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És a nossa Fé!

Balancés

1. Dois grandes ausentes no balanço da época que já está a ser feito: LF Vieira e Rui Pedro Brás. O primeiro, caído em desgraça, acabou por ver cair a sua estratégia de arrebatar o poder a Rui Costa porque o Seixal (onde teimou e investiu a sério) meteu cá fora os Gonçalos Ramos, os Antónios Silva e depois este miúdo, o João Neves, que ajudaram (e muito) a esta caminhada do Benfica. Irónico, hein...

Engraçado como até a imprensa adepta do SLB esqueceu que foi Vieira quem decidiu (a dada altura) apostar na academia que já deu ao Benfica excelentes jogadores e muito dinheiro.

O outro, que não abriu a boca (e bem durante toda a época), despachou contratações falhadas e fechou outras (como Enzo ou Auresnes) que se revelaram preciosas.

 

2. A enorme, grande, gigante importância de começar bem a época, como aconteceu connosco quando fomos campeões e agora com o SLB. A verdade é que equipa que tenha 6 ou mais pontos de vantagem na recta final dificilmente perde a Liga.

 

3. A "formação" depende das fornadas. Nem todos os atletas formados nos clubes têm pedal para a alta competição. Vide Sporting ou Porto. A alguns até falta de formação: Chermiti tem tudo menos técnica de remate. Como é que é possível um avançado não saber finalizar?

 

4. Há qualquer coisa na preparação física no Benfica que os coloca num patamar acima de Porto e sobretudo Sporting.

 

5. Não foi uma Liga com um grande craque, aquele jogador que dava gozo ver, independentemente da equipa em que jogava. 

 

6. Os clubes além dos 3 grandes + 1 (o Braga) são fracos e tendem a ficar piores. Perder pontos com esses clubes é suicídio. 

 

7. É justo que tenhamos ficado em quarto e foi por falta de liderança, embora não tivéssemos plantel para fazer melhor do que terceiro.

 

8. Na Liga portuguesa, é indispensável pensar a Liga TAMBÉM depois de conhecido o sorteio. Ou seja, se houver jogos muito complicados a princípio seguidos, talvez valha a pena contratar mais caro e com mais risco. Perder esses jogos é perder a época.  

A voz do leitor

«Ficando no plantel, [Tiago Tomás] iria competir com Chermiti e Rodrigo Ribeiro. Chermiti, tirando o fulgor dos primeiros três jogos, tem demonstrado estar muito verde e que a sua relação com o golo também não é muito boa. Vê-se mesmo que não tem instinto matador.»

 

Ângelo, neste meu texto

O ponta de lança

Depois duns dias bem longe, onde apesar de em diferido consegui ver os jogos pelo site TV da minha operadora, tenho finalmente algum tempo para voltar aos posts.

Sobre o jogo de ontem os dois Pedros já debateram quase tudo. Banzai, Banzai, Banzai!!!

Fica apenas a nota do ponta de lança. Parece que para alguns o Chermiti foi o culpado da derrota, se tivéssemos um ponta de lança a sério tínhamos ganho aquilo.

Ora bem. Em Outubro de 2017 tínhamos um mesmo a sério, o Bas Dost, gostava imenso dele. E fomos (eu também) a Turim com Jorge Jesus ao comando da equipa perder com esta mesmo Juventus (Allegri incluído, Cuadrado também) por 1-2, num jogo em que marcámos de chouriço/autogolo, e depois fomos defendendo e defendendo até à derrota final. Dominio total da Juve. Remates enquadrados fizemos um, não sei se foi do Bas Dost.

 

Ontem o domínio foi nosso, remates para golo tivemos meia dúzia. Chermiti fez um trabalho de sapa muito importante para libertar os três baixinhos lá na frente.

Claro que nesse tempo os seguidores devotos do grande timoeiro tudo engoliam, desde logo o que o grande mestre da táctica debitava no seu pre-tuguês, enquanto agora reduzem a Juve a um Chaves qualquer  na sua Arena. Acabar por  perder o jogo devido a duas falhas individuais claras nas duas áreas já é motivo para caça às bruxas.

 

Falando por mim, sem Ugarte nem Paulinho, com jogadores vindos de jogos pelas suas selecções no outro lado do mundo, com lesões, doenças e "ramadões",  nunca pensei assistir a tamanho desempenho.

Só posso ter orgulho nesta equipa e neste treinador. Chermiti incluído.

 

Em Alvalade, na quinta-feira, lá estarei confiante na ultrapassagem da eliminatória mas bem ciente da capacidade competitiva desta Juventus.

Até porque Porto e Benfica ja sentiram o veneno do Inter e o Braga sentiu o mesmo da Fiorentina.

SL

Rescaldo do jogo de ontem

 

Não gostei

 

Do empate do Sporting em Barcelos. Parece sina: derrapámos frente ao Gil Vicente, cumprindo um jogo em atraso, no mesmo estádio onde tínhamos naufragado, em Outubro, frente ao Varzim - do terceiro escalão do futebol português - para a Taça de Portugal. Desta vez, empate a zero. Sem hipótese de recurso a teorias da conspiração: só podemos queixar-nos de nós próprios.

 

Dos golos anulados. A bola entrou duas vezes na baliza gilista. Edwards, aos 54', e Pedro Gonçalves, aos 60', meteram-na lá dentro, mas sem valer. No primeiro caso, detectado pelo vídeo-árbitro Hugo Miguel, Chermiti iniciou o lance em fora-de-jogo. No segundo, a deslocação era tão evidente que nem necessitou de linhas virtuais - o próprio Pedro percebeu que estava adiantado face ao penúltimo defensor.

 

Da atitude. Num desafio de quase tudo-ou-nada, que podia ditar (ou não) o acesso do Sporting às receitas da liga milionária, foi inaceitável aquele ritmo pausado, aquela falta de fibra, aqueles passes atrasados, aquela incapacidade de ganhar segundas bolas - e até de conquistar cantos, pois o primeiro só aconteceu aos 63'. Perante um Gil Vicente que cumpriu o seu plano de jogo com eficácia mas também com fragilidades que fomos incapazes de aproveitar. 

 

Da desconcentração. Como é possível os nossos jogadores serem oito vezes apanhados em posição irregular? Isto só se explica por lapsos de concentração competitiva, ainda mais imperdoáveis por se tratar de um desafio que nos poderia deixar apenas a três pontos do Braga - e em vantagem competitiva com a turma minhota. Nem pareciam estar em campo os mesmos que esta época já derrotaram o Tottenham na Liga dos Campeões e eliminaram o Arsenal da Liga Europa. Só sentirão verdadeira motivação quando enfrentam adversários de renome no futebol europeu? Nem quero acreditar.

 

Do treinador. Rúben Amorim pecou a dois tempos. Desde logo, ao escolher o onze titular: para quê promover o regresso de Esgaio e apostar em Matheus Reis como alas se Arthur e Nuno Santos tinham estado tão bem na partida anterior, frente ao Santa Clara? Esgaio, como sabemos, é incapaz de driblar, cruza de modo inofensivo e tem péssima relação com a baliza. Matheus, sempre de nervos à flor da pele, cumpriu no plano defensivo mas é claramente inferior no capítulo ofensivo. Rúben também demorou demasiado a mexer na equipa, exceptuando a troca de Gonçalo Inácio por Nuno Santos ao intervalo. Só aos 76' decidiu que era preciso alterar alguma coisa, quando era evidente para todos que o cenário de vitória ia ficando cada vez mais longe.

 

De Chermiti. Esteve quase a marcar um golo com "nota artística", de calcanhar, agora que andam na moda as candidaturas ao Prémio Puskás. Foi aos 10': se entrasse, toda a história deste Gil Vicente-Sporting seria bem diferente. Faria bem o jovem dianteiro em deixar-se de malabarismos e a dedicar-se a praticar um futebol objectivo e sempre de olhos nas redes adversárias, pensando menos nos memes das redes sociais e nas manchetes da imprensa do dia seguinte. E também a estar mais atento à linha do fora-de-jogo, como compete a qualquer avançado.

 

De Edwards. É um dos nossos melhores jogadores, mas por vezes desliga o interruptor e torna-se mero espectador. Ontem foi facilmente anulado pela defesa minhota, o que pareceu desmoralizá-lo. Ia tentando, de modo intermitente, mas faltava-lhe sempre o ângulo certo para o remate de pé esquerdo ou a floresta de pernas à sua frente inviabilizava a trajectória da bola rumo à baliza. Esteve em dia não.

 

De Trincão. Desperdiçou outra oportunidade. O facto de ter ficado fora do onze inicial já significa que vem perdendo a confiança do treinador. Ter entrado só no quarto-de-hora final foi outro indício. A verdade é que acabou por ser uma substituição inútil: pareceu ter entrado já cansado e não tardou a ser engolido pela muralha gilista. O melhor que fez foi um remate frouxo, à figura do guarda-redes Andrew.

 

De voltar a ver Coates como ponta-de-lança improvisado. Sinal de desespero evidente nos minutos finais: funcionou há duas épocas, quando a estrelinha brilhava e nos sagrámos campeões, mas o nosso capitão deixou de ser "arma secreta": todas as defesas adversárias conseguem anulá-lo com facilidade. O melhor é pensarmos num reforço a sério para esta posição e não continuarmos a recorrer ao improviso.

 

Da classificação. Seguimos em quarto lugar, vendo o Braga com mais cinco pontos, o FC Porto com mais sete e o Benfica à distância estratosférica de 17 pontos. Há cada vez menos tempo e menos espaço de recuperação, quando só faltam oito jornadas. O melhor a que ainda podemos aspirar, realisticamente, é ao último posto do pódio. 

 

 

Gostei

 

De não termos sofrido golos. Sexto jogo seguido com a nossa baliza invicta e dez jogos consecutivos sem derrotas - um recorde na era Amorim. Sinal de que os lapsos defensivos, apontados como o nosso principal problema no início desta época, já terão sido superados. 

 

De St. Juste. Em nítido contraste com a apatia que se apoderou de alguns dos seus colegas, o central holandês fez sempre a diferença pela positiva, empurrando a equipa para a frente e protagonizando ele próprio o início de prometedores lances de ataque. No último minuto, viu o cartão amarelo por estar inconformado com aquela pasmaceira, com o empate nulo e a perda de mais dois pontos. Melhor Leão em campo. 

 

Do Gil Vicente. Boa réplica da equipa minhota, que há mês e meio venceu o FC Porto no Dragão. Merece elogio.

 

Do árbitro. Nuno Almeida dirigiu a partida com critério largo, à inglesa, sem interromper a todo o momento nem tentar roubar protagonismo aos jogadores. Nenhum erro relevante a apontar-lhe.

 

Do apoio incessante dos adeptos. Mesmo a jogarmos fora, e sem um futebol entusiasmante, nunca faltou aos nossos jogadores o incentivo das bancadas. Do princípio ao fim. 

Ide-vos catar

Este foi um desafio que os jogadores não quiseram ganhar. Sempre mais uma fintinha, mais um toquezinho, mais um passinho, e ao cabo da primeira parte de 19 ataques resultaram 5 remates - uma miséria. Alguém que ensine uma lei básica da física a Edwards e Pote: os sólidos são intransponíveis, marrar contra os adversários ou rematar contra eles, não resulta. Também haja alguém que explique a Chermiti a lei do fora de jogo. E os defesas que comam bifes, trocar bolas com passes flácidos de mosca morta à bica de serem cortadas, ou esperar que o adversário esteja em cima para ficar aflito e passar de qualquer maneira é estúpido, mas foi o passatempo de Gonçalo Inácio na primeira parte e Matheus Reis na segunda.

Este foi o jogo mais irritante do ano, estava no papo, mas eles não quiseram. Se eu mandasse, os jogadores pagavam de multa ao clube o equivalente ao prémio do jogo que receberiam se tivessem ganho.

Desaire após desaire após desaire

Sporting, 1 - FC Porto, 2

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Paulinho: nulidade contra o FC Porto no clássico de Alvalade

Foto: António Pedro Santos / Lusa

 

Não adianta iludir os factos, nem desviar a conversa nem arranjar focos de distracção em óbvia estratégia de contenção de danos: o Sporting está numa das suas piores épocas de sempre. Afastado da Taça de Portugal, logo ao primeiro embate, por uma equipa do terceiro escalão. Taça da Liga perdida contra o FC Porto. Título de campeão tornado inalcançável ainda antes de termos chegado ao fim da primeira volta. E agora, com enorme probabilidade, dissemos adeus à hipótese, que já era remota, de atingirmos um lugar de acesso directo à próxima Liga dos Campeões.

Até o terceiro posto na Liga está cada vez distante.

Só podemos queixar-nos de nós próprios. Nem da conjunção astral, nem de árbitros, nem de jornalistas ou comentadores, nem da vasta conspiração global contra as nossas cores. Tenham lá paciência: a culpa é toda nossa.

 

Voltou a acontecer no confronto de anteontem, quando recebemos o FC Porto. Queríamos vingar a pesada derrota no Dragão, por 0-3, ocorrida no início da primeira volta. Não só tal desígnio ficou por alcançar como voltámos a sair derrotados, desta vez em nossa casa, com quase 40 mil espectadores nas bancadas. Quase nenhum aguentou até ao fim: houve debandada geral antes do apito derradeiro, tão grande era a frustração. Cada vez é mais notório o divórcio entre a massa adepta e a equipa - incluindo a equipa técnica, liderada por Rúben Amorim.

E no entanto o jogo nem começou mal para nós. Fomos superiores na primeira parte, em que criámos quatro oportunidades de golo - duas por Edwards, uma por Chermiti, outra desperdiçada por Trincão frente ao guarda-redes. Diogo Costa, na defesa da noite, impediu em voo entre os postes que o nosso craque inglês marcasse um soberbo golo de livre directo. 

Ponto mais positivo? A inclusão de Chermiti: aos 18 anos começa a dar nas vistas. Voltou a marcar, pelo segundo jogo seguido: leva dois golos e uma assistência em apenas três partidas. Se outros fossem como ele, não andávamos tão mal.

Aposta ganha, aqui sim: foi o melhor dos nossos. Nota positiva também para o lateral direito Bellerín e o central Diomande, os mais recentes reforços. Ambos estreantes em Alvalade, o primeiro já como titular.

 

Mas foi só. Como tantas vezes tem acontecido, a equipa regressou irreconhecível do intervalo. Cedeu terreno, caiu estrondosamente em termos anímicos, foi vítima da desarrumação táctica imposta pelo treinador. Amorim teima em pôr o nosso homem-golo, Pedro Gonçalves, na linha média. Insiste com Gonçalo Inácio para jogar de pés trocados. Tão depressa deixa Fatawu fora da convocatória como o chama para titular contra o campeão nacional - numa espécie de alucinada montanha russa cujo fim mal se descortina.

Tomou decisões ainda mais incompreensíveis na partida de anteontem, chamando sucessivamente três jogadores para ocuparem o lugar deixado vago por Pedro Porro, agora na Premier League: um deles, Esgaio, entrou e não tardou a sair, sem que se percebesse porquê. A inclusão de Trincão no onze roçou o absurdo, sobretudo porque se apressou a retirá-lo também: parece que o jogador se queixava de "amigladite". E a troca deste por um Paulinho incapaz de cumprir os mínimos deixou-nos em definitivo só com dez em campo. Ao ponto de nos interrogarmos por que raio o departamento jurídico leonino interpôs uma providência cautelar para adiar o terceiro jogo de castigo do ex-Braga. Mais valia terem ficado quietos.

 

Ponto da situação à 20.ª jornada, agora cumprida? Péssimo para nós.

Levamos 33 pontos de atraso face aos três da frente, distribuídos desta forma: menos 15 do que o Benfica, menos dez do que o FC Porto e menos oito do que o Braga. Consequência de seis derrotas até ao momento na Liga. Onze no total da época.

Quase pior que isto, continuamos incapazes de vencer a turma portista: quinta derrota consecutiva frente aos comandados por Sérgio Conceição. Só na época em curso, esta foi a terceira. Balanço muito negativo: sete golos sofridos, apenas um marcado.

Houve quem estranhasse a debandada final, quando perdíamos por 0-2 e Chermiti ainda não tinha conseguido reduzir, confirmando ser o nosso melhor em campo. Estranho seria se essa debandada não acontecesse. É um sinal, pelo menos, de que ainda existe capacidade de reacção neste clube.

Se não acontece no relvado, ao menos que suceda fora dele. Como foi o caso.

 

Breve análise dos jogadores:

Adán - Sofreu dois golos, sem responsabilidade directa. Bons reflexos numa dupla defesa aos 9'. Fabuloso passe-assistência isolando Edwards aos 28'. Merecia ter sido golo.

Gonçalo Inácio - Alterna o bom com o sofrível. Desta vez pouco lhe correu bem. Deixou-se driblar no primeiro golo do FCP e falhou o confronto aéreo no segundo (90'+5). A vê-las passar.

Coates - O capitão, talvez por fadiga física acumulada, atravessa um momento de menor inspiração. Com reflexos mais lentos e escassa capacidade de comando. Demasiado discreto.

Matheus Reis - O mais inspirado dos três centrais - melhor no passe e na ousadia ofensiva. Excelente cruzamento aos 20', fechou bem aos 41', corte oportuno aos 47'. 

Bellerín - Deu boas indicações no corredor direito, embora não faça esquecer Porro. Arriscou pouco, mas quando o fez esteve seguro. Aos 23' ofereceu golo que Trincão desperdiçou.

Ugarte - Estancou grande parte do fluxo ofensivo portista no primeiro tempo, mesmo sem ter Morita a seu lado. Infeliz ao passar inadvertidamente a bola a Uribe no primeiro golo (60').

Pedro Gonçalves - Voltou a ser vítima da teimosa opção do treinador em fazê-lo recuar no terreno, retirando-o da linha de fogo. Isso teve reflexos no nosso jogo colectivo.

Fatawu - Aposta como titular, em vez de Nuno Santos, como ala esquerdo. Conseguiu causar desequilíbrios lá na frente, junto à linha, mas foi menos competente a defender.

Edwards - Protagonizou alguns dos melhores momentos do jogo. Fez a bola rasar o poste, assistiu Chermiti (41'), quase marcou de livre directo (45'+1), voltou a servir Chermiti (87').

Trincão - Parece um corpo estranho nesta equipa. Apático, triste, desinteressado, sem intensidade competitiva. Teve o golo nos pés (23'), mas optou por um passe ao guarda-redes.

Chermiti - O novo herói leonino. Marcou no fim (90'+7). Justa recompensa pelo seu labor na área portista. No primeiro tempo, Zaidu travou-lhe o golo. Aos 90' meteu-a lá dentro, mas fora-de-jogo. À terceira conseguiu.

Paulinho - Substituiu Trincão logo aos 34'. Mudança inútil: nada fez. Nem um remate, nem um passe a rasgar, nem uma desmarcação que ficasse na retina. Parecia estar a ver o jogo.

Nuno Santos - Actuou em toda a segunda parte, rendendo Fatawu. Anda longe da melhor forma, como ficou evidente neste clássico. Quase sempre incapaz de criar desequilíbrios.

Esgaio - Ninguém percebeu, provavelmente ele também não. Quase não chegou a suar a camisola: substituiu Bellerín aos 55', Amorim deu-lhe ordem de saída aos 71'. Entrou para quê?

Arthur - Desta vez à direita, foi ele a substituir Esgaio. A tempo de se mostrar um dos nossos melhores. Assistiu Chermiti no golo com um belo passe de ruptura. Merece aposta mais consistente.

Diomande - Substituiu Matheus Reis aos 71', ocupando a posição de central à direita. Com boa estampa física, revela capacidade técnica e robustez anímica.

Pódio: Chermiti, Edwards, Arthur

Por curiosidade, aqui fica a soma das classificações atribuídas à actuação dos nossos jogadores no Sporting-FC Porto pelos três diários desportivos:

 

Chermiti: 18

Edwards: 17

Arthur: 15

Matheus Reis: 15

Adán: 15

Bellerín: 13

Pedro Gonçalves: 13

Ugarte: 13

Diomande: 12

Nuno Santos: 12

Coates: 12

Fatawu: 11

Gonçalo Inácio: 11

Esgaio: 9

Trincão: 9

Paulinho: 9

 

Os três jornais elegeram Chermiti como melhor em campo.

Rescaldo do jogo de ontem

Não gostei

 

De mais uma derrota. Já sofremos onze nesta temporada, para várias competições. Mas esta doeu de modo muito especial: perdemos (1-2) em casa, contra o FC Porto. Pela terceira vez na época em curso. Após a derrota no Dragão, na primeira volta (0-3), e a final da Taça da Liga perdida em Leiria (0-2). Balanço vergonhoso: sete golos sofridos nestas três partidas, apenas um marcado.

 

Da segunda parte. Após o intervalo, em que se mantinha o empate a zero, a nossa equipa regressou irreconhecível do balneário. Alguns jogadores pareciam arrastar-se em campo, outros mal cumpriam os mínimos. Até alguns a quem é impossível negar competência falharam de modo inaceitável. Ugarte, num corte defeituoso, acabou por "assistir" Uribe no golo inicial dos portistas. Gonçalo Inácio, estranhamente passivo, tem culpas em qualquer dos golos - o segundo surgiu por Pepê aos 90'+5, num contra-ataque rápido. E só registámos um remate entre os 46' e os 90'. 

 

Das substituições. Inexplicável, a forma como Rúben Amorim foi mexendo na equipa. Em vez de a melhorar globalmente, conseguiu embrulhar ainda mais o nosso jogo. As trocas de Trincão por Paulinho (34'), Fatawu por Nuno Santos (46'), Bellérin por Esgaio (55'), Esgaio por Arthur (71') e Matheus Reis por Diomande (71') transmitiram uma sensação de improviso com um toque de caótico. Só alas direitos, tivemos três: Bellerín, Esgaio e Arthur. A equipa melhorou? Nem por isso. Como o resultado confirma.

 

De Trincão. Custa entender por que motivo este jogador - que peca por notória falta de intensidade - foi aposta do treinador para integrar o onze titular num clássico de alta voltagem. Grosseiro erro de avaliação que se tornou ainda mais evidente quando, após primoroso cruzamento de Bellérin, o ex-Braga, em zona frontal na área, correspondeu com um autêntico passe ao guarda-redes. A cada jornada vai perdendo oportunidades de mostrar que merece integrar a equipa principal do Sporting. 

 

De Paulinho. Foi o substituto ideal de Trincão - no sentido em que exibiu tanta mediocridade como o colega. Nem um remate à baliza, nem uma tentativa de aproximação ao golo, nem um esboço de assistência. Deu nas vistas só numa ocasião: ao sentir um toque no peito caiu ao chão agarrado à cara, confirmando ter pouca vocação para o teatro. Passou por completo ao lado do jogo. Sem surpresa.

 

De Esgaio. Substituiu o espanhol Bellerín, que estava a cumprir no essencial. Com ele em campo, voltámos a sentir o problema do costume: falta de criatividade ofensiva, nem um passe de ruptura, desposicionamento em manobra defensiva forçando o central direito a acorrer às dobras. O lance do golo inicial do FCP começa com um mau alívio seu. Permaneceu só 16' em campo. No final, o treinador pediu-lhe publicamente desculpa, algo que faz pouco ou nenhum sentido.

 

Das quatro oportunidades de golo perdidas na primeira parte. Pressionámos bem, criámos desequilíbrios, encostámos a equipa adversária ao seu reduto defensivo. Mas, como quase sempre, pecámos na finalização. Edwards a rasar o poste, Trincão anulando o remate, Chermiti em posição frontal permitindo o corte de Marcano e novamente Edwards, na conversão dum livre directo, vendo-lhe o golo ser negado num voo espectacular de Diogo Costa. Não se pode desperdiçar tanto. 

 

De termos dito adeus à entrada directa na Liga dos Campeões. Tarefa quase impossível, agora com o Benfica 15 pontos à nossa frente e o FC Porto 10 pontos acima de nós. E atenção ao Braga, que já segue com mais 8 pontos, tornando até muito difícil a nossa presença no play off da liga milionária. Convém entretanto reparar no Vitória, agora só com menos cinco pontos. O quarto lugar na Liga 2022/2023 está longe de garantido.

 

Da debandada geral no estádio. Mal o FCP marcou o segundo, milhares de adeptos levantaram-se de imediato, encaminhando-se para as portas de saída. Não foi bonito, mas é compreensível. Já tinham sofrido imenso, não sobrava paciência para mais.

 

 

Gostei

 

De Chermiti. O melhor dos nossos. Com apenas 18 anos, marcou o solitário golo leonino - estavam decorridos 90'+7, correspondendo da melhor maneira ao único cruzamento bem medido de Arthur. Já tinha sido dele a única oportunidade de golo do Sporting no tempo regulamentar da segunda parte (87') e chegou até a metê-la lá dentro pouco depois (90'), embora em fora-de-jogo. O mais novo e provavelmente menos bem pago do plantel, neste seu terceiro jogo no campeonato, mostrou a Paulinho, um dos mais experientes e bem pagos, como deve funcionar um avançado. Merecia um desfecho diferente.

 

De Fatawu. Outro jogador com idade de júnior. Lançado como ala esquerdo titular, após nem ter sido convocado para a partida anterior, deu boa conta do recado: veloz, acutilante, desequilibrador. Enfrentou com sucesso João Mário no seu corredor. Ficou por esclarecer por que motivo ficou no balneário ao intervalo, dando lugar ao apagado Nuno Santos. Será convocado para o próximo jogo ou volta a ser remetido para a equipa B, já impossibilitada de subir à Liga 2?

 

De Bellerín. À segunda, estreou-se a titular. Como lateral direito. Não ousou grande incursões no seu corredor, pois tinha o veloz Galeno pela frente. Mas cumpriu no essencial. Corte exemplar, precisamente num lance protagonizado pelo ex-Braga, aos 48'. Deu nas vistas numa acção ofensiva em que fez o mais difícil, oferecendo de bandeja um golo a Trincão, que por sua vez desperdiçou o mais fácil: metê-la lá dentro.

 

De ter havido 39.520 espectadores em Alvalade. Prova de confiança dos adeptos na equipa inteiramente defraudada pela péssima exibição da segunda parte e pela derrota contra a equipa dirigida por Sérgio Conceição. Há cinco jogos consecutivos que não conseguimos vencê-la.

O dia seguinte

Acredito que Rúben Amorim vá dormir muito mal esta noite.

Pelo resultado do jogo, por mais uma derrota com Pedro Gonçalves no meio-campo (um dia destes faço a estatística), pela falta de sorte em momentos decisivos, pelo desempenho medíocre na segunda parte, mas talvez essencialmente porque alguns a quem ele tem dado tudo lhe viraram as costas. E aos Sportinguistas, pelo menos àqueles que sempre os protegeram, também.

Hoje cheguei ao meu lugar no estádio com a equipa a entrar em campo para o aquecimento, sem Paulinho nem Morita, com Fatawu e Chermiti. Achei estranho, depois olhei para os suplentes e disse cá para comigo que se o onze era bem estranho, pelo menos tínhamos o melhor banco de sempre da era Amorim.

Mesmo com a substituição dum Trincão ausente em parte incerta aos 30 minutos, chegámos ao intervalo com quatro oportunidades de golo contra duas do Porto, todas bem trabalhadas a pedir melhor sorte.

Veio a segunda parte,  Esgaio e Nuno Santos juntaram-se a Paulinho e a equipa afundou-se irremediavelmente. Claro que os golos adversários resultaram de assistências involuntárias de jogadores nossos, tivemos um golo anulado por poucos centímetros, mas a verdade é que o nosso futebol dessa parte foi mesmo deprimente. Ainda entraram Diomande e Arthur, e depois de muito passe falhado na ala direita entre Edwards e esses dois lá surgiu um centro bem feito e o golo do Chermiti.

 

Melhor em campo? Ugarte, apesar da assistência involuntária para o primeiro golo do adversário. Dá tudo dentro do campo e desta vez sem qualquer motivo para um amarelo limitador. Depois dele Chermiti, Fatawu (que na B joga como extremo do lado contrário, ou o rapaz é mesmo um génio, ou alguém está a ser outra coisa), Bellerín, Inácio e Matheus Reis. Diomande tem mesmo boa pinta, vamos ver como evolui.

Coates não está bem, melhor do que ninguem ele saberá o que se passa. Se calhar precisava de parar para se recuperar fisicamente.

E agora? Agora seguimos no 4.º lugar da Liga, com muitos pontos para recuperar para o terceiro. Na quinta-feira temos a eliminatória da Liga Europa. Mas também temos a equipa B a disputar a Liga 3, se calhar faria sentido repensar os plantéis, porque para jogar assim é preferível apostar definitivamente nos putos. Até temos lá um médio bem melhor que um Pedro Gonçalves fora da sua zona de excelência, assim se aposte nele como se apostou e bem em Chermiti.

E Soares Dias? Muito bem, o Pepe ia partindo o pé a Chermiti mas faz parte, a palhaçada das lesões também. O Sporting fez por perder, não teve de se aplicar.

SL

Gol contra, autogolo a favor

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O texto acima é de Pedro Correia, no "Gostei / Não gostei" do jogo com o Benfica.

Sublinho esta parte: "pecou na deficiente finalização".

Às vezes uma deficiente finalização faz a bola passar por cima da baliza, outras vezes, uma deficiente finalização faz a bola embater no chão, permite a defesa ao guarda-redes e é o próprio guarda-redes que coloca a bola dentro da baliza.

Vejam os dois lances com pormenor, o remate em São Domingos de Benfica foi mais bem conseguido que o remate em Vila do Conde.

Umas vezes a bola entra, outras não, umas vezes somos capa dos jornais, outras não.

O foco tem de ser: "melhorar o remate, nada de deslumbramentos".

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Quase tudo está bem quando acaba bem

Rio Ave, 0 - Sporting, 1

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A alegria de Chermiti depois de se estrear a marcar pela equipa principal do Sporting

Foto: Lusa

 

Tudo está bem quando acaba bem. Ou quase. É assim que podemos definir o nosso desafio de anteontem em Vila do Conde - no mesmo estádio onde em Agosto o FC Porto foi derrotado (1-3) pela equipa local. O Rio Ave, mesmo tendo subido recentemente ao primeiro escalão do futebol português, é tradicionalmente um onze difícil de enfrentar.

Voltou a acontecer.

 

Um jogo que muitos adeptos pensaram ser de desfecho fácil por seguir-se à goleada leonina frente ao Braga, na jornada anterior. O problema é que existem dois Sportings nesta Liga 2022/2023: o que joga em casa, onde tem obtido triunfos folgados, e o que actua fora de portas, onde já tropeçou várias vezes. Não apenas contra o FCP: também contra o Boavista, o Arouca e o Marítimo. Demasiados desaires para uma época só.

Desta vez a vitória andou tremida. E só aconteceu ao minuto 84, devido ao pontapé bem-sucedido do jovem Chermiti, que neste seu segundo jogo a titular - colmatando a ausência de Paulinho, castigado - se estreou a marcar. Um disparo (facilitado por um erro defensivo clamoroso de Patrick William e pelo guarda-redes Jhonatan, mal batido) que projectou para as manchetes da imprensa o avançado de 18 anos em quem o nosso treinador confia.

Houve estrelinha neste lance que redimiu um jogo medíocre de parte a parte, em que se chegou ao intervalo sem um só remate enquadrado em qualquer das balizas. Gonçalo Inácio - que falhou numerosos passes - desta vez fez chegar a bola ao alvo sem ser interceptada e Chermiti rematou sem muita força mas com instinto de goleador, metendo-a lá dentro. É disto que vivem os pontas-de-lança: avançado sem golos é como jardim sem flores.

Bastou este (0-1) para nos garantir três pontos.

 

Quase tudo o resto esteve mal durante os 96 minutos desta partida, disputada num "ervado" impróprio para a prática desportiva. O nosso corredor direito, de luto pela partida de Porro, não existiu. Esgaio e Edwards apareciam lá, mas mostraram-se inoperantes, incapazes de articular um só lance com princípio e fim. Na ala oposta, Nuno Santos andava aos solavancos, muito receoso: era óbvio que temia ser amarelado e falhar assim o clássico de domingo, em Alvalade, frente ao FCP. Rúben Amorim podia tê-lo substituído mais cedo.

O nosso meio-campo surgiu quase sempre em desvantagem numérica. O treinador do Rio Ave, Luís Freire, povoou-o com quatro elementos liderados pelo ex-benfiquista Samaris que fizeram a cabeça em água ao duo Ugarte-Morita. Passámos assim uma hora atolados num dilema: ou "saíamos em construção" desde trás, com a bola controlada, sem transpor a linha divisória, ou ensaiávamos passes longos que quase sempre resultavam em entrega ao adversário.

Difícil dizer qual dos nossos andou pior neste capítulo, incluindo Adán.

 

Felizmente o colete de forças foi afrouxando a partir do minuto 60, quando os do Rio Ave começaram a acusar fadiga. Alguns atiravam-se para o chão, simulando lesões, mas o árbitro Manuel Mota - talvez o melhor em campo - não foi na cantiga, deixando o jogo fluir. O tal "critério largo" que devia ser regra mas é excepção no futebol português.

Em noite de estreias, destaque - além do Chermiti goleador - para os primeiros minutos de dois reforços com a camisola do Sporting: o espanhol Bellerín e o marfinense Diomande. Prometem. Resta ver se cumprem.

Jogámos mal? Sim. Pouco importa: a verdade é que conquistámos os três pontos. Tantas vezes tem sucedido ao contrário: boas exibições, até show de bola com nota artística, mas sem o triunfo em campo.

Haverá quem pense o contrário. Eu prefiro assim.

 

Breve análise dos jogadores:

Adán - Capitão, em vez de Coates - ausente por castigo. Só uma grande defesa, aos 53', mas conseguiu evitar um golo de Boateng que se isolara à sua frente. De resto, pouco trabalho. 

St. Juste - O mais veloz e voluntarioso dos nossos centrais. Funcionou várias vezes como lateral e até como ala, para compensar os frequentes eclipses de Esgaio. 

Gonçalo Inácio - Abusou dos passes na direcção errada: quase nenhum a mais de 10m lhe saiu bem. Excepto o que serviu de assistência para o golo da vitória. Redimiu-se ali.

Matheus Reis - Assobiadíssimo pela claque do Rio Ave, seu antigo clube, cada vez que tocava na bola. Tentou o golo de meia distância, como contra o Braga, mas não lhe saiu.

Esgaio - Voltou à apagada rotina de outros tempos. Lateral subido, muito colado à linha, mas incapaz de progredir em posse, de arriscar um desequilíbrio ou de centrar com critério.

Ugarte - Poço de energia, trabalhador incansável. Muito útil a anular o jogo alheio, desta vez em posição mais recuada. Menos eficaz na ligação ao ataque. Amarelado aos 77'.

Morita - Desta vez não chegou para as encomendas: os adversários tinham a missão de anular as suas incursões ofensivas. Foi o mais marcado dos nossos, a par de Pedro Gonçalves.

Nuno Santos - Demasiado contido. Percebeu-se que receava ver o quinto cartão que o afastaria do clássico. Esgotou a sua prestação útil num par de bons centros (23' e 24').

Edwards - Não combinou com Esgaio na ala direita. Foi-se alheando do jogo, revelando-se apático. Ou recebe a bola no pé, pronta para o drible, ou fica impávido, sem reacção.

Pedro Gonçalves - Condicionado pelas marcações, foi um dos que mais se ressentiram com o péssimo estado do terreno. Inventou um lance de golo aos 65': a bola rasou a barra.

Chermiti - Movimentou-se bem na área, procurando abrir linhas de passe. Amarelado cedo (18'), não se atemorizou. Noite memorável, em que se estreou a marcar na equipa principal.

Arthur - Substituiu Edwards (55'). Actuando como extremo esquerdo, procurou levar acutilância ao nosso ataque, mas também teve muita dificuldade em soltar amarras.

Trincão - Entrou aos 55', substituindo Nuno Santos. De novo incapaz de ser mais-valia. Complica os lances e demora a soltar a bola, parecendo não saber o que fazer com ela.

Jovane - Entrou aos 75', rendendo Esgaio. Fez mais passes errados do que certos. Única nota positiva: o amarelo que recebeu (90'+4) por falta táctica, impedindo ataque perigoso.

Bellerín - Substituiu Pedro Gonçalves aos 88'. Tempo insuficiente para se perceber o que realmente vale. Mas pareceu movimentar-se com desenvoltura no corredor direito.

Diomande - Saltou do banco aos 88' para render Matheus Reis. É central mas mostrou-se sobretudo junto da ala esquerda, com boa estampa física. Oxalá singre no Sporting.

Pódio: Chermiti, Gonçalo Inácio, Adán

Por curiosidade, aqui fica a soma das classificações atribuídas à actuação dos nossos jogadores no Rio Ave-Sporting pelos três diários desportivos:

 

Chermiti: 17

Gonçalo Inácio: 16

Adán: 16

St. Juste: 15

Ugarte: 15

Matheus Reis: 14

Pedro Gonçalves: 14

Arthur: 13

Trincão: 12

Nuno Santos: 12

Esgaio: 12

Morita: 11

Edwards: 10

Jovane: 9

Bellerín: 6

Diomande: 6

 

O Jogo e A Bola elegeram Chermiti como melhor em campo. Record optou por Gonçalo Inácio.

Rescaldo do jogo de ontem

 

Gostei

 

Dos três pontos conquistados em Vila do Conde. Foram arrancados a ferros, é um facto. E aconteceram já no final do encontro perante um adversário que vinha de cinco partidas sem vencer mas soube organizar-se no terreno de modo a condicionar o nosso jogo. Mas não valeram menos por isso. De saudar também o facto de termos voltado a vencer fora, o que não acontecia desde Novembro, em Famalicão. Num campeonato em que já perdemos 16 pontos longe de Alvalade.

 

De Chermiti. Foi o herói da noite frente ao Rio Ave. Ao segundo jogo como titular, marcou o primeiro golo na nossa equipa A. E meteu-a lá dentro na primeira - e única - oportunidade de que dispôs, aos 84'. Aproveitamento total, beneficiando de um erro primário do defesa vilacondense Patrick William num lance em que o guarda-redes Jhonatan foi mal batido. Mas a verdade é que estava lá, no sítio certo, aproveitou e passa a integrar a lista dos goleadores leoninos. Nunca esquecerá esta partida, que terminou 0-1.

 

De Pedro Gonçalves. Outra boa exibição. Coube-lhe boa parte do chamado trabalho "invisível", sem bola, abrindo linhas de passe, desgastando a defesa adversária, procurando inventar lances capazes de desbloquear o jogo. Assim aconteceu aos 65', num remate muito bem colocado, com o pé esquerdo, em que fez a bola tocar na barra: esteve a centímetros de a mandar para o fundo das redes. Crucial também a sua intervenção no lance do golo, arrastando Nóbrega numa movimentação na área que abriu caminho a Chermiti.

 

Da estreia dos dois reforços. Mesmo ao cair do pano, Rúben Amorim fez entrar o espanhol Bellerín, lateral direito (substituiu Pedro Gonçalves aos 88'), e o central marfinense Diomande (substituiu Matheus Reis também aos 88', alinhando no corredor esquerdo). Tempo insuficiente para tirar conclusões sobre o desempenho de ambos, mas é importante saber que já podemos contar com eles.

 

De ver Neto de regresso ao banco. O veterano defesa leonino, que se lesionou com gravidade, não era convocado desde 10 de Setembro. Ainda não jogou, mas sabê-lo entre os suplentes já é boa notícia.

 

De ver Nuno Santos poupado ao quinto amarelo. Tapado com cartões pelo sexto jogo, o ala esquerdo pareceu sempre algo condicionado por este facto. O treinador não arriscou em excesso: deu-lhe ordem de saída aos 55', trocando-o por Trincão. Assim poderá contar com ele no importante desafio do próximo domingo, em Alvalade, frente ao FC Porto.

 

De termos concluído outro jogo com as redes intactas. É sempre um indicador relevante. Adán, aliás, teve pouco trabalho: apenas uma grande defesa, aos 53'. Perante um adversário que neste campeonato já venceu o FC Porto. Não por acaso, já somos neste momento a terceira equipa com menos golos sofridos.

 

De Manuel Mota. Nota muito positiva para o árbitro bracarense: deixou jogar, sem interromper o tempo todo nem exibir-se como vedeta em campo. Ao contrário de vários outros, que transformam cada partida num penoso festival de apito. 

 

Da estrelinha. Acompanhou-nos em 2020/2021, quando fomos campeões após um penoso jejum de quase duas décadas. Parece ter regressado, após ausência em parte incerta, numa partida em que só fizemos um remate enquadrado - o do golo. Sem ela, será sempre mais difícil vencer jogos e ultrapassar obstáculos.

 

De ver o Casa Pia perseguir-nos a maior distância. O quinto classificado está agora oito pontos abaixo do Sporting.

 

 

Não gostei

 

Do jogo. Medíocre, quase sem balizas, num relvado impróprio para a prática de bom futebol, com ambas as equipas deixando passar largos períodos sem sequer tentarem a aproximação ao golo. O zero-a-zero ao intervalo castigava tanto o Sporting como o Rio Ave: nem um remate enquadrado, para qualquer dos lados, nesses 45 minutos iniciais. 

 

Do horário. Novamente em noite de Inverno, durante a semana, com início às 21.15, pela terceira jornada consecutiva. O Sporting continua a ser fortemente prejudicado com estes horários, que se reflectem no número de espectadores nos estádios e na receita de bilheteira. Motivos mais que suficientes para protestar. A menos que se pretenda mesmo jogar com os estádios vazios, como se ainda estivéssemos no tempo da pandemia.

 

Da ausência de Coates. Afastado por acumulação de cartões, para poder estar presente no clássico de domingo, o nosso capitão fez falta neste jogo. Sem ele, a defesa não demonstra a mesma personalidade, embora no essencial St. Juste (à direita), Gonçalo Inácio (ao centro) e Matheus Reis (à esquerda) tenham dado conta do recado. E foi até Gonçalo a assistir no golo, embora só depois de ter desperdiçado uma mão-cheia de passes longos.

 

Do nosso corredor direito. Pura e simplesmente não funcionou. Esgaio e Edwards não combinaram, um foi-se alheando do jogo e o outro fazia passes inconsequentes, mais para trás do que para diante. Não admira que tivessem sido ambos substituídos - o inglês aos 55', por Arthur; o português aos 75', pelo regressado Jovane. 

 

De Trincão. Continua sem se reencontrar. Umas vezes parece perdido, outras parece não saber o que fazer com a bola a não ser rodopiar com ela. Em campo desde o minuto 55, nada fez de relevante: limitou-se a ser mais um a empastelar o jogo.

 

De ver ainda três equipas à nossa frente. Continuamos abaixo do Benfica (15 pontos com mais um jogo para os encarnados), do FC Porto (sete pontos) e do Braga (cinco pontos). Prioridade absoluta, agora, é encurtarmos distância face ao FCP, nosso próximo adversário.

Segunda "manita" em mês e meio

Sporting, 5 - Braga, 0

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Morita, melhor em campo, marca o primeiro golo anteontem em Alvalade

Foto: António Cotrim / EPA

 

Rúben Amorim tem razão: o Sporting, nesta época, parece uma equipa bipolar. Capaz do pior e do melhor com poucos dias de diferença.

Voltou a acontecer nesta jornada de abertura da segunda volta do campeonato, quando recebemos o Braga na fria noite de quarta-feira. Poucos diriam - e este blogue serve de testemunho disso - que venceríamos com facilidade a turma minhota, não faltando até quem previsse uma derrota no nosso estádio. Quase ninguém vaticinou uma goleada.

Mas ela aconteceu mesmo. Derrotámos o Braga - que seguia oito pontos à nossa frente quando soou o apito inicial -- por marca concludente: 5-0. Repetindo a dose aplicada à mesma equipa 44 dias antes, em confronto também no estádio José Alvalade, para a Taça da Liga.

Desta vez faltavam-nos três titulares habituais. Por motivos diferentes. Porro já não está: acabou de transferir-se para o Tottenham, naquele que foi o segundo melhor negócio de sempre da SAD leonina com um futebolista do plantel. Paulinho esteve ausente por castigo: foi-lhe aplicada a pena de três jogos de suspensão na recente - e malograda - final da Taça da Liga frente ao FCP. Matheus Reis foi remetido ao banco de suplentes, talvez para ser poupado no plano físico: tem sido um dos jogadores mais utilizados.

 

Tinha tudo para dar errado, segundo os pessimistas do costume. Mas funcionou.

St. Juste foi titular, como central à direita - e cumpriu com nota muito elevada a missão que o treinador lhe confiou, permitindo a Gonçalo Inácio transitar para o lado esquerdo, sua posição natural.

Esgaio voltou a ser aposta, mais de dois meses depois, suprindo a ausência de Porro - e também cumpriu, a tal ponto que fez a melhor exibição desde que regressou ao Sporting, oriundo do Braga. Irrepreensível tanto a atacar como a defender.

A terceira surpresa, e sem dúvida a maior, foi a inclusão de Chermiti no lugar de Paulinho: aos 18 anos, este avançado formado na Academia de Alcochete estreou-se como titular entre os "grandes" - e cumpriu também, recebendo vibrantes aplausos dos 26 mil espectadores que anteontem compareceram no nosso estádio. Nasceu uma nova estrela leonina? Está, pelo menos, a caminho disso. O que é sempre motivo para celebrar.

 

Foi um desafio de sentido único, com avassalador domínio da nossa equipa perante um Braga irreconhecível. As ausências de Vitinha (transferido para o Marselha) e Ricardo Horta (lesionado) não explicam a abrupta quebra dos minhotos, que somaram erros defensivos e foram incapazes de progredir no terreno sem serem de imediato desarmados pelo nosso meio-campo. Ali brilhou a dupla Ugarte-Morita, reforçada por Pedro Gonçalves e Edwards, que recuavam para vir buscar a bola e mantê-la dentro do meio-campo defensivo do Braga.

O resultado ao intervalo (1-0) espelhava pouco o nosso domínio, concretizado num golo logo aos 9' por Morita, com assistência de St. Juste. O japonês ampliou a vantagem no minuto inicial da segunda parte, sossegando os espíritos mais apreensivos: a vitória já não nos fugia. E não iam faltando notas artísticas em Alvalade, como a assistência de Chermiti, de calcanhar, para o colega nipónico a meter lá dentro.

 

Os mais belos golos da noite foram o terceiro, marcado por Edwards aos 61', e o quarto, assinado por Matheus Reis aos 86', pouco depois de saltar do banco. Ambos com assistências de Pedro Gonçalves, que ia deambulando entre linhas, sem posição fixa no terreno. É assim que funciona melhor.

De tal maneira que ainda viria a ser ele a marcar o último. De penálti, já no tempo extra. Quando uma parte dos adeptos gritava por Chermiti e alguns outros por Esgaio, exigindo que fosse um deles a converter o castigo máximo. Pedro Gonçalves - rei dos goleadores leoninos - não deixou e fez muito bem. Homem-golo é mesmo assim: nunca se farta de a ver lá no fundo das redes. Assim aconteceu, para alegria de todos nós.

E até aqueles que momentos antes o assobiavam, estupidamente, se viram forçados a aplaudi-lo.

Como não ficarmos rendidos à melhor exibição do Sporting nesta temporada tão oscilante?

Como não festejarmos esta segunda "manita" ao Braga em mês e meio?

A segunda volta promete. Basta continuarmos a exibir-nos assim. 

 

Breve análise dos jogadores:

Adán - Pouco trabalho. Limitou-se a duas defesas com grau de dificuldade médio, aos 71' e aos 84'. O guardião inseguro do jogo anterior não compareceu em campo. Ainda bem.

St. Juste - Surpresa: foi titular. Surpresa maior: aguentou os 90' sem aparentar desgaste físico. Atento, veloz, interventivo na construção de lances ofensivos. Assistiu no primeiro.

Coates - Serenidade e segurança. Liderou a defesa sem sobressalto. Ao demorar a sair após ceder a braçadeira, viu o amarelo. De propósito, já a pensar no clássico da jornada 20

Gonçalo Inácio - Regressou à posição natural, como o mais esquerdino dos centrais, e cumpriu a missão que lhe estava confiada. Sobretudo nos passes longos, em que é exímio.

Esgaio - Voltou a ser titular enquanto substituto natural de Pedro Porro. Desta vez não ouviu assobios, mas aplausos. Bem merecidos. Reconquistou os adeptos com uma boa exibição.

Ugarte - Transborda energia e revela uma impressionante capacidade de trabalho. Dominou o meio-campo defensivo: os adversários viram nele um obstáculo intransponível.

Morita - Recuperou bolas, distribuiu jogo, venceu confrontos individuais. E marcou os dois primeiros golos, confirmando a vocação de artilheiro. O melhor em campo.

Nuno Santos - Menos exuberante do que em partidas anteriores. Mas foi dele o canto de que resultou o primeiro golo. Quase marcou aos 77': a bola, rasteira, saiu a rasar o poste.

Edwards - Exibiu classe, sobrepondo-se aos adversários nos confrontos individuais e ganhando faltas sucessivas. Iniciou o golo 2. O terceiro, marcado por ele, é uma obra-prima.

Pedro Gonçalves - Sempre muito útil na missão de ligar o meio-campo ao ataque e colocar-se entre linhas para baralhar a defesa. Nota muito elevada: um golo e duas assistências.

Chermiti - Estreia a titular aos 18 anos. Pressionou alto, ocupou bem os espaços, cabeceou para golo aos 21' (defesa difícil de Matheus), assistiu no segundo e participou no terceiro. 

Tanlongo - Substituiu Ugarte (63'). Passa com critério, tem visão de jogo, sabe segurar a bola e  movimentar-se sem ela. Parece ser mesmo reforço.

Trincão - Entrou aos 63', substituindo Morita. Foi talvez o mais apagado dos nossos jogadores anteontem. Atravessa uma crise de confiança que lhe afecta a prestação.

Fatawu - Manteve-se em Alvalade, sem ser emprestado. Entrou aos 77', rendendo Edwards. Encostado à linha esquerda, com incursões para o centro, conquistou penálti (90'+1).

Arthur - Em campo desde o minuto 77, substituindo Nuno Santos já com o resultado em 3-0. Desta vez não agitou o jogo, mas contribuiu para manter-lhe a consistência.

Matheus Reis - Os últimos, com frequência, são os primeiros. Sucedeu com ele: entrou aos 77', quando Coates saiu.  Chegou a tempo de marcar um golaço que fez levantar o estádio.

Notas breves sobre o jogo de hoje

Antes de mais, grande jogo. A apreciação ficará a cargo dos especialistas do blogue.

Ste Juste é, como já defendi bastas vezes, um excelente defesa. Falta-lhe ritmo e fugir às lesões. Hoje fez o jogo todo, o que é boa notícia;

Chermiti fez uma excelente partida, com uma assistência para Edwards marcar. Esteve muito bem na luta com os "cavalões" do Braga, acho que temos jogador;

Pedro Gonçalves sem se dar muito por ele fez andar a equipa e acabou por fazer duas assistências e um golo, de penalti;

Esgaio, hoje muito acarinhado pelo público e bem, fez a melhor exibição desde que regressou ao Sporting;

A equipa esteve bem como um todo, mas Morita foi o nosso melhor, hoje. Levou o prémio de homem do jogo merecidamente;

Ao contrário, uma vez mais Trincão esteve ausente, uma parte no banco e outra fora do banco;

O marcador dos penaltis é o Pedro Gonçalves e acho que fez muito bem em marcar o penalti que deu o quinto da noite. Gostei muito que todos puxassem por Esgaio para marcar (Chermiti também se estava a pôr a jeito...), mas se pensarmos todos bem... E se o rapaz falhasse? Foi melhor assim, o jogador fica com a satisfação da ovação e do reconhecimento da sua bela exibição e Pedro Gonçalves soma mais um. Eu confesso que dei por mim a imaginar uma defesa do GR do Braga e Esgaio a marcar na recarga, também teria sido engraçado;

Uma nota e pergunta final: Porque é que não jogamos sempre com o Braga?

Outra vitória arrancada a ferros

Sporting, 2 - Vizela, 1

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Porro acaba de marcar o golo da nossa vitória muito sofrida frente ao Vizela

Foto: António Pedro Santos / Lusa

 

Parece sina nossa esta época: fechamos a primeira volta do campeonato com outra exibição cheia de momentos a roçar a mediocridade, com jogadores que não cumprem os mínimos em campo. Frente a uma equipa com um orçamento incomparavelmente inferior ao nosso (já que agora a moda é comparar orçamentos), vimo-nos aflitos para marcar um golito, que só surgiu quando estava decorrida quase uma hora de jogo. Depois, como é costume, recuámos muito no terreno e deixámos a turma adversária crescer - e marcar. E lá voltou o carrossel dos aflitos, incluindo o capitão Coates em "comissão de serviço" lá na frente, tentando nos dez minutos finais conseguir aquilo que Paulinho foi incapaz de fazer.

Valeu-nos um penálti. Mais um, pelo segundo jogo consecutivo. Obtido já nessa fase do desespero, em que o mandamento táctico parecia ser "tudo lá na frente e seja o que Deus quiser". As orações foram escutadas: a grande penalidade caiu do céu ao minuto 90'+5. Mas concretizada de modo impecável, num pontapé bem terreno. Não por um avançado, mas por um defesa. O nosso lateral direito Pedro Porro, que podemos estar quase a perder para um emblema da Premier League.

Mais um, após Palhinha e Matheus Nunes. Parece sina também.

 

E no entanto até entrámos a pisar o acelerador, reagindo com eficácia à pressão alta que os vizelenses ousaram fazer naqueles minutos iniciais em Alvalade. Conseguimos esticar o jogo e colocar a bola lá na frente. O problema, para não variar, ocorreu na zona decisiva, a de finalização. Logo aos 5', Paulinho teve soberba oportunidade de abrir o marcador: fez tanta pontaria que acertou, isolado, na cabeça do guarda-rede.

Seguiu-se um festival de desperdício que pôs os nervos em franja nas bancadas de Alvalade, escassamente povoadas: apenas 23 mil espectadores na noite fria de anteontem - incluindo cerca de meio milhar de adeptos do Vizela. Jogo iniciado às 21.15 - horário absurdo para Inverno, mesmo sendo sexta-feira. Não admira que tenha sido o pior registo da temporada, até ao momento, em número de lugares preenchidos no nosso estádio.

 

Foi exasperante continuar a ver tanto golo desperdiçado naquela primeira parte que terminou com o resultado ainda em branco. Paulinho voltou a ter o golo nos pés ou na cabeça sem conseguir dar a melhor sequência à bola: ou mandava para fora ou lhe acertava tão de raspão que aquilo resultava em nada. Aos 20', 32' e 44'. Trincão seguia-lhe o exemplo, com um par de clamorosos falhanços aos 11' e aos 19'.

Ouviam-se os primeiros assobios. E não faltou quem gritasse «Joguem à bola!»

Rúben Amorim decidiu mexer mais cedo do que é costume. Deixou no balneário o inconsistente Edwards, que por vezes parece alheado do jogo, e mandou entrar Morita - regresso aplaudido após longa lesão na sequência do Mundial do Catar, onde esteve em evidência. O japonês deu estabilidade ao meio-campo, onde faz boa parceria com Ugarte. E permitiu libertar Pedro Gonçalves para o lugar onde mais rende: lá na frente.

Sem surpresa, voltou a ser o transmontano a desbloquear o jogo. Mostrando a Paulinho e a Trincão como se faz: recebido mais um centro milimétrico de Porro, meteu-a lá dentro ao primeiro toque, à ponta-de-lança. Estavam decorridos 59 minutos. Podia-se respirar enfim de alívio em Alvalade.

 

Mas não por muito tempo. Porque o segundo golo ia tardando. Paulinho, puxando a culatra atrás, ensaiou um golo artístico. Faltou-lhe apenas o essencial: a pontaria. Seria um grande golo, esse, aos 63'. Se entrasse. O problema é que a bola foi direita ao poste - e voltou a não entrar.

Percebemos que o problema é mesmo grave sempre que o treinador decide mandar sair Trincão. Tinha sucedido isso já aos 56', quando o minhoto deu lugar a Arthur, que mostrou mais acutilância e menos displicência. Substituição que só pecou por tardia: devia ter ocorrido logo ao  intervalo. 

Talvez também por instruções do treinador, a equipa foi cedendo terreno ao Vizela.

Estaríamos já a defender o magro 1-0 quando faltava jogar meia hora? Podia não ser, mas parecia.

 

Foi nesse contexto que surgiu o golo adversário. Com toda a linha defensiva a parar, quando a bola saiu dos pés de um vizelense e foi embater noutro vizelense após ter tabelado de modo fortuito no árbitro. Os nossos detiveram-se, reclamando bola ao solo, esquecendo-se que o jogo só pára quando se ouve o apito. Os adversários prosseguiram e ela lá foi anichar-se nas redes, com Adán batido à queima-roupa.

Instalava-se o nervosismo novamente, em doses reforçadas. Paulinho via amarelo por protestos, a frase «somos sempre roubados» ia sendo proferida nas bancadas. Até que, talvez para contrariar tal convicção de muitos adeptos, conseguimos um penálti mesmo ao cair do pano: um puxão ostensivo à camisola de Coates e um pontapé acima da cintura atingindo Paulinho na cabeça deram origem ao castigo máximo, sancionado pelo vídeo-árbitro.

Rui Costa apitou para a marca dos 11 metros, tal como Artur Soares Dias fizera no domingo anterior, no clássico da Luz.

 

E Porro voltou a ser herói. Foi ele a querer marcar, naquele instante decisivo. Foi ele a arrancar a ferros estes três pontos que nos permitem consolidar o quarto lugar, agora com o Casa Pia um pouco mais distante. Foi ele a tornar possível a nossa primeira vitória de 2023 - após derrota no Funchal e o empate na Luz. Foi ele a demonstrar ser um dos raros heróis leoninos desta triste primeira volta do campeonato.

Foi ele a festejar de modo tão exuberante, voltando-se para os adeptos enquanto levava a mão ao emblema, que fiquei com a convicção de que o teremos entre nós pelo menos até Maio. Que seja assim, desejamos todos. Do mal o menos.

 

Breve análise dos jogadores:

Adán - Podia ter feito melhor no lance do golo? Podia. Mas o remate seco foi disparado tão perto que seria muito difícil travá-lo. De resto, atento e competente entre os postes.

Gonçalo Inácio - Foi um dos que pararam, reclamando bola ao solo, no lance do golo sofrido. Comportamento digno de uma defesa amadora, não profissional. Lamentável.

Coates - Também claudicou naquele momento decisivo, mas destacou-se em cortes e desarmes. Missão de sacrifício nos 10 minutos finais, como ponta-de-lança improvisado.

Matheus Reis - Destacou-se pela positiva num lance crucial: aos 59' foi lá à frente, como um extremo, e cruzou da esquerda para o centro, movimento crucial no nosso primeiro golo.

Porro - De longe o melhor em campo. Uma assistência (já soma onze) e um golo. Além de uma mão-cheia de cruzamentos que outros desperdiçaram. Impossível pedir-lhe mais.

Ugarte - Sólido no meio-campo, vital a estancar movimentos ofensivos do adversário, funcionou muito melhor com Morita do que com Pedro Gonçalves. Só lhe falta golo.

Nuno Santos - Foi pouco exuberante, algo discreto. Tentou a meia-distância aos 22': a bola rasou a barra. Excelente passe vertical aos 27'. Saiu por motivos tácticos aos 87'.

Pedro Gonçalves - É evidente que rende muito mais lá na frente, integrando o trio de avançados, do que no meio-campo. Marcou aos 59'. Isola-se como artilheiro da equipa.

Edwards - Marcou de forma displicente um canto aos 16', como se estivesse a jogar na praia. Falta-lhe intensidade na disputa da bola. Foi substituído ao intervalo, sem surpresa.

Trincão - Ouviu assobios ao falhar o segundo golo cantado, aos 19', optando por um passe ao guarda-redes. Já haviado falhado aos 11'. Saiu sem palmas nem glória aos 56'.

Paulinho - É bom a conquistar penáltis: voltou a acontecer aos 89'. Menos bom a marcar golos. Mandou uma bola ao poste, outra à cara do guarda-redes. Mais um jogo em branco.

Morita - Muito aplaudido, regressou aos 46' após mais de um mês afastado por lesão. Contribuiu para dar consistência ao meio-campo e maior eficácia na ligação ao ataque.

Arthur - Substituiu Trincão aos 56'. Menos apático e perdulário do que o minhoto, é ele a iniciar o nosso primeiro golo num passe a aproveitar bem a desmarcação de Matheus Reis.

Chermiti - Estreia em Alvalade, como jogador da equipa principal, substituiu Pedro Gonçalves aos 77'. Deu algum dinamismo à frente atacante. Parece promissor.

Tanlongo - Outra estreia, esta em absoluto de Leão ao peito. O reforço argentino rendeu Ugarte aos 77'. Parece ter bom toque de bola: passes acertados, denotando visão de jogo.

St. Juste - Substituiu Nuno Santos aos 87' para libertar Coates como avançado improvisado. Tempo insuficiente para mostrar o que vale ou o que não vale. 

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