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És a nossa Fé!

Quente & frio

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Morita e Morten brilharam no meio-campo, vulgarizando o Benfica no clássico da Taça em Alvalade

Foto: Rodrigo Antunes / Lusa

 

Gostei muito da nossa vitória ontem, em Alvalade, frente ao Benfica, cumprindo a primeira mão da meia-final da Taça verdadeira. Num desmentido vivo e cabal daquela treta - propalada por alguns adeptos que são leões sem juba - de que o Sporting claudica nestes clássicos. O que se viu ontem foi o contrário disto: o Benfica a tremer durante uma hora, em que sofreu dois golos e podia ter sofrido outros tantos, incapaz de construir um lance colectivo digno desse nome, sem posse de bola, remetido ao reduto defensivo, impotente na reacção à contínua pressão atacante da nossa equipa. Basta referir que o primeiro remate deles à nossa baliza aconteceu só aos 59' quando João Mário - sempre muito assobiado cada vez que tocava na bola - atirou à figura, para defesa fácil de Israel.

 

Gostei deste triunfo por 2-1 que nos dá vantagem para o desafio da segunda mão, a disputar na Luz daqui a mais de um mês - caprichos do calendário futebolístico que está sobrecarregado de jogos nesta fase e devia ser revisto em futuras temporadas. Pusemo-nos em vantagem logo aos 9', com um surpreendente golo de Pedro Gonçalves de cabeça, quase sem tirar os pés do chão, batendo o guarda--redes ucraniano do SLB, que tem quase 2 metros de altura. Mérito inegável do melhor jogador português do Sporting, ontem excelente como segundo avançado: já fez 14 golos esta época, sendo agora o segundo artilheiro da equipa. Assim chegámos ao intervalo. O segundo golo, aos 54', foi de antologia - com Gyökeres muito bem lançado de trivela por Geny junto à linha direita, a correr com ela dominada durante 35 metros e a fuzilar Trubin. Destaco ainda a fantástica dupla Morita-Morten (com o dinamarquês a assistir no primeiro golo), que controlou as operações no meio-campo durante 65 minutos, até a fadiga se instalar. Mas sublinho acima de tudo a presença imperial de Coates no comando da defesa neste seu jogo 355 de Leão ao peito: elejo-o como melhor em campo. Cortes impecáveis aos 22', 38', 45'+2, 51' e 90'+5. Com ele ao leme, nem parecia que estávamos desfalcados de um titular naquele sector: Gonçalo Inácio, lesionado, esteve ausente do onze. Tal como Trincão, pelo mesmo motivo. 

 

Gostei pouco que algumas oportunidades de golo tivessem ficado por consumar. O campeão dos perdulários voltou a ser Edwards, que atravessa fase menos boa. Frente à baliza e com as redes à sua mercê, demorou a rematar, permitindo intercepção, aos 45'. Também muito bem colocado, aos 64', falhou o disparo: a bola saiu-lhe enrolada, perdendo-se assim a hipótese de dilatar o marcador.

 

Não gostei que o golo de Nuno Santos - obra-prima que prometia dar a volta ao mundo - tivesse sido anulado por deslocação de Paulinho. Aconteceu aos 90'+3: ainda festejámos por alguns momentos o suposto 3-1 após monumental chapéu de mais de 20 metros a desenhar um arco perfeito sobre a cabeça de Trubin com a bola a anichar-se no ninho da águia. Mas ficou sem efeito, o que deve ter causado noite de insónia ao nosso brioso ala esquerdo, que substituiu Geny aos 86' enquanto Paulinho rendera Pedro Gonçalves no minuto anterior.

 

Não gostei nada da exibição de Esgaio: entrou aos 76', rendendo um Edwards que se perdeu em fintas e fintinhas esquecendo-se de que o futebol é um desporto colectivo. Mas o substituto do inglês não esteve melhor, longe disso: voltou a revelar-se o elemento tecnicamente mais débil do plantel leonino. Aos 80', muito bem enquadrado com a baliza, em posição de disparo e sem marcação, ficou sem saber o que fazer com a bola: sentiu uma espécie de temor cénico e acabou por confundir futebol com râguebi, atirando-a muito por cima da baliza. Pior: voltou a fazer o mesmo aos 88'. Incapaz de tirar um jogador da frente, entregou-a em zona perigosa, aos 90'+1, ficando pregado ao chão e dando origem a uma rápida ofensiva dos encarnados. Tanta asneira junta em tão pouco tempo. Pior só aqueles inenarráveis "olés" que a partir da hora de jogo, num estádio com lotação quase esgotada (45.393 espectadores), começaram a escutar-se nas bancadas: bazófia burra que só contribuiu para desconcentrar os nossos e mobilizar a equipa adversária. Esta gente tarda em perceber que "olés" servem para a tourada, nada têm a ver com futebol. 

2023 em balanço (7)

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DERROTA DO ANO: 1-2 CONTRA O BENFICA NA LUZ

Aconteceu a 12 de Novembro. Esteve para ser noite de festa, terminou em noite de pesadelo. Na casa do nosso mais velho rival, cheia para apreciar um dos clássicos do ano. Partida com desfecho absolutamente decepcionante para nós.

Ao intervalo, vencíamos 1-0. Congelando as bancadas do estádio da Luz, onde já ferviam palavras de impaciência e até indignação contra o treinador Roger Schmidt. Autor do golo, o suspeito do costume: Viktor Gyökeres, imparável, fuzilou a baliza encarnada ao conseguir libertar-se do espartilho duplo de Otamendi e António Silva. Foi no final da primeira parte, o que nos abria felizes expectativas.

Também Edwards esteve em grande. «Primoroso passe para golo aos 33', isolando Pedro Gonçalves após neutralizar a defesa encarnada. E excelente passe vertical que lançou o internacional sueco para o primeiro golo da partida, aos 45», escrevi aqui nos apontamentos sobre o jogo, pouco depois do apito final.

Aos 52', ficámos reduzidos a dez. Por segundo amarelo exibido pelo árbitro Soares Dias a Gonçalo Inácio. O que forçou a saída de Edwards. Mas aguentámo-nos. Até ao descalabro do tempo extra, em que sofremos dois golos de rajada, aos 90'+4 e aos 90'+6.

Confesso não me lembrar de algo assim. No termo do tempo regulamentar, tínhamos mais 6 pontos virtuais do que o Benfica, reforçando a nossa liderança isolada do campeonato. Quando a partida terminou, estávamos em igualdade pontual - mas abaixo deles no critério do desempate. O SLB virou o resultado quando nas bancadas já esvoaçavam centenas de lenços brancos, acenando à despedida prematura do técnico alemão. 

Houve outros momentos maus em 2023, mas este foi o que mais me doeu. Ao ponto de ter desabafado deste modo na crónica do jogo: «Soçobrámos mesmo ao cair do pano. Foi traumático - ao nível daquele monumental falhanço de Bryan Ruiz a dois metros da baliza também frente ao Benfica, em Alvalade, que nos custou o campeonato de 2016.»

Não terei sido o único a pensar assim.

 

 

Derrota do ano em 2012: final da Taça de Portugal (20 de Maio)

Derrota do ano em 2013: 0-1 em casa contra o Paços de Ferreira (5 de Janeiro)

Derrota do ano em 2014: 3-4 contra o Schalke 04 em Gelsenkirchen (21 de Outubro)

Derrota do ano em 2015: 1-3 contra o CSKA em Moscovo (26 de Agosto)

Derrota do ano em 2016: 0-1 contra o Benfica em casa (5 de Março)

Derrota do ano em 2017: 1-3 contra o Belenenses em casa (7 de Maio)

Derrota do ano em 2018: final da Taça de Portugal (20 de Maio)

           Derrota do ano em 2019: Supertaça (4 de Agosto)

Derrota do ano em 2020: 1-4 contra o Lask Linz em casa (1 de Outubro)

Derrota do ano em 2021: 1-5 contra o Ajax em casa (15 de Setembro)

Derrota do ano em 2022: 1-4 contra o Marselha em França (4 de Outubro)

Sem receio algum

«É para ganhar, claro - digam os adeptos medrosos o que disserem. Como serão também para vencer o Sporting-Braga, o Sporting-Benfica e o Sporting-V. Guimarães da segunda volta do campeonato. Não admito outro cenário.»

Palavras minhas, antes do Sporting-FC Porto - que vencemos de facto, por 2-0. E convencemos, vulgarizando por completo a turma portista.

Aos leitores que aqui comentaram cheios de maus presságios e acusando temor reverencial perante a agremiação nortenha, aconselhei-os a comprarem um cão. 

Leão a sério não teme nada. Os jogos são para vencer, sem receio algum.

Como Rúben venceu duelo com Conceição

Sporting, 2 - FC Porto, 0

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Pedro Gonçalves acaba de marcar o segundo golo, apontando para Gyökeres, que o assistiu

Foto Miguel A. Lopes / Lusa

 

Foi um clássico que nos correu muito bem. O melhor desde que afastámos o FC Porto das meias-finais da Taça da Liga, está quase a fazer três anos. Vencemos anteontem a turma azul-e-branca em Alvalade. E convencemos, sem margem para discussão.

Desmentindo os prognósticos das aves agoirentas que piavam por aí, o Sporting dominou com toda a naturalidade, foi claramente a equipa mais pressionante. Derrotámos o adversário por 2-0 (golos de Gyökeres e Pedro Gonçalves), poderíamos ter ganho por 4-0, estivemos sempre mais próximo de ampliar a vantagem do que os portistas de a reduzirem. 

 

O FCP marcou um golo ilegal, bem anulado, em flagrante deslocação. Nós marcámos quatro limpos: num deles o vídeo-árbitro Tiago Martins transformou uma tentativa de falta defensiva em falta atacante, anulando um belíssimo golo de Gyökeres - e anulando também o magnífico trabalho de Eduardo Quaresma na construção desse lance.

O jovem central bem merecia que tivesse sido validado. Não apenas em respeito à verdade desportiva, mas para recompensar a excelente exibição neste que foi o seu primeiro jogo como titular leonino em três anos.

Ele secou Galeno, o mais perigoso e competente dos portistas.

Pepe - expulso com vermelho directo por flagrante agressão a Matheus Reis, aos 51' - nunca conseguiu travar (sem falta) Gyökeres, o nosso abre-latas, com impressionante dinâmica do princípio ao fim. Claramente o melhor em campo. Claramente o homem do jogo. Claramente o grande jogador desta Liga 2023/2024.

 

Resultado e exibição confirmam que Rúben Amorim preparou melhor a partida, leu melhor o jogo, esteve superior ao colega do FC Porto. E contornou com talento a súbita dificuldade nascida da lesão de Coates, afectado por mialgia na última sessão de treino antes deste clássico. Parecia um golpe de azar, mas não foi.

O infortúnio de uns propicia oportunidades a outros. Vamos precisar de Quaresma nos difíceis meses de Janeiro e Fevereiro, mesmo que venha novo defesa (Eric Dier?) neste mercado de Inverno. Convém lembrar que Diomande e Geny estarão ausentes, ao serviço das respectivas selecções, enquanto St. Juste é um lesionado crónico e Coates, em bom rigor, anda preso por arames há muito tempo.

 

Enfim, fomos superiores em todos os processos de jogo. Na manobra defensiva, na construção apoiada, nos lances em profundidade, no controlo do corredor central, no domínio das alas - e até na finalização, algo que costumava desequilibrar estes clássicos a nosso desfavor.

Vitória não só dos jogadores: também do treinador, nomeadamente ao incluir sem receio Eduardo Quaresma no onze inicial. Arriscou, foi recompensado.

Conclusão: Rúben Amorim venceu no duelo muito particular que mantém com Sérgio Conceição. Foi outro triunfo que celebrámos em Alvalade. Nós, os que desejamos mesmo ver o Sporting novamente campeão.

 

Breve análise dos jogadores:

Adán - Capitão por ausência do uruguaio, só fez duas defesas com elevado grau de dificuldade (45'+4 e 64'), respondendo bem. Assim transmitiu confiança redobrada aos companheiros.

Eduardo Quaresma - No primeiro jogo como titular da equipa principal em três anos, secou Galeno, o melhor portista. Sete duelos ganhos, seis desarmes conseguidos. Grande exibição.

Diomande - Voltou a passar com distinção o difícil teste de substituir Coates como comandante do nosso bloco defensivo, apesar de ter apenas 20 anos. Vencedor absoluto nos duelos aéreos.

Gonçalo Inácio - Aos 22 anos, era o mais idoso dos nossos centrais neste clássico. Cumpriu a missão que lhe cabia na meia esquerda. Ao ver um quinto amarelo, fica fora do próximo jogo.

Geny - Ala titular pela direita, ajudou a anular Galeno. Vem melhorando no processo defensivo, preenchendo bem os espaços. Com um belo passe vertical, foi ele a iniciar o segundo golo.

Morten - Talvez a sua melhor exibição de leão ao peito. Excelente nas recuperações (20' e 82'), protagonizou um desarme perfeito na nossa grande área (42'). Exímio nos passes longos.

Morita - Combinação perfeita com o internacional dinamarquês, seu parceiro no domínio do meio-campo: graças a eles, o corredor central foi nosso. Essencial para neutralizar Pepê.

Matheus Reis - Vem-se revelando mais influente. Com toque de classe, assistiu Gyökeres no primeiro golo. Anulou João Mário. Agredido por Pepe aos 49', levou o FCP a jogar só com dez.

Pedro Gonçalves - Voltou aos golos, marcando o segundo aos 60', neste seu jogo 150.º pelo Sporting. Mas permitiu defesa (64') e rematou ao lado (82') quando podia fazer bem melhor.

Edwards - Agarrou-se demasiado à bola, com pouca propensão colectiva. Aos 58', porém, esteve à beira de marcar um grande golo, de pé direito: Diogo Costa fez a defesa da noite neste lance.

Gyökeres - Outra exibição superlativa. Marcou (11'), deu a marcar (60'), viu um golo limpo ser anulado (44'). Balanço provisório: 17 golos e sete assistências em 20 jogos. Uma máquina.

Nuno Santos - Quando entrou (61'), substituindo Quaresma, já estava amarelado: portou-se mal no banco ao reter uma bola. Quis redimir-se com um centro perfeito para Pedro Gonçalves (64').

Esgaio - Entrou aos 75', rendendo Geny, já exausto. Também teve sucesso a neutralizar Galeno, seu competidor directo. Viu um cartão amarelo desnecessário aos 90'+6.

Paulinho - Em campo desde o minuto 75, por troca com Edwards, até marcou um golo, aos 90'+3. Que o vídeo-árbitro Tiago Martins deu indicação para anular, de modo errado. Era golo limpo.

Daniel Bragança - Substituiu Morita aos 84'. Envolvido no lance do nosso segundo golo anulado, erradamente invalidado por suposta falta que não cometeu.

Trincão - Entrou aos 84', substituindo Pedro Gonçalves. Teve o mérito de ajudar a suster jogo quando já tínhamos uma vantagem confortável: o resultado estava construído.

Pódio: Gyökeres, Morten, Quaresma

Por curiosidade, aqui fica a soma das classificações atribuídas à actuação dos nossos jogadores no Sporting-FC Porto pelos três diários desportivos:

 

Gyökeres: 20

Morten: 20

Eduardo Quaresma: 19

Matheus Reis: 19

Geny: 17

Adán: 17

Morita: 17

Edwards: 16

Pedro Gonçalves: 16

Diomande: 16

Gonçalo Inácio: 16

Esgaio: 15

Nuno Santos: 15

Trincão: 13

Daniel Bragança: 13

Paulinho: 13

 

Os três jornais elegeram Gyökeres como melhor em campo.

Rescaldo do jogo de ontem

 

Gostei

 

De derrotar o FC Porto, em Alvalade, por-2-0. Quem disse que este Sporting de Rúben Amorim era incapaz de vencer equipas do seu escalão, como o SLB e a turma portista, equivocou-se. Como já se enganou em tantas outras matérias. Não triunfámos apenas: superámos largamente a equipa adversária, que no campeonato anterior nos tinha derrotado em casa por 1-2. Desta vez nem sequer fizeram nada para estar ao nosso nível: este clássico foi dominado em toda a linha pelo onze leonino.

 

De Gyökeres. Que gigante! Voltou a ser a figura do jogo, voltou a ser o melhor em campo. Marcou o primeiro, logo aos 11', com assistência de Matheus Reis: leva já mais golos marcados nesta temporada do que todo o ataque do FC Porto. Além disso assistiu Pedro Gonçalves no segundo, aos 60'. E ainda interveio em outros dois que acabaram anulados sem motivo válido: é ele quem a mete lá dentro aos 44' e constrói o lance que culmina com Paulinho a marcar aos 90'+2. Pepe tentou anulá-lo, sem conseguir.

 

De Morten. Outro excelente jogo do internacional dinamarquês, que funcionou como pêndulo colectivo, neutralizando o caudal ofensivo portista no corredor central. Impecável nos desarmes, utilíssimo nas recuperações. De jogo para jogo, vai dando cada vez mais consistência à nossa equipa.

 

De Diomande. Rúben Amorim apostou num trio de jovens centrais: à esquerda, Gonçalo Inácio (22 anos); à direita, Eduardo Quaresma (21 anos); ao meio, Diomande (20 anos). Ninguém diria que o internacional marfinense é tão novo, dada a maturidade que exibe em campo, tendo ocupado neste clássico a posição habitual do capitão uruguaio. Ganhou todos os lances aéreos, foi decisivo para banalizar o ataque portista.

 

De Eduardo Quaresma. Foi a grande surpresa do nosso onze: há três anos que não actuava como titular no Sporting. A súbita lesão de Coates proporcionou-lhe esta oportunidade - e o central formado na Academia de Alcochete correspondeu à aposta que o treinador fez nele, exibindo-se em grande nível. Venceu quase todos os confrontos com Galeno, o melhor extremo portista. Oportunos cortes e desarmes aos 14', 15', 22' e 24'. No corredor esquerdo, protagonizou magnífico lance individual que culminou lá na frente com assistência para golo de Gyökeres, anulado por indicação do VAR Tiago Martins. Injustiça manifesta: não havia motivo para esta invalidação. Já amarelado, saiu aos 61', sob forte e merecida ovação.

 

Do 1-0 registado ao intervalo. Resultado provisório que só pecava por escasso - e também injusto, pelo segundo golo anulado a Gyökeres sem motivo válido. Mas merecido, numa partida em que soubemos fechar bem os corredores e fomos claramente superiores no jogo interior. Com apenas uma intervenção de Adán, aliás decisiva: aos 45'+4, defendendo por instinto, com os pés, um remate de Galeno que levava selo de golo.

 

Da expulsão de Pepe. Já amarelado pelo árbitro Nuno Almeida, viria a receber ordem de saída aos 51'. Não com segundo amarelo mas com vermelho directo por óbvia agressão a Matheus Reis, que ficou a sangrar do rosto. Passámos a jogar com mais um durante os 50 minutos finais (incluindo 9 de tempo extra).

 

De ver o estádio cheio. Melhor casa até agora, nesta época 2023/2024: 44.385 espectadores nas bancadas. Condimento fundamental para a festa do futebol. 

 

De não sofrer golos. Tem sido facto raro, daí merecer destaque: mantivemos as redes intactas pelo segundo jogo consecutivo após a vitória contra o Sturm Graz, por 3-0, também em Alvalade. 

 

De ver o Sporting novamente isolado no comando do campeonato. Conservamos a liderança, mas agora sem nenhuma outra equipa em igualdade pontual. Com mais um ponto do que o Benfica (que ainda terá de jogar em Alvalade), mais três do que o FC Porto ontem derrotado e mais cinco do que o Braga. Rumo à conquista do campeonato: sempre acreditei que iríamos conseguir, acredito agora mais que nunca.

 

Do Natal verde. Quem disse que esta quadra festiva não é doce para nós? Enganou-se redondamente.

 

 

Não gostei

 

Da lesão de Coates. Uma súbita mialgia na perna esquerda, mesmo no fim do último treino antes do clássico, forçou o nosso capitão a ver o jogo da tribuna de Alvalade. Baixa de vulto que preocupou alguns adeptos. Mas sem necessidade. Diomande deu boa conta do recado.

 

De Pedro Gonçalves. É certo que marcou um golo, construído com Gyökeres, em que ele quase só teve de encostar. Mas falhou escandalosamente outros dois, revelando uma displicência que o torna irreconhecível para quem se lembra das suas exibições da saudosa época 2020/2021. Aos 64', permitiu a defesa de Diogo Costa. Aos 82', novamente muito bem servido pelo sueco, rematou ao lado. Nem parece o mesmo jogador.

 

Dos amarelos a Gonçalo Inácio e Morten. Estavam tapados com cartões, ficarão impedidos de participar na próxima jornada, em que visitamos o Portimonense. Duas baixas importantes no onze titular.

 

Dos dois golos anulados. Gyökeres aos 44', Paulinho aos 90'+2: ambos por intervenção do vídeo-árbitro, sem que se vislumbrasse qualquer justificação. Só assim o FC Porto evitou sair goleado de Alvalade.

 

Do comportamento rufia do FCP. Pepe agrediu Matheus Reis à cotovelada, acabou expulso. Taremi fez o mesmo com Gonçalo Inácio, ficando impune. Exemplos evidentes de conduta antidesportiva da turma portista, à imagem e semelhança do treinador Sérgio Conceição. Alguns adeptos do Sporting, totalmente baralhados, atrevem-se a chamar "intensidade" a coisas destas. Andam a ver o filme errado: isto nada tem a ver com desporto.

 

Dos "olés" nas bancadas, no segundo tempo. Não gosto nada destas manifestações de arrogância, por vezes vindas dos mesmos que logo rasgam a equipa ao menor desaire. Ganhámos um jogo importante, sim. Vencemos um clássico. Mas ainda não vencemos nada: apenas cumprimos a jornada 14. Convém ter o sentido das proporções. Toda a arrogância é má conselheira.

 

De Navarro. Jogou uns minutos pelo FC Porto, sem fazer nada. Inútil, uma vez mais. É o tal jogador que alguns exigiam, aos berros, que Frederico Varandas e Rúben Amorim trouxessem para o Sporting. Ainda bem que não veio.

O jogo mais importante

Será este o jogo mais importante dos últimos anos para o Sporting? É uma sensação difusa muito forte que não consigo explicar, mas que me atrevo a partilhar.

O jogo de daqui a pouco não decidirá nada, diretamente. Na melhor das hipóteses ficaremos a liderar com um magro avanço de um ponto, na pior ficamos a três pontos da liderança com 60 pontos ainda por disputar.

Porquê tenho então esta sensação? E será o resultado determinante para esse impacto futuro ou o tipo de equipa e de jogo que realizarmos em campo será tão ou mais relevante?

Seja tudo isto apenas um estado de alma, tenha ou não razão de ser, resta ao adepto apenas uma coisa para fazer: apoiar!

Bom jogo!

Logo à noite em Alvalade

Com um guarda-redes em grande noite, um árbitro que não estragou o jogo expulsando Morato e muita sorte à mistura, o Benfica passou em Braga. Se fosse o Sporting a defender uma magra vantagem caida do céu logo a abrir o jogo, logo viriam os exigentes do costume a falar de falta de ambição e de atitude, equipa pequena, etc, etc. Como foi o Benfica, para os mesmos exigentes já se tratou de realismo competitivo... 

E é basicamente isso de que precisamos para logo à noite, um Adán em grande noite, um árbitro que não estrague o jogo e alguma sorte à mistura, tudo o que faltou na época passada nas três derrotas com o rival do Porto. Porque, guarda-redes à parte, o nosso onze é em tudo superior  a qualquer um que eles apresentem.

O Porto gosta de pressionar alto com muita gente, procurando o erro do adversário na construção e depois saltar rapidamente para o remate ao golo. A fórmula para ganharmos é construir com calma e conseguir meter a bola nos avançados atrás dessa linha de pressão e depois aproveitar a falta de velocidade da equipa adversária e a classe individual dos três da frente. O que Conceição fez na época passada foi recuar um médio para o meio dos dois centrais, na altura Uribe, o que de facto resultou. Hoje não há Uribe, talvez seja o Varela nessa função vamos ver. O que o Sporting não pode fazer é perder a concentração (cuidado, Diomande) e entrar no jogo mais intenso e rasgadinho no qual o Porto está muito mais confortável, a jogar e nas palhaçadas.

Sobre o onze a única dúvida será entre Matheus Reis e Nuno Santos na ala esquerda. Aposto no Nuno pelo remate ao golo e porque do outro lado Esgaio terá de ter muito cuidado com Galeno.

Será então:

Adán; Diomande, Coates e Inácio; Esgaio, Hjulmand, Morita e Nuno Santos; Edwards, Gyokeres e Pedro Gonçalves.

 

Confiança total na equipa, confiança total em Amorim. Somos a equipa que pratica o melhor futebol de Portugal, vamos entrar para ganhar e que a sorte nos acompanhe.

SL

Prognósticos antes do jogo

Grande clássico em perspectiva. Logo à  noite, a partir das 20.15, em Alvalade: vamos receber o FC Porto.

Na época anterior, em Fevereiro, este confronto saldou-se por uma derrota amarga: perdemos por 1-2. 

«Não adianta iludir os factos, nem desviar a conversa nem arranjar focos de distracção em óbvia estratégia de contenção de danos: o Sporting está numa das suas piores épocas de sempre.» Foi assim que comecei a minha crónica do jogo, no És a Nossa Fé. Infelizmente os factos comprovaram que tinha razão.

Como vai ser hoje? Aguardo os vossos prognósticos.

É para ganhar

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Os dias que se seguem às raras derrotas do Sporting são sempre muito animados aqui no blogue. Gente que mergulha num pesadíssimo silêncio e ruma a paragens incertas quando vencemos, num percurso que esta época nos mantém em todas as frentes do futebol e no comando do campeonato nacional, aparece aqui desenfreada como se fosse o fim do mundo.

Querem correr com o treinador, querem deitar abaixo o presidente, querem uma revolução no clube - e outros disparates do género. 

Alguns, mais desvairados, apontam até para os clubes rivais como modelos. Desatam a elogiar os treinadores do SLB e do FCP, sugerindo que qualquer deles seria superior a Rúben Amorim: certamente adorariam vê-los a orientar o Sporting. 

Ao mesmo tempo, confessam sentir medo - e até pavor - pelo clássico da segunda-feira que vem. Nesse dia 18 iremos receber o FC Porto, que já foi despejado da Taça da Liga após derrota contra o Estoril.

A um desses já recomendei que compre um cão: dizem que é método eficaz para combater o medo.

 

A verdade é que todos os jogos mais difíceis que travámos nesta Liga 2023/2024 - contra o Braga (1-1), o Benfica (2-1) e agora o V. Guimarães (3-2) - decorreram fora de Alvalade, o que nos deixou em desvantagem face aos rivais. O clássico contra os azuis e brancos, à 14.ª jornada, será o primeiro a disputar em nossa casa.

É para ganhar, claro - digam os adeptos medrosos o que disserem. Como serão também para vencer o Sporting-Braga, o Sporting-Benfica e o Sporting-V. Guimarães da segunda volta do campeonato.

Não admito outro cenário.

E vocês?

Balde de água gelada no inferno da Luz

Benfica, 2 - Sporting, 1

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Edwards, o maior desequilibrador do Sporting, conduz lance de ataque: não merecia esta derrota

Foto: Tiago Petinga

 

Que balde de água gelada. Que decepção tão profunda. Tivemos o pássaro na mão, controlámos a partida durante o tempo quase todo, mesmo com um jogador a menos, e vimos três pontos voar nos últimos quatro minutos, já na segunda metade do tempo extra. 

Dificilmente esqueceremos este dérbi de anteontem, disputado no Estádio da Luz. Chegámos ao intervalo a vencer 1-0, com um golaço de Gyökeres marcado no último lance desse primeiro tempo. Nesse minuto 45, dezenas de milhares de adeptos benfiquistas assobiavam a equipa, vaiavam o treinador e preparavam uma onda de lenços brancos a esvoaçar nas bancadas, exigindo a demissão de Roger Schmidt.

Soçobrámos mesmo ao cair do pano. Foi traumático - ao nível daquele monumental falhanço de Bryan Ruiz a dois metros da baliza também frente ao Benfica, em Alvalade, que nos custou o campeonato de 2016. 

 

Este jogo - o clássico dos clássicos do futebol português - começou com alguns erros da nossa equipa, que rapidamente equilibrou as forças. E ficou por cima. Com duas grandes hipóteses de golo, por Diomande e Pedro Gonçalves. Chegámos ao intervalo não só a vencer: também com melhor exibição do que o velho rival.

Tudo parecia correr bem. Mas temos uma vocação inata para darmos tiros nos pés quando o cenário é mais favorável. Desta vez começou com uma desconcentração de Gonçalo Inácio, que ao minuto 49 - sem qualquer necessidade, longe da baliza - provocou falta passível de amarelo. O problema é que, desde os 22', já tinha outro cartão desta cor. O árbitro Artur Soares Dias mostrou-lhe o vermelho. Ficámos a jogar só com dez desde o minuto 52.

Mesmo assim, fomos superiores. Controlámos o jogo, anulámos a desvantagem numérica, nem parecia que tínhamos um a menos. Lá na frente, Gyökeres trabalhava por dois. No meio-campo, Morten e Morita travavam as investidas encarnadas.

Quando o árbitro concedeu seis minutos de compensação, a massa adepta benfiquista fervilhava de indignação contra o técnico e vários jogadores, brindando-os com insultos.

 

Estranhamente, foi então que naufragámos. Termos um a menos não explica tudo, não explica isto.

Houve substituições inexplicáveis. Edwards, o mais criativo e desequilibrador, recebeu ordem de saída aos 57' para entrar St. Juste - não haveria outro jogador, menos influente, a retirar de campo? Aos 73', Rúben Amorim decide trocar Pedro Gonçalves por Trincão. Matheus Reis, visivelmente esgotado, teve de ceder lugar a Nuno Santos.

A mudança mais incompreensível aconteceu aos 85', quando o técnico leonino mandou sair Morita e fez entrar Paulinho. Não dava mesmo para entender. Sobretudo porque precisávamos de defender aquela magra vantagem e Daniel Bragança estava sentado no banco de suplentes, de onde não saiu.

 

E veio o descalabro. Quando já se dobrara metade do tempo extra, João Neves - o melhor do SLB - apareceu solto, livre de marcação, a 11 metros da nossa baliza. Teve tempo para tudo: num pontapé rasteiro, de ressaca, meteu-a lá dentro. Aos 90'+4.

Do mal, o menos: o empate ainda nos servia. Deixaria a classificação na mesma, mantendo o Sporting no comando com três pontos de vantagem sobre a equipa adversária.

Só era necessário conservar a bola em nossa posse, trocando-a, durante cerca de dois minutos. Se fosse necessário, praticava-se algum antijogo: nenhum sportinguista levaria a mal.

Mas nem isso conseguimos: aos 90'+7, deixámos via aberta para o Benfica virar o resultado. Passando de equipa derrotada, com seis pontos de atraso, para vencedora, estando agora no comando do campeonato - em igualdade pontual com o Sporting, mas com vantagem em golos.

 

Claro que nos faltou frescura física nessa fase crucial do jogo. Mas faltou sobretudo mentalidade competitiva.

Faltou espírito de sacrifício. Faltou competência. 

Até porque alguns dos elementos que mais erraram ou nada adiantaram, nesses fatídicos minutos finais, tinham saltado do banco minutos antes. Estavam frescos. Refiro-me a Nuno Santos, St. Juste, Paulinho e Trincão. Incapacidade total para fechar linhas de passe do Benfica. Incapacidade para marcar com eficácia nas bolas paradas. Incapacidade de comando em campo: ninguém coordenou as manobras, era cada um por si. 

Foi a nossa primeira derrota neste campeonato: desde Fevereiro que não perdíamos em competições nacionais. Mas foi também uma derrota muito amarga. E não vale a pena atirar as culpas para cima da equipa de arbitragem: os dois lances cruciais que oferecemos de bandeja ao Benfica não são dignos de uma equipa que sonha ser campeã nacional.

 

Breve análise dos jogadores:

Adán - Monumental defesa em voo, aos 78', desviando um míssil disparado por Di María. Aos 12', tinha visto Rafa rematar ao ferro. Sem culpa nos golos sofridos.

Diomande - Travou duelos difíceis com Rafa. Arriscou penálti ao pisar Musa (9'). Criou a primeira oportunidade de golo num grande cabeceamento aos 30', para defesa apertada de Trubin.

Coates - Condicionado por ter visto amarelo logo aos 15', não se atemorizou. Fez valer a experiência em cortes precisosos, aos 55' e 61'. Não merecia aquele descalabro defensivo final.

Gonçalo Inácio - Duas vezes amarelado, por faltas desnecessárias (22' e 52'). Na primeira (pisão a João Neves) arriscou ver o vermelho. Já sem ele, jogámos mais de 40' só com dez. Para esquecer.

Esgaio - Esforçado mas sem grande rasgo, contribuiu para anular João Mário. Teve mais dificuldade em travar Guedes, a partir dos 85'. Défice no plano ofensivo, sem surpresa.

Morten - Pendular, organizador de jogo, distinguiu-se nas recuperações. Soube controlar e pausar o ritmo da equipa. Não está isento de culpa, também ele, no naufrágio à beira do fim.

Morita - Regressou de uma lesão, ainda com índices físicos aquém do desejável. Enquanto teve pulmão, cumpriu no essencial. Venceu duelos com Florentino. Saiu esgotado (85').

Matheus Reis - Cumpriu sobretudo no plano defensivo, com rigor e acerto nas marcações, neutralizando Di María. Substituido por Nuno Santos aos 73': saiu esgotado e magoado.

Edwards - Fez belo passe para golo que Pedro Gonçalves desperdiçou. Assiste no golo de Gyökeres. Injustamente amarelado aos 56' por simulação inexistente. Saiu logo a seguir.

Pedro Gonçalves - Soube a pouco. Não foi o desequilibrador que a equipa exigia, também por ter actuado em zonas mais recuadas. Desperdiçou um golo cantado aos 33'. Saiu aos 73'.

Gyökeres - O melhor Leão. Levou o Sporting para o intervalo em vantagem com um tiro do seu pé-canhão (o direito) sem defesa possível. Deu imenso trabalho a Otamendi e António Silva.

St. Juste - Rendeu Edwards (57') para compensar a expulsão de Gonçalo. Não se deu bem como central à esquerda. Cortes aos 67' e 69'. Mas falhou intercepção no segundo golo encarnado.

Nuno Santos - Substituiu Matheus Reis, sem vantagem para a equipa. Passivo no primeiro golo, deixou João Neves mover-se à vontade. No segundo, estendeu a passadeira no seu corredor.

Trincão - Entrou para o lugar de Pedro Gonçalves (73'). O melhor que conseguiu foi uma rosca lá na frente, fazendo a bola sair ao lado. Incapaz de segurar a bola nos minutos finais.

Paulinho - Saiu Morita, entrou ele. Aos 85'. Sem que ninguém compreendesse porquê. Andou engolido no meio-campo, incapaz de ganhar um lance aéreo. Atrapalhou mais do que ajudou.

Pódio: Gyökeres, Morten, Edwards

Por curiosidade, aqui fica a soma das classificações atribuídas à actuação dos nossos jogadores no Benfica-Sporting, pelos três diários desportivos:

 

Gyökeres: 20

Morten: 18

Edwards: 18

Coates: 17

Morita: 16

Esgaio: 16

Adán: 15

Diomande: 15

Matheus Reis: 14

Nuno Santos: 13

Pedro Gonçalves: 13

Paulinho: 11

Trincão: 11

St. Juste: 11

Gonçalo Inácio: 9

 

O Record e A Bola elegeram Gyökeres como melhor Leão em campo. O Jogo optou por Morten.

O borrão

Voltando só mais uma vez ao lance do segundo golo do Benfica, validado por 4 centímetros, atente-se no frame que foi usado para a validação deste lance.

Reparem como a bola não é mais que um borrão, estando completamente desfocada, em que não se percebe a sua verdadeira posição nem se tem uma ideia sobre se a mesma ainda está em contacto com o pé do jogador do Benfica ou não.

Já tenho advogado a existência de uma margem de tolerância nestes foras-de-jogo de VAR, nunca inferior a 10cm, e mantendo a minha coerência este lance até poderia ser válido à luz dessa margem, mas o que pergunto é como é que se fazem medições com tanta precisão, no caso 4cm, tendo por base uma imagem tão tosca, tão desfocada, com tão baixa resolução?

Num mundo cheio de sensores de todo o género que se podem colocar nos jogadores, nos seus equipamentos ou na bola, de drones, de câmaras de foto e de vídeo de todos os tipos e feitios que se podem colocar em mais zonas do campo, num desporto que envolve milhares de milhões de euros por ano, estamos ainda a recorrer a uma imagem parada do vídeo de uma transmissão televisiva, e com ela fazer medições de 4cm. É como querer ir à lua de avioneta.

 

P:S.- A cereja no topo do bolo é a marca de água da imagem, "BTV". O Benfica enviou esta imagem para a cidade do futebol, para que o VAR decidisse se foi golo do Benfica.

 

Captura de ecrã 2023-11-13 1532552.png

Rescaldo do jogo de ontem

 

Não gostei

 

De perder o clássico na Luz (2-1). Derrota mesmo ao cair do pano, com dois golos sofridos, aos 90'+4 e aos 90'+6. Um pesadelo em casa do nosso velho rival: no tempo regulamentar de jogo tínhamos mais 6 pontos do que o Benfica. Agora estamos em igualdade pontual.

 

De termos jogado com menos um durante mais de 40'. Gonçalo Inácio viu dois amarelos exibidos pelo árbitro Artur Soares Dias: o primeiro logo aos 22', o segundo aos 52'. O que lhe valeu o vernelho por acumulação de cartões ter-se-á devido a uma entrada intempestiva, à queima, mas as imagens não confirmam se chegou realmente a tocar em Rafa. De qualquer modo, se algum factor, do nosso lado, contribuiu para esta derrota tangencial na Luz foi sem dúvida este. Disputar um clássico de alta voltagem e com grande intensidade com apenas dez em campo conduz à exaustão física, potenciando um resultado negativo - que, mesmo assim, estivemos a escassos minutos de evitar. Após termos sido melhores enquanto jogámos onze contra onze.

 

De Gonçalo Inácio. Nervoso, intranquilo, desconcentrado, imprudente. Não jogará a próxima partida, o que lhe faz bem: precisa de uma cura de banco. Espera-se que aproveite este período fora do onze para reflectir sobre a quebra anímica que por vezes o afecta em confrontos especiais. Voltou a acontecer, na partida de ontem. Penalizando toda a equipa.

 

Da lesão de Geny. Infelizmente, o internacional moçambicano continua lesionado. Se estivesse em boa condição física, seria ele o titular da nossa ala direita. É muito mais dinâmico e acutilante do que Esgaio, incapaz de fazer cruzamentos bem medidos, hesitante e sempre tímido na manobra atacante. Não admira que o Benfica tenha conduzido a grande maioria dos seus ataques pelo corredor esquerdo - era ali que estava o nosso principal ponto fraco.

 

Da saída de Matheus Reis, magoado. Boa actuação do brasileiro, ontem titular no clássico: praticamente anulou Di María, sem temer o campeão mundial argentino. Infelizmente, por jogarmos em inferioridade numérica, foi ele um dos que mais acusaram desgaste fisico, acabando por ser substituído aos 73'. Nuno Santos, que o rendeu, teve desempenho muito inferior: deixou João Neves movimentar-se à vontade, sem marcação, no lance do primeiro golo encarnado. No segundo, andou desaparecido. Defender com os olhos não basta.

 

Das oportunidades não concretizadas. Com destaque para um cabeceamento de Diomande aos 30' que levava selo de golo e de um remate de Pedro Gonçalves aos 33' só com Trubin pela frente. Em ambos os casos, o guarda-redes ucraniano impediu que marcássemos.

 

De Rúben Amorim. Com dois dos três centrais amarelados (Coates também tinha visto cartão, logo aos 15'), o treinador hesitou em fazer a substituição em tempo útil. Devia tê-lo feito, até porque contava com St. Juste no banco. O holandês acabou por entrar, mas só aos 57', quando já estávamos com um a menos. Também pouco compreensível a troca de Morita por Paulinho aos 85', quando precisávamos de reforçar o meio-campo e não a linha avançada - havia Daniel Bragança, mas nem chegou a calçar. Enfim, nem estrelinha nem sabedoria no momento de mudar.

 

De termos sofrido a primeira derrota em jogos nacionais em nove meses. A última tinha sido em Fevereiro, contra o FC Porto. Terminou um ciclo de 24 desafios sem perder.

 

De termos desperdiçado a liderança da Liga 2023/2024. À 11.ª jornada, após cinco rondas no comando, mantemos os 28 pontos (cinco perdidos, nas deslocações a Braga e à Luz), agora em igualdade pontual com o SLB, mas em desvantagem no confronto directo. E com mais três do que o FCP. Mas estamos na luta. Com igual número de golos marcados e apenas mais dois sofridos do que o Benfica. Ainda há ainda muito campeonato por disputar.

 

Da falta de condições de segurança. Durante todo o jogo, foram sendo rebentados petardos no estádio. Nos minutos finais, registou-se uma autêntiva invasão de campo, com os adeptos do SLB a pisarem o relvado perante a total impotência dos assistentes de recinto desportivo. Qualquer semelhança entre um cenário destes e o Terceiro Mundo não é pura coincidência.

 

 

Gostei

 

De Gyökeres. Voltou a ser o melhor Leão em campo. Voltou a fazer o gosto ao pé. Mesmo muito marcado (por António Silva e Otamendi) destacou-se, na primeira oportunidade de que dispôs, ao marcar um golaço. Aos 45', no último lance da primeira parte, que nos abria as melhores expectativas para o segundo tempo. 

 

De Edwards. Uma vez mais, foi ele o nosso maior desequilibrador. Primoroso passe para golo aos 33', isolando Pedro Gonçalves após neutralizar a defesa encarnada. E excelente passe vertical que lançou o internacional sueco para o primeiro golo da partida, aos 45'. Fixando o resultado ao intervalo. Já com a nossa equipa reduzida a dez, foi sacrificado aos 57' (saiu para a entrada de St. Juste). Fez-nos falta, com a sua evidente capacidade de criar lances de ruptura. 

 

Do nosso desempenho colectivo até aos 90'+4. Ao terminar o tempo regulamentar, quando no estádio da Luz já havia sonoros assobios ao treinador alemão e a vários jogadores (João Mário foi alvo de uma vaia monstruosa, ao ser substituído no minuto 85) e começavam a ver-se lenços brancos nas bancadas, o onze leonino - reduzido a dez - demonstrava ser equipa unida, compacta e solidária. Tudo se desmoronou nos instantes finais, desta vez sem qualquer estrelinha: o segundo golo do SLB é validado por escassos 4 cm pelo VAR. 

Meia dúzia de notas sobre o jogo de hoje

- Gonçalo Inácio foi extremamente imprudente no lance do segundo amarelo. Não sei que percentagem da falta é um toque efetivo do nosso jogador e o que é aproveitamento do adversário, mas realmente existe a entrada, que foi muito precipitada;

- Em relação ao segundo golo, entendo que é de muito difícil análise, mas temos de constatar que as imagens que temos, que serão as mesmas que o VAR usa nas suas análises, são fornecidas pelo próprio Benfica, clube que é responsável pela transmisão dos seus jogos em casa;

- João Neves recebe um amarelo aos 75 minutos, Constanto que depois disso faz mais duas faltas, uma delas uma rasteira por trás a Hjulmand, outra numa disputa com Nuno Santos. Não vê amarelo nenhum neste lances e acaba por marcar o primeiro golo do Benfica.

- A equipa jogou tão bem ou melhor com 10 do que com 11. O Benfica limitou-se a bombear bolas na segunda parte e, com excepção do grande remate de Di María que Adán defendeu, não criou perigo até aos 94 minutos.

- Coates e Adán estão numa fase descendente das duas carreiras e, gradualmente ao longo desta época, terá de se ir tratando da sua sucessão. Para mim o melhor trio de centrais neste momento já é St. Juste, Diomande e Inácio;

- Os golos e as jogadas de perigo do Benfica foram todos em resultado de erros de jogadores do Sporting:

  • O 1.º lance de perigo, um remate de Rafa a rasar o poste direito, resulta de um conjunto de bolas divididas que foram ressaltando, até que a bola lhe chegou aos pés à frente da baliza;
  • A bola ao poste resultou de um mau passe de Gonçalo Inácio (salvo erro);
  • O 1.º golo do Benfica resulta de um má organização defensiva na marcação do canto: oito dos nove jogadores de campo estavam todos ao monete dentro da pequena área, não ficando ninguém para marcar João Neves um pouco mais atrás. O Benfica, apesar de ter o guarda-redes lá à frente, só tinha seis jogadores dentro da área, por isso não sei quem é que os nossos nove jogadores estavam a marcar.
  • O 2.º golo do Benfica veio na consequência de um mau passe de Hjullmand, que podia ter mantido a posse de bola mas teve a tentação de arriscar em criar uma jogada de perigo aos 96 minutos, quando estava empatado em casa do rival e com menos um jogador.

Prognósticos antes do jogo

Desafio grande em perspectiva amanhã à noite, a partir das 20.30, no estádio da Luz. Vamos defrontar o campeão nacional em título levando na bagagem um excelente cartão de visita: 24 jogos seguidos sem sofrer derrotas no plano interno. A última foi a 12 de Fevereiro, com o FC Porto, no nosso estádio.

Nas últimas cinco ocasiões em que nos defrontámos, vencemos o Benfica duas vezes (para o campeonato na Luz e na final da Taça da Liga), empatámos outras tantas e perdemos um desafio (em Alvalade, por 0-2, durante o campeonato 2021/2022). 

Agora como será? Aguardo os vossos prognósticos.

Vence os grandes, Rúben, vence os grandes

Sporting, 2 - Benfica, 2

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Nuno Santos em duelo aceso com Grimaldo: imagem emblemática deste clássico

Foto: José Sena Goulão / EPA-Lusa

 

Precisávamos de ganhar este jogo. Não para salvar a época, que já estava perdida, mas mantermos acesa uma ténue esperança de ainda atingirmos a pré-eliminatória da próxima Liga dos Campeões, entregue ao Braga.

Estivemos quase a conseguir o triunfo. Infelizmente, como tantas vezes tem acontecido nesta época, estragámos tudo já no tempo extra concedido pelo árbitro, estavam decorridos 90'+4. O golo é precedido de fora-de-jogo de Florentino, que bloqueia a acção de Coates, e devia portanto ter sido invalidado. Aqui o erro não foi do suspeito do costume - o apitador João Pinheiro - mas do vídeo-árbitro, Hugo Miguel.

Mas só podemos queixar-nos de nós próprios. Competia-nos metê-la lá dentro, traduzindo em golos a claríssima superioridade exibida em campo no primeiro tempo deste clássico disputado na noite de anteontem no nosso estádio. Trincão fez o que lhe competia, inaugurando o marcador aos 39'. Diomande seguiu-lhe o exemplo cinco minutos depois - de cabeça, após canto. Na sua estreia como artilheiro leonino.

Ao intervalo vencíamos 2-0. Registou-se ainda uma perdida escandalosa de Pedro Gonçalves, que aos 21' falhou a emenda à boca da baliza, imitando o Bryan Ruiz do Sporting-Benfica de 2016. E Vlachodimos fazia a defesa da noite aos 32', voando para travar um remate cheio de força e pontaria saído do pé direito de Esgaio, um dos melhores em campo.

Nesse tempo também brilharam Ugarte (homem do jogo), Nuno Santos, Morita e Diomande. Deslumbrando os adeptos leoninos.

 

A segunda parte foi a antítese da primeira. Inverteram-se os papéis: o Benfica passivo e encostado às cordas dos 45' iniciais tornou-se um conjunto dominador, com o Sporting a consentir domínio evidente do adversário.

Como sabemos, um 2-0 provisório é um dos momentos mais traiçoeiros do futebol. Nada recomendável, portanto, começar a defender tal resultado ao minuto 46, muito menos quando o adversário se chama Benfica, virtual campeão nacional. Nem é prudente recuar tanto as linhas com fizeram os nossos jogadores, aparentemente a mando do treinador após palestra ao intervalo no balneário. Este recuo deu moral aos encarnados, com o treinador Roger Schmidt a refrescar a equipa muito antes da nossa e a dominar pela primeira vez nas alas, aproveitando o espaço que lhe oferecíamos.

As coisas pioraram quando Amorim decidiu trocar Edwards por Paulinho aos 54'. Se a presença do inglês, mesmo longe das suas melhores exibições, bastava para fixar um lateral e um central a policiá-lo na nossa ala direita, o ex-Braga foi sempre incapaz de pôr a defesa adversária em sentido, dada a sua insólita tendência de aparecer mais vezes em zonas recuadas do que em terreno ofensivo. 

É certo que Paulinho esteve quase a ser o herói do jogo. Teria acontecido se marcasse o seu sexto golo deste campeonato, numa oportunidade soberana aos 86', apenas com Vlachodimos à sua frente. Mas claudicou no momento da decisão, permitindo que o guarda-redes defendesse, mesmo em desequilíbrio. Aliás falhou duplamente pois tinha a seu lado Matheus Reis, totalmente livre de marcação, e optou por não lhe endossar a bola. 

 

Muitos dos 39 mil espectadores presentes nas bancadas de Alvalade pressentiam que os três pontos ainda não estavam garantidos quando Pinheiro concedeu oito minutos de prolongamento. Nessa altura já a nossa equipa defendia de qualquer maneira, com chutões para fora da área que permitiam ao Benfica recuperar de imediato a posse de bola e acelerar de novo rumo à nossa baliza, aproveitando a velocidade de Aursnes e Bah. 

Adivinhava-se o empate - e chegou mesmo. Num golo irregular, sim, mas nada fizemos para o evitar. Nem para ampliar a vantagem que esteve em larga medida do nosso lado. Do mal, o menos: pelo menos o SLB não fez a festa do título no nosso estádioo. Mas voltámos a revelar-nos incapazes de vencer um adversário histórico: neste campeonato perdemos os dois embates com o FC Porto e empatámos com o Benfica.

Dez pontos perdidos.

Se os tivéssemos, a Champions estava mais do que garantida. E talvez até o título fosse nosso: chegaríamos aos 81 pontos - 84, se derrotarmos o Vizela na ronda que ainda falta. Apenas menos um do que os da Liga 2020/2021, quando nos sagrámos campeões.

«Come chocolates, pequena, come chocolates», escreveu Álvaro de Campos no célebre poema "Tabacaria". Se eu fosse pessoa para dar conselhos, diria ao nosso treinador, parafraseando o poeta: vence os grandes, Rúben, vence os grandes. Verás que tudo se torna mais fácil a partir daí.

 

Breve análise dos jogadores:

Israel - Segundo jogo no campeonato, estreia num clássico, substituindo Adán, ausente por castigo. Mostrou-se seguro e tranquilo, bom jogo de pés. Sem culpa nos golos sofridos.

Diomande - O jovem marfinense pegou como titular e estreou-se a marcar pelo SCP neste desafio - num cabeceamento perfeito. Alheou-se do lance no primeiro golo encarnado. (71').

Coates - Capitão com cortes providenciais. Aos 35', anulou uma acção de Rafa. Aos 90'+2 voltou a desfazer uma jogada de perigo. Bloqueado por Florentino no segundo golo do SLB.

Gonçalo Inácio - É ele a iniciar, com um passe bem medido para Nuno Santos, o lance do nosso primeiro golo. Algo intranquilo no segundo tempo, acusando fadiga.

Esgaio - A melhor primeira parte do ala direito. Centro com selo de golo para Pedro Gonçalves falhar escandalosamente (21'). Aos 32', um tiro à baliza: Vlachodimos evitou in extremis.

Ugarte - Campeão das recuperações, senhor absoluto do meio-campo no primeiro tempo. Aos 55', protagonizou um slalom de 40 metros com bola que merecia melhor desfecho.

Morita - Complemento ideal do uruguaio: enquanto Ugarte anula, o japonês constrói. Combinam muito bem. Aos 77', esteve quase a cobrir-se de glória num remate frontal que rasou a trave.

Nuno Santos - Dono do nosso corredor esquerdo, pareceu robustecer-se com os assobios da claque encarnada. Assistiu nos dois golos. Termina a época em excelente forma. 

Edwards - Muito policiado, teve o mérito de prender dois defesas que lhe faziam cobertura. Soltou-se aos 21' num primoroso passe de calcanhar para Esgaio que esteve quase a dar golo.

Pedro Gonçalves - Muito desgastado fisicamente, o que lhe rouba lucidez no plano táctico. Foi tentando fazer a diferença em lances individuais, sem sucesso. Perdida incrível aos 21'.

Trincão - Foi dele o primeiro remate enquadrado do clássico, logo aos 7'. Aos 39', levou a melhor no confronto com António Silva e rematou para golo. Com o seu pior pé, o direito.

Paulinho - Entrou aos 54', para render Edwards. Com ele em campo, a equipa caiu a pique. Teve o golo à sua mercê, aos 86', mas permitiu a defesa de Vlachodimos. Como se fosse principiante.

Matheus Reis - Entrou aos 72', por troca com Trincão. Sem rasgo nem ousadia, talvez para cumprir instruções do técnico. Reclamou passe de Paulinho aos 86', isolado perante a baliza.

Bellerín - Substituiu um Esgaio já esgotado aos 72'. Cumpriu bem a missão de ala, no plano ofensivo. Com dois centros perfeitos - para Morita (77') e Paulinho (86'). 

Arthur - Rendeu Nuno Santos aos 79'. Perdeu mais uma oportunidade para se mostrar como alternativa ao nortenho. Tem boa técnica, mas isso não basta.

Dário - Coube-lhe substituir Morita aos 79'. Ainda controla mal a força física e calcula de modo deficiente o tempo de intervenção. Aliviou mal no segundo golo do Benfica.

Fluoxetina e olanzapina

Os "inas" do título pertencem ao tratamento medicamentoso dos transtornos bipolares, os mesmos cuja falta no balneário do SCP ou na dieta dos jogadores nos quilhou em dezenas de jogos. Em suma, em toda a época.

O jogo de ontem foi isso mesmo: uma caricatura da temporada 2022/2023. Dos primeiros 45 minutros para os segundos 45 minutos passámos, mais uma vez, do 8 ao 80. 

Na primeira parte fomos dominadores, jogámos com equipa junta, coesa, cortando todos os caminhos ao adversário, sempre numa vertigem ofensiva que resultou em dois golos, e que até poderiam ter sido quatro.

Em resumo, nos primeiros 45 minutos jogámos como grandes que somos, em busca do único resultado que a isso se ajusta: a vitória.

A segunda parte foi simplesmente deprimente. Ou se preferirmos foi uma depressão bipolar. Estado psicótico que - consultando várias bulas- para ser debelado e controlado não implica qualquer prelecção do treinador ao intervalo mas tão só que os nossos jogassem pelo seguro e prevenindo a reincidência no padrão do alto, altíssimo ao baixo, chão, emborcassem quetiapina, cariprazina ou lurasidona isoladamente ou, lá está, a combinação de fluoxetina e olanzapina.

Tudo espremido, tenho esperança e fé que para o ano vamos jogar a esmagadora maioria das vezes como fizemos ontem na primeira parte do jogo, durante a qual esmagámos e vulgarizámos o advservário.

Rescaldo do jogo de ontem

 

Não gostei

 

Do empate. Tivemos o pássaro na mão e deixámos fugir a vitória. Contra o Benfica, em Alvalade, repetindo o resultado da primeira volta (2-2). Com a diferença, desta vez, de termos sido totalmente dominantes na primeira parte, com reflexos no marcador: ao intervalo estava 2-0. Fez mal aos jogadores a prelecção do treinador no balneário. A nossa equipa entrou irreconhecível no segundo tempo, concedendo todo o domínio de jogo ao adversário. 

 

Das substituições. Em equipa que ganha não se mexe, diz o adágio futebolístico. Rúben Amorim não o seguiu: fez várias trocas, quando vencíamos por duas bolas de avanço, e a equipa foi piorando com todas elas. Recuando sempre, deixando de causar perigo, perdendo ligação entre os sectores, defendendo aflitivamente a vantagem - que começou por ser confortável, tornou-se tangencial e deixou de ser vantagem ao sofrermos o segundo golo, já no tempo extra.

 

Da entrega do meio-campo ao Benfica. Ao desfazer o duo Ugarte-Morita, que brilhara no primeiro tempo, Amorim abdicou do domínio dessa decisiva faixa de terreno, confiando-a à equipa visitante. Algo inexplicável, tal como ordenar a saída de Nuno Santos (79'), o nosso jogador que melhor cruza, quando tinha optado pouco antes por plantar um avançado de referência na área (Paulinho). O homólogo alemão, treinador dos encarnados, deve ter agradecido.

 

De dois golos desperdiçados à queima-roupa. Aos 21', Pedro Gonçalves imitou Bryan Ruiz, falhando a dois metros da baliza escancarada após centro perfeito de Esgaio. Aos 86', Paulinho limitou-se a ser Paulinho: mais um falhanço na sua longa lista, quando tinha tudo para a meter lá dentro, só com Vlachodimos de permeio. 

 

Da segunda parte de Diomande. Amorim apostou nele como titular, mas o jovem marfinense - um dos heróis da primeira parte - enterrou a equipa nos dois golos encarnados. No primeiro, aos 71', atirou-se para o chão e lá ficou, imóvel, aguardando a marcação de uma falta que não aconteceu e deixando a equipa em inferioridade numérica. No segundo, aos 90'+4, foi incapaz de aliviar a bola após sucessivos remates encarnados. Está ligado ao melhor e ao pior desta partida.

 

De termos dito adeus à Liga dos Campeões. O Braga empatou no Bessa, poderíamos ter reduzido distância, ainda com possibilidade aritmética de atingir a liga milionária. Mas voltámos a ser incapazes de aproveitar um tropeção da turma minhota. Permanecemos isolados no quarto lugar: resta-nos a Liga Europa.

 

De termos sido incapazes de vencer novamente o SLB em casa. Nas últimas doze épocas, já contando com estas, só triunfámos duas vezes como anfitriões neste dérbi lisboeta: em 2011/2012 (1-0, golo de Wolfswinkel, com Ricardo Sá Pinto) e em 2020/2021 (1-0, golo de Matheus Nunes, com Rúben Amorim).

 

De termos sido incapazes de vencer um só jogo contra os nossos maiores rivais. Dois empates com o Benfica, duas derrotas contra o FC Porto. Estes pormenores contam - e de que maneira - numa prova de continuidade como é o campeonato nacional de futebol. Dez pontos perdidos.

 

 

Gostei

 

Do nosso primeiro tempo. Marcámos dois (Trincão, 39', e Diomande, 44'), não sofremos nenhum. Demos espectáculo em Alvalade, perante 39 mil espectadores. Pressionámos o Benfica, impedimos a saída de bola adversária, neutralizámos jogadores como João Mário, Rafa e Gonçalo Ramos. Com fio de jogo, olhos na baliza, impecável organização colectiva. Remetendo o rival ao seu reduto defensivo. Uma das melhores primeiras parte do Sporting nesta temporada. Os números ajudam a compreender esta diferença: nove remates nossos, apenas dois do SLB. Há 22 anos que não chegávamos ao intervalo a vencer 2-0 num confronto com o Benfica para o campeonato.

 

De Ugarte. O melhor em campo. Impecável nas recuperações, funcionou como pêndulo da equipa não apenas na organização defensiva mas também na ligação com o sector ofensivo. Exímio no passe e nos confrontos individuais. Ninguém como ele merecia tanto a vitória que nos fugiu mesmo ao cair do pano.

 

Da primeira parte de Diomande. O jovem marfinense, que pegou de estaca como titular do trio de centrais, estreou-se como artilheiro de verde e branco. Num cabeceamento perfeito na sequência de um canto. Fez levantar os adeptos no estádio em celebração festiva, confirmando o domínio leonino na primeira parte. Pena tudo ter-se desmoronado no recomeço da partida. Aquele intervalo fez mal aos nossos jogadores. Diomande foi um dos mais afectados, como se viu.

 

De Nuno Santos. Exibição brilhante durante todo o primeiro tempo, vencendo todos os duelos com João Mário no nosso corredor esquerdo. Centrou várias vezes com qualidade. Fez duas assistências: é dele que sai a bola para o golo de Trincão, que supera António Silva e à segunda tentativa a mete lá dentro; foi também ele a marcar o canto de que resultou o golo de Diomande. Termina a época em excelente forma. Se sair, a equipa vai ressentir-se. Matheus Reis não tem a mesma energia, a mesma garra, a mesma entrega ao jogo.

 

De termos cumprido o 13.º jogo seguido sem perder. Se todo o nosso campeonato tivesse sido como está a ser esta segunda volta, agora quase no fim, teríamos garantido pelo menos o acesso à pré-eliminatória da Liga dos Campeões. Vencemos Chaves, Estoril, Portimonense, Boavista, Santa Clara, Casa Pia, V. Guimarães, Famalicão, Paços de Ferreira e Marítimo, empatámos com Gil Vicente, Arouca e ontem com o Benfica. 

 

Da homenagem inicial a Manuel Fernandes. Foi excelente vermos no relvado, além dele, vários outros nossos antigos capitães, desde Hilário a Nani. Passando por Carlos Xavier, Iordanov, Oceano, Pedro Barbosa e Daniel Carriço. E outros craques que jogaram com o "Manel" na década de 80: Litos, Nogueira, Barão e António Oliveira.

 

De ver Matheus Nunes e Pedro Porro na tribuna. É sempre bom recebermos as visitas de ex-campeões nossos. Estes saíram há pouco tempo e já temos saudades deles.

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