Quem acompanhou a série da Netflix, Casa de Papel, reconhecerá a personagem.
Um homem odioso, engravidou a própria secretária e riu-se dela, ele era um homem de família ela é que devia ter tido cuidado, violou, arranjou maneira de culpar os outros dos esquemas que ele engendrava e nunca davam certo, enfim um badameco, um escroque.
Se fosse árbitro de futebol, Arturito, seria o tipo de pessoa que via um futebolista a esmurrar outro e alertado pelo VAR, diria: "não vou nada expulsá-lo, o gajo é campeão do mundo", "mas vem ver as imagens, Arturito", "já disse que não vou".
Lembrei-me do Arturito da Netflix porque a UEFA este ano decidiu inovar e escolher árbitros de grandes potências futebolísticas ou então árbitros com estilo, com um olhar cortante e com pose de artistas de cinema.
Para a final da Liga dos Campeões vai um árbitro da Eslovénia, essa grande potência do futebol mundial.
Para a final da Liga Europa avança um árbitro da Roménia que já foi uma média potência futebolística mas que agora andará ao nível da Eslovénia.
Finalmente para a mais desprestigiada prova da UEFA, a prova que é disputada pelos clubes que ficam a meio da tabela, é nomeado o confeiteiro mais conhecido do futebol mundial, um tal Artur, Artur Soares Dias.
O árbitro português pode ser vaidoso, incompetente e pouco corajoso mas é, certamente, dos mais bonitos a nível mundial, pode representar um bom papel.
... a bola é posta em jogo e os nossos avançam como leões!
Coates (1) recebe a bola e passa a Quaresma (2), Quaresma (2) dribla Alex Teles (3) que se estende ao comprido e passa a Nuno Mendes (4), Nuno Mendes (4) recebe a bola e passa a Wendel (5), Wendel (5) passa a Plata (6), Plata (6) centra e Jovane (7) completamente isolado, corre para a baliza e chuta, golo!
Golo!”. E derruba o tampo da mesa.
“Ai meu Deus, que aconteceu? Mas que foi isto?” diz a sua mulher Carlota ao entrar de rompante na sala.
“Foi o senhor Anastácio que meteu um golo.»
-----
(1) - Canário no original. (2) - Travassos no original. (3) - Guilhar no original. (4) - Vasques no original. (5) - (Wendel) Albano no original. (6) - Jesus Correia no original. (7) - Peyroteo no original.
Vi a selecção, o aflitivo jogo com Marrocos, com o Edgar Pêra, cineasta. Um amigo comum lembrou-nos, "há pá, o Zé escreve no blog És a Nossa Fé", "Edgar, mostra-lhe lá o filme". O Pêra é um tipo de grande talento, com um estilo e olhar muito peculiar, único - e o seu "O Barão" é o filme português que mais gostei de ver. E, já agora, é sportinguista.
Bem, e como o nosso amigo comum o lembrou, mostrou-me este seu filme. De 2004, e vivia eu longe, daí nunca o ter visto. É este "És a Nossa Fé". O Pêra trabalhou, não só mas fundamentalmente, sobre a final da Taça de 2002, o Sporting-Leixões, clubes de diferentes dimensões mas "dois clubes de apaixonados", clubes populares. Cujos adeptos usam clamar este "és a nossa fé ...". E fez um filme sobre a paixão, a nossa paixão pelos clubes, pelo futebol, como a encenamos, a vivemos, nela somos. Não é um "documentário" habitual, ex-pli-ca-di-nho, com as entrevistas, as imagens narrativas, o jogo em si. É cinema, sobre nós todos, nacos, rictos. E o como somos, belos nesta aparente estranheza. No nosso caso como o somos sendo assim Sporting.
Hoje é dia disso. Que nos lembremos deste "És a Nossa Fé", desta nossa "fé". Que nas diferentes opiniões e modos de paixão possamos estar congregados, com os desacordos, que os há e muitos, mas sem conflitos. E amanhã também.
{ Blogue fundado em 2012. }
Subscrever por e-mail
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.