Nuno Santos em duelo aceso com Grimaldo: imagem emblemática deste clássico
Foto: José Sena Goulão / EPA-Lusa
Precisávamos de ganhar este jogo. Não para salvar a época, que já estava perdida, mas mantermos acesa uma ténue esperança de ainda atingirmos a pré-eliminatória da próxima Liga dos Campeões, entregue ao Braga.
Estivemos quase a conseguir o triunfo. Infelizmente, como tantas vezes tem acontecido nesta época, estragámos tudo já no tempo extra concedido pelo árbitro, estavam decorridos 90'+4. O golo é precedido de fora-de-jogo de Florentino, que bloqueia a acção de Coates, e devia portanto ter sido invalidado. Aqui o erro não foi do suspeito do costume - o apitador João Pinheiro - mas do vídeo-árbitro, Hugo Miguel.
Mas só podemos queixar-nos de nós próprios. Competia-nos metê-la lá dentro, traduzindo em golos a claríssima superioridade exibida em campo no primeiro tempo deste clássico disputado na noite de anteontem no nosso estádio. Trincão fez o que lhe competia, inaugurando o marcador aos 39'. Diomande seguiu-lhe o exemplo cinco minutos depois - de cabeça, após canto. Na sua estreia como artilheiro leonino.
Ao intervalo vencíamos 2-0. Registou-se ainda uma perdida escandalosa de Pedro Gonçalves, que aos 21' falhou a emenda à boca da baliza, imitando o Bryan Ruiz do Sporting-Benfica de 2016. E Vlachodimos fazia a defesa da noite aos 32', voando para travar um remate cheio de força e pontaria saído do pé direito de Esgaio, um dos melhores em campo.
Nesse tempo também brilharam Ugarte (homem do jogo), Nuno Santos, Morita e Diomande. Deslumbrando os adeptos leoninos.
A segunda parte foi a antítese da primeira. Inverteram-se os papéis: o Benfica passivo e encostado às cordas dos 45' iniciais tornou-se um conjunto dominador, com o Sporting a consentir domínio evidente do adversário.
Como sabemos, um 2-0 provisório é um dos momentos mais traiçoeiros do futebol. Nada recomendável, portanto, começar a defender tal resultado ao minuto 46, muito menos quando o adversário se chama Benfica, virtual campeão nacional. Nem é prudente recuar tanto as linhas com fizeram os nossos jogadores, aparentemente a mando do treinador após palestra ao intervalo no balneário. Este recuo deu moral aos encarnados, com o treinador Roger Schmidt a refrescar a equipa muito antes da nossa e a dominar pela primeira vez nas alas, aproveitando o espaço que lhe oferecíamos.
As coisas pioraram quando Amorim decidiu trocar Edwards por Paulinho aos 54'. Se a presença do inglês, mesmo longe das suas melhores exibições, bastava para fixar um lateral e um central a policiá-lo na nossa ala direita, o ex-Braga foi sempre incapaz de pôr a defesa adversária em sentido, dada a sua insólita tendência de aparecer mais vezes em zonas recuadas do que em terreno ofensivo.
É certo que Paulinho esteve quase a ser o herói do jogo. Teria acontecido se marcasse o seu sexto golo deste campeonato, numa oportunidade soberana aos 86', apenas com Vlachodimos à sua frente. Mas claudicou no momento da decisão, permitindo que o guarda-redes defendesse, mesmo em desequilíbrio. Aliás falhou duplamente pois tinha a seu lado Matheus Reis, totalmente livre de marcação, e optou por não lhe endossar a bola.
Muitos dos 39 mil espectadores presentes nas bancadas de Alvalade pressentiam que os três pontos ainda não estavam garantidos quando Pinheiro concedeu oito minutos de prolongamento. Nessa altura já a nossa equipa defendia de qualquer maneira, com chutões para fora da área que permitiam ao Benfica recuperar de imediato a posse de bola e acelerar de novo rumo à nossa baliza, aproveitando a velocidade de Aursnes e Bah.
Adivinhava-se o empate - e chegou mesmo. Num golo irregular, sim, mas nada fizemos para o evitar. Nem para ampliar a vantagem que esteve em larga medida do nosso lado. Do mal, o menos: pelo menos o SLB não fez a festa do título no nosso estádioo. Mas voltámos a revelar-nos incapazes de vencer um adversário histórico: neste campeonato perdemos os dois embates com o FC Porto e empatámos com o Benfica.
Dez pontos perdidos.
Se os tivéssemos, a Champions estava mais do que garantida. E talvez até o título fosse nosso: chegaríamos aos 81 pontos - 84, se derrotarmos o Vizela na ronda que ainda falta. Apenas menos um do que os da Liga 2020/2021, quando nos sagrámos campeões.
«Come chocolates, pequena, come chocolates», escreveu Álvaro de Campos no célebre poema "Tabacaria". Se eu fosse pessoa para dar conselhos, diria ao nosso treinador, parafraseando o poeta: vence os grandes, Rúben, vence os grandes. Verás que tudo se torna mais fácil a partir daí.
Breve análise dos jogadores:
Israel - Segundo jogo no campeonato, estreia num clássico, substituindo Adán, ausente por castigo. Mostrou-se seguro e tranquilo, bom jogo de pés. Sem culpa nos golos sofridos.
Diomande - O jovem marfinense pegou como titular e estreou-se a marcar pelo SCP neste desafio - num cabeceamento perfeito. Alheou-se do lance no primeiro golo encarnado. (71').
Coates - Capitão com cortes providenciais. Aos 35', anulou uma acção de Rafa. Aos 90'+2 voltou a desfazer uma jogada de perigo. Bloqueado por Florentino no segundo golo do SLB.
Gonçalo Inácio - É ele a iniciar, com um passe bem medido para Nuno Santos, o lance do nosso primeiro golo. Algo intranquilo no segundo tempo, acusando fadiga.
Esgaio - A melhor primeira parte do ala direito. Centro com selo de golo para Pedro Gonçalves falhar escandalosamente (21'). Aos 32', um tiro à baliza: Vlachodimos evitou in extremis.
Ugarte - Campeão das recuperações, senhor absoluto do meio-campo no primeiro tempo. Aos 55', protagonizou um slalom de 40 metros com bola que merecia melhor desfecho.
Morita - Complemento ideal do uruguaio: enquanto Ugarte anula, o japonês constrói. Combinam muito bem. Aos 77', esteve quase a cobrir-se de glória num remate frontal que rasou a trave.
Nuno Santos - Dono do nosso corredor esquerdo, pareceu robustecer-se com os assobios da claque encarnada. Assistiu nos dois golos. Termina a época em excelente forma.
Edwards - Muito policiado, teve o mérito de prender dois defesas que lhe faziam cobertura. Soltou-se aos 21' num primoroso passe de calcanhar para Esgaio que esteve quase a dar golo.
Pedro Gonçalves - Muito desgastado fisicamente, o que lhe rouba lucidez no plano táctico. Foi tentando fazer a diferença em lances individuais, sem sucesso. Perdida incrível aos 21'.
Trincão - Foi dele o primeiro remate enquadrado do clássico, logo aos 7'. Aos 39', levou a melhor no confronto com António Silva e rematou para golo. Com o seu pior pé, o direito.
Paulinho - Entrou aos 54', para render Edwards. Com ele em campo, a equipa caiu a pique. Teve o golo à sua mercê, aos 86', mas permitiu a defesa de Vlachodimos. Como se fosse principiante.
Matheus Reis - Entrou aos 72', por troca com Trincão. Sem rasgo nem ousadia, talvez para cumprir instruções do técnico. Reclamou passe de Paulinho aos 86', isolado perante a baliza.
Bellerín - Substituiu um Esgaio já esgotado aos 72'. Cumpriu bem a missão de ala, no plano ofensivo. Com dois centros perfeitos - para Morita (77') e Paulinho (86').
Arthur - Rendeu Nuno Santos aos 79'. Perdeu mais uma oportunidade para se mostrar como alternativa ao nortenho. Tem boa técnica, mas isso não basta.
Dário - Coube-lhe substituir Morita aos 79'. Ainda controla mal a força física e calcula de modo deficiente o tempo de intervenção. Aliviou mal no segundo golo do Benfica.
Os "inas" do título pertencem ao tratamento medicamentoso dos transtornos bipolares, os mesmos cuja falta no balneário do SCP ou na dieta dos jogadores nos quilhou em dezenas de jogos. Em suma, em toda a época.
O jogo de ontem foi isso mesmo: uma caricatura da temporada 2022/2023. Dos primeiros 45 minutros para os segundos 45 minutos passámos, mais uma vez, do 8 ao 80.
Na primeira parte fomos dominadores, jogámos com equipa junta, coesa, cortando todos os caminhos ao adversário, sempre numa vertigem ofensiva que resultou em dois golos, e que até poderiam ter sido quatro.
Em resumo, nos primeiros 45 minutos jogámos como grandes que somos, em busca do único resultado que a isso se ajusta: a vitória.
A segunda parte foi simplesmente deprimente. Ou se preferirmos foi uma depressão bipolar. Estado psicótico que - consultando várias bulas- para ser debelado e controlado não implica qualquer prelecção do treinador ao intervalo mas tão só que os nossos jogassem pelo seguro e prevenindo a reincidência no padrão do alto, altíssimo ao baixo, chão, emborcassem quetiapina, cariprazina ou lurasidona isoladamente ou, lá está, a combinação de fluoxetina e olanzapina.
Tudo espremido, tenho esperança e fé que para o ano vamos jogar a esmagadora maioria das vezes como fizemos ontem na primeira parte do jogo, durante a qual esmagámos e vulgarizámos o advservário.
Do empate. Tivemos o pássaro na mão e deixámos fugir a vitória. Contra o Benfica, em Alvalade, repetindo o resultado da primeira volta (2-2). Com a diferença, desta vez, de termos sido totalmente dominantes na primeira parte, com reflexos no marcador: ao intervalo estava 2-0. Fez mal aos jogadores a prelecção do treinador no balneário. A nossa equipa entrou irreconhecível no segundo tempo, concedendo todo o domínio de jogo ao adversário.
Das substituições. Em equipa que ganha não se mexe, diz o adágio futebolístico. Rúben Amorim não o seguiu: fez várias trocas, quando vencíamos por duas bolas de avanço, e a equipa foi piorando com todas elas. Recuando sempre, deixando de causar perigo, perdendo ligação entre os sectores, defendendo aflitivamente a vantagem - que começou por ser confortável, tornou-se tangencial e deixou de ser vantagem ao sofrermos o segundo golo, já no tempo extra.
Da entrega do meio-campo ao Benfica. Ao desfazer o duo Ugarte-Morita, que brilhara no primeiro tempo, Amorim abdicou do domínio dessa decisiva faixa de terreno, confiando-a à equipa visitante. Algo inexplicável, tal como ordenar a saída de Nuno Santos (79'), o nosso jogador que melhor cruza, quando tinha optado pouco antes por plantar um avançado de referência na área (Paulinho). O homólogo alemão, treinador dos encarnados, deve ter agradecido.
De dois golos desperdiçados à queima-roupa. Aos 21', Pedro Gonçalves imitou Bryan Ruiz, falhando a dois metros da baliza escancarada após centro perfeito de Esgaio. Aos 86', Paulinho limitou-se a ser Paulinho: mais um falhanço na sua longa lista, quando tinha tudo para a meter lá dentro, só com Vlachodimos de permeio.
Da segunda parte de Diomande. Amorim apostou nele como titular, mas o jovem marfinense - um dos heróis da primeira parte - enterrou a equipa nos dois golos encarnados. No primeiro, aos 71', atirou-se para o chão e lá ficou, imóvel, aguardando a marcação de uma falta que não aconteceu e deixando a equipa em inferioridade numérica. No segundo, aos 90'+4, foi incapaz de aliviar a bola após sucessivos remates encarnados. Está ligado ao melhor e ao pior desta partida.
De termos dito adeus à Liga dos Campeões. O Braga empatou no Bessa, poderíamos ter reduzido distância, ainda com possibilidade aritmética de atingir a liga milionária. Mas voltámos a ser incapazes de aproveitar um tropeção da turma minhota. Permanecemos isolados no quarto lugar: resta-nos a Liga Europa.
De termos sido incapazes de vencer novamente o SLB em casa. Nas últimas doze épocas, já contando com estas, só triunfámos duas vezes como anfitriões neste dérbi lisboeta: em 2011/2012 (1-0, golo de Wolfswinkel, com Ricardo Sá Pinto) e em 2020/2021 (1-0, golo de Matheus Nunes, com Rúben Amorim).
De termos sido incapazes de vencer um só jogo contra os nossos maiores rivais. Dois empates com o Benfica, duas derrotas contra o FC Porto. Estes pormenores contam - e de que maneira - numa prova de continuidade como é o campeonato nacional de futebol. Dez pontos perdidos.
Gostei
Do nosso primeiro tempo. Marcámos dois (Trincão, 39', e Diomande, 44'), não sofremos nenhum. Demos espectáculo em Alvalade, perante 39 mil espectadores. Pressionámos o Benfica, impedimos a saída de bola adversária, neutralizámos jogadores como João Mário, Rafa e Gonçalo Ramos. Com fio de jogo, olhos na baliza, impecável organização colectiva. Remetendo o rival ao seu reduto defensivo. Uma das melhores primeiras parte do Sporting nesta temporada. Os números ajudam a compreender esta diferença: nove remates nossos, apenas dois do SLB. Há 22 anos que não chegávamos ao intervalo a vencer 2-0 num confronto com o Benfica para o campeonato.
De Ugarte. O melhor em campo. Impecável nas recuperações, funcionou como pêndulo da equipa não apenas na organização defensiva mas também na ligação com o sector ofensivo. Exímio no passe e nos confrontos individuais. Ninguém como ele merecia tanto a vitória que nos fugiu mesmo ao cair do pano.
Da primeira parte de Diomande. O jovem marfinense, que pegou de estaca como titular do trio de centrais, estreou-se como artilheiro de verde e branco. Num cabeceamento perfeito na sequência de um canto. Fez levantar os adeptos no estádio em celebração festiva, confirmando o domínio leonino na primeira parte. Pena tudo ter-se desmoronado no recomeço da partida. Aquele intervalo fez mal aos nossos jogadores. Diomande foi um dos mais afectados, como se viu.
De Nuno Santos. Exibição brilhante durante todo o primeiro tempo, vencendo todos os duelos com João Mário no nosso corredor esquerdo. Centrou várias vezes com qualidade. Fez duas assistências: é dele que sai a bola para o golo de Trincão, que supera António Silva e à segunda tentativa a mete lá dentro; foi também ele a marcar o canto de que resultou o golo de Diomande. Termina a época em excelente forma. Se sair, a equipa vai ressentir-se. Matheus Reis não tem a mesma energia, a mesma garra, a mesma entrega ao jogo.
De termos cumprido o 13.º jogo seguido sem perder. Se todo o nosso campeonato tivesse sido como está a ser esta segunda volta, agora quase no fim, teríamos garantido pelo menos o acesso à pré-eliminatória da Liga dos Campeões. Vencemos Chaves, Estoril, Portimonense, Boavista, Santa Clara, Casa Pia, V. Guimarães, Famalicão, Paços de Ferreira e Marítimo, empatámos com Gil Vicente, Arouca e ontem com o Benfica.
Da homenagem inicial a Manuel Fernandes. Foi excelente vermos no relvado, além dele, vários outros nossos antigos capitães, desde Hilário a Nani. Passando por Carlos Xavier, Iordanov, Oceano, Pedro Barbosa e Daniel Carriço. E outros craques que jogaram com o "Manel" na década de 80: Litos, Nogueira, Barão e António Oliveira.
De ver Matheus Nunes e Pedro Porro na tribuna. É sempre bom recebermos as visitas de ex-campeões nossos. Estes saíram há pouco tempo e já temos saudades deles.
Um dos jogos grandes do ano realiza-se hoje, a partir das 20.30: o Sporting-Benfica. Na partida da primeira mão fomos lá empatar 2-2. Com autogolo de Bah e um penálti convertido por Pedro Gonçalves.
No jogo homólogo da época passada não houve empate, mas derrota: a turma encarnada venceu em Alvalade (0-2). Desafio de péssima memória para nós.
Paulinho: nulidade contra o FC Porto no clássico de Alvalade
Foto: António Pedro Santos / Lusa
Não adianta iludir os factos, nem desviar a conversa nem arranjar focos de distracção em óbvia estratégia de contenção de danos: o Sporting está numa das suas piores épocas de sempre. Afastado da Taça de Portugal, logo ao primeiro embate, por uma equipa do terceiro escalão. Taça da Liga perdida contra o FC Porto. Título de campeão tornado inalcançável ainda antes de termos chegado ao fim da primeira volta. E agora, com enorme probabilidade, dissemos adeus à hipótese, que já era remota, de atingirmos um lugar de acesso directo à próxima Liga dos Campeões.
Até o terceiro posto na Liga está cada vez distante.
Só podemos queixar-nos de nós próprios. Nem da conjunção astral, nem de árbitros, nem de jornalistas ou comentadores, nem da vasta conspiração global contra as nossas cores. Tenham lá paciência: a culpa é toda nossa.
Voltou a acontecer no confronto de anteontem, quando recebemos o FC Porto. Queríamos vingar a pesada derrota no Dragão, por 0-3, ocorrida no início da primeira volta. Não só tal desígnio ficou por alcançar como voltámos a sair derrotados, desta vez em nossa casa, com quase 40 mil espectadores nas bancadas. Quase nenhum aguentou até ao fim: houve debandada geral antes do apito derradeiro, tão grande era a frustração. Cada vez é mais notório o divórcio entre a massa adepta e a equipa - incluindo a equipa técnica, liderada por Rúben Amorim.
E no entanto o jogo nem começou mal para nós. Fomos superiores na primeira parte, em que criámos quatro oportunidades de golo - duas por Edwards, uma por Chermiti, outra desperdiçada por Trincão frente ao guarda-redes. Diogo Costa, na defesa da noite, impediu em voo entre os postes que o nosso craque inglês marcasse um soberbo golo de livre directo.
Ponto mais positivo? A inclusão de Chermiti: aos 18 anos começa a dar nas vistas. Voltou a marcar, pelo segundo jogo seguido: leva dois golos e uma assistência em apenas três partidas. Se outros fossem como ele, não andávamos tão mal.
Aposta ganha, aqui sim: foi o melhor dos nossos. Nota positiva também para o lateral direito Bellerín e o central Diomande, os mais recentes reforços. Ambos estreantes em Alvalade, o primeiro já como titular.
Mas foi só. Como tantas vezes tem acontecido, a equipa regressou irreconhecível do intervalo. Cedeu terreno, caiu estrondosamente em termos anímicos, foi vítima da desarrumação táctica imposta pelo treinador. Amorim teima em pôr o nosso homem-golo, Pedro Gonçalves, na linha média. Insiste com Gonçalo Inácio para jogar de pés trocados. Tão depressa deixa Fatawu fora da convocatória como o chama para titular contra o campeão nacional - numa espécie de alucinada montanha russa cujo fim mal se descortina.
Tomou decisões ainda mais incompreensíveis na partida de anteontem, chamando sucessivamente três jogadores para ocuparem o lugar deixado vago por Pedro Porro, agora na Premier League: um deles, Esgaio, entrou e não tardou a sair, sem que se percebesse porquê. A inclusão de Trincão no onze roçou o absurdo, sobretudo porque se apressou a retirá-lo também: parece que o jogador se queixava de "amigladite". E a troca deste por um Paulinho incapaz de cumprir os mínimos deixou-nos em definitivo só com dez em campo. Ao ponto de nos interrogarmos por que raio o departamento jurídico leonino interpôs uma providência cautelar para adiar o terceiro jogo de castigo do ex-Braga. Mais valia terem ficado quietos.
Ponto da situação à 20.ª jornada, agora cumprida? Péssimo para nós.
Levamos 33 pontos de atraso face aos três da frente, distribuídos desta forma: menos 15 do que o Benfica, menos dez do que o FC Porto e menos oito do que o Braga. Consequência de seis derrotas até ao momento na Liga. Onze no total da época.
Quase pior que isto, continuamos incapazes de vencer a turma portista: quinta derrota consecutiva frente aos comandados por Sérgio Conceição. Só na época em curso, esta foi a terceira. Balanço muito negativo: sete golos sofridos, apenas um marcado.
Houve quem estranhasse a debandada final, quando perdíamos por 0-2 e Chermiti ainda não tinha conseguido reduzir, confirmando ser o nosso melhor em campo. Estranho seria se essa debandada não acontecesse. É um sinal, pelo menos, de que ainda existe capacidade de reacção neste clube.
Se não acontece no relvado, ao menos que suceda fora dele. Como foi o caso.
Breve análise dos jogadores:
Adán - Sofreu dois golos, sem responsabilidade directa. Bons reflexos numa dupla defesa aos 9'. Fabuloso passe-assistência isolando Edwards aos 28'. Merecia ter sido golo.
Gonçalo Inácio - Alterna o bom com o sofrível. Desta vez pouco lhe correu bem. Deixou-se driblar no primeiro golo do FCP e falhou o confronto aéreo no segundo (90'+5). A vê-las passar.
Coates - O capitão, talvez por fadiga física acumulada, atravessa um momento de menor inspiração. Com reflexos mais lentos e escassa capacidade de comando. Demasiado discreto.
Matheus Reis - O mais inspirado dos três centrais - melhor no passe e na ousadia ofensiva. Excelente cruzamento aos 20', fechou bem aos 41', corte oportuno aos 47'.
Bellerín - Deu boas indicações no corredor direito, embora não faça esquecer Porro. Arriscou pouco, mas quando o fez esteve seguro. Aos 23' ofereceu golo que Trincão desperdiçou.
Ugarte - Estancou grande parte do fluxo ofensivo portista no primeiro tempo, mesmo sem ter Morita a seu lado. Infeliz ao passar inadvertidamente a bola a Uribe no primeiro golo (60').
Pedro Gonçalves - Voltou a ser vítima da teimosa opção do treinador em fazê-lo recuar no terreno, retirando-o da linha de fogo. Isso teve reflexos no nosso jogo colectivo.
Fatawu - Aposta como titular, em vez de Nuno Santos, como ala esquerdo. Conseguiu causar desequilíbrios lá na frente, junto à linha, mas foi menos competente a defender.
Edwards - Protagonizou alguns dos melhores momentos do jogo. Fez a bola rasar o poste, assistiu Chermiti (41'), quase marcou de livre directo (45'+1), voltou a servir Chermiti (87').
Trincão - Parece um corpo estranho nesta equipa. Apático, triste, desinteressado, sem intensidade competitiva. Teve o golo nos pés (23'), mas optou por um passe ao guarda-redes.
Chermiti - O novo herói leonino. Marcou no fim (90'+7). Justa recompensa pelo seu labor na área portista. No primeiro tempo, Zaidu travou-lhe o golo. Aos 90' meteu-a lá dentro, mas fora-de-jogo. À terceira conseguiu.
Paulinho - Substituiu Trincão logo aos 34'. Mudança inútil: nada fez. Nem um remate, nem um passe a rasgar, nem uma desmarcação que ficasse na retina. Parecia estar a ver o jogo.
Nuno Santos - Actuou em toda a segunda parte, rendendo Fatawu. Anda longe da melhor forma, como ficou evidente neste clássico. Quase sempre incapaz de criar desequilíbrios.
Esgaio - Ninguém percebeu, provavelmente ele também não. Quase não chegou a suar a camisola: substituiu Bellerín aos 55', Amorim deu-lhe ordem de saída aos 71'. Entrou para quê?
Arthur - Desta vez à direita, foi ele a substituir Esgaio. A tempo de se mostrar um dos nossos melhores. Assistiu Chermiti no golo com um belo passe de ruptura. Merece aposta mais consistente.
Diomande - Substituiu Matheus Reis aos 71', ocupando a posição de central à direita. Com boa estampa física, revela capacidade técnica e robustez anímica.
A pergunta não é para Rúben Amorim, claro: o técnico leonino tem o dilema solucionado. A pergunta é dirigida aos leitores do És a Nossa Fé, tão treinadores de bancada como eu: se pudessem, dariam o lugar no onze a Paulinho ou a Chermiti no clássico de amanhã?
Pedro Gonçalves comemora o segundo golo na Luz, que marcou de penálti
Foto: Rodrigo Antunes / Lusa
Foi uma exibição acima do que tem sido a nossa média no campeonato actual. Bem acima, aliás, nos primeiros 25 minutos. O Sporting começou muito bem este clássico no estádio da Luz - outro jogo com um rival directo disputado fora de casa na primeira volta da Liga 2022/2023, cujo calendário em nada nos favoreceu. Recordo que também os confrontos com FC Porto e Braga decorreram em casa das equipas adversárias.
Não era um confronto nada fácil: estamos perante o melhor Benfica da última década, muito bem orientado pelo actual técnico alemão. Os encarnados chegaram a estar 28 jogos sem vencer - facto digno de registo.
Mas este SLB que anteontem defrontámos parece já longe do fulgor inicial. Não fez nada de relevante para justificar uma eventual vitória - tirando dois lances em que Gonçalo Ramos, mostrando-se ponta-de-lança competente, aproveitou da melhor maneira lapsos defensivos do Sporting. Aos 37' e aos 64'.
De qualquer modo, estivemos duas vezes em vantagem. Abrimos o marcador com um autogolo de Bah, aos 27', pressionado por Trincão - na sequência de um cruzamento milimétrico de Edwards. E voltámos a adiantar-nos aos 53', na marcação de um penálti, muito bem convertido por Pedro Gonçalves.
Dispusemos de duas outras excelentes oportunidades. A primeira, desperdiçada por Trincão aos 38', ao deixar-se antecipar por António Silva, vindo de trás, quando tinha a baliza à sua mercê. A segunda, aos 90'+2, com o estreante Chermiti a vacilar no momento da finalização. Ter-se-á deslumbrado e falhou: é algo que acontece com frequência a quem veste pela primeira vez a Verde e Branca na equipa principal. Nada que justifique forte censura.
Em resumo: a exibição não deslumbrou, o resultado não escandalizou. Embora na época anterior tenhamos vencido o Benfica por 3-1 na Luz.
O que nos faltou para conseguirmos os três pontos?
Faltou sobretudo maior consistência no sector defensivo, que tem feito a diferença para melhor noutras partidas. Coates desta vez não funcionou como pêndulo na definição das linhas do fora-de-jogo. Gonçalo Inácio falhou a marcação no primeiro golo, Matheus Reis teve uma abordagem deficiente no segundo.
Exibições muito positivas de Pedro Gonçalves, na transição do meio-campo para o ataque sem descurar o apoio à defesa. Também de Edwards na primeira parte, antes de rebentar fisicamente. E sobretudo de Ugarte, um poço de energia: está a tornar-se num novo Palhinha. Falta agora descobrir-se quem será o substituto dele. Existem alguns candidatos, mas a escolha ainda não está feita.
A entrada de Chermiti, aos 78', foi um dos factos marcantes deste jogo. Outro jovem oriundo da Academia leonina em quem Rúben Amorim aposta. Mesmo tendo feito apenas seis jogos nesta temporada pela equipa B e vindo de uma lesão algo prolongada. A estampa atlética do avançado (1,92m) parece impressionar o nosso treinador, consciente de que a falta de estatura dos jogadores é um dos nossos problemas do meio-campo para a frente.
O jovem nascido nos Açores, com apenas 18 anos, necessita de apurar a cultura táctica. Mas a verdadeira aprendizagem faz-se lá dentro, nos jogos a doer - como agora aconteceu. Mérito de Amorim por acreditar nele.
Este empate na Luz acabou por saber a pouco porque a vitória esteve perfeitamente ao nosso alcance e continuamos 12 pontos atrás do Benfica, líder da Liga. Mas um empate naquele estádio nunca poderá ser visto como resultado negativo.
Péssimas foram as derrotas absolutamente inesperadas que nos tiraram da corrida ao título. Perder com o Chaves (em casa), o Boavista, o Arouca e o Marítimo é inadmissível. Tal como é inaceitável sermos atirados fora da Taça de Portugal pelo Varzim.
Os jogos são para ganhar.
Podem ser ganhos ou não, mas nunca se entra em campo com outra atitude senão esta: querer vencer.
Sem dizer que os jogos «não contam para nada» ou que «nem vale a pena pois os árbitros roubam-nos sempre». Adeptos de um clube tão grande como os maiores da Europa não devem exprimir-se assim.
Breve análise dos jogadores:
Adán - Transmitiu segurança à equipa ao anular três jogadas que levaram perigo à nossa baliza: a maturidade conta muito nestes clássicos. Sem culpa nos golos sofridos.
Gonçalo Inácio - Oscilante. Facilitou a progressão adversária no lance do primeiro golo que sofremos (o pior). Grande passe de ruptura a isolar Chermiti quase no fim (o melhor).
Coates - Faltou-lhe definir melhor a linha do fora-de-jogo, missão que costuma protagonizar com brilhantismo. Bons cortes aos 43' e aos 76' neste seu 14.º dérbi no Sporting.
Matheus Reis - Decisivo corte aos 61', neutralizando Rafa. Mas falhou a abordagem na jogada de que saiu o segundo golo encarnado, deixando Ramos movimentar-se à vontade.
Porro - Marcou de forma exímia um livre directo travado por Vlachodimos, logo aos 6'. E é ele a iniciar, com um toque de classe do seu pé menos bom, o lance do nosso primeiro golo.
Ugarte - Todo-o-terreno na linha daquilo a que Palhinha nos habituou. Melhora de jogo para jogo, vencendo sucessivos confrontos no nosso meio-campo. Foi o melhor dos nossos.
Nuno Santos - Muito assobiado cada vez que tocava na bola, mostrou-se bastante mais retraído do que o habitual. O desafio impôs-lhe prioridade às tarefas defensivas.
Pedro Gonçalves - Muitos furos acima das suas mais recentes exibições. Acutilante na construção ofensiva, transportando bem a bola. Marcou o segundo golo, de penálti.
Edwards - Momento alto: a assistência para o primeiro golo - curiosamente de pé direito, ele que é canhoto. Quinta assistência na Liga. Quebrou fisicamente no segundo tempo.
Trincão - O melhor: pressionou à boca da baliza, dando origem ao primeiro golo - marcado por Bah na própria baliza. O pior: desperdiçou soberana hipótese de marcar, aos 38'.
Paulinho - Ganha o penálti, ao ser derrubado em falta por António Silva. Foi o melhor momento do nosso avançado-centro neste clássico, em que não fez um só remate à baliza.
St. Juste - Saltou do banco aos 67', rendendo Matheus Reis - Gonçalo passou para central à esquerda, ele ficou à direita. Tem velocidade, mas precisa de conter algum ímpeto.
Arthur - Entrou aos 78', substituindo Edwards. Mas não demonstrou alguns dos dotes que já lhe vimos noutros desafios. Parece atravessar uma crise de inspiração.
Chermiti - Estreia absoluta na equipa principal, logo num Benfica-Sporting: aos 78', rendendo Paulinho. Movimentou-se bem na área aos 90'+2, mas pecou pela má finalização.
Jovane - Entrou muito tarde para o lugar de Trincão, aos 89'. Mal teve tempo para se destacar, tanto pela positiva como pela negativa. Vai-se tornando irrelevante.
Do ponto que obtivemos com este empate na Luz. Foram os primeiros pontos perdidos pelo Benfica em casa no campeonato, que os encarnados lideram isolados. Este 2-2 soube-nos a pouco, mas foi bem melhor do que termos perdido antes com Boavista, Tondela e Marítimo.
Dos 20 minutos iniciais. Bom jogo leonino, sem complexos frente ao líder da Liga 2022/2023, perante 62.295 espectadores nas bancadas. Equipa veloz, compacta, com lances ofensivos bem medidos.
De ter estado duas vezes em vantagem. Abrimos o marcador aos 27', graças a autogolo de Bah, em bola dividida com Trincão à boca da baliza. Ao intervalo, havia 1-1. Na segunda parte, voltámos a pôr-nos na frente, desta vez de penálti, aos 53', a punir carga de António Silva sobre Paulinho quatro minutos antes. O árbitro, Artur Soares Dias, teve dúvidas: alertado pelo vídeo-árbitro Tiago Martins, considerou grande penalidade. As imagens comprovam o acerto da decisão.
De Porro. Exibição muito positiva do internacional espanhol, que só não foi ao Mundial do Catar por absurda incapacidade do seleccionador Luis Enrique (já afastado dessas funções) de perceber que está ali um dos melhores laterais direitos do futebol europeu. Marcou de forma exemplar um livre directo, aos 6', forçando Vlachodimos a voar para a defesa da noite. E é ele a iniciar o nosso primeiro golo numa primorosa abertura de pé esquerdo para Edwards que depois centraria de pé direito. Com sucesso.
De Pedro Gonçalves. Relegado para o meio-campo, fora da zona de tiro que o notabilizou no Sporting, desempenhou a missão com abnegação e espírito de sacrifício, transportando bem a bola, sem virar a cara à luta. Aos 4', já arrancava um amarelo a Otamendi. E aos 53', bem à sua maneira, converteu de modo irrepreensível o penálti. Agora com dez golos na temporada, recupera o estatuto de maior goleador leonino.
De Ugarte. Missão de sacrifício do jovem internacional uruguaio, que se bateu como verdadeiro Leão contra os adversários no corredor central. Recuperações e cortes de bola providenciais. Apoiou a defesa sem descurar a construção ofensiva. Um poço de energia do princípio ao fim do jogo. Voto nele como o melhor dos nossos neste clássico.
Da estreia de Chermiti. Surpresa total: Rúben Amorim promoveu outro miúdo da formação à equipa principal. E logo num jogo desta responsabilidade, substituindo um fatigado Paulinho aos 78'. A verdade é que o jovem açoriano, de 18 anos, teve o golo da vitória nos pés, mesmo ao cair do pano (90'+2). Recebeu muito bem um passe longo, livre de marcação, mas pecou pela deficiente finalização ao rematar por cima. Esperemos que seja o primeiro de muitos jogos de Leão ao peito entre os "adultos". E que nos próximos demonstre pontaria mais afinada.
De termos disputado este clássico só com um titular habitual de fora. A excepção foi Morita, que embora já regressado há mais de um mês do Catar, onde alinhou pela selecção do Japão no Mundial, ainda não atingiu os níveis de recuperação muscular necessários para a competição no campeonato português. Todos os outros estavam aptos, sem lesões nem castigos.
Não gostei
De termos alcançado pior resultado do que há um ano. Na época passada, vale a pena recordar, fomos vencer por 3-1 à Luz. Num jogo que dominámos por completo.
De termos sido incapazes de segurar a vantagem. Duas vezes adiantados no marcador, deixámo-nos empatar. Repetiu-se o padrão que já havia sucedido no início do campeonato, quando empatámos (3-3) em Braga, estando sempre em vantagem que acabaria por ser anulada.
Da nossa defesa. Desconcentração, falta de comunicação, lapsos individuais (Gonçalo Inácio voltou a comprometer), incapacidade para travar o melhor ponta-de-lança actual do futebol português: Gonçalo Ramos movimentou-se como quis na nossa área e pôde assim marcar por duas vezes, aos 37' e aos 64'. Nem parecia que estávamos a jogar com três centrais rotinadíssimos. Este foi ontem, de longe, o pior sector da nossa equipa.
De Trincão. É verdade que pressionou no lance do primeiro golo, provocando o erro de Bah que nos adiantou no marcador. Mas voltou a ter uma exibição abaixo dos níveis de exigência de uma equipa com o perfil competitivo do Sporting - algo bem espelhado na forma inacreditável como, com a frente ganha, se deixou antecipar por António Silva, que vindo de trás lhe roubou a bola (e o golo) aos 38'. Substituído só aos 89' por Jovane, já saiu tarde.
De termos perdido outros dois pontos. Vemos o segundo lugar cada vez mais distante (o Braga está com mais oito que nós e o FC Porto tem mais sete). E até podemos perder o quarto lugar no campeonato se o Casa Pia vencer hoje o Estoril.
Dos 19 pontos perdidos à 16.ª jornada. Ainda antes de concluída a primeira volta, estamos já pior do que estivemos em todo o campeonato anterior, quando concluímos as 34 rondas com apenas 17 pontos desperdiçados. A diferença é brutal.
Do nosso péssimo registo nos jogos fora. Já sofremos 14 golos em terreno adversário neste campeonato. Só os dois últimos, Marítimo e Paços de Ferreira, sofreram mais que nós.
Leio estas declarações de Manuel Fernandes, antevendo o desafio de amanhã na Luz, e concluo: esta gritante falta de exigência faz mal ao Sporting. Proclamar, 48 horas antes do desafio, que «este jogo não conta nada», é mais um sintoma do que escrevi aqui há dias: andamos a caminhar na direcção errada. Em vez de elevarmos a fasquia, continuamos a baixá-la. Com esta mentalidade, onde sobra o esforço? O que resta da imperiosa dedicação? Onde mora a ambição de glória?
Quando, antes do apito inicial, históricos vultos do Sporting surgem no terreno mediático com paninhos quentes aos nossos jogadores proclamando que o clássico dos clássicos do futebol português é quase uma partida a feijões, transmitem um sinal profundamente errado a quem anda lá dentro. Absolvem-nos por antecipação se, como demonstraram no estádio dos Barreiros frente ao penúltimo do campeonato, tremerem todos e andarem a arrastar-se em campo, após dez dias sem competir, como se lhes faltasse sei lá o quê.
Considero ainda mais deslocado que seja precisamente alguém como Manuel Fernandes, eterno capitão do Sporting e um dos heróis deste clube com leão no símbolo, a emitir sinais tão desmobilizadores. Terá sido com este espírito que ele protagonizou aquele histórico dia 14 de Dezembro de 1986 em que goleámos o Benfica por 7-1? Também esse jogo que jamais se apagará do historial leonino «não contava para nada»?
No Sporting não há jogos a feijões, caro Manuel. Como sabes melhor do que ninguém. Cada desafio conta. Não é para «cumprir calendário» nem para aquecer nestes meses mais frios: é para vencer. Jogue-se onde se jogar.
Como é que não conta? Basta olhar de relance a tabela classificativa para perceber. Se perdermos amanhã, ficamos 15 pontos abaixo do velho rival. Se as três equipas mais próximas vencerem também, o Braga fica 9 pontos acima, o FC Porto fica com mais 8 e o Casa Pia ultrapassa-nos no quarto posto. Somaremos a sexta derrota em 16 jogos da Liga.
Será de mais pedir a estes sportinguistas com lugar cativo nos meios de comunicação (outro é Dias Ferreira, que já concluiu na TSF: com estes árbitros «não vale a pena») que transmitam aos nossos jogadores sinais inequívocos de exigência em vez de subscreverem este discurso derrotista, capaz de sepultar no berço qualquer aspiração à glória?
Alguém recordava hoje, numa rede social, que na época 1999/2000, o Sporting também foi jogar ao Porto na primeira volta e perdeu igualmente por três secos.
E concluía a evocação notando que, no final desse campeonato, o campeão foi...o Sporting!
De 2000 para cá muita coisa mudou, mas esta idiossincracia, tipicamente sportinguista, de avistar, ao cabo de cinco pontos perdidos, o adeus ao título, ou outro qualquer desfecho catastrofista, permaneceu inalterada.
Rúben Amorim não é sportinguista, felizmente para nós!
O mister, muito habituado a ganhar e a disputar as frentes todas até ao fim, - forma de estar que trouxe para Alvalade e que tem incutido nos seus jogadores - não vai soçobrar, como o típico adepto leonino, com este arranque em falso.
Continuo a colocar as minhas esperanças na equipa. Como diria Mourinho noutros tempos, «fiquei frustrado com a derrota, já que queria ganhar. Mas alguém vai ter de pagar. Certamente será o próximo.» Portanto, não concebo outra resposta que não uma vitória categórica frente ao Chaves.
Primeiro clássico da temporada. Correu-nos mal. Viemos do Porto com uma derrota pesada - e que podia ter sido maior ainda se o árbitro não tivesse anulado um golo limpo à turma da casa, quase ao cair do pano. Numa partida em que as oportunidades de golo até se equivaleram. Mas a diferença fundamental esteve entre os postes: Adán fez talvez a pior exibição desde que está no Sporting enquanto o jovem Diogo Costa, novo titular da selecção nacional, brilhou na baliza portista, negando por três vezes o golo aos nossos.
Morita - para mim o melhor Leão em campo - pôs os anfitriões em sentido com um remate de pé esquerdo que levou a bola a embater no poste logo ao minuto 11. Ainda na primeira parte, o guardião azul e branco impediu que Trincão e Gonçalo Inácio marcassem. Já no declinar da partida, aos 83', travou um tiro de Fatawu que também levava selo de golo.
Este foi o primeiro jogo do Sporting sem Matheus Nunes, que entretanto já se estreou pelo Wolverhampton (derrota por 1-0 frente ao Tottenham). Mas o grande problema da equipa não esteve na ausência do luso-brasileiro, que rendeu de imediato 45 milhões de euros aos cofres leoninos. Voltámos a pecar por lapsos defensivos, na linha do que já havia ocorrido nos desafios da pré-temporada. Em três jogos oficiais do campeonato, sofremos seis - dois em média por partida, números impensáveis para uma equipa que sonha com o título.
Neste aspecto, nota muito negativa para Porro. Que anteontem fez tudo mal no Dragão: perdeu a bola, errou atrás de passes, desperdiçou um golo de bandeja que Trincão lhe ofereceu e - cereja em cima do bolo - cometeu um penálti absolutamente disparatado ao desviar a bola com a mão em cima da baliza, com Adán fora dos postes. Fazendo-se expulsar pelo árbitro Nuno Almeida. Nessa altura, aos 75', o jogo estava 1-0. Foi penálti, que o FCP converteu. A partir daí, com menos um, o Sporting resvalou de mal a pior.
Desta vez nem as substituições saíram bem ao treinador, batido em termos tácticos pelo sólido losango que Sérgio Conceição instalou no meio-campo, pautando o ritmo da equipa: os da casa aceleraram quando era preciso e concederam a iniciativa ao Sporting quando lhes interessavam. Sem nunca perderem a supremacia.
Confirma-se: este Sporting de início de temporada - privado de Palhinha, Tabata e agora Matheus Nunes - tem um plantel curto para as frentes em que está envolvido. O que vai notar-se sobretudo quando começarem as nossas partidas da Liga dos Campeões. Falta um central, falta um médio defensivo, falta um ponta-de-lança. E talvez falte também um bom guarda-redes suplente, como há muito venho alertando.
Algumas destas lacunas ficarão colmatadas com a promoção de jovens da formação? É duvidoso. Outras serão resolvidas até ao fecho do mercado ainda em curso? É bem provável.
Agora há que digerir esta derrota no grupo de trabalho. E pensar já no próximo desafio, contra o Chaves. Jogo a jogo, como Amorim dantes dizia. É assim que devemos pensar - e não de outra forma. Lembrando que no fim de Agosto do ano passado quem liderava o campeonato era o Benfica, com mais quatro pontos do que o Sporting e o FC Porto.
Sabemos como tudo terminou.
Breve análise dos jogadores:
Adán- Lento a reagir, intranquilo entre os postes, provocou um penálti desnecessário. Parece mal recupeado da lesão sofrida no fim da pré-temporada.
Neto- Teve noite difícil por ter acorrido várias vezes a dobrar Porro, que parecia perdido em campo. Batido por Taremi no lance do primeiro golo portista.
Coates - Desta vez, ao contrário do que é costume, não se impôs nos lances aéreos. Corte precioso aos 55', mostrando bons reflexos.
Gonçalo Inácio - O mais regular dos nossos defesas - e também aquele que revelou mais precisão no passe. Ia marcando de cabeça, aos 45'+4.
Porro - Noite de pesadelo. Entregou a bola aos 13', 23', 24', 27', 31' e 55'. Aos 57', falha o golo que Trincão lhe ofereceu. Expulso aos 75' por confundir futebol com andebol.
Ugarte- Jogou condicionado por ter visto o amarelo logo aos 16' sem qualquer necessidade. Quando era preciso, já não podia pôr o pé. Demasiado nervoso.
Morita- Precisão de passe, boa condução de bola. Capacidade de jogar entre linhas. Recebeu um amarelo injusto. Depois de sair, aos 70', aconteceu o descalabro.
Matheus Reis- Outro jogador muito intranquilo: chegou a pegar-se com um apanha-bolas, algo inaceitável. Podia ter feito melhor em dois dos golos.
Trincão- Exibiu classe num remate em arco que levava selo de golo (45'+3) e num passe de calcanhar para Porro dentro da área que merecia melhor desfecho (57').
Pedro Gonçalves - Combinou bem com Morita no lance em que a bola vai ao poste. Ao recuar no terreno, na segunda parte, tornou-se menos influente.
Edwards- Falso 9: não é avançado-centro. Muito marcado, foi incapaz de fazer as movimentações de que tanto gosta, da direita para o meio.
Nuno Santos- Substituiu Morita aos 70'. Tentou cruzamentos mas não havia ninguém para receber a bola. E andou algo perdido nos apoios defensivos.
Rochinha- Em campo desde os 70', substituindo Neto. Tentou penetrar na área, recorrendo à finta, mas esbarrou na muralha defensiva portista.
St. Juste- Rendeu Matheus Reis aos 79', passando Gonçalo para central à esquerda. Entrou para estabilizar a defesa, mas ainda não parece em grande forma.
Fatawu. Deu mais nas vistas desde que entrou, aos 79', do que Edwards até então. Podia ter marcado, aos 83', mas permitiu a defesa na cara do guarda-redes.
Esgaio. Entrou aos 90'+1, aparentemente só para evitar que Ugarte recebesse um segundo amarelo que o impedisse de alinhar no próximo jogo. Mal tocou na bola.
O Sporting sofreu ontem no Dragão uma derrota pesada, por números que não fazem justiça ao desempenho e à atitude demonstradas pela equipa em campo. O Sporting acaba por perder por 3-0 num jogo em que teve o mesmo número de oportunidades que o adversário, quatro, mas enquanto dum lado Diogo Costa fez três grandes defesas e o poste resolveu a restante, do outro Adán fez talvez a pior a exibição desde que chegou ao Sporting, disputando atrasado os três lances que deram golos e sem capacidade de resolver a situação criada nos dois penáltis.
De qualquer forma, num estádio lotado duma massa adepta vibrante e muito alinhada com o “futewrestling” do Conceição, o Porto sempre se mostrou confortável no jogo e com argumentos que o poderiam conduzir à vitória. Foram um onze muito entrosado de jogadores que transitaram da época passada, a permanente vontade de conduzir o jogo para duelos físicos constantes, a teatralização dos lances e a permanente pressão sobre a equipa de arbitragem para arrancar amarelos e expulsões, a muito bem trabalhada exploração das bolas paradas ofensivas.
Ao Sporting sempre faltou capacidade física para equilibrar a situação no eixo central, nenhum dos três avançados defendia lá na frente como o faziam os dois do Porto, os dois médios cedo ficaram limitados pelos amarelos, nas bolas paradas o Pepe ao segundo poste era marcado por Trincão e esteve quase a acontecer o que aconteceu em Braga. Uma coisa é entrarmos em campo com Paulinho e Palhinha, outra coisa bem diferente com Edwards e Morita. Só não vê quem não quer.
Além disso, a falta dum ponta de lança é determinante no processo ofensivo da equipa. Não existe jogo aéreo ofensivo, os defesas centrais contrários ficam sem ninguém para lhes condicionar os movimentos, e os nossos avançados a desgastar-se muitas vezes ingloriamente em slaloms individuais, tentando entrar na defesa contrária com a bola dominada.
Se lá no Dragão, a sete filas do relvado, fiquei com sérias dúvidas sobre os lances capitais, revendo pela TV já em casa tenho de aceitar a decisão dum árbitro que “já virou muitos frangos” e não precisou de repetir a vergonhosa actuação do seu colega de Braga João Pinheiro para que a equipa da casa ganhasse.
Esteve bem também na gestão do empurrão de Matheus Reis a uma criança apanha-bolas já bem “instruída” na escola da batotice que o obstruiu na tentativa de marcar rápido uma reposição de bola pela linha lateral, aproveitada pelo Pepe para uns minutos depois tentar armar outra peixeirada ao seu jeito.
Ver a selecção de Portugal entrar em campo com expoentes do anti-desportivismo como Pepe e Otávio realmente custa muito, mas é o que temos. Se calhar é melhor não protestar muito, senão o Fernando Santos ainda naturaliza o Taremi.
Concluindo, o Sporting até teve um desempenho bem razoável no Dragão mas isso não chegou para impedir a derrota e segue já a 5 pontos do Porto. Mas também já passou por dois dos mais difíceis estádios da Liga e continua a poder reverter a situação em Alvalade.
O grande problema é a extrema falta de recursos do plantel. Ontem foram a jogo todos os seniores não lesionados com excepção de Esgaio e Jovane, e… não há mais ninguém.
Morita não aguenta 90 minutos, Ugarte joga sempre no limite do amarelo, médios no banco… ninguém. Saiu Morita, recuou o goleador quando o que era preciso era marcar golos. E lá voltámos a ver Coates a fazer o que não deve, abandonar a defesa e tentar o impossível.
Uma palavra final para Rúben Amorim. Precisará com certeza de rever determinadas situações técnicas e tácticas, mas continua a demonstrar toda a sua enorme capacidade enquanto treinador.
A grande questão é que o plantel é curto, muito curto. Já o era com Tabata e Matheus Nunes, sem eles ainda o é muito mais. E não cabe a Amorim justificar o injustificável, será sempre ele o primeiro a ser responsabilizado. Reforços, precisam-se. Para ontem.
Rúben Amorim resumiu o jogo no Dragão - vulgo estômago leonino esmurrado - com uma verdade: o FC Porto concretizou as oportunidades que teve, o Sporting não. Mesmo que concorde que o resultado não reflecte o medir de forças entre rivais a que assistimos e apesar de considerar verdadeira a síntese do "Mister", na minha opinião a dita peca por defeito. Não resume tudo.
O Sporting - diria La Palice - sofreu golos e não os marcou devido a faltas na equipa e falhanços da mesma. A conclusão é portanto simples: faltam jogadores, uns que concretizem, outros que melhor defendam e os criativos e que carreguem a bola com capacidade para desmontar a defesa adversária (assim de repente lembro-me de um craque que há uma semana vestia a listada embelezada com o leão e hoje anda de camisola amarela lobina).
Nenhum dos sectores leoninos esteve bem no Dragão. Houve falhas e falhanços na defesa, no meio-campo e no ataque. O alarme tem de ser esse. Não vale a pena crucificar o Adán (que já nos deu muitos pontos!) e menos ainda o Rúben Amorim. Afinal, foi uma semana atípica porque corolário da inconsequente pré-época. O período de preparação da temporada foi feito com jogadores que já cá não estão. E esse, com o mercado a fechar e as equipas cada vez mais montadas, deve ser outro sinal de alarme.
Também não devemos trucidar, querer abater a Direcção. Não cometamos os erros do costume e que nos levaram ao desnorte de décadas, provocado pelo radicalismo de tudo exigir que se mude à primeira pesada derrota.
E digo isto criticando com veemência as faltas e falhanços a que assistimos na comunicação do clube, em concreto da equipa que mais nos faz vibrar no apoio ao nosso clube. Porque os mesmos denunciam aquilo que aparentemente surge como a primeira brecha num núcleo coeso entre Direcção e líder da equipa técnica que nos levou à conquista do tão desejado título de campeão nacional e que foi revelando um rumo claro, coerente e consequente.
E este é outro sinal de alarme.
Por fim, um apelo. Não nos deixemos tomar pela falta de esperança. São "apenas" 5 pontos de atraso para os rivais, mas ainda só decorreram três jornadas. Há muito campeonato pela frente. Não falhemos nós no apoio à equipa.
Dos três golos sofridos no Dragão. Derrota no confronto da noite passada frente ao campeão em título num estádio com 49.430 espectadores. Dois golos sofridos de penálti em noite desastrosa para a nossa organização defensiva, guarda-redes incluído.
De Adán. Noite péssima para o guardião espanhol que tantas alegrias nos tem dado. Preso de movimentos, sai tarde em duas ocasiões - primeiro aos 42', acorrendo ao choque com Taremi sem evitar o golo em lance corrido, depois aos 85', ao cometer grande penalidade - totalmente escusada, quando Galeno está já sem ângulo propício ao remate. Para esquecer.
De Porro. Também ele com exibição desastrosa. Na primeira parte entregou a bola cinco vezes aos adversários. Voltou a fazê-lo uma sexta vez, na etapa complementar. E faz-se expulsar de forma infantil aos 75', quando meteu a mão à bola na linha da baliza, com Adán fora do lance, como se fosse guarda-redes. Alegadamente para evitar um golo. Que acabou por acontecer de qualquer modo logo a seguir (78'), num penálti convertido por Uribe, passando o Sporting a jogar só com dez por expulsão do lateral espanhol. Iniciou-se aí o descalabro.
Do cartão exibido a Ugarte. O médio uruguaio viu o amarelo muito cedo, logo aos 15', por entrar de sola em riste numa bola disputada sem qualquer necessidade. Passou a jogar o resto da partida condicionado, com receio de ver um segundo que o fizesse sair de campo. Tem responsabilidade, por isso, no início da construção do lance de que resultará o 3-0: não podia meter o pé.
Das oportunidades falhadas. Tivemos quatro ocasiões flagrantes para marcar. Na primeira, aos 11', Morita atirou ao poste. Nas outras, Diogo Costa - a figura deste clássico, comprovando ser o melhor guarda-redes português da actualidade - evitou golos de Trincão (45'+3), Gonçalo Inácio (45'+4) e Fatawu (83'). Cumprindo-se um dos princípios básicos do futebol: quem não marca, arrisca-se a sofrer. E a perder jogos - e até campeonatos.
Do nosso descalabro defensivo. Seis golos sofridos nos três primeiros desafios da Liga 2022/2023 - à média de dois por jogo. Nunca tinha acontecido na era Amorim, com lances imperdoáveis, como o do golo de Evanilson, aos 42', em que o brasileiro se movimenta sem a menor oposição na nossa área. É caso para soarem todas as campainhas de alarme. Algo insólito porque a única baixa da defesa entretanto ocorrida foi a saída de Feddal, que não participou na maioria dos desafios do campeonato anterior. Isto significa que é necessário rever processos também ao nível do meio-campo. E reforçá-lo com urgência máxima.
Das substituições. Desta vez creio que Rúben Amorim mexeu mal na equipa, ao fazer uma enorme alteração na linha defensa aos 70'. Saíram Neto e Morita, entraram Rochinha e Nuno Santos. Voltou-se à confusão gerada noutras partidas: Gonçalo passou de central à esquerda para central à direita e Matheus transitou de lateral para central, com a instabilidade daí decorrente. Por coincidência ou talvez não, a partida deixou de estar equilibrada e sofremos o segundo golo escassos minutos depois.
Das ausências. Está a ser um início de temporada muito complicado para o Sporting - aliás na linha do que já havia sido detectado nos desafios da pré-época. Perdemos três titulares da época passada (Sarabia, Palhinha e agora Matheus Nunes), além de Tabata, que tinha golo e dava mais uma opção ao treinador para o corredor central. Estranho seria que sem estas baixas tudo ficasse como se nada tivesse acontecido. Mas a verdade é que o FCP perdeu três jogadores nucleares da época passada (Vitinha, Mbemba e Fábio Vieira, além de Luis Díaz, que havia saído em Janeiro) sem ter sofrido qualquer abalo.
De uma espécie de regresso ao passado. Desde 2015 que não sofríamos três golos do FC Porto, na condição de visitantes, para o campeonato. Derrota pesada, que pode ter consequências no estado anímico da equipa.
De termos ficado em branco tendo um goleador sob contrato. Slimani ainda está no Sporting, mas proscrito. Dava-nos jeito? Claro que sim. Ontem disputámos o clássico sem um avançado centro no onze. Cenário absurdo numa equipa que sonha ser campeã.
Da distância face ao FC Porto. Em nove pontos disputados, já perdemos cinco. Isto significa que deixámos de depender só de nós para lutarmos pelo título de campeão nacional. Quando ainda faltam 31 jornadas. Isto pode ter algo de positivo? Só o facto de acontecer tão cedo: há tempo de sobra para darmos a volta. Mas precisamos de aguardar erros dos nossos principais adversários nesta corrida de longo curso.
Gostei
De Morita. Não é Matheus Nunes, claro: tem características muito diferentes. Mas não foi por ele que saímos derrotados do Dragão. Pelo contrário, o primeiro sinal de perigo neste clássico saiu dos pés do japonês, num lance de infiltração na grande área portista culminado num potente pontapé que embateu no poste direito da baliza. Mais uns centímetros ao lado e toda a história deste jogo teria sido diferente. Talvez mereça ser considerado o melhor Leão em campo.
De Fatawu. Entrou bem, embora só aos 79', quando Rúben Amorim decidiu retirar Edwards. O jovem internacional ganês anda com vontade de mostrar serviço como profissional do Sporting e percebe-se que sente atracção pela baliza. Quatro minutos depois de saltar do banco esteve quase a marcar, isolando-se perante o guarda-redes, num lance que Diogo Costa abortou com excelente defesa.
Do tempo extra na primeira parte. Duas oportunidades de golo nesta fase, em que o FCP esteve em contínuo sobressalto. Só faltou concretizá-las.
Do início do segundo tempo. Domínio claro do Sporting nos 20 minutos iniciais deste período, procurando desfazer o 1-0 que se registava ao intervalo, com o FCP a conceder-nos iniciativa de jogo. Boas subidas pelos flancos, sobretudo no esquerdo, em que Matheus Reis ganhou consecutivos confrontos individuais. Só faltou traduzir este domínio em golos.
Que desta vez não houvesse chavascal no Dragão. Certas tradições começam a perder-se. Se forem péssimas, como esta, é um excelente sinal.
Primeiro clássico da temporada. É neste sábado, às 20.30, no estádio do Dragão. O Sporting, como visitante, vai tentar superar a turma anfitriã, que na ronda anterior venceu com inegável dificuldade o Vizela, quase à beira do apito final.
Na época passada registou-se um empate a duas bolas no FCP-Sporting - jogo em que os portistas foram vergonhosamente levados ao colo pelo árbitro João Pinheiro, que tudo fez para lhes assegurar o pontito em casa.
E agora, como será? Aguardo os vossos prognósticos.
No controladíssimo futebol português, a questão é se o nosso Sporting foi campeão no ano passado por mérito ou porque alguém se distraiu e achou que não íamos lá e depois acordou demasiado tarde?
A derrota com o Benfica, limpa e óbvia, decorre de banho tático ou de jogadores e equipa técnica que acreditam em bruxas porque veem televisão como nós e veem certas e determinadas coisas a acontecer noutros relvados e, compreensivelmente, perdem gás emocional e motivacional porque perceberam que façam o que fizerem, jamais vão chegar ao bi?
O futebol português continuará assim, belicoso, cheio de incidentes, pressões, intimidações, VARs repetidos tantas vezes que todos os lances são lances de gravidade máxima, árbitros e árbitros de VARs com medo físico que façam mal às suas famílias, fanáticos engravatados orgulhosos de décadas que vão deixar os historiadores do futuro perplexos e autoridades a assobiar para o ar?
Depois duma derrota em casa marca Soares Dias - qualquer dia tem um Dragão de Ouro à sua espera - voltamos amanhã ao Dragão para tentar chegar à final do Jamor, se calhar agora com os superdragões a fazer de apanha-bolas ao jeito que foi descrito pelo Diogo Dalot e que representa bem a forma batoteira de estar no desporto do clube na era do Pinto da Costa.
O último dérbi, não tanto pelo resultado mas muito mais pela exibição, pôs à evidência a bipolaridade de muitos Sportinguistas, aqueles que já saltavam nas bancadas aos 8 minutos de jogo eram os mesmos que assobiavam e diziam do pior no final, e pelo que fui lendo e ouvindo, enquanto os benfiquistas ficaram com uma sensação agridoce, dizem que ganharam mas não a jogar à Benfica, alguns sportinguistas já acham que o Sporting só sabe jogar para trás e para os lados, Amorim tem muito que aprender e levou um banho táctico do Veríssimo. Como se para baixar linhas para proteger a óbvia falta de pernas dos dois excelentes veteranos defesas centrais, defender com 10 e contar com um super-Darwin lá na frente fosse preciso um Guardiola ou um Klopp.
O futebol do Sporting de Amorim é o mesmo desde que chegou. Foi com ele que ganhámos muita coisa em muito pouco tempo, e é com ele que ganharemos ainda mais. Construção deste trás, controlo do jogo, circulação da bola a toda a largura do campo, variações de flanco, ataque à profundidade. A questão é o momento de forma dos jogadores, e alguns parecem de facto esgotados pela exigência da campanha e pelas pancadas que vão sofrendo, com árbitros que inclinam o campo a nosso desfavor e com clubes que contra nós fazem o jogo da vida deles e contra os rivais baixam as calças.
Pedro Gonçalves é o caso mais flagrante desse esgotamento. Nada lhe sai bem, desde os dribles até aos remates, simplesmente não parece o mesmo jogador que ainda há poucos meses deu cabo do Dortmund.
Paulinho, a mesma coisa. Aquele jogador que não parava em campo e se constituia como um pivot ofensivo de qualidade agora parece um pinheiro plantado na área, incapaz de fugir às marcações e a falhar as poucas bolas a que consegue chegar.
Dum trio que parecia há tempos que ia dar cartas, sobra apenas Sarabia, jogador muito mais de momentos do que de rendimento contínuo. E por aqui passa muito do problema do Sporting neste momento, com Slimani em baixo pelo Ramadão e pela eliminação da Argélia do mundial, e Edwards um jogador de engate, depende da lua.
Que onze então apresentar no Dragão?
Bom, guarda-redes não há questão, é o Adán.
Na defesa/alas, Porro-Inácio-Coates-Matheus Reis-Nuno Santos ou Porro-Neto-Coates-Inácio-Matheus Reis? Aqui a grande questão é a cobertura / articulação do defesa com o ala do mesmo lado. Porro-Inácio combinam muito bem, Matheus Reis-Nuno Santos também no momento ofensivo, Porro-Neto mal, quer a defender quer a atacar, Inácio-Matheus Reis assim assim.
No meio campo, Ugarte tem que jogar, ponto. Quem fica ao lado, Palhinha ou Matheus Nunes? Porque não Palhinha com Matheus Nunes mais avançado do lado esquerdo?
No ataque, Paulinho volta a ser o pivot ofensivo ou joga Sarabia como fez em Tondela e como faz na sua selecção? E quem o acompanha?
No jogo de Alvalade o Sporting alinhou com um onze com Nuno Santos no seu melhor lugar:
Adán; Neto, Coates e Inácio; Porro, Ugarte, Matheus Nunes e Matheus Reis; Sarabia, Paulinho e Nuno Santos.
Se calhar amanhã vamos ter a repetição desse onze.
Concluindo,
Amanhã o Sporting entra em campo no Dragão para conquistar o acesso à final da Taça no Jamor.
Considerando o sistema táctico de Rúben Amorim, qual seria o vosso onze?
#JogoAJogo
SL
{ Blogue fundado em 2012. }
Siga o blog por e-mail
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.