Jogar sem claudicar
Hoje é dia de jogarmos futebol, jogarmos como equipa.
Desta vez não está lá o Pereira para nos prejudicar .
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Hoje é dia de jogarmos futebol, jogarmos como equipa.
Desta vez não está lá o Pereira para nos prejudicar .
Não gostei
Da péssima estreia de João Pereira como técnico principal na Liga. Correu tudo mal neste desafio em casa com o Santa Clara (0-1): o onze convocado, a dinâmica dos jogadores no terreno, a deficiente leitura do jogo, algumas substituições insólitas e a ausência de uma voz de comando junto ao banco. Nem o técnico principal, com olhar vago e errante, nem nenhum dos seus adjuntos transmitiam instruções para dentro do campo, rectificando as movimentações erradas, a ausência de linhas de passe, a manifesta incapacidade de acelerar o jogo, a pavorosa inconsistência defensiva. Nada a ver com os nossos onze desafios anteriores deste campeonato, designadamente o épico triunfo em Braga. Foi só a 10 de Novembro, mas parece ter sido há muito mais tempo.
Do golo sofrido. Em evidente inferioridade numérica, aos 32' o Santa Clara ganhou a bola no meio-campo e já não a largou até a ver no fundo das redes. Morten, irreconhecível, limitou-se a marcar com os olhos, vendo-a passar, conduzida por Matheus Pereira: logo se instalou o pânico na nossa defesa, com Debast e Diomande atropelando-se enquanto Matheus Reis se juntava à molhada abandonando a posição e rasgando uma avenida para a turma forasteira, com Vinicius a apontar o golo que lhes valeu três pontos. Erros primários, dignos de equipa amadora.
De Vladan. Entrou como titular, substituindo o engripado Israel, mas continuou a demonstrar falta de categoria para integrar o plantel leonino. Numa monumental fífia logo aos 7', entregando de bandeja a bola a Vinicius dentro da área, deu o primeiro sinal do nervosismo extremo, da desconcentração e da ansiedade que se apoderou da equipa. No golo, a principal culpa não foi dele, mas estava mal posicionado e ficou estático, vendo-a passar sem esboçar reacção.
De Edwards. Erro lapidar do técnico, ao incluí-lo no onze pelo segundo jogo consecutivo após a sua péssima actuação na goleada que havíamos sofrido cinco dias antes contra o Arsenal. João Pereira convenceu-se que pode fazer dele outro Pedro Gonçalves. Está profundamente equivocado: o inglês não demonstra cultura táctica nem energia anímica para substituir o melhor jogador português do plantel leonino, ausente por lesão. Extremamente inseguro, incapaz de construir um lance ofensivo consistente, até na recepção da bola parecia um aprendiz. Substituído ao intervalo após 45 minutos a mais em campo.
De Quenda. Outro jogador irreconhecível. O técnico atribuiu-lhe a missão de comandar as operações no nosso corredor direito, mas o benjamim da equipa foi incapaz de um único rasgo individual. Chegava a meio e passava para o lado, não penetrava nas linhas, não arriscava duelos, não cruzava, não gerou o menor incómodo ao Santa Clara. Parecia ausente. Já não veio do intervalo, sem surpresa para ninguém.
De Maxi Araújo. O uruguaio tarda a impor-se no Sporting. Desta vez jogou toda a segunda parte, substituindo Quenda mas como ala esquerdo, sem no entanto fazer melhor. Falhou passes, entregou mal, nem conseguiu marcar cantos de modo competente. Parecia que a bola lhe queimava os pés.
De chegar ao fim só com uma situação de golo. Desperdiçada aos 69' por Gyökeres após centro certeiro de Harder. E nem um remate enquadrado digno desse nome. Parecia mais o Sporting B - que João Pereira anteriormente treinou - do que o Sporting A.
Dos cantos e livres ineficazes. Marcámos muitos, sem levar perigo às redes adversárias. Com um momento patético: aos 64', um livre na meia-direita terminou numa absurda perda de bola, que nem chegou a entrar na área. Sinal inequívoco do desnorte colectivo. Com 41.681 espectadores incrédulos a assistir no estádio.
Da posse estéril. Chegámos ao fim com 74% da chamada "posse de bola" - não há estatística mais enganadora. Grande parte desse tempo foi preenchido por inócuos passes para o lado e para trás, em ritmo de caracol cansado.
Do árbitro. Cláudio Pereira enganou-se a dobrar, poupando o Santa Clara a dois penáltis. Primeiro por derrube a Geny, aos 16': Vinicius desinteressou-se da bola, só quis atingir o nosso ala. Depois, aos 45'+2, quando Safira se atira para o chão e ali usa o braço para desviar a bola rematada por Gyökeres. Erros imputáveis sobretudo a Helder Carvalho, o VAR de turno: nem se deu ao incómodo de alertar o árbitro.
Que tivéssemos perdido pela primeira vez em Alvalade com o Santa Clara. Aconteceu só agora, após nove confrontos com a turma açoriana disputados no nosso estádio. Desde 2020 que não perdíamos dois jogos seguidos em casa.
Dos recordes absolutos que ficaram por atingir. Desperdiçámos a oportunidade de conseguir o melhor início da história do clube no campeonato nacional de futebol e uma série inédita de 33 jogos sem perder também na Liga.
Gostei
De terminar esta jornada ainda no comando da Liga. Resta ver por quanto tempo.
De Geny. Muito castigado pelo jogo faltoso da turma açoriana, pareceu sempre o mais inconformado dos nossos. Melhor na ala direita: dali fez um grande centro que Gyökeres desperdiçou.
De Harder. Consolida-se a sensação de que merece ser titular neste Sporting agora tão oscilante. Voluntarioso, com vontade de sacudir o marasmo, falhou nos remates directos na área superpovoada, mas protagonizou dois cruzamentos muito bem medidos (69' e 79'), infelizmente desperdiçados.
Com esta difícil (muito mais do que o resultado possa parecer) vitória em casa de ontem contra aquela equipa que nos tinha derrotado em Guimarães, onde contou com a ajuda do tal Pinheiro, o Sporting pôs uma mão no caneco de campeão nacional.
Para pôr a outra, mesmo perdendo no Dragão, só tem de ganhar os dois jogos que terá em casa contra equipas em luta pela despromoção. Ou ganhar um deles e ir ganhar ao Estoril. Isso supondo que o Benfica ganha em Faro, ganha ao Braga em casa e ganha todos os jogos até final. Enfim, estamos quase mas... falta o quase.
A 1.ª parte foi um exercício de cansar o adversário, aborrecido para quem via no estádio ou pela TV. A bola rodava por fora da estrutura defensiva adversária dum lado ao outro do campo, eles corriam para a direita, fechavam; corriam para a esquerda, fechavam; voltavam a correr para a direita, fechavam, etc...
Bragança e Hjulmand eram os engodos plantados nessa estrutura defensiva que obrigava os adversários a pensar antes de correr para os lados.
Neste encaixe do 3-4-3 do Sporting com o 5-3-2 do V. Guimarães o talento dos jogadores do Sporting levou a melhor. De três oportunidades marcou dois golos e a sincronização defensiva impediu um possível golo por penálti do adversário. Entretanto Hjulmand fazia um trabalho de sapa incrível, quase sozinho a defender à frente da linha de cinco.
Na 2.ª parte ou o Sporting marcava o terceiro e resolvia o encontro ou sujeitava-se a dissabores. O V. Guimarães ameaçava voltar ao jogo e complicar as coisas. E dum lance de génio de Pedro Gonçalves, que já tinha marcado o primeiro e assistido para o segundo, logo marcou o terceiro.
O jogo acabou aí, a vitória estava assegurada, o adversário estava esgotado. O resto foram sendo oportunidades desperdiçadas para aumentar a conta.
Melhor em campo? Pedro Gonçalves, mas Hjulmand e Catamo deram mais uma demonstração da evolução incrível de qualidade que tiveram ao longo da época. De resto todos muito bem, excepto o Israel, com mais um falhanço embaraçoso a sair dos postes naquele lance que podia ter dado penálti.
Arbitragem? Cláudio Pereira impecável, na calha para ser o melhor árbitro português, e muito eu o insultei nos primeiros jogos que o vi dirigir o Sporting. Que continue assim e não aceite o que os mais velhos aceitaram.
E agora? Ir ganhar ao Dragão, com Pinto da Costa a dormitar na cadeira e o Koelher a vender tudo a pataco aos amigos. Os empresários já fazem bicha no Citius para receber o deles enquanto existe.
PS: Comentários da sardinhada pirata esperta seguem directamente para o balde do lixo.
SL
Gostei
Da vingança em Alvalade. Recebemos o V. Guimarães, que nos tinha vencido (injustamente) no desafio da primeira volta do campeonato. Triunfo concludente da nossa equipa, por 3-0: repetimos a dose da época anterior. Excelente exibição num óptimo relvado com incessante apoio das bancadas, com a segunda maior enchente da época até agora (46.101 lugares preenchidos) e onde os adeptos nunca se cansaram de incentivar a equipa. Vimos um Sporting consistente, cheio de maturidade, muito superior à turma minhota. E com grau máximo de eficácia: ao intervalo, com apenas três remates enquadrados, tínhamos já dois golos à nossa conta.
De Gyökeres. O craque sueco regressou aos golos, pondo fim a mais de um mês de jejum. E logo a bisar. Foi dele o segundo, no último lance da primeira parte (45'+3), culminando belíssimo ataque posicional que justifica destaque autónomo nesta rubrica. E também o terceiro, aos 49', com espectacular assistência de Trincão. Tem 24 golos marcados neste campeonato. É um dos grandes obreiros desta fabulosa corrida para o título.
De Pedro Gonçalves. Destaco-o como melhor em campo. Fácil explicar porquê: marcou um golo (foi dele o primeiro, aos 30', num remate cruzado sem hipóteses para Bruno Varela), assistiu Gyökeres no segundo com um passe rasteiro a romper a defesa e esteve também no terceiro, picando a bola com categoria em pré-assistência para Trincão. Sem dúvida o melhor jogador português do plantel leonino. Já soma 11 golos na Liga.
De Daniel Bragança. Após a meia hora inicial, em que a bola mal circulou no nosso corredor central, tornou-se um dos mais influentes elementos desta recepção ao Vitória minhoto. Interveio nos nossos três golos, demonstrando todas as suas qualidades como médio ofensivo. No primeiro, com uma preciosa recepção orientada dentro da grande área após desmarcação oportuníssima, fazendo a bola sobrar para Pedro Gonçalves. No segundo, com uma tabelinha digna de aplauso com Pedro Gonçalves. No terceiro, é ele quem serve o n.º 8 antes da pré-assistência para Trincão. É já um dos pilares da equipa.
Do golaço ao cair o pano da primeira parte. Exemplo soberbo de futebol colectivo: 23 passes, de pé para pé, com trocas de bola muito rápidas, sempre ao primeiro toque, durante 48 segundos cheios de classe. Deu gosto ver no estádio. Dará muito gosto rever nas imagens filmadas, uma vez e outra.
Do árbitro. Boa actuação de Cláudio Pereira, aplicando o chamado critério largo, sem interromper continuamente o jogo para atender a faltas e faltinhas.
Das faixas de apoio em Alvalade. Numa lia-se «Fica, Amorim». Noutra - da Juventude Leonina - era possível ler-se: «Eu quero ser campeão outra vez». Esta irá cumprir-se. Resta ver se o mesmo acontecerá com a primeira.
Da regularidade leonina. Não perdemos na Liga desde 9 de Dezembro - precisamente a data da derrota no estádio D. Afonso Henriques. De então para cá, 16 vitórias e um empate. Uma série espantosa, digna de prolongado aplauso. No total, até agora, em 30 desafios vencemos 26. Um dos nossos melhores registos de todos os tempos.
De já termos marcado 131 golos em 2023/2024. Destes, 86 foram na Liga. Há precisamente meio século, desde a época 1973/1974, que não fazíamos tantos golos num campeonato. Temos agora mais 22 do que o Benfica e mais 32 do que o FC Porto. Diferença impressionante. Melhor ainda: há 77 anos (desde os Cinco Violinos) que não marcávamos tantos golos numa temporada.
Dos 80 pontos já conquistados. Ainda podemos obter 92 - marca absolutamente inédita no futebol português. Vamos agora com mais 18 do que os portistas e mais dez, à condição, do que os encarnados. A quatro jornadas do fim. Faltam-nos duas vitórias nestas quatro rondas para levantarmos o caneco mais cobiçado do futebol português.
De ver o Sporting sempre a fazer golos. Cumprimos o 17.º desafio consecutivo sem perder na Liga 2023/2024, com oito triunfos seguidos.
Da nossa 25.ª vitória consecutiva em casa na Liga. Alvalade é talismã para a equipa desde a época passada. Fizemos o pleno no campeonato em curso, até agora com folha limpa. E registamos 15 triunfos nos 15 desafios disputados como anfitriões na Liga 2023/2024. Nunca tinha acontecido nada semelhante desde que o nosso actual estádio foi inaugurado, em 2003.
Não gostei
De termos demorado desta vez meia hora para marcar. Já não estávamos habituados a tanta espera.
Da fraca réplica do V. Guimarães. O treinador Álvaro Pacheco montou a equipa num hiperdefensivo sistema 5-4-1 que permitiu trancar as vias de acesso à sua baliza durante 30 minutos. Mas quando a muralha ruiu o treinador foi incapaz de um golpe de asa que lhe permitisse contrariar a óbvia superioridade do Sporting. Nem parecia a mesma equipa que venceu o FCP fora (1-2) e empatou com o Benfica em casa (2-2). Também nada ajudou o facto de ter mantido fora do onze, até ao minuto 59, o seu melhor jogador, Jota Silva. Não me importaria nada de o ver de Leão ao peito na próxima época.
Da ausência de Diomande, a cumprir castigo. Mas St. Juste deu conta do recado, com actuação irrepreensível como central à direita, atento às dobras a Geny, que actuou quase sempre como extremo. Comprovando assim que este Sporting tem várias soluções no banco.
Do descuido de Israel. Manteve as redes intactas neste seu oitavo jogo a titular no campeonato. Mas saiu muito mal da baliza aos 32', abalroando Afonso Freitas em lance que poderia ter valido um penálti à equipa visitantes. Felizmente o ala vitoriano estava fora-de-jogo, forçando a anulação de toda a jogada.
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De mais uma vitória: o Sporting soma e segue. Ontem derrotámos o Farense em Alvalade. Por 3-2 (com 2-1 ao intervalo), num jogo em que dispusemos de muito mais oportunidades do que a equipa adversária mas manteve o resultado em aberto quase até ao fim, num grande espectáculo de futebol. Resultado que repete o da primeira volta, no Algarve, desta vez com dois belos golos da turma forasteira - pelo argelino Belloumi (32') e pelo caboverdiano Zé Luís (50'). Mas insuficientes para os de Faro pontuarem no nosso estádio. Convém não esquecer que esta foi a mesma equipa que impôs um empate a zero ao Benfica na Luz e perdeu à tangente com o FCP no Dragão numa partida em que os portistas só fizeram o 2-1 ao minuto 100.
De Daniel Bragança. Grande jogo do esquerdino, que aos 24 anos se estreou como capitão da equipa em Alvalade devido à ausência simultânea de Coates (começou no banco e só entrou aos 69') e de Adán (lesionado). Com os avós na bancada, o médio formado em Alcochete fez jus à braçadeira impondo a sua qualidade de passe e a sua visão de jogo. A vitória leonina começou por ele, logo aos 11': grande disparo com o pé direito, com tanta força que fez a bola bater duas vezes na trave antes de entrar. Interveio também no início da jogada do terceiro golo. Mostrou-se infatigável: à beira do fim ainda corria para recuperar bolas. Melhor em campo.
De Gyökeres. É impressionante, vê-lo jogar. Mesmo já sem a frescura que lhe vimos noutras fases, acusando o desgaste de actuar agora de três em três dias, continua a exibir toda a qualidade do seu futebol, em contínua vertigem ofensiva. Num destes lances, marcou, encaminhando-a da melhor maneira para o fundo das redes: foi aos 18', na primeira oportunidade de que dispôs, alargando então a vantagem para 2-0. E serviu os colegas, como aconteceu aos 87', após um estonteante slalom dentro da área algarvia: era para Daniel, a quem só faltou encostar. Tem já 18 golos marcados na Liga e 32 no total das competições.
De Pedro Gonçalves. Desta vez jogou menos tempo do que é habitual: Rúben Amorim trocou-o aos 55' por Trincão, já a pensar na eliminatória da Liga Europa com a Atalanta, que vai decorrer depois de amanhã em Alvalade. Mas esteve tempo suficiente para assistir o sueco no nosso segundo golo, num ângulo muito apertado na ponta esquerda, e marcar ele próprio o terceiro, aos 53', após centro de Esgaio. Missão cumprida. Isola-se como segundo artilheiro do Sporting na temporada em curso.
Do regresso de St. Juste. Após longa ausência (mais uma), o holandês voltou para integrar um inédito trio defensivo do Sporting, com ele à direita, Diomande ao meio e Matheus Reis à esquerda - rendendo Eduardo Quaresma, Coates e o lesionado Gonçalo Inácio no onze. Cumpriu no essencial, faltando-lhe alguns automatismos, como seria de esperar. Mas saiu dos pés dele uma grande abertura que iniciou o nosso golo inaugural. Podia ter feito melhor na cobertura do lance do segundo golo algarvio, mas vê-lo outra vez operacional já é boa notícia. E aos 24' esteve quase a marcar, de cabeça, na sequência de um canto: a bola foi ao ferro.
Da hora do jogo. Começou às seis da tarde, com as bancadas muito compostas (mais de 39 mil espectadores), cheias de crianças acompanhadas dos pais e avós, neste domingo. O ideal para congregar famílias, seja Inverno ou seja Verão, em estádios de futebol. Seria bom que este horário se repetisse.
Da homenagem inicial a Alexandre Baptista. Justa lembrança de um dos nossos melhores centrais de sempre, ontem falecido aos 83 anos. Foi um dos heróis da feliz campanha leonina de 1963/1964 que culminou com a conquista da Taça dos Vencedores das Taças e um dos "Magriços" que subiu ao pódio, com a camisola das quinas, no Mundial de 1966.
De Cláudio Pereira. Boa actuação deste jovem árbitro, que não complicou nem atrapalhou nem quis ser o centro do espectáculo. São atributos que deviam ser muito mais frequentes na arbitragem portuguesa, mas isso não acontece. Daí merecer este sublinhado pela positiva.
De continuarmos invictos em casa. Nem uma derrota nesta Liga em que confirmamos o nosso estatuto de equipa mais regular. Já levamos 40 golos marcados em Alvalade. E dez jogos consecutivos sem perder neste campeonato (nove vitórias, um empate).
De ver o Sporting marcar há 32 jornadas consecutivas. Sempre a fazer golos, consecutivamente, desde o campeonato anterior. Sem eles não há vitórias. E sem vitórias não se conquistam títulos e troféus.
De retomarmos a liderança isolada da Liga 2023/2024. Agora com 59 pontos, beneficiando da humilhante goleada (5-0) do Benfica no Dragão. Um mais do que os encarnados, mais sete do que os azuis-e-brancos e mais dez do que o Braga. Tendo - pormenor que convém não ser esquecido - ainda um jogo por disputar. Se o vencermos, ampliamos a vantagem sobre o SLB de um para quatro. Cenário desejável e bem possível.
Não gostei
De ter sofrido dois golos. Sem culpas para Israel, que ontem substituiu Adán entre os postes por impedimento físico do guardião espanhol. Já são cinco, em duas jornadas, se os somarmos aos três que o Rio Ave nos marcou na ronda anterior, em Vila do Conde. Confirma-se: a nossa defesa, nesta Liga, está num patamar inferior ao nosso ataque.
Do início da segunda parte. Viemos sem dinâmica do intervalo, um pouco anestesiados pela magra vantagem obtida nos 45' iniciais. Cinco minutos depois, o Farense empatava: era um justo castigo para a desconcentração leonina. Felizmente não tardámos a pôr-nos de novo à frente do marcador.
De ver antigos jogadores do Sporting na equipa adversária. É vulgar acontecer, mas desta vez foram três: Elves Baldé, Cristian Ponde e Rafael Barbosa. Todos formados em Alcochete, onde actuaram em vários escalões menos na equipa principal - excepto Ponde, que ainda chegou a estrear-se, com Marco Silva, numa partida da Taça da Liga. Ausente esteve também outro ex-Sporting: Mattheus Oliveira. Este não passou pela formação e saiu sem ter deixado saudades de qualquer espécie. Foi ele a marcar os dois golos que sofremos no desafio da primeira volta.
De Edwards. Nada lhe saiu bem. Voltou a ser titular, beneficiando da recente lesão de Francisco Trincão, entretanto regressado. Mas continua sem justificar a aposta de Amorim: o melhor que fez ontem foi um remate frouxo, à figura, aos 35'. De resto foi abusando das fintas, foi-se comportando como dono da "redondinha" até ser desarmado, foi-se atirando para o chão. O treinador, farto de tanta inoperância, deu-lhe ordem de saída aos 78' (fazendo entrar Paulinho) após duas perdas sucessivas de bola do inglês nos minutos precedentes.
Dos assobios dos adeptos à beira do fim. Uma vez mais, quando a equipa mais precisava de apoio e procurava segurar a bola para garantir os três pontos, uma caterva de imbecis instalados nas bancadas desatou a brindá-la com sonoras vaias, iniciadas ainda antes do fim do tempo regulamentar e prolongadas pelos cinco minutos de período extra. Nunca me cansarei de protestar contra tanta demonstração de estupidez.
Gostei
Da goleada de ontem em Alvalade. Recebemos o Estoril, que estava em nono no campeonato. Mas não lhe demos a menor hipótese, mesmo tratando-se da mesma equipa que, com toda a justiça, venceu o FC Porto no Dragão em Novembro e no mês seguinte eliminou os portistas da Taça da Liga, sem margem para discussão. Mostrando ser de uma fibra muito diferente, o Sporting cilindrou ontem a turma estorilista, vencendo por 5-1. Foi, até agora, o resultado mais volumoso neste campeonato da nossa equipa, que respira e transmite confiança.
Da superioridade leonina. Entrada de leão do onze comandado por Rúben Amorim: começámos logo de pé no acelerador e mostrámos desde o primeiro lance ter enorme vontade de vencer para manter pressão máxima sobre os emblemas rivais - e resultou, pois logo a seguir o FC Porto voltou a tropeçar, desta vez empatando no Bessa. Tudo está resumido neste excelente título do SAPO Desporto: «Sporting passeia classe, goleia Estoril e segue firme no topo». Domínio absoluto à 16.ª jornada.
De Gyökeres. Novamente o homem do jogo, novamente o melhor em campo. Começam a estar gastos os adjectivos que definem cada actuação do avançado sueco, sem discussão a grande figura desta Liga 2023/2024. Desta vez não marcou nenhum dos nossos cinco golos, mas assistiu em quatro - num deles com as mãos, em lançamento da linha lateral (o terceiro, para Nuno Santos, aos 51'). Extraordinária exibição, extraordinário desempenho: é a pedra angular deste Sporting que vai caminhando, jornada a jornada, para se sagrar campeão nacional de futebol. Segue com 18 golos e oito assistências: é um craque.
De Edwards. Marcou o primeiro (e também o segundo) golo do futebol português neste ano civil recém-inaugurado. Estava lá, no momento certo e no local certo. Para encaminhar a bola na direcção correcta. Em ambas, assistido por Gyökeres (21' e 45'+2, no último lance da primeira parte). Alguns dirão que bastava empurrar, mas quantas vezes outros falharam golos cantados como estes? Esteve muito perto do terceiro em duas ocasiões: num remate cruzado a rasar o poste direito (33') e num embate ao ferro (75'). Justíssimo destaque.
De Gonçalo Inácio. Patrão da nossa defesa, impondo-se naturalmente como líder alternativo na ausência do capitão Coates, ainda lesionado. Logo aos 2' transmitiu aos adeptos o sinal do que iria passar-se ao cabecear em mergulho dentro da área estorilista em lance que poderia ter gerado golo. Preciosos cortes aos 3', 9'', 18', 38' e 45'+1. Impondo o físico e sobretudo a técnica, aliados à precisão exacta do momento da intervenção. Esperemos que permaneça em Alvalade após o mercado de Inverno: é um elemento fundamental no nosso onze nuclear.
De Eduardo Quaresma. Integrou um inédito trio de centrais titulares - com Matheus Reis à esquerda e Gonçalo ao meio. Passou com distinção no teste, confirmando que não necessitamos de reforçar a ala direita defensiva: ele próprio é o reforço. Limpou muito bem a área após canto que podia gerar perigo aos 25'. Cortes oportuníssimos aos 54' e aos 57'. Também se distinguiu no passe longo: excelente abertura para Nuno Santos, no flanco oposto, aos 34'.
De Pedro Gonçalves. Grande jogo sem bola, arrastando defesas e baralhando marcações no seu constante vaivém entre linhas. Primeiro à frente e a partir dos 52', com a saída de Daniel Bragança, em missão mais recuada, complementando a acção de Morten como médio mais ofensivo. Foi já nesta posição que protagonizou fantástica arrancada no corredor central e disparou de meia distância, traindo o guarda-redes Carné: a bola roçou no poste esquerdo da baliza e encaminhou-se para as malhas estorilistas. Foi o nosso quarto golo, aos 69'. E o quinto dele nesta Liga 2023/2024.
Do regresso de Trincão aos golos. Parecia estar novamente em maré de azar quando fez a bola embater no ferro aos 75'. Mas marcou mesmo, três minutos depois (com assistência de Gyökeres) num soberbo remate cruzado, indefensável. Protagonizou dois outros lances de inegável classe, aos 77' e aos 90'+1. Temos o goleador de volta.
Do árbitro Cláudio Pereira. Se todos actuassem como ele ontem, a qualidade do futebol português seria claramente superior.
De ver o Sporting marcar em todos os jogos da Liga. Não apenas nesta: levamos 60 jogos seguidos sempre a facturar. Extraordinário registo, bem revelador da vocação ofensiva verde-e-branca. Por isso levamos já mais 14 golos marcados do que o FC Porto, que também disputou 16 partidas.
Da nossa folha limpa como equipa visitada. Nono jogo em Alvalade para o campeonato, nona vitória da temporada, desta vez com 37.400 espectadores nas bancadas. Não é fruto do acaso: somos ainda mais fortes em nossa casa.
De somarmos 40 pontos em 16 rondas. Apenas oito pontos perdidos - nas deslocações a Braga, Guimarães e Luz. A nossa segunda melhor classificação do século nesta fase da competição. Excelente augúrio para o que vai seguir-se.
Não gostei
De ver várias baixas na equipa. Sem Diomande e Morita (ausentes durante algumas semanas nas respectivas selecções) nem Coates (ainda com queixas físicas). Isto já sem falar no eterno lesionado St. Juste, novamente a passar à margem de uma época desportiva.
De Nuno Santos. Sobra-lhe em "atitude" (algo que por vezes parece o que não é) o que lhe falta em discernimento pontual. Aconteceu ontem, em duas ocasiões, ao provocar cantos de forma totalmente desnecessária, aos 24' e aos 43', quando nem estava pressionado por adversários. É verdade que após um remate seu a bola encaminhou-se para as redes estorilistas, mas apenas graças ao desvio no infortunado defesa Pedro Álvaro, aos 51', em autogolo. Exibição insuficiente em noite de gala leonina.
Do golo solitário que sofremos. Cassiano, livre de marcação, concretizou em recarga após embate na barra. Único lapso da nossa defesa em todo o encontro. Aconteceu aos 82', repondo alguma justiça no marcador: o Estoril mereceu este golo.
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