Da nossa vitória em Arouca. Repetimos a marca do campeonato anterior: triunfo indiscutível por 3-0 num campo difícil e que em período invernoso costuma estar quase impraticável. Ainda bem que lá fomos ainda no Verão. Desta vez com uma diferença digna de registo face ao anterior desafio que lá disputámos: todos os golos foram no período regulamentar. Em 2023/2024 o segundo e o terceiro ocorreram já em tempo extra.
De Trincão. Está em grande forma, confirmando como foi acertada a decisão do seleccionador Roberto Martínez em convocá-lo para os dois mais recentes desafios da equipa das quinas e como foi um disparate tê-lo mantido no banco, impedindo-o de calçar. Homem do jogo, melhor em campo. Marcou o último golo (o melhor dos três), aos 80' - golaço que finalizou da melhor maneira uma brilhante jogada individual em que foi deixando quase toda a defesa arouquesa pelo caminho. Foi também ele a construir o primeiro golo, em lance de insistência, colocando-a à mercê de Pedro Gonçalves, que finalizou. Está em excelente forma.
De Pedro Gonçalves. Outro desempenho muito bom do nosso n.º 8, que voltou a confirmar os dotes como goleador (já marcou quatro). As 24' foi dele o primeiro, um raro golo de cabeça, sem necessidade de tirar os pés do chão, encaminhando-a bem ao seu jeito para o fundo das redes. É também ele a intervir, pelo Sporting, no lance em que foi assinalado penálti contra o Arouca, aos 67'. Fez bem Roberto Martínez em poupá-lo ao serviço da selecção: assim permite-lhe brilhar ainda mais no Sporting.
De Gyökeres. Voltou a facturar. Desta vez só marcou uma vez - o que já nos parece caso raro. E de penálti, o que começa a tornar-se frequente. Na marca da grande penalidade, não dá hipótese aos guardiões contrários. Voltou a acontecer, desta vez aos 73': foi o seu oitavo golo à quinta jornada. No momento em que escrevo estas linhas tem mais golos marcados, sozinho, do que qualquer outra equipa da Liga 2024/2025 excepto a do Sporting. Implacavelmente vigiado por dois "polícias" adversários, só à conta dele foram amarelados dois deles, Fontán (aos 60') e Loum (aos 90'+7).
De Daniel Bragança. Outra grande partida do nosso subcapitão, titular em vez de Morita, recém-regressado de uma viagem ao seu continente de origem por imperativo da selecção nipónica. Actuando como médio de construção ofensiva, sempre com notável precisão de passe e inegável inteligência na leitura do jogo, infiltrando-se entre linhas, é dos pés dele que sai a abertura para Trincão fixar o resultado. Esteve prestes a marcar, num forte remate rasteiro aos 43', que o guarda-redes Mantl desviou a custo para canto.
De Debast. Depois da desastrada estreia na Supertaça, tem vindo a exibir bons apontamentos, num crescendo de forma que justifica aplauso. Como central titular à direita, destacou-se na qualidade do passe, esticando o jogo e suscitando o ataque à profundidade. Aconteceu aos 4', 11', 17' e 90'+7: não pode ser coincidência. Tentou ele próprio o golo, aos 36'. Está confiante, o que se reflecte na exibição colectiva.
Da estreia de Maxi Araújo. Recém-chegado do Uruguai, o novo reforço leonino entrou só aos 78', substituindo Quenda, embora actuando na ala esquerda, movimentando-se de fora para dentro com bons apontamentos técnicos. Só precisa de se adaptar às subtilezas do futebol português, menos propício ao intenso contacto físico que é banal no seu país de origem.
Do regresso de Israel. Com Vladan lesionado, pelo menos durante três semanas, recuperou a titularidade entre os postes em estreia de Leão ao peito nesta época. Esteve atento e respondeu bem quando foi necessário, nomeadamente com duas defesas apertadas, aos 39' e aos 50'. O Sporting não perde consistência defensiva quando é ele, agora suposto número dois na hierarquia dos guarda-redes, a tomar conta da baliza.
Da importância deste triunfo. Graças à vitória em Arouca, reforçamos o comando isolado da Liga: continuamos invictos, à quinta jornada. De momento com mais seis pontos do que o FCP e mais oito do que o Benfica, que esta noite estreia novo treinador (tipo filme de reprise, contratando quem antes havia despedido). Continuamos a evidenciar jogo colectivo próximo da perfeição. Com o pensamento fixo no bicampeonato que nos foge há 70 anos.
Da arbitragem. Nota positiva para João Pinheiro: não foi o papão que alguns temiam, deixou jogar com critério, penalizou com amarelos três do Arouca quando passaram das marcas e quebraram as regras e demonstrou que quando quer sabe mesmo arbitrar um jogo. Ficam dúvidas no lance do penálti, avalizado pelo vídeo-árbitro João Gonçalves: as imagens foram visualizadas durante cerca de três minutos, com opiniões divididas no estádio e fora dele, visto a bola ter ido ao braço de Fukui muito à queima-roupa. Mas merece, no mínimo, o benefício da dúvida. Embora, se tivesse sido contra nós, não faltassem vozes a gritar «fomos roubados».
Da "invasão verde" em Arouca. Havia muito mais adeptos do Sporting do que da equipa local, o que não surpreende. A puxarem pelas nossa cores do princípio ao fim.
Do nosso impressionante registo ofensivo. Dezanove golos marcados à quinta jornada - melhor só há 72 anos, no campeonato 1952/1953. Diferença brutal em relação às restantes equipas. No momento em que escrevo estas linhas, a segunda mais concretizadora é o Santa Clara, com apenas oito.
Do nosso terceiro jogo consecutivo sem sofrer golos. Depois do Farense-Sporting (0-5) e do Sporting-FC Porto (2-0). Vale a pena registar. Por ser um dos aspectos que à partida suscitavam mais dúvidas quanto ao desempenho deste Sporting 2024/2025. A incógnita já foi desfeita: nada a temer neste domínio.
De ver o Sporting marcar há 47 jogos seguidos. Sem falhar um, para desafios do campeonato, desde Abril de 2023, perante o Gil Vicente (0-0). Números impressionantes, próprios de um campeão em toda a linha.
De termos disputado 26 desafios em sequência sem perder na Liga. Marca extraordinária: a nossa última derrota (1-2) aconteceu na distante jornada 13 do campeonato anterior, em Guimarães, a 9 de Dezembro. E vamos com 15 triunfos nas últimas 16 partidas disputadas para a maior competição do futebol português.
Desta sexta-feira, 13. Deu-nos sorte.
Não gostei
Do resultado ao intervalo. Vitória escassa, por 1-0, traduzindo mal o intenso domínio leonino em praticamente apenas 45 metros de relvado, correspondentes ao meio-campo do Arouca.
Daquele "autocarro" estacionado à nossa frente. Cada treinador adapta-se aos obstáculos que tem pela frente em função do plantel de que dispõe. Mas chega a ser confrangedor ver uma equipa do primeiro escalão do futebol profissional português remeter-se quase um jogo inteiro a formar muralha defensiva, com seis e às vezes até sete elementos, mantendo-se inofensiva no plano atacante.
De ver Chico Lamba jogar contra nós. Acontece quase em todos os jogos, defrontarmos profissionais formados na Academia de Alcochete: não há lugar para cada um deles no Sporting. Neste caso merece destaque porque Chico Lamba vestiu durante dez anos de verde e branco, foi presença regular na nossa equipa B, onde ostentou braçadeira de capitão, e chegou a actuar na equipa principal, convocado por Rúben Amorim. Teve ontem um desempenho esforçado, em estreia pelo Arouca. Que seja feliz por lá.
Para que seja viável um plantel curto na equipa principal é indispensável dispor duma retaguarda de jovens de grande potencial, capazes de substituir com sucesso os mais velhos em momentos de aperto e explodir de rendimento durante a temporada.
Ora, se na época passada essa retaguarda deixava muito a desejar. Bastava olhar para a falta de qualidade da equipa B. Esta época, com a dispensa de muitos, a promoção dos melhores juvenis e juniores e a contratação de alguns estrangeiros de grande qualidade, tudo é diferente.
Mas a verdade é que nesta meia temporada nenhum dos jovens que entrou em campo na equipa principal, e estamos a falar de jogadores que se treinam regularmente nessa equipa embora jogando muitas vezes pela B, se fixou na mesma, antes foram aparições esporádicas e muitas vezes mal conseguidas.
Então como explicar isso?
Em primeiro lugar gostava de saber se os lançamentos na equipa A têm alguma coisa a ver com recompensas pela assinatura do contrato "de adulto", resistindo a promover quem ainda não o assinou por não ter a idade necessária ou resistir à assinatura. Porque é que o Chico Lamba, que nem é opção na B, foi lançado contra o Casa Pia ou o Mateus Fernandes contra o Tottenham?
Em segundo, não consigo entender porque é que a B joga num sistema táctico diferente da A. Só conseguiria entender se Amorim estivesse de saída do Sporting ou estiver nos seus planos voltar aos quatro defesas.
O onze habitual da equipa B, que tem feito boa campanha na complicada 3.ª Liga e é a base da equipa que ficou em primeiro lugar no seu grupo na Youth League e também da selecção portuguesa de sub20, é o seguinte:
Callai; Travassos, Marsà (Gilberto), Alcantar (Veiga) e Nazinho (Marsà); Essugo (Veiga), Diogo Abreu e Mateus Fernandes; Fatawu, Rodrigo Ribeiro e A. Moreira (D. Cabral).
Então é fácil ver que nenhum dos jovens da B foi lançado na A na posição em que joga habitualmente. Então os casos de Marsà e Mateus Fernandes são flagrantes.
Falando de Mateus Fernandes, para mim é outro que, tal como Daniel Bragança, nunca será titular neste sistema táctico de Amorim. Se a equipa B jogasse nesse sistema, o onze titular teria provavelmente Essugo e Diogo Abreu no meio-campo, os mais parecidos que existem com Ugarte e Morita. E ainda lá está o Marco Cruz nos sub23. Claro que em 4-3-3 ou 3-5-2 já existe espaço para um médio ofensivo "levezinho" como os dois que referi.
Ainda sobre esta questão do 4-3-3 vs 3-4-3, as duas últimas contratações, Tanlongo e Sotiris, parecem "clones" do Palhinha e do Matheus Nunes, ajustam-se ao 3-4-3 que Amorim tem utilizado.
O caso de Fatawu também é curioso. Na pré-temporada foi testado a ala esquerdo e para mim estava ali de caras o titular. Mas não, voltou a jogar como extremo direito de pé trocado. Aí concorre com Trincão e Edwards pela titularidade, ou seja, não tem grandes hipóteses. Isso deveu-se a Amorim não lhe querer quebrar as rotinas da selecção para ele poder render o máximo no Catar?
Concluindo, por uma razão ou por outra a verdade é que a tal retaguarda de jovens não tem funcionado nada bem nesta meia-temporada, fico a aguardar a próxima Taça da Liga para rever este meu pensamento.
Nuno Santos lidera os festejos após marcar um golaço aos 59'
(Foto: Manuel de Almeida / Lusa)
Gostei
Dos três pontos arrancados ao Casa Pia. Valeu a pena, em noite chuvosa, assistir a este jogo contra uma equipa que no início da partida estava à nossa frente na classificação. Equipa bem organizada e competente, que se encontra por mérito próprio numa posição muito confortável da Liga 2022/2023, o que só aumenta o mérito deste triunfo, por 3-1, em Alvalade.
De Morita. Melhora de jogo para jogo. Pedra angular do meio-campo leonino, o japonês vai-se assumindo como maestro da equipa naquela zona do terreno. Neste embate com o Casa Pia redobrou a influência por ter jogado uns metros mais à frente do que vinha sendo habitual. Pequena subtileza táctica que rendeu frutos. Esteve muito bem na recuperação, no passe, no apoio directo ao ataque. Hoje só lhe faltou o golo.
De Porro. Veloz e acutilante, foi sempre uma flecha apontada ao Casa Pia, dominando o corredor direito. Sobretudo na segunda parte, em que deu largas à sua capacidade ofensiva. Participação directa nos nossos dois golos de bola corrida: o primeiro num colocadíssimo remate em arco para defesa incompleta do guarda-redes, que possibilitou a recarga; o segundo ao fazer um magnífico passe cruzado que atravessou toda a largura do campo e funcionou como assistência.
De Nuno Santos. Merece ser considerado o melhor nesta partida. Revela-se agora um dos nossos jogadores mais consistentes. Aos 27 anos, entrou num ciclo de maturidade enquanto profissional do futebol, assumindo-se como líder da equipa. Nos minutos iniciais, incentivando as bancadas a puxarem pelo Sporting. E ao marcar o golaço que nos valeu os três pontos, logo correu para abraçar Rúben Amorim - talvez a imagem mais icónica deste jogo à chuva, demonstrando ânimo e união. Para contagiar os adeptos. O golo merece ser revisto, uma vez e outra.
De Paulinho. Funcionou como arma secreta do treinador, que o mandou saltar do banco aos 54'. Ouviu aplausos quando pisou a relva e correspondeu da melhor maneira, marcando o nosso primeiro golo apenas três minutos depois. À ponta-de-lança, de cabeça, numa recarga à queima-roupa muito oportuna. Ajudou a arrumar a frente ofensiva e a incutir-lhe consistência - tudo quanto Trincão fora incapaz de fazer antes dele.
Das estreias. Amorim tinha prometido apostar a partir de agora nos mais jovens e cumpriu: a renovação está em marcha. Com duas estreias absolutas no plantel principal em jogos do campeonato. A merecerem nota positiva: Chico Lamba (que fez a segunda parte, no lugar de Marsà) e Mateus Fernandes (substituindo Ugarte aos 78'). Além de Nazinho (que rendeu Porro aos 78'), em estreia na Liga 2022/2023. Que tenha sido o primeiro de muitos jogos deles de verde e branco no primeiro escalão.
Da reviravolta. Pela primeira vez nesta temporada, em que já disputámos 15 jogos, virámos um resultado negativo. Com uma segunda parte quase sem falhas, dominada por completo pelo Sporting, não deixando o adversário progredir nem conquistar espaço. Revelámos capacidade anímica, algo de que andávamos claramente carecidos.
Dos golos. Três, em apenas oito minutos, ditaram o resultado. O de Paulinho aos 57', o de Nuno Santos aos 59' e o de Pedro Gonçalves aos 65', convertendo uma grande penalidade por derrube de Edwards que o árbitro Helder Malheiro entendeu ter sido à margem da lei. Amorim, junto ao banco, nem quis olhar. Mas a bola entrou mesmo.
Que tivéssemos subido ao quarto lugar. Continuamos a ver o Benfica nove pontos à nossa frente. Mas diminuímos a distância face ao FC Porto, derrotado pelos encarnados no Dragão. Agora o segundo classificado, o Braga, tem apenas mais três pontos que o Sporting. Aumenta a emoção nos lugares de perseguição ao líder do campeonato.
Não gostei
Das numerosas oportunidades de golo que falhámos. Registei estas: Edwards aos 5', Trincão aos 20' e 52', Pedro Gonçalves aos 33' e 49', Morita aos 40' e Nazinho aos 82'. Várias foram anuladas pela boa exibição do guarda-redes Ricardo Batista - que chegou a jogar no Sporting com Paulo Bento. Mas outras, mesmo à boca da baliza, foram puro desperdício.
De Trincão. Passou ao lado do jogo. Sem criar desequilíbrios, sem conseguir lances de ruptura, trapalhão no domínio da bola, inconsequente no momento do remate. Nada fez hoje para justificar a titularidade, excepto uma bola que mandou ao poste aos 52'. Bem substituído por Paulinho dois minutos depois.
Da saída de Marsà. O jovem catalão, novamente titular no eixo da defesa devido à prolongada lesão de Coates, já não regressou para a segunda parte. Espera-se que seja mero impedimento temporário, a ver se contamos com ele no próximo desafio, contra o Tottenham, em Londres. Já basta termos Neto, St. Juste e o capitão uruguaio fora de combate devido a problemas físicos.
Do 0-1 ao intervalo. O Casa Pia, num contra-ataque veloz, apanhou toda a nossa defesa desposicionada e meteu-a lá dentro aos 43', por Clayton, sem hipóteses de defesa para Adán. Um balde de água fria em Alvalade, que registava hoje pouco mais de meia casa: havia 26.679 espectadores.
De mais um golo sofrido. Continuamos a somar jogos com a nossa baliza muito permeável: já vão sete seguidos. Treze golos encaixados em dez desafios da Liga 2022/2023.
Dos assobios à equipa no final da primeira parte. Não havia necessidade. É assim que estes adeptos imaginam conseguir moralizar os jogadores?
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