámos aos 70.
De Coates. O homem do jogo. Primeiro pela negativa, ao perder a bola em zona perigosa, logo aos 10', permitindo que a turma madeirense se adiantasse no marcador. Depois largamente pela positiva, ao jogar nos 20' novamente na posição de ponta-de-lança e ao apontar o golo que nos valeu três pontos (90'+3). O seu golo de estreia neste campeonato prestes a terminar. Preciosíssimo. Voto no capitão uruguaio como melhor em campo.
Da decisão do treinador ao intervalo. Muito descontente com a exibição da equipa, Rúben Amorim não hesitou em fazer três trocas simultâneas da primeira para a segunda parte. E resultou: a equipa jogou mais unida, com maior equilíbrio e revelando acrescida acutilância. Gonçalo Inácio (no lugar de Matheus Reis), Nuno Santos (rendendo Arthur) e Morita (substituto de Bellerín) deram boa conta do recado. Valeu a pena mexer na equipa.
Da nossa reacção. Chegámos aos 85' ainda a perder. Mas insistimos nos lances ofensivos, sempre visando a baliza adversária. Sem baixar os braços, reagindo à adversidade. Foi um período decisivo do desafio, em que os nossos jogadores demonstraram aos adeptos que não estavam ali só a cumprir calendário, mas mesmo determinados a vencer. Foram bem-sucedidos.
De mais um autogolo. Beneficiámos do sétimo nesta temporada: poucas equipas europeias podem gabar-se do mesmo. Fica o registo: Boateng (Rio Ave), Miguel Silva (Marítimo), Bah (Benfica), Gartenmann (Midtjylland), Salvador Agra (Boavista), Marafona (Paços de Ferreira) e agora o maritimista Matheus Costa. Todos marcaram em nosso benefício, na baliza errada.
De termos cumprido o 12.º jogo seguido sem perder. Vencemos Chaves, Estoril, Portimonense, Boavista, Santa Clara, Casa Pia, V. Guimarães, Famalicão, Paços de Ferreira e agora o Marítimo, empatámos com Gil Vicente e Arouca. Somos a equipa que está há mais tempo sem derrotas na Liga 2022/2023: desde o embate com o FCP em Alvalade, a 11 de Fevereiro. Temporada muito superior neste terço final em comparação com o terço inicial. Antes assim.
Do vídeo-árbitro. André Narciso contribuiu para repor a verdade desportiva aos 90'+3, contrariando a decisão do árbitro de validar um suposto segundo golo do Marítimo contra a indicação do seu assistente que assinalara falta atacante óbvia sobre Nuno Santos. Ainda bem que existe VAR.
De ver Paulinho como guarda-redes improvisado. Expulso Adán, por acumulação de amarelos, o ponta-de-lança foi para a baliza quando já passavam 10 minutos do tempo extra. Uma das muitas originalidades de um jogo cheio de momentos dignos dos "apanhados" que proporcionaram cenas circenses aos 27.130 espectadores no estádio. O nosso avançado cumpriu entre os postes, tendo sido muito aplaudido. Enquanto Coates jogava lá na frente, plantado na grande área do Marítimo. Papéis trocados. Acabou por resultar.
Do regresso da "estrelinha". Rúben Amorim bem pode sorrir: ela está de volta.
Não gostei
Da nossa incapacidade ofensiva. Mais de uma hora sem um remate enquadrado com a baliza. A primeira real oportunidade de golo surgiu só aos 66', quando Ugarte, em boa posição para o disparo, chutou para a bancada. Nem um remate perigoso até aos 84'. O guarda-redes do Marítimo não chegou a fazer uma defesa digna desse nome. Tudo muito poucochinho. Contra uma equipa que só uma vez venceu fora neste campeonato, no final de Outubro, e tem a pior defesa da Liga.
Da expulsão de Adán. No dia em que festejou 36 anos, o veterano guarda-redes (sem culpa no golo sofrido) recebeu uma péssima prenda: dois sucessivos cartões amarelos, aos 90'+4 e aos 90'+6. Acabou expulso. Não jogará no Sporting-Benfica, ficando o inexperiente Israel no seu lugar. Baixa de vulto.
Da lesão de Chermiti. O jovem leão, já com três golos apontados esta época, ficou excluído do onze devido a uma lumbalgia. Oxalá recupere a tempo de disputar o clássico.
De ver Félix Correia na equipa errada. Jogador da nossa formação, com inegável talento, quis sair do Sporting atraído pela Premier League. Mas na Juventus - clube a que agora está ligado, aos 22 anos - não contam com ele, daí marcar agora presença no campeonato português. Por empréstimo, nas fileiras do Marítimo. Mais lhe valia ter continuado de verde e branco.
Da displicência de Amorim. Já a pensar no desafio seguinte, o Sporting-Benfica do próximo domingo, o treinador deixou jogadores como Nuno Santos, Morita e Gonçalo Inácio fora do onze inicial. Quis queimar uma etapa, esquecendo-se que primeiro teríamos de superar este obstáculo. Corrigiu o erro ao intervalo. Com isso, oferecemos meia partida ao Marítimo.
Do árbitro Tiago Martins. Péssimo nas decisões técnicas e no critério disciplinar, fez vista grossa a uma falta cometida sobre Trincão perto da quina da grande área, ignorou um penálti sobre Edwards e validou um suposto segundo golo do Marítimo contra a opinião do seu árbitro auxiliar, numa decisão felizmente revertida pelo VAR. Exibiu doze cartões amarelos e um vermelho (por acumulação). É um escândalo vê-lo de apito na boca: não devia ter lugar no futebol português.
Dos assobios à equipa. Começaram a ouvir-se, bem sonoros, logo aos 36'. Visando sobretudo Diomande, sem contemplações contra o jovem central marfinense. Pura estupidez: em vez de apoiar a equipa, esta turba do assobio dá moral ao adversário. Além disso, a meio da segunda parte, da zona das claques começaram a escutar-se insultos ordinários ao presidente do Sporting, em claro desrespeito pelos estatutos do clube e pela vontade dos sócios expressa nas urnas. Mais valia incentivarem e aplaudirem o Marítimo, sem disfarce nem hipocrisia. Só faltaram as habituais tochas e os habituais potes de fumo para a "festa" anti-Sporting ser ainda mais animada.
Edwards foi o melhor em campo contra os minhotos em Alvalade: esteve nos dois golos
Foto: Miguel A. Lopes / Lusa
Quem pensava que seria apenas para cumprir calendário, enganou-se. Foi um bom jogo de futebol, muito emocionante sobretudo na segunda parte, com um Famalicão confirmando anteontem em Alvalade por que motivo se encontra num lugar confortável do campeonato (sétima posição) e chegou a semifinalista da Taça de Portugal.
Houve oportunidades para os dois lados. Mas com óbvia supremacia da equipa da casa. O Sporting voltou ao "ataque móvel", sem grande sucesso (duas unidades, Trincão e Pedro Gonçalves, não estiveram à altura da aposta do treinador), Nuno Santos no habitual vaivém junto à linha esquerda e Esgaio na nova missão que Rúben Amorim lhe vem indicando, de fazer movimentos como interior direito em complemento de Edwards. De uma tabelinha entre ambos nasceu o nosso primeiro golo, aos 18', por Morita. E foi o próprio Esgaio, aproveitando uma bola de ressaca, também após bom trabalho do inglês, a marcar o segundo. Que nos valeu três pontos - temos agora 64.
Houve festa no estádio, onde estiveram quase 30 mil espectadores. Prémio merecido a um dos mais esforçados elementos do plantel leonino, várias vezes criticado pelos adeptos - e com razão - mas que tem evoluído muito ao longo desta época. E que, ao contrário do que alguns temiam, não deixou a nossa ala direita desguarnecida com a partida de Porro, em Janeiro. Pelo contrário, tem demonstrado mais eficácia a partir daí.
Esta foi a parte melhor do jogo. A menos boa, uma vez mais, situou-se no nosso reduto defensivo. Com Diomande como protagonista pela negativa em dois momentos que puseram à prova os bons reflexos de Adán (um dos melhores em campo) e Coates muito infeliz num corte que devia ter sido para canto mas acabou por encaminhar a bola para dentro da baliza, traindo o guarda-redes. Há muito que o nosso capitão não marcava um autogolo. Pela minha parte, confesso: disto não tinha saudades.
Foi a única forma de o Famalicão não ficar em branco no nosso estádio. Em boa verdade, mereceu esse golo solitário. Por ser uma equipa bem organizada, bem orientada, tecnicamente bastante evoluída e que pratica um futebol acima da média para os padrões nacionais. Merece o sétimo lugar, merece ter chegado onde chegou na Taça. É, além disso, uma equipa que vem mantendo boas relações institucionais com o Sporting - algo que justifica uma palavra acrescida de saudação.
Resta-nos agora o quê?
Vencer os quatro jogos que faltam para concluir o campeonato. E aproveitar estes desafios, desde já, como etapa preliminar da época que irá seguir-se. Sem facilitar, sem cometer os erros de sempre. Sabendo progredir, sabendo evoluir.
A temporada 2023/2024 pode, de algum modo, começar ainda com esta a decorrer. Há toda a vantagem nisto. Nós, adeptos, não exigimos menos que isto.
Breve análise dos jogadores:
Adán - Sem deslizes digno de nota, fez duas boas intervenções impedindo golos do Famalicão.
Diomande - Noite azarada para o jovem marfinense. Dois lapsos, aos 30' e aos 52'. Saiu aos 56'.
Coates - Autogolo aos 69': só assim o Famalicão conseguiu marcar. Quis aliviar, mas foi mal-sucedido.
Gonçalo Inácio - Discreto. Começou como central à esquerda, aos 56' passou para a direita. Já está habituado.
Esgaio - Uma das figuras do jogo. Marcou o golo da vitória, aos 60' - o primeiro como profissional do Sporting. Saiu sob fortes aplausos aos 82'.
Ugarte - Útil como sempre, na vigilância do nosso meio-campo. Segundo golo começa com uma recuperação dele. Amarelado, saiu aos 73'.
Morita - O nosso melhor reforço em 2022/2023 voltou a dar nas vistas. Autor do primeiro golo, aos 18'. Já marcou mais do que Paulinho na Liga.
Nuno Santos - Dinâmico, veloz, cheio de energia. Mas neste seu 90.º jogo no campeonato português não cruzou com êxito.
Edwards - O melhor em campo. Está nos dois golos. Grande trabalho oferecendo de bandeja a Morita e é ele próprio a rematar no segundo com a bola a ressaltar para Esgaio.
Pedro Gonçalves - Muito apagado. Podia ter marcado aos 29' e aos 45', mas faltou-lhe poder de fogo. Substituído aos 56'.
Trincão - Amorim colocou-o como avançado-centro - falso ponta-de-lança. Não se sente à vontade ali, está demonstrado. Saiu aos 82'
Chermiti - Substituiu Pedro Gonçalves aos 56'. Não marcou, mas incomodou muito a defesa forasteira. Móvel, ele sim. Vai evoluindo a cada nova oportunidade que o técnico lhe dá.
Matheus Reis - Substituiu Diomande aos 56'. Com vantagem para a equipa: mais seguro e mais sólido.
Tanlongo - Entrou aos 73', rendendo Ugarte. Está convocado para o Mundial sub-20 pela Argentina, mas continua sem exibir grandes dotes de verde e branco.
Bellerín - Substituiu Esgaio aos 82'. Teve ainda tempo para um remate bem colocado à baliza dos minhotos.
Arthur - Em campo desde os 82', por troca com Trincão. Já em fase de contenção ofensiva da equipa. Não deu nas vistas.
Sendo ainda relativamente cedo para balanços da época, os três golos ontem sofridos contra o Casa Pia (4-3) mostram bem aquele que tem sido o grande problema da equipa esta época - uma defesa menos competente. É certo que Ruben Amorim optou por deixar no banco um titularíssimo (Gonçalo Inácio) e um habitual (St. Juste), mas isso não justifica por si só a facilidade (displicência, mesmo) com que o SCP encaixa 3 golos - sobretudo estando lá o mais titular dos centrais, Coates.
Com os 3 golos encaixados ontem, o SCP 2022-2023 tem em média quase um golo sofrido por jogo. E, a 7 jornadas do fim, tem mais 3 golos sofridos do que em toda a última época. Caso se mantenha esta média até final da temporada, estará praticamente ao nível de 2019-2020, uma das piores épocas da história do clube.
Na época do título, este quadro acima mostra bem, a defesa foi fundamental. Apenas 20 golos sofridos em 34 jogos (sem recorrer a calculadora, deve dar uma média de 0,58 golos por jogo). Uma única derrota em todo o campeonato. Na época passada, a defesa manteve a qualidade, mas as derrotas passaram a 3 (incluindo uma no Dragão, com uma expulsão absurda de Coates que nunca esqueceremos e que, feitas as contas, dá a vitória - e o título - ao FCP).
Com uma equipa rotinada, com processos consolidados e sem grandes alterações ao plantel, o que terá mudado das duas últimas épocas para esta, que nos leva a sofrer tantos golos? Na minha opinião, duas coisas.
Primeiro, a falta de Palhinha - um jogador único que funcionava como uma espécie de central à solta em todo o campo, ganhando bolas atrás de bolas (pelo ar, pelo chão...) e destruindo jogo adversário antes de chegar à nossa defesa. Será sempre, para mim, o jogador mais importante das duas últimas épocas. Ugarte é um bom recuperador de bolas - e um grande jogador - mas João Palhinha é um dos melhores jogadores do mundo nesse aspecto, combinando força física, inteligência e intensidade.
Segundo, Coates. Ele que foi decisivo nas duas últimas épocas - magistral na época do título, com sete golos marcados que terão rendido dezenas de pontos - está este ano em clara perda de rendimento. O que é normal num jogador de 32 anos. Os números demonstram-no - apenas 2 golos marcados - mas as grandes exibições também começam a escassear. Ontem terá sido dos piores jogos que já o vi fazer pelo SCP.
Estamos claramente numa fase de transição na defesa, em que Coates perde importância e Luís Neto, outro jogador importante no título de há duas épocas, se prepara para arrumar as chuteiras. As boas notícias são duas: Amorim está ciente disso e as contratações de Diomande e St. Juste prometem. Há muitos jovens defesas com potencial no plantel, outros a rodar (Quaresma, campeão nacional) e a equipa B está recheada de talentos que rapidamente darão o salto (Muniz parece-me o caso mais óbvio nesta fase).
Palhinha, repito, é insubstituível. Mas temos um jovem com características semelhantes que dentro de 2 anos acredito que estará ao seu nível - Dário Essugo. Caso Ugarte saia no final da época, deve ser aposta.
PS - Vi o 3o jogo do SLB esta época, contra o FCP(1-2). Havia visto outro jogo em que o SLB foi vulgarizado (contra o Braga, 0-3) e contra o SCP (2-2). Pertenço portanto a um grupo de pessoas restrito que não viu o SLB ganhar uma única vez esta época e assistiu a uma equipa vulgaríssima. Admito que só saiba da "missa" metade. Mas também admito que haja a habitual "missa" de adversários "acólitos" dóceis, árbitros simpáticos e jornais a fazer "coro" das maravilhas do treinador e de um jogador que vieram roubar ao SCP e marca os (muitos) penáltis ganhos. Posso estar a ser injusto, mas tendo visto os 3 jogos que vi, espanta-me que o SLB esteja em 1o.
Por curiosidade, aqui fica a soma das classificações atribuídas à actuação dos nossos jogadores no Sporting-Midtjylland, para a Liga Europa, pelos três diários desportivos:
Coates: 17
Ugarte: 16
Gonçalo Inácio: 15
Edwards: 15
Pedro Gonçalves: 14
Nuno Santos: 13
Bellerín: 12
Arthur: 12
Esgaio: 12
Paulinho: 12
St. Juste: 12
Tanlongo: 11
Matheus Reis: 11
Chermiti: 10
Trincão: 10
Adán: 9
O Jogo e o Record elegeram Coates como melhor em campo. A Bola optou porEdwards.
Coates festeja no último lance: golo caído do céu salva naufrágio em Alvalade
Foto: Lusa
Gostei muito de dois jogadores do Sporting - ambos uruguaios, ambos dignos de envergar o símbolo do Leão ao peito. Sebastián Coates e Manuel Ugarte. O primeiro pelo exemplo de tenacidade que dá aos colegas, tanto à frente como atrás - com cortes providenciais perante ataques promissores do adversário, como aconteceu aos 7', 20' e 87' (este valeu-lhe um amarelo) e sobretudo pelo modo como superou o cansaço e foi de novo capaz de se transfigurar nos minutos finais, recriando-se como ponta-de-lança. O segundo pela eficácia e capacidade de resistência que revela como médio mais recuado, trabalhando por dois, quase sempre sem apoios nem dobras, vital na recuperação de bola - assim foi aos 27', 36' e 62'. Fizeram ambos tudo para conseguirmos a vitória no desafio de ontem, frente ao Midtjylland. Sem eles, nem ao empate (1-1) teríamos chegado numa partida que soava a derrota até aos 94'.
Gostei do golo alcançado na nossa única verdadeira oportunidade nesta partida da Liga Europa. Golo com um toque miraculoso, no último momento do desafio, com uma recarga de Coates como ponta-de-lança improvisado num lance que o fez entrar na baliza junto com a bola após centro de Edwards que carambolou em Gonçalo Inácio dentro da área e um primeiro remate que foi devolvido ao nosso capitão agora em estreia como artilheiro na época em curso. Já vai tarde, mas soube muito bem este golo do empate que pareceu caído do céu aos 90'+4, segundos antes do apito final, e mantém a eliminatória em aberto. Após uma repescagem para a Liga Europa em que nos qualificámos, vindos da Liga dos Campeões, graças a um golo no último minuto marcado pelo Tottenham em Marselha. Entre tanta mediocridade, parece que pelo menos a estrelinha de Rúben Amorim voltou a acender-se.
Gostei pouco da nossa confrangedora incapacidade para superar o vice-campeão dinamarquês, que só cumpriu agora, em Alvalade, o primeiro jogo oficial após um longo interregno: não competia desde 13 de Novembro devido ao Mundial e à paragem de Inverno no futebol do seu país. O Midtjylland, que em Agosto havia sido goleado duas vezes pelo Benfica nas pré-eliminatórias de acesso à Liga dos Campeões, impôs o seu jogo em largos momentos desta partida e abriu mesmo o marcador, por Ashour, aos 77', após monumental fífia de Adán. Foi a primeira vez que a turma dinamarquesa - em sétimo no campeonato do seu país - conseguiu pontuar em cinco jogos europeus disputados em Portugal. E este foi o quinto jogo seguido do Sporting sem vencer em desafios europeus. Dado factual preocupante, entre tantos outros.
Não gostei do onze escalado por Rúben Amorim para este jogo europeu do Sporting. Sinal errado transmitido à equipa, uma vez mais, com dois jogadores que têm demonstrado uma vez e outra a sua inutilidade, por motivos diferentes. Ricardo Esgaio, o ala direito que não cria desequilíbrios nem cruza com perigo, e Paulinho, o avançado-centro que passa jogos consecutivos sem rondar o golo. Chermiti estranhamente no banco após três partidas com bons números: dois golos e uma assistência. St. Juste, desta vez titular num constante entra-e-sai que não confere a menor estabilidade ao reduto defensivo. Matheus Reis sempre fora de posição (actua como central quando é lateral de raiz). Pedro Gonçalves, o jogador leonino com mais golo, novamente empurrado para longe da baliza. Ugarte quase sempre só no meio-campo. Equívocos em catadupa presenciados ao vivo por uma das mais fracas molduras da temporada: apenas 23 mil em Alvalade. Os primeiros assobios aconteceram ao intervalo. Nos minutos finais, sobretudo após o golo dinamarquês, já não eram só assobios: choviam insultos das bancadas. Quase um filme de terror. Que felizmente não atemorizou o nosso capitão.
Não gostei nada de Adán: está sem condições para garantir tranquilidade e segurança à baliza leonina. Precisa de concorrente: nunca o teve, foi-se desleixando. "Despediu" Luís Maximiano, levando a SAD a contratar Franco Israel. Mas o jovem uruguaio, de apenas 22 anos, nunca conseguiu uma verdadeira oportunidade para mostrar o que vale: passa o tempo no banco. Se não tem qualidade, para que o foram buscar? A verdade é que o espanhol enterrou a equipa na derrota sofrida no Dragão (0-3) no início do campeonato, no duplo desaire contra o Marselha na Liga dos Campeões (1-4 lá, 0-2 em Alvalade) e na recente final da Taça da Liga perdida frente ao FC Porto (0-2). Ontem, numa péssima reposição, ofereceu de bandeja a bola a Ashour, que não perdeu a oportunidade. É excessivo, é de mais. Custará assim tanto ao treinador perceber que este já não é o guarda-redes campeão? Custará assim tanto ao treinador perceber que Paulinho (substituído por Chermiti só aos 79') é um fracasso como avançado-centro? Custará assim tanto ao treinador perceber que Trincão (substituiu Arthur aos 65') é uma inutilidade em campo? Custará assim tanto ao treinador perceber que os mesmos processos conduzem fatalmente aos mesmos tristes resultados quando qualquer equipa de vão de escada já está farta de saber como o Sporting se movimenta em campo e quais são os nossos pontos fracos mais notórios?
Nuno Santos, em grande forma, celebra o segundo golo leonino da noite de anteontem
Foto: Miguel A. Lopes / Lusa
Acabou por saber a pouco. Com 3-0 ao intervalo, e o triunfo a começar a ser construído logo aos 3', num golo de cabeça de Porro correspondendo a primoroso passe de Nuno Santos, adivinhava-se goleada em Alvalade. Acabou por não acontecer. No segundo tempo tirámos o pé do acelerador e passámos a gerir o resultado contra ao Paços de Ferreira, "lanterna vermelha" do campeonato, que apenas tem 2 pontos em 14 jogos.
É verdade que o primeiro tempo decorreu a um ritmo vertiginoso, com o Sporting a acelerar pelas alas: os dois extremos deram nas vistas. Pareciam concorrer ao título de melhor em campo, competição acentuada quando Nuno Santos marcou o segundo, de frente para a baliza, empurrando-a por gentileza de Edwards. Estávamos no minuto 22: os 31 mil adeptos presentes no nosso estádio tinham motivos para se sentirem satisfeitos.
Em ambos os golos Pedro Gonçalves - que fez duo com Dário na linha do meio-campo, competindo-lhe a ligação imediata à linha ofensiva - marcou presença. No primeiro, foi ele a servir Nuno Santos, em pré-assistência. No segundo, conduziu o veloz contra-ataque colectivo.
Faltou ao transmontano brilhar naquilo em que foi exímio na sua primeira época de verde-e-branco: metê-la lá dentro. Teve duas oportunidades para isso: aos 48', após centro milimétrico de Nuno Santos, fez a bola rasar o poste; e aos 72', quando o excesso de ansiedade o levou a rematar por cima. Não podemos pedir-lhe que construa jogo e converta, tudo em simultâneo. Ao jogar mais recuado, por imperativo táctico, a veia goleadora vai esmorecendo.
Quem parece renascido como goleador é Paulinho. Neste encontro com o Paços encerrou a contagem, aos 45', desta vez com assistência de Porro, num cabeceamento cheio de pontaria. Foi o seu sétimo golo em seis partidas consecutivas, contando com a Taça da Liga. Este é o Paulinho dos melhores tempos em Braga. Mereceu brinde e ovação dos adeptos ao ser substituído, aos 79'. Cinco minutos antes, o lateral esquerdo Antunes, da equipa forasteira, teve o mesmo tratamento das bancadas: os adeptos não esquecem que ele foi um dos obreiros do nosso título de campeão em 2020/2021.
O nosso sector mais recuado esteve irrepreensível (Adán fez a primeira defesa aos 41'), o meio-campo interior não se ressentiu da inédita parceria Dário-Pedro Gonçalves e ao trio mais ofensivo só faltou maior produção de golos: Trincão e Edwards desta vez ficaram em branco, com o inglês a centímetros de marcar aos 8' e aos 38'.
Rúben Amorim está a cumprir o que prometeu: aposta mesmo nos jovens. Além de Dário, desta vez titular, mandou saltar do banco Rodrigo, Mateus Fernandes (aos 79') e Sotiris (em campo desde os 85'). O jovem médio, de apenas 17 anos, assumiu o papel mais ingrato na desgastante missão de substituir Ugarte, ausente por castigo. Já muito fatigado, acabou por entrar de sola num lance dividido junto à linha do meio-campo, o que lhe valeu um vermelho directo. Saiu em lágrimas, confortado com os aplausos do público. É assim que se cresce. É assim que se ganha experiência.
Mateus Fernandes, em menos de um quarto de hora, voltou a demonstrar que merece a confiança do técnico com pormenores de classe. Como quando isolou Rodrigo na grande área, aos 89'. Não custa vaticinar que vai ser craque na equipa principal.
Assim nos despedimos, em ambiente alegre e até festivo, de um ano agridoce para o futebol leonino. Com Coates a ser distinguido pelo presidente Frederico Varandas com um brinde especial, após o fim do jogo, pela tricentésima partida já feita de Leão ao peito. O mais veterano da equipa, um verdadeiro capitão, um verdadeiro campeão.
Breve análise dos jogadores:
Adán - Foi pouco mais que um espectador durante grande parte do encontro. Mas, quando chamado a intervir, revelou bons reflexos. Renovou contrato: é um bastião desta equipa.
Gonçalo Inácio - O mais discreto dos nossos defesas, pautou a sua exibição pela segurança e pela eficácia. Sem falhas nem deslizes. Canhoto à direita: não tem concorrentes ali.
Coates - Inspira tranquilidade e segurança como comandante da defesa e patrão da equipa. Acalma os colegas quando estão mais ansiosos, pauta o ritmo de jogo na construção.
Matheus Reis - Combina cada vez melhor com Nuno Santos na ala esquerda. Impõe o físico nas bolas divididas. Grande passe para Edwards (8'). Tentou o golo de meia-distância (49').
Porro - Autêntico dínamo do onze titular leonino. Marcou o primeiro, à ponta-de-lança, de cabeça, o que lhe deu ainda mais confiança para uma grande exibição. Assistiu no terceiro.
Dário - Desta vez substituiu como titular o ausente Ugarte. E cumpriu a missão, no essencial, como médio defensivo. Viu o vermelho directo aos 82' por falta desnecessária.
Pedro Gonçalves - Sacrifica a veia goleadora pela construção de lances ofensivos em prol do colectivo. Missão de sacrifício bem executada: dois dos golos começaram nos pés dele.
Nuno Santos - Está em grande forma: isso nota-se cada vez que busca a bola e a endossa aos colegas lá na frente. Foi assim logo aos 3'. E também marca: o segundo foi dele.
Edwards - Parece às vezes algo apático e até fora das jogadas, mas é uma questão de estilo. Porque poucos tratam bem a bola como ele neste onze. Assistiu no segundo, aos 22'.
Trincão - Rende mais como interior esquerdo, onde evidencia todos os seus dotes técnicos. Bom trabalho aos 31' e 36'. Podia ter feito melhor aos 60', quando atirou ao lado.
Paulinho - Estará, em definitivo, recuperado como goleador? Se não é, parece. Desperdiçou aos 31, mas aos 45' meteu-a lá dentro. E podia ter bisado, aos 58', num remate à queima.
Jovane - Primeiro suplente utilizado, em estreia na Liga 2022/2023, rendeu Edwards aos 71'. Ainda distante da boa forma que chegámos a ver-lhe noutras épocas. Falta-lhe confiança.
Arthur - Substituiu Nuno Santos aos 71' já em fase de alguma contenção da nossa parte. Desta vez não protagonizou nenhum daqueles vistosos lances a que nos tem habituado.
Mateus Fernandes - Entrou muito bem, substituindo Pedro Gonçalves aos 79'. Tem bom toque de bola, visão estratégica, gosta de disputar a bola. Está no rumo certo.
Rodrigo - Rendeu Paulinho aos 79'. Cheirou o golo aos 89', quando atirou ao lado. Agora que renovou contrato será certamente utilizado bastante mais vezes.
Sotiris - Último a entrar: substituiu Trincão aos 85'. Continua a não saber utilizar da melhor maneira a força física. Podia ter visto novo cartão amarelo em lance dividido.
O que escrevemos aqui, durante a temporada, sobre COATES:
- Pedro Guilherme Figueiredo: «Ontem percebemos (já suspeitávamos) que a defesa se desmorona sem Coates.» (16 de Setembro)
- José Cruz: «É sabido que entrámos na Liga dos Campeões com o pé errado mas é importante realçar que a equipa tem melhorado e ontem Coates (2), Sarabia e Paulinho selaram a maior goleada fora, na UCL, da História do Sporting Clube de Portugal.» (20 de Outubro)
- Luís Lisboa: «Se calhar foi o melhor jogo de sempre de Coates com a camisola do Sporting, pelo comando brilhante da linha defensiva, pelos dois golos marcados, e um penálti provocado e pela excepcional capacidade de liderança em campo demonstrada.» (20 de Outubro)
- António F: «Canta Rui Veloso que Coates anda a "voar como o Jardel sobre os centrais", depois pergunta: "será que os nikes fazem voar" e termina dizendo "eu juro ganhar o jogo sem espinhas".» (23 de Outubro)
- Pedro Oliveira: «Paulinho e Coates, os "jovens" turcos, depois de em Istambul terem ataturkado a defesa dos persas, voltaram a fazer estragos em Alvalade, mais uma assistência, mais um golo, mais um triunfo, parece fácil.» (1 de Novembro)
- JPT: «Infatigável e sábio durante todo o jogo, numa actuação espantosa.» (25 de Novembro)
- Pedro Boucherie Mendes: «Temos muito poucos jogadores no plantel com longevidade. Só Coates (desde 2015), Jovane (2017) e Neto (desde 2019) sobram dos tempos duros de Keizer e Silas (Matheus Nunes também, de certa forma).» (18 de Janeiro)
- Eu: «Dois desarmes preciosos no minuto 31' transmitiram confiança a toda a equipa. Também foi ele o mais lúcido e eficaz no início da nossa construção ofensiva, não hesitando em progredir no terreno com a bola controlada e a distribuir jogo numa sucessão de passes longos. Se alguém mereceu esta vitória foi o nosso grande capitão.» (26 de Abril)
Contra um Boavista tranquilo e motivado pelas ambições individuais dos seus jogadores, trocando o habitual autocarro por uma tentativa de jogar a todo o campo, o Sporting mostrou-se uma equipa focada e competente.
Sabendo sempre recuperar a bola em zonas intermédias, circulando a bola para convidar o adversário a alargar-se no terreno, conseguia encontrar espaço para os avançados móveis terem bola de frente para a defesa contrária com os alas bem abertos a darem opção de passe e a complicaram a tarefa adversária.
Só mesmo a falta de inspiração no último passe ou no remate impediram o avolumar no marcador. Pedro Gonçalves e Edwards abusaram no desperdício, Sarabia desesperou pelo passe em condições que não teve.
Algures a meio da segunda parte, com o 0-1 teimosamente a manter-se, o Boavista a ganhar confiança e Matheus Nunes em dificuldades, Amorim jogou pelo seguro, entrou Ugarte para segurar o meio-campo e logo aconteceu o "chouriço" do Edwards que sentenciou o encontro.
A partir daí era só saber por quantos. Veio o terceiro num penálti claro sobre Tabata, Palhinha acerta na trave, Inácio tem um golo anulado por fora de jogo.
Assim, na sempre complicada visita ao Bessa e depois da pior semana do ano, quando alguns já agouravam o pior, vencemos tranquilamente.
Arbitragem muito boa do Mota, de nível europeu, como tinham sido as anteriores dos jogos que justamente perdemos, como foram as do empate e da derrota dos dois rivais, a deixar jogar e a encolher os ombros às palhaçadas. O que realmente dá que pensar... Mas se eles realmente até sabem, porque é que só depois dos batoteiros terem o título resolvido fazem assim e antes fizeram o contrário???
Enfim.
Melhor em campo? El patrón Coates, com alguns cortes de alta qualidade.
Do regresso às vitórias. Soube muito bem sair do Bessa com três pontos e um triunfo confortável, sem discussão, por 3-0. Após duas derrotas consecutivas para competições diferentes sem termos marcado um só golo.
Que o nosso golo inaugural surgisse no primeiro remate. Estava já a tardar, mas concretizou-se enfim. Foi aos 37', por Matheus Nunes, num pontapé rasteiro sem muita força mas bem colocado, com vistosa assistência de calcanhar de Pedro Gonçalves. Até ao intervalo, tivemos outra oportunidade de golo, num disparo em arco de Sarabia, aos 40', só travado pelo veterano guardião Bracali (41 anos) naquela que foi a defesa da noite.
De Coates. Para mim, o melhor em campo. Durante os primeiros 35', conteve todas as tentativas de ataque do Boavista. Dois desarmes preciosos no minuto 31' transmitiram confiança a toda a equipa. Também foi ele o mais lúcido e eficaz no início da nossa construção ofensiva, não hesitando em progredir no terreno com a bola controlada e a distribuir jogo numa sucessão de passes longos. Se alguém mereceu esta vitória foi o nosso grande capitão.
De Nuno Santos. Recuperou a titularidade e cumpriu a missão como dono do corredor esquerdo, indiferente aos assobios que lhe dirigiam os adeptos boavisteiros. Ganhou várias bolas divididas e soube cruzar com critério, sempre muito combativo. Saiu aos 68', já fisicamente desgastado, mas com a certeza de ter merecido nota positiva.
De Tabata. Tem jogado pouco, merece jogar mais. Entrou aos 68', rendendo Pedro Gonçalves, e logo mostrou como se marca um canto: aos 79', colocou a bola na cabeça de Palhinha, que atirou à trave. Depois mostrou como se marca um penálti, conquistado por ele próprio ao ser derrubado em zona proibida. Chamado a convertê-lo, aos 83', enfiou-a no fundo das redes como mandam as regras. E ainda teve talento para comandar um belo lance ofensivo, aos 90', que só não resultou em golo por fora-de-jogo de Gonçalo Inácio.
De Ugarte e Daniel Bragança. Saltaram ambos do banco, como suplentes utilizados. O primeiro aos 57', substituindo um fatigado Matheus Nunes, o segundo só aos 77', rendendo Sarabia. Estiveram bem.
Do autogolo de um defesa axadrezado. Abascal, por infelicidade, marcou na própria baliza, traindo Bracali, num desvio daquilo que parecia um centro falhado de Edwards. Aconteceu aos 58' e assinalou um momento de viragem da nossa equipa, que até aí esteve bastante desinspirada e depois ganhou vivacidade e alegria, com domínio total do jogo.
De não termos sofrido golos. Voltamos a encabeçar - a par com o FC Porto - a lista das equipas menos batidas desta Liga 2021/2022.
De somarmos agora 76 pontos. Nesta jornada conquistámos três ao FCP (derrotado em Braga) e dois ao Benfica (que empatou com o Famalicão na Luz). Nas três rondas que faltam, podemos atingir um total de 85 pontos - a mesma pontuação da Liga anterior. Se assim for, será uma marca inédita: nunca antes tivemos dois campeonatos seguidos tão bem pontuados.
De vermos outro objectivo da época quase concretizado. Falta-nos apenas um ponto, nestas três rondas finais, para garantirmos o acesso directo à Liga dos Campeões. E aos largos milhões de euros que esta qualificação nos proporciona.
Não gostei
Da ausência de Matheus Reis. Um dos nossos melhores jogadores desta temporada nem chegou a integrar a convocatória para o Bessa. Juntando-se assim a Porro, ausente por ter visto cartão vermelho na ronda anterior, e a Paulinho, que ficou fora por acumulação de amarelos.
De Pedro Gonçalves. Assistiu Matheus Nunes no nosso primeiro golo, é certo. Mas nada mais fez de relevante. Deixou-se desarmar aos 18' e aos 19', atirou para fora aos 21', falhou a recarga à queima-roupa aos 24', fez um passe para ninguém aos 36', entregou-a com displicência aos 55', permitiu a intervenção do guarda-redes aos 66'. Outro jogo em que ficou em branco.
De Vinagre. Voltou a calçar, mas continua sem demonstrar qualidade para integrar o plantel leonino. Em campo desde o minuto 68', cruzou no lance em que Tabata viria a ser derrubado na grande área. Mas ficou-se por ali. Tem uma estranha tendência para se pôr a bambolear junto à linha lateral, lá no fundo do campo, confundindo futebol com bailado, em vez de jogar simples.
Das tochas. Uma vez mais, houve "festival de pirotecnia" organizado por elementos de algumas claques do Sporting. Visando, nomeadamente, o guarda-redes do Boavista. Conduta antidesportiva com a agravante de ser reiterada e continuar a custar pesadas multas ao nosso clube. Quem se comporta assim nem parece ser adepto leonino.
Ugarte e Coates convocados para a selecção do Uruguai, que ainda alimenta a esperança de se qualificar para o Campeonato do Mundo. Felizmente nenhum deles «contraiu covid», ao contrário do azarado Pepe, dispensado de disputar o jogo de hoje contra a Turquia e uma segunda partida na próxima terça-feira, contra uma selecção ainda a definir, o que o salvaguarda de eventuais lesões ao serviço da equipa das quinas.
Uma autêntica vergonha o que se passou no Dragão, um Sporting que se preocupou em jogar futebol, marcou dois golos e foi superior ao Porto em 11 contra 11, um Porto que misturou futebol com cenas canalhas, jogadores e banco, sempre a tentar cavar faltas e amarelos, e um árbitro comprometido que teve uma actuação incompetente e cobarde e que inclinou o campo a favor da equipa da casa.
Tudo começou no amarelo mal mostrado a Matheus Reis apenas pela berraria do banco do Porto ali ao lado, continuou pelo amarelo a Coates num lance em que o Taremi se atira para cima dele, como se atirou para cima de Feddal no segundo golo.
Ao intervalo o Sporting estava justamente a ganhar por 2-1 (duas grandes jogadas do lado do Sporting, um grande pontapé do lado do Porto) mas adivinhava-se o que aconteceu logo a seguir. Num lance duvidoso em que o avançado do Porto desiste da jogada e deixa-se cair, o árbitro mostra o segundo amarelo e expulsa Coates. Completamente cobarde a actuação de João Pinheiro, que pelos vistos andou a pedir desculpa ao intervalo pelo primeiro amarelo (lance em que o VAR não pode intervir) e expulsa Coates por segundo amarelo (em que o VAR também não pode intervir).
Em 11 contra 10, enfim, o Porto foi superior ao Sporting, empurrando a nossa equipa para trás e criando confusões sucessivas junto à nossa área. Dum grande centro do melhor jogador do Porto nasceu o segundo golo do Porto (já anularam um golo a Coates por muito menos do que fez o Taremi), no pressing final foi preciso um grande Sporting e um grande Adán para manter o empate.
Depois foi a canalhice final. Escumalha credenciada pelo Porto dentro do campo a tentar e mesmo a agredir jogadores do Sporting. Com um árbitro completamente perdido, um alheamento completo das forças policiais, e jogadores do Porto como Otávio, Pepe e Marchesin completamente descontrolados.
O nosso presidente Frederico Varandas fez muitíssimo bem em dizer o que disse, e só pecou por defeito. Parece que depois disso, de acordo com a CMTV, foi emboscado por Vítor Baía e Rui Cerqueira, viu o telemóvel a voar das mãos e teve de sair escoltado do Dragão.
Não sei que onze vamos poder fazer alinhar no próximo jogo da Liga, mas sei que Porto e árbitro fizeram de tudo e não conseguiram derrotar-nos. Seguimos com 6 pontos a menos, mas seguimos bem mais fortes.
Grande jogo de todos mas muito em particular de Adán e Ugarte.
Ontem tivemos direito em Alvalade a uma das piores exibições do Sporting desta época, contra uma equipa com a qual decididamente não nos damos bem, e o resultado tem que se considerar lisonjeiro para o pouco que conseguimos produzir. Nem uma boa jogada com princípio, meio e fim durante os 93 minutos.
O Famalicão vinha com a lição bem estudada, 3-4-3 como o Sporting, pressing intenso a meio-campo abafando os nossos médios, sempre a procurar o duelo físico porque sabia que tínhamos jogadores condicionados pelos amarelos, e com isso, mesmo correndo riscos atrás, destruiu completamente a construção de jogo do Sporting.
O Famalicão entrou no jogo em rotação máxima, pressionando, mas por querer fazer as coisas depressa falhou na saída a jogar, apanhou-se a perder, mas isso só os fez ainda cerrar os dentes e ir para cima do Sporting.
O Sporting insistia a sair em jogar atraindo a pressão mas depois a pressão do adversário do meio-campo conduzia a perdas de bola e passes falhados. O trio atacante do Sporting em vez de recuar à vez para ajudar na construção esperava que a bola lá chegasse, e nunca chegou em condições: lançamentos longos mal feitos de Coates e Inácio, um Matheus Nunes sem conseguir largar a bola no momento certo, foras de jogo constantes, etc. E a primeira parte acabou com um grande susto, um penálti marcado pelo árbitro (já lá vamos) e uma enorme defesa de Adán.
Na segunda parte o Sporting continuou a jogar mal mas pelo menos a controlar melhor o jogo. Adán a colocar a bola directamente nos médios e em Paulinho, Pedro Gonçalves e Sarabia a virem buscar jogo atrás. Quando as coisas pareciam no bom caminho logo veio o amarelo de Porro (já lá vou também), menos um jogador para o Dragão, a troca de Palhinha por Ugarte para evitar outra coisa assim, Esgaio falha um golo feito, mas Matheus Reis compensa com um golaço que ele já bem merecia.
Com o 2-0 Amorim "mata vários coelhos com a mesma cajadada", saem Porro (nervoso e gasto) e Sarabia (perigo dos amarelos) para entrarem Nuno Santos (devolvendo Esgaio ao seu lugar, e ficando com jogadores frescos nas duas alas) e Slimani (para lhe dar minutos, defender à frente e libertar o Paulinho para a construção). Embora o Famalicão tenha tido algumas iniciativas individuais interessantes, o jogo ficou muito mais facilitado.
Resumindo, um Sporting cansado pela sucessão de jogos e campanha vitoriosa na Taça da Liga, condicionado pelos amarelos, um Famalicão que se jogasse sempre assim (e aqui é melhor não dizer mais nada) concorria com o Braga pelo 4.º lugar da Liga em vez de estar a lutar pela fuga à despromoção, um resultado melhor do que a exibição. Agora é descansar corpo e cabeça e entrar com tudo no Dragão.
Melhores em campo: Adán (enorme exibição que incluiu a defesa do penálti), Coates (o patrão está de volta) e Matheus Reis (golaço e cada vez melhor).
Sobre a arbitragem. Supunha eu que com a introdução do VAR se pretendia corrigir erros grosseiros da equipa de arbitragem na avaliação dos lances e decidir questões de facto como a dos foras de jogo. O que não se pretendia é que existisse um árbitro-sombra escondido algures numa sala que condiciona e reverte as decisões do árbitro em lances discutíveis.
Este jogo tem quatro lances importantes: duas quedas de Paulinho na área, uma de um jogador do Famalicão também na área e a doutro jogador do Famalicão já fora do campo e junto à linha lateral. Os quatro lances prestam-se a várias interpretações e o árbitro em campo fez a sua: apitou penálti na primeira, deixou passar na segunda e na terceira, marcou falta e cartão amarelo na quarta. Como apitador de bancada eu faria bem diferente. O penálti mais óbvio para mim foi aquele que não foi marcado, cada um de nós se calhar também e diria outra coisa qualquer.
Tudo bem até aqui.
O que não está nada bem é que, repetindo a cena do jogo com o Braga, o VAR tenha desrespeitado o protocolo e desvirtuado a verdade desportiva ao condicionar o colega para marcar uma coisa que não viu e que não é claro e óbvio para ninguém que tivesse acontecido: que o jogador do Famalicão tenha caído por acção de Porro.
Sou completamente a favor da introdução do VAR, dou os parabéns a Fernando Gomes e ao nosso ex-presidente Bruno de Carvalho que permitiram num caso ou lutaram noutro para que a ferramenta existisse, mas o "sistema" corporativista e altamente manipulado de arbitragem que temos - e que abrange árbitros no activo, APAF, ex-árbitros "especialistas de arbitragem", ex-árbitros dirigentes da arbitragem, muitos deles envolvidos no "Apito Dourado" e no "Padres&Missas" - logo tratou de a subverter para proveito próprio e de quem os controla.
No jogo contra o Braga, Hugo Miguel, bem à minha frente, passou vários minutos a convencer-se a si mesmo que o cozinhado que lhe estavam a mostrar era motivo para penálti. Ontem o apitador resolveu a coisa mais cedo, pois tinha mais com que se preocupar. Isto é uma fantochada a gosto dos Duarte Gomes desta vida: contra o Braga o VAR foi decisivo na perda dos três pontos, ontem ia acontecendo exactamente o mesmo.
Recordam-se do jogo em Famalicão na época passada e das declarações de Frederico Varandas que deram 60 dias de suspensão? Disse ele: "O VAR teve influência num momento capital. Este lance final do golo ao Coates, com um dos rivais, Benfica ou FC Porto, nunca seria anulado. O que me preocupa é a natureza e a forma como é visto o VAR, curiosamente nos jogos em que perdemos pontos."
Quantos penáltis tiveram Porto e Benfica nos seus estádios assinalados pelo VAR esta época? Alguém pode dizer-me?
Cheira-me que um destes dias o presidente vai ter de voltar ao tema, quer queira quer não.
Foi uma equipa ainda convalescente do desastre dos Açores a que entrou em Vizela. A vontade de voltar ao modelo de jogo que conduziu às vitórias estava lá, o atrevimento ofensivo com Nuno Santos e Daniel Bragança em vez de Feddal e Matheus Nunes também, mas a pressão do adversário intranquilizou, Coates não estava nos seus dias e estivemos perto de sofrer um golo depois duma perda de bola no meio-campo. Valeu-nos o Santo Adán.
Depois a equipa reagiu bem. Inácio e Matheus Reis garantiam uma boa saída de bola, o lado direito com Esgaio e Sarabia começou a carburar, na primeira oportunidade Pedro Gonçalves marcou um grande golo e partir daí só deu Sporting. Ao intervalo a ganhar por 2-0, o Sporting entrou na 2.ª parte para não dar hipóteses ao adversário, estivemos sempre muito mais perto do 3-0 do que o Vizela de marcar algum golo até a dupla do meio-campo dar o berro. Depois quase voltámos ao registo inicial e o Vizela até poderia ter marcado.
Ficou assim com final feliz um jogo que só não foi mais tranquilo pelo dia menos positivo do "El Patrón" (não sei se distraído pelo fazer de malas para ir ao Uruguai com o "afilhado") e pelo desperdício de golos do tridente ofensivo, o tal PSP que cada vez articula melhor mas concretiza bem menos do que poderia.
Daniel Bragança esteve excelente como "playmaker" e é de facto uma alternativa válida ao "box to box" Matheus Nunes para algum tipo de jogos. A bola passa a correr mais do que o jogador, os alas agradecem. O problema é a recuperação de bola e a luta a meio-campo, Palhinha fica a ter de aguentar sozinho o barco. Mais um amarelo, mesmo que tenha sido muito injusto. Mas independentemente das características dum ou doutro, a questão é que são quatro médios para dois lugares e convém ter todos nas melhores condições. Todos têm que jogar aqui ou ali.
Concluída esta jornada, estamos em segundo lugar a 3 pontos dum Porto que lá vai ganhando conforme pode e sabe (desta vez foi um sul-africano que fez os possíveis para ir tomar banho mais cedo) e com 6 pontos de vantagem dum Benfica à deriva. Andamos a jogar contra tudo e contra todos, defrontamos equipas que mais parecem filiais dos rivais, arbitragens que nos castigam com cartões e nos limitam a possibilidade de discutir o jogo, mas mesmo assim a verdade é que tudo depende de nós, melhor equipa nacional não existe.
PS: Claro que Nuno Santos esteve mal ontem, como esteve em Alvalade, mas comparar o rapaz a alguns artistas de circo do Porto... por amor da Santa. Ou da tal Bruxa, funcionária.
«Sebastián Coates é um jogador que defende e ataca com o mesmo objectivo da equipa e melhor do que todos os outros consegue traduzir em golos o que treina durante a semana. Mais do que um líder e capitão, é um verdadeiro salvador da pátria.»
Por curiosidade, aqui fica a soma das classificações atribuídas à actuação dos nossos jogadores no Paços de Ferreira-Sporting pelos três diários desportivos:
Coates: 18
Esgaio: 18
Nuno Santos: 17
Gonçalo Inácio: 17
Matheus Reis: 17
Matheus Nunes: 16
Pedro Gonçalves: 16
Tabata: 15
Adán: 15
Palhinha: 15
Paulinho: 14
Daniel Bragança: 13
Sarabia: 13
Jovane: 2
A Bola e o Record elegeram Nuno Santos como melhor jogador em campo. O Jogo optou por Gonçalo Inácio.