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És a nossa Fé!

O melhor prognóstico

Houve vários prognósticos de goleada. Por seis, sete, oito, nove - até onze.

Nada disso se concretizou no Sporting-Chaves. Bastou uma vitória por números que podem ser considerados clássicos: 3-0. Desfecho quase banal, tratando-se da nossa equipa nesta Liga 2023/2024 que agora terminou.

Apesar disso, apenas um vencedor: o leitor Leão 79. A quem felicito pela pontaria.

Festa verde: campeões como há três anos

Sporting, 3 - Chaves, 0

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Noite inesquecível em Alvalade, sábado passado: desta vez não houve limites à celebração

Foto: António Pedro Santos / Lusa

 

Fomos campeões, sim. Mas já não havia novidade nisto: o título estava garantido há duas semanas. Repetimos a proeza de há três anos, desta vez com maior brilhantismo. E uma diferença fundamental: com público no estádio, o que não aconteceu em 2021 devido às severas medidas sanitárias que vigoravam durante a pandemia, de tão má memória.

Este Sporting-Chaves da 34.ª e última jornada do campeonato era, portanto, um jogo para cumprir calendário. Mas também para servir de novo pretexto para acrescidos festejos, desta vez no José Alvalade. E ainda para reforçarmos outras estatísticas desta época tão bem-sucedida - a melhor deste século, a melhor do último meio século. 

Terminámos pela primeira vez o campeonato com 90 pontos - segunda melhor marca absoluta de sempre no futebol português, quatro pontos acima do nosso anterior recorde, fixado em 2016, com os 86 conquistados na primeira época de Jorge Jesus.

Chegámos ao fim com 96 golos marcados, tantos como os da gloriosa época 1973/1974, a do Título da Liberdade, faz agora 50 anos. Terceira melhor na história da nossa participação na principal prova de futebol a nível nacional, superada apenas pelos 123 golos de 1946/1947 e pelos 100 de 1948/1949, ambas alcançadas em plena era dos Cinco Violinos. 

E nunca antes tínhamos chegado ao fim com tanta diferença em relação aos nossos dois rivais históricos: mais 28 pontos que eles. Feitas as contas finais, temos mais 18 do que os portistas e mais dez do que os encarnados. Números que dizem tudo sobre a inequívoca superioridade leonina, sem concorrência possível em 2023/2024.

Outras marcas justificam registo. Pela primeira vez numa competição em 34 rondas, vencemos todos os jogos disputados em casa. Triunfámos em 29 das 34 partidas - outro máximo superado. Marcamos há 42 jornadas consecutivas - contabilidade iniciada ainda na época 2020/2023. E Rúben é o primeiro técnico leonino a sagrar-se campeão duas vezes com as nossas cores.

Outro registo: nunca a Liga teve oito campeões em oito anos. Alternância inédita, o que muito valoriza a competição. E o próprio futebol português.

 

O sinal mais foi dado, nesta recepção ao Chaves, logo ao minuto 4, quando Gonçalo Inácio, após cobrança de livre lateral por Pedro Gonçalves, cabeceou ao poste. Foi desafio quase de sentido único durante a primeira parte. Com o nulo inicial a ser desbloqueado quando Morita, em acção ofensiva dentro da área, levou um central adversário a desviar com o braço. Penálti. Convertido aos 23' pelo suspeito do costume: Viktor Gyökeres. Que só queria marcar o golo seguinte, percebia-se bem.

E assim fez. Aos 37', em rotação após receber a bola, libertando-se de qualquer marcação no termo de excelente lance colectivo do Sporting - o melhor do encontro, com participações de Trincão, Pedro Gonçalves e Esgaio. Não havia hipótese: o craque sueco perseguia a meta dos 30 golos no campeonato. Não lhe bastava o troféu como goleador supremo da competição: tinha também em vista aquele número redondo. Que não chegou a alcançar, mas andou lá muito perto. Conseguiu 29.

 

Ao intervalo, 2-0. No segundo tempo houve menos intensidade, notando-se já o desejo dos jogadores de abrandarem a velocidade. Com excepção de Gyökeres, que nunca tirou o pé do acelerador. A tal ponto que no fim foi protestar junto do árbitro por ter concedido apenas dois minutos de tempo extra. Melhor em campo? Ele, claro.

Neste período, houve um lance de magia absoluta, digno de ser visto e revisto. Aconteceu ao minuto 55, quando o incansável Nuno Santos correu para impedir a bola de ultrapassar a linha de fundo na meia-esquerda. Conseguiu dominá-la e logo a tocou para Paulinho, que num fantástico pontapé de vólei a meteu lá dentro, sem a menor hipótese para o guarda-redes Gonçalo Pinto, por sinal formado na Academia de Alcochete. 

O estádio aplaudiu, em ondas de alegria e emoção, com milhares de gargantas entoando o nome de Paulinho. Que chegou ao fim com 15 golos - quarto melhor artilheiro da Liga. Cumprindo assim a sua melhor época de sempre, orgulhosamente de leão ao peito.

 

Vencemos, convencemos. Faltava receber o troféu correspondente a esta nova conquista. Terceiro campeonato do Sporting no século XXI, Rúben Amorim conduziu a equipa em duas destas três épocas vitoriosas. Desde a década de 50 que não havia um treinador tão associado a triunfos no Sporting.

No estádio cheio, transbordando de entusiasmo, prestou-se justa homenagem a dois bicampeões que se preparam para deixar Alvalade: Adán e Luís Neto. Ambos capitães. O Clube deve-lhes muito.

Foi um sábado tingido de verde, este de há três dias. 

Foi bonita a festa. Ninguém queria arredar pé. Cheio de cenas memoráveis, com a do filho mais velho de Neto com lágrimas nos olhos. Como se quisesse que o pai ali permanecesse para sempre. Herói perpétuo da nação leonina.

 

Breve análise dos jogadores:

Diogo Pinto - Invicto no segundo jogo a titular. Agarrou pela primeira vez a bola aos 43'. Saiu aos 82' sem ter feito uma defesa digna desse nome.

Neto - Titular como capitão: mereceu a homenagem. Quase marcou de cabeça aos 33'. É ele a iniciar o terceiro golo, num passe longo. Ovacionado ao sair (58').

Coates - VAR descobriu uma falta que terá feito aos 45'+1 invalidando golo de Gyökeres. Despediu-se da Liga em boa forma: venceu todos os duelos aéreos.

Gonçalo Inácio - Esteve a centímetros de marcar logo aos 4', quando encaminhou de cabeça a bola contra o ferro. Pena: merecia aquele golo.

Esgaio - É dele a assistência para o segundo golo. Grande centro aos 45'+1: Pedro Gonçalves devia ter marcado. Saiu aos 73'.

Morten - Regressou ao onze em forma: excelentes recuperações aos 14' e 30'. Falta sobre ele (45'+6) deixou Chaves reduzido a dez.

Morita - Com o seu talento para se movimentar entre linhas, sacou penálti (20'). Grande passe para Trincão (41'). Saiu aos 73'.

Nuno Santos - Lançou Morita no lance do penálti. Assistiu no terceiro golo e quase repetiu a dose aos 81'. Termina Liga com 10 assistências.

Trincão - Soberbo lance individual (14'). Passe para quase-golo de Neto (33'). Inicia o segundo golo. Remate em arco, ligeiramente ao lado (41').

Pedro Gonçalves - Cruzou para Gonçalo (4'). Interveio no segundo golo, com pré-assistência. Falhou emenda aos 45'+1. Atirou à trave (83'). Rei das assistências na Liga (12).

Gyökeres - Mais dois golos. E outro, aos 45+1, invalidado. Quase outro, aos 60'. Total na Liga: 92. Desde Bas Dost (34 em 2018) ninguém no SCP marcava tanto.

Paulinho - Substituiu Morten na segunda parte. Golaço aos 55'. Ofereceu golo a Gyökeres aos 60'. Três jogos seguidos a facturar.

St. Juste - Entrou para o lugar de Neto aos 58'. Notável na precisão dos passes.

Daniel Bragança - Substituiu Morita aos 73', mantendo a solidez do nosso meio-campo.

Edwards - Rendeu Esgaio aos 73'. Tentou alguma coisa, conseguiu muito pouco. Apagadíssimo.

Francisco Silva - Substituiu Diogo Pinto aos 82'. Dez minutos em estreia na equipa A para se sagrar também campeão nacional de futebol.

Rescaldo do jogo de ontem

«Orgulho». Tudo está bem quando acaba bem

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Gostei

 

Do apogeu da festa do título em Alvalade. Triunfo concludente sobre o Chaves, por 3-0, confirmando um campeonato vitorioso - o mais verde campeonato deste século. Estádio cheio (48.628 espectadores), adeptos vibrantes, famílias efusivas, benfiquistas e portistas rendidos ao nosso mérito, hienas e chacais em fúria. Tudo está bem quando acaba bem.

 

De Gyökeres. Terminou o jogo com energia transbordante, como se estivesse a iniciá-lo naquele momento. E nem parecia cem por cento satisfeito: "apenas" marcou dois golos - outro bis na Liga 2023/2024. Queria mais um, quer sempre marcar mais um. É a imagem de marca deste Sporting campeão. Um verdadeiro craque. Goleador da Liga, rei dos artilheiros, um dos melhores avançados que passaram desde sempre por Alvalade. Meteu-a 29 vezes no fundo da baliza só em desafios do campeonato. Na tarde de ontem, o primeiro foi de penálti, aos 23'. O segundo, aos 37' - recebendo, rodando e fuzilando. Melhor em campo, claro. Melhor de toda a prova. Melhor de toda a época.

 

De Paulinho. Confirmou o triunfo com um espectacular golo convertido aos 55', fazendo levantar o estádio. Assim culminou a sua melhor época de sempre: 15 marcados, só no campeonato. Mesmo não tendo sido titular em vários jogos, como desta vez voltou a acontecer - só fez a segunda parte. E ainda ofereceu golo a Gyökeres, aos 60': a bola só não entrou devido a enorme defesa do guarda-redes da turma flaviense. Quarto artilheiro da Liga 2023/2024 com pontaria mais afinada.

 

De Nuno Santos. Voltou a ser elemento decisivo, reforçando o estatuto de titular absoluto neste Sporting campeão. Assistência magistral para o golo de Paulinho após corrida bem sucedida para evitar que a bola saísse pela linha de fundo. É ele também quem isola Morita, aos 20', num lance de que resultaria o penálti desbloqueador do empate a zero.

 

De toda a jogada do nosso segundo golo. Façam o favor de revê-la: é um exemplo vivo da arte de jogar futebol. Trincão conduz a bola dominada na meia direita, serpenteando pela defesa adversária sem dar hipótese de intercepção, com toque de génio. Liberta-a para Pedro Gonçalves, que já na área toca para Esgaio e este dá ordem à gorduchinha para chegar aos pés de Gyökeres. O sueco dispara à meia volta, trocando os olhos e os rins ao central Ygor Nogueira, que tentava bloqueá-lo. Um espectáculo.

 

De Trincão. Começou o campeonato apagado, termina em grande: foi um elemento decisivo da nossa brilhante segunda volta. Tornou-se imprescindível: é um dos criativos do plantel leonino, tem-se valorizado de jogo para jogo. Ontem fez quase tudo bem, só lhe faltou marcar. Mas esteve perto disso com um remate em arco aos 41' que levou a bola a passar muito perto do poste.

 

Da estreia de Francisco Silva. O jovem guarda-redes da nossa formação, com apenas 18 anos, saltou do banco e substituiu Diogo Pinto, quase tão jovem como ele. Aconteceu aos 82': estreia absoluta pela equipa principal para ganhar direito, também ele, à faixa de campeão. Tal como 28 dos seus colegas. Parabéns.

 

De Rúben Amorim. Merece todos os elogios. Por ter transformado esta equipa do Sporting numa «peça de joalharia», como justamente lhe chama o Expresso. Melhor treinador leonino desde a década de 50. 

 

De ver o Sporting marcar há 42 jogos consecutivos. Sem falhar um, para desafios do campeonato, desde a Liga anterior. Números impressionantes, próprios de um campeão em toda a linha.

 

Das 17 vitórias em casa, fazendo o pleno. Cem por cento vitoriosos nos jogos disputados em Alvalade nesta temporada para o campeonato. Nunca nos tinha acontecido com 34 jornadas na prova máxima do futebol português. E há 20 anos que não sucedia a nenhuma equipa, desde a marca alcançada por José Mourinho, em 2004, no FC Porto. Registo perfeito.

 

Do guarda-redes da turma visitante. Apesar dos golos sofridos (sem ter culpa em nenhum), grande exibição de Gonçalo Pinto, em estreia na baliza flaviense. Negou golos a Neto (33') e Gyökeres (60'). Vale a pena assinalar o facto, até porque se trata de um jovem formado na Academia de Alcochete. Mais um.

 

De termos disputado 21 jogos consecutivos sem perder na Liga. Marca extraordinária: a nossa última derrota aconteceu na distante jornada 13, disputada em Guimarães, a 9 de Dezembro. A contabilizar já para a próxima época.

 

De termos marcado 140 golos em 2023/2024. Destes, 96 foram na Liga - a nossa melhor marca goleadora do último meio século, igualando a de 1973/1974. Agora só falta a final da Taça.

 

Dos 90 pontos amealhados na prova. Melhor pontuação de sempre no Sporting em toda a história do campeonato nacional de futebol. Superando por quatro golos a anterior marca, estabelecida há oito anos, quando a equipa era treinada por Jorge Jesus. Percentagem de aproveitamento: 88,2%. A nossa maior em décadas - e terceira melhor do futebol português neste século.

 

Da comovente homenagem final a Neto e Adán. Despediram-se do Sporting sob uma prolongada e calorosa ovação dos adeptos. Tornando ainda mais bonita a festa da entrega da taça correspondente à conquista do campeonato. Bicampeões, um e outro. Teremos saudades deles. 

 

Da onda verde. «Orgulho»: lia-se em frase inscrita numa tarja exibida no estádio. Eis como uma palavra basta para resumir toda a nossa época.

 

 

Não gostei

 

Daquela bola ao poste. Logo aos 4', cabeceada por Gonçalo Inácio, após conversão de livre lateral. Esteve a centímetros de entrar.

 

De termos demorado 23 minutos a marcar. Todos ansiávamos por um golo ainda mais cedo.

 

Do 2-0 ao intervalo. Sabia a pouco.

O dia seguinte

Impossível falar deste último jogo da Liga sem mencionar as despedidas de Neto e de Adán, os minutos dados a Francisco Silva - que seria o quinto guarda-redes no princípio da época - para ser campeão e o lugar de honra atribuído ao capitão Coates na entrega das medalhas. É assim que se constrói um Sporting campeão, não é com um presidente aos saltos a concentrar nele todo o protagonismo.

O jogo foi o possível pela medíocre arbitragem que conseguia ver tudo ao contrário e pela falta de desportivismo da equipa do Chaves. A cair tanto assim no relvado não admira que tenham caído para a 2.ª Liga.

Interessava ganhar e não sofrer golos e isso aconteceu. O 3-0 foi escasso para as oportunidades de golo que aconteceram, interessava treinar para o Jamor e Morita, Pote e Gyökeres aproveitaram muito bem, o ponto fraco esteve nos alas a defender. Melhor em campo? Gyökeres de volta à boa forma.

Arbitragem? Medíocre como é de costume com este apitadeiro, obrigando a excesso de zelo do Costa amigo e vizinho, furando o protocolo no lance do penálti anulado, no lance do golo anulado ficou próximo. E depois roubou uns 5 minutos ao jogo no final pondo o sueco num estado de nervos compreensível. 

E agora? Ganhar no Jamor, fazendo votos de que o inevitável Pinheiro não faça o que o Soares Dias fez na Luz ou o algarvio fez hoje em Braga. Inclinar assim o campo é fácil, nem o VAR se pode meter no assunto. 

SL

Prognósticos antes do jogo

Chegamos ao fim do campeonato. Já sagrados campeões há duas semanas.

O jogo que aí vem servirá para prolongar a celebração. Bem merecida. Em louvor do esforço, dedicação e devoção dos nossos jogadores - atributos que os conduziram à glória. Para coroar o lema dos ancestrais leoninos.

Vamos receber o Chaves amanhã, a partir das 18 horas. Na primeira volta trouxemos um triunfo claro, por 0-3, da nossa visita à cidade transmontana. Bem diferente do que sucedeu na época passada, quando fomos derrotados em nossa casa, pela mesma equipa, por 0-2.

São águas passadas. Agora o que irá acontecer? Aguardo os vossos prognósticos.

Os melhores prognósticos

Assim é que é bom: voltou a haver vários vencedores. Na nossa habitual ronda de prognósticos, destacaram-se quatro leitores capazes de vaticinar o resultado do Chaves-Sporting (0-3). 

Ficam os nomes nesta pequena galeria de notáveis: Leão 79Paulo BatistaTiago Oliveira e Verde Protector. Os três primeiros também referiram Pedro Gonçalves como marcador de um dos golos, o último mencionou Paulinho.

Ainda uma alusão ao leitor António Goes de Andrade. Por ter previsto o desfecho da partida, embora sem antecipar nenhum dos marcadores. Merece destaque também.

Somamos e seguimos, já de olhos no título

Chaves, 0 - Sporting, 3

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Pedro Gonçalves, Trincão e Nuno Santos: três jogadores em foco no desafio transmontano

Foto Pedro Sarmento Costa / Lusa

 

Alguns não acreditavam. Os mesmos de sempre. Mas conseguimos. O Sporting entra na segunda volta deste campeonato como líder isolado. Lá em cima, no primeiro posto, passe a redundância. Com 43 pontos. Apenas menos dois do que os conquistados nesta mesma fase na gloriosa época de 2020/2021, já sob o comando de Rúben Amorim, em que nos sagrámos campeões. Só menos um do que os obtidos, também concluída a primeira volta, na Liga 2015/2016, quando o treinador era Jorge Jesus.

No cômputo geral, é a quarta melhor temporada do Sporting, à primeira volta, desde que cada triunfo passou a valer três pontos, em 1995/1996.

Amorim tem motivos redobrados para se sentir satisfeito. Anteontem, nesta vitória em Chaves por 3-0, ultrapassou outra marca como técnico leonino: ninguém antes dele conseguiu somar 14 triunfos na primeira volta em mais de duas épocas ao leme da equipa. Superando um recorde já muito antigo de Cândido Oliveira alcançado em 1948 e 1949.

Os números da temporada em curso ilustram bem a competência do treinador: 28 jogos já realizados esta época, com o Sporting a sair vencedor em 22. Houve ainda três empates e três derrotas, com 78,5% de percentagem global de vitórias.

 

E vão seis partidas consecutivas sempre a vencer, para quatro competições diferentes. Anteontem, na tarde-noite invernosa em Chaves, só tardou o primeiro golo, ocorrido aos 44'. Aconteceu de bola parada, por Paulinho, na sequência de um canto bem convertido por Trincão. Assim chegou o intervalo: este 1-0 sabia a pouco. Até porque não haviam faltado oportunidades: por Gyökeres e Esgaio aos 11', novamente pelo sueco aos 12' e - a mais clamorosa perda - por Pedro Gonçalves, só com o guarda-redes Hugo Souza pela frente, aos 27'.

Mas o transmontano - que nasceu para o futebol em Chaves - redimiu-se com enorme exibição nesta partida em que foi o melhor em campo. Bola a rasar o poste aos 20', remate que o guardião desviou in extremis para a barra aos 76' e golo, fechando a contagem, aos 56'. Naquele seu jeito peculiar de parecer produzir passes à baliza levando a bola com efeitos a anichar-se nas redes. Não festejou, por respeito aos patrícios transmontanos.

Ao ser substituído (79'), foi ovacionado por todo o estádio, onde havia 5.690 espectadores. Palmas bem merecidas.

 

Quem também mereceu aplausos foi Francisco Trincão. Muito em jogo sobretudo na ponta direita, substituindo no onze o engripado Edwards, fez jus à convocatória com uma das melhores exibições da temporada. Foi ele a marcar o canto para Paulinho facturar antes do intervalo. Foi também ele a marcar o segundo, o mais belo golo deste encontro, num remate indefensável, muito bem colocado, que desenhou um arco antes de chegar às redes, aos 52'. Assim aqueceu a fria noite flaviense.

Nesta partida iniciada sem cinco titulares (Diomande, Morita e Geny estão ao serviço das respectivas selecções e Coates só fez a segunda parte, além do convalescente Edwards, que assistiu ao desempenho dos colegas bem agasalhado no banco de suplentes) ficou comprovado que temos soluções de recurso para diversas posições. Quando ainda decorre o mercado de Inverno que talvez proporcione um ou dois reforços ao treinador.

Para já, Amorim vai sorrindo. E nós com ele. 

 

Breve análise dos jogadores:

Adán - O seu maior combate em Chaves foi contra o frio. Sem uma defesa digna desse nome numa partida em que a equipa adversária não fez um único remate enquadrado. 

Eduardo Quaresma - Cumpriu durante toda a primeira parte, neste terceiro jogo a titular: acertou 42 dos 44 passes. Cedeu lugar a Coates para evitar más surpresas no jogo aéreo.

Gonçalo Inácio - Enquanto o capitão esteve ausente, foi ele a comandar a defesa. Com brilho e distinção: destacou-se como maior recuperador leonino, exímio na precisão do passe.

Matheus Reis - Completou o trio de centrais, sem problema no controlo do seu sector. Lá na frente, podia ter feito melhor aos 43': em vez de remate, saiu-lhe passe ao guarda-redes.

Esgaio - Regular, previsível, sem inventar nem atrapalhar. Podia ter marcado numa recarga aos 11'. Nem sempre lhe saiu bem o duelo com Sanca, o extremo adversário. Mas cumpriu.

Morten - Voltou a destacar-se como pêndulo da equipa, assegurando o controlo total do corredor central junto à linha divisória. Cada vez mais útil nas recuperações de bola.

Pedro Gonçalves - Regressou ao meio-campo, sem tirar os olhos da baliza. Marcou o terceiro, aos 56': o seu décimo golo da temporada. Terceiro jogo seguido a facturar. Melhor em campo.

Nuno Santos - Grande exibição, sempre ligado à corrente. Foi o grande minuciador do ataque com os seus cruzamentos da esquerda. Um deles gerou o nosso segundo golo. 

Trincão - Uma das melhores partidas do minhoto nesta temporada. Cobra o canto de que nasceu o golo inaugural e marca o segundo, aos 52'. Protagonizou numerosos desequilíbrios.

Paulinho - Saiu também de Chaves com merecidos elogios. Por ter regressado aos golos. Abriu o marcador aos 44': o mais dificil estava feito. Três jogos fora seguidos sempre a marcar.

Gyökeres - Tentou muito, sem conseguir. Stefen Vitória fez-lhe marcação cerrada. Rondou o golo (11', 12', 78'), sempre em movimento acelerado, mas os heróis acabaram por ser outros.

Coates - Regressado após lesão, actuou só na segunda parte - por troca com Quaresma. Lento, ainda longe da melhor forma. Viu cartão amarelo aos 71'.

Daniel Bragança - Substituiu Pedro Gonçalves aos 79'. Cumpriu no essencial, ligando o meio-campo ao ataque. O péssimo relvado não favoreceu o seu requinte técnico.

Neto - Substituiu Esgaio aos 85'. Tempo suficiente para reforçar a tranquilidade no nosso reduto defensivo, quando as más condições do terreno impunham máxima cautela para evitar lesões.

Dário - Rendeu Matheus Reis aos 85'. Actuou como ala direito, com a missão prioritária de contribuir para fechar aquele corredor. Ganhou mais uns minutos de experiência.

Rescaldo do jogo de hoje

 

Gostei

 

De ir a Chaves vencer por 3-0. Derrotámos sem margem para dúvidas a mesma equipa que há duas semanas fez tremer o FC Porto no Dragão, onde perdeu por tangencial 0-1 tendo mandado uma bola aos ferros à beira do fim. Desta vez nada de semelhante aconteceu. O triunfo leonino na bela cidade transmontana não oferece discussão. Mesmo sem cinco habituais titulares no onze inicial: Diomande, Morita, Geny (ausentes nas selecções), Edwards (a recuperar de uma gripe) e Coates (vindo de lesão, tendo só feito o segundo tempo).

 

De Pedro Gonçalves. Voto nele para melhor em campo. Jogando num estádio que conhece bem, muito perto da terra natal, e contra uma equipa onde nasceu para o futebol, o nosso médio ofensivo confirmou encontrar-se na melhor fase desta temporada. Terceiro jogo seguido a marcar: desta vez fechou a contagem com um belo remate, muito bem colocado, aos 56'. Actuando entrelinhas, no apoio directo ao ataque, esteve em mobilidade constante, abrindo linhas de passe e protagonizando acções de ruptura que puseram a defensiva flaviense em sentido. Podia ter marcado mais cedo, aos 27', quando Gyökeres o isolou perante o guarda-redes, mas permitiu a defesa de Hugo Souza. Redimiu-se não só com o golo mas com o conjunto da sua exibição. Ao ser substituído (79') foi brindado com aplausos em todo o estádio.

 

De Paulinho. Foi ele a desbloquear o resultado, quando faltava pouco para o intervalo, em pontapé de ressaca na sequência de um canto: assim nasceu o remate vitorioso, à queima-roupa, com o Sporting a instalar vários jogadores na área. A equipa também melhorou neste capítulo: sabe aproveitar bem os chamados lances de bola parada, ao contrário do que sucedia noutros tempos. 

 

De Trincão. Actuação muito positiva do esquerdino, sobretudo no segundo tempo, quando marcou o mais belo golo da noite, aos 52', num forte remate em arco sem hipóteses de defesa para o guardião do Chaves. Já tinha sido ele a cobrar o canto de que resultara o nosso golo inaugural. 

 

De Nuno Santos. Também ele tem melhorado a olhos vistos, encontrando-se igualmente na melhor fase da época. Assistiu no segundo golo com um cruzamento muito bem medido. Estave sempre em jogo, sempre combativo, sempre comprometido com a equipa. 

 

De ver as nossas redes incólumes. Adán pouco mais foi do que um espectador deste Chaves-Sporting, mantendo a baliza intacta. 

 

De ter igualado o melhor ataque da Liga. Atingimos a marca dos 40 golos, agora a par com o Braga. Com inegável veia ofensiva. Nos últimos três jogos (Estoril, Tondela e agora este), para duas competições diferentes, marcámos 12 e apenas sofremos um. Com 17 jornadas da Liga sempre a fazer o gosto ao pé - ou à cabeça. Sem uma só partida em branco.

 

De sermos campeões de Inverno. Haja o que houver no resto da jornada 17, continuamos na frente. Terminamos a primeira volta da Liga 2023/2024 no primeiro posto, isolados. Somando já 43 pontos. Com o melhor jogador do campeonato (Viktor Gyökeres) e exibindo o melhor futebol da temporada em curso. 

 

 

Não gostei

 

Do tempo. Muito frio, próprio do mês de Janeiro em Trás-os-Montes, chuva incessante e até alguns fragmentos de nevoeiro. Felizmente o jogo começou às seis da tarde, horário sensato que chamou muita gente ao estádio. Incluindo largas centenas de sportinguistas.

 

Do relvado. Empapado pela chuva copiosa, dificultou muito o futebol rendilhado dos nossos jogadores, sobretudo no corredor central. Optou-se, em alternativa, pelo passe longo e directo, com a bola a sofrer desvios nas ocasiões mais inesperadas. Felizmente ninguém se lesionou.

 

De termos esperado muito para ver o primeiro golo. Só chegou aos 44', quando alguns adeptos já se impacientavam e uns mais exaltados até rogavam pragas - que se comprovaram ser injustas - a Trincão e Pedro Gonçalves.

 

De Coates. Manteve-se no banco toda a primeira parte: ainda não está em forma para render um jogo inteiro. Entrou após o intervalo, substituindo Eduardo Quaresma - terceiro jogo a titular, com boa prestação - para nos dar maior conforto no jogo aéreo defensivo. Mas o capitão continua preso de movimentos. Fez uma falta desnecessária que lhe valeu o amarelo (71') e arriscou outra que lhe podia ter valido outro cartão da mesma cor.

 

De rever Rúben Ribeiro, agora no Chaves. Não deixou saudades no Sporting, onde chegou por insistência de Jorge Jesus, passou sem mostrar talento e deu de frosques a pretexto do assalto a Alcochete quase sem ter sido importunado pelas claques. É lembrado, mas por maus motivos

O dia seguinte

Um dia de inverno, um dia de chuva, um dia de ficar por casa no sofá em frente à TV. Após o 3-0 do voleibol em Guimarães veio a 1.ª parte da nossa selecção de andebol e depois foi passar para Chaves, onde o histórico do local (peixeirada do Bruno de Carvalho na cabine incluida), a chuva inclemente, o estado do relvado, o próprio onze escolhido por Rúben Amorim com Pedro Gonçalves no meio-campo, o Godinho "maria vai com o VAR", enfim, tudo fazia pensar no pior. Estavam os ingredientes alinhados para a caldeirada requentada por demais vista à moda dos lampiões e dos morcões.

Mas nada disso aconteceu. Amorim estudou bem o adversário, colocou as melhores peças no tabuleiro e esmagou. Superioridade total do Sporting na 1.ª parte num 3-3-4 muito adaptado às condições do terreno, com Pedro Gonçalves sempre mais um quarto avançado do que um quarto médio e um par de pontas de lança possantes que causavam mossa no adversário. Demorou muito a acontecer o primeiro golo, mas o 1-0 ao intervalo apenas pecava por defeito para o que tinha sido a superioridade do Sporting.

 

Na 2.ª parte Amorim resolveu tratar de muita coisa ao mesmo tempo, dar minutos a Coates, ter a equipa preparada para um futebol mais aéreo dado o estado cada vez pior do terreno, e tudo correu bem, recuperando a bola cá trás logo aconteciam situações perigosas para o adversário, e Trincão e Pedro Gonçalves ditaram o resultado.

Mais golos se foram perdendo muito por culpa do sueco extra-terrestre. Ainda houve tempo para o melhor em campo, Pedro Gonçalves (e quanto a mim o melhor jogador de futebol do Sporting, pelo menos claramente o melhor português, bem acima de alguns que integram a selecção), sair para volta de honra, e entrarem Bragança, Neto e Essugo... todos ajudaram a equipa a sair com registo limpo de Chaves.

Uma palavra para Eduardo Quaresma, cada vez mais focado e eficaz. Bela primeira parte, valor seguro no plantel do Sporting.

Coates a sofrer um pouco neste retorno, mas faz parte. Precisamos muito dele para o que aí vem.

 

E quem desbloqueou o jogo marcando o primeiro golo? Paulinho. Outro golo decisivo dum jogador que desde que entrou se mostrou importante para o Sporting, ao contrário de muitos pseudos pontas de lança que só deram despesa.

Amarelo a Gyökeres? O Godinho agora é o cão do dono Vítor Baía? Vai ter boa nota desta vez, depois de Faro?

E agora? Rumo a Vizela, contra tudo e contra todos, inclusive daquela ressabiada "turma do malhão" acantonada na tasca. 

SL

Vencer fora ainda sem convencer adeptos

Chaves, 2 - Sporting, 3

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Pedro Gonçalves marcou dois golos sem festejar nenhum: foi em Chaves que ele começou

Foto: Pedro Sarmento Costa / Lusa

 

Foi uma exibição acima da média e um resultado ao mesmo nível. Num estádio muito difícil, onde já tropeçámos noutras ocasiões, e frente a uma equipa que nos venceu em Alvalade na primeira volta.

Saímos de Chaves com três pontos. Apesar disso, este foi um jogo que não nos encantou. Pelos motivos do costume: houve vários golos desperdiçados e alguma displicência no plano defensivo que nos custou mais dois golos sofridos. Já são tantos, à 21.ª jornada, como em todo o campeonato anterior: 23. Prova evidente de que as coisas não andam bem neste Sporting 2022/2023.

 

Mesmo vencedores, por 2-3, não disfarçámos uma evidência: este plantel é desequilibrado. E mantém lacunas importantes, sobretudo no corredor central do meio-campo e na zona de finalização. Mas está longe de ser o nosso problema principal.

A inclusão de Trincão (após uma sucessão de exibições medíocres) e Paulinho (ultrapassando Chermiti, que marcou dois golos e assistiu num terceiro nas últimas três partidas) revela que Rúben Amorim não é só fiel ao seu modelo de jogo: tem também uma fixação em quem selecciona para o onze titular. Daí alguns jogadores aparecerem e desaparecerem das convocatórias, numa insólita placa giratória - entre eles, Dário, Fatawu e Mateus Fernandes. E outros terem lugar cativo seja qual for o seu desempenho em campo.

O nosso problema principal é hoje o modo como o treinador gere este plantel. Com vários jogadores fora das posições em que mais rendem e dois ou três favoritos sempre escalados para o onze, por pior que vão jogando.

Matheus Reis esteve ausente: poupado para o desafio de amanhã para a Liga Europa? Ficou por esclarecer. Morita, enfim recuperado, demorou uma hora a entrar. Pedro Gonçalves - neste seu regresso ao clube onde se iniciou para o futebol - começou o jogo novamente a meio-campo, cedendo protagonismo a Trincão lá na frente. E Chermiti teve de esperar 80 minutos para calçar: toda a prioridade voltou a ser de1 Paulinho.

 

Houve aspectos meritórios? Claro que sim.

Em primeiro lugar, o golo marcado cedo: raras vezes tem acontecido. Depois, registou-se a nossa segunda vitória consecutiva fora de Alvalade - algo até agora inédito neste campeonato. E há seis meses que não conseguíamos marcar três também em partidas desenroladas em campo adversário.

Destacou-se uma estreia absoluta a titular: Diomande cumpriu como central à direita. Bellerín vai ganhando consistência como substituto do compatriota Porro. E o regresso de Morita, retomando a sua interrompida parceria com Ugarte, funcionou bem, como já se previa.

 

Mas as lacunas persistem. Agravadas pela obstinação do treinador em não variar processos.

Outro pecado recorrente desta nossa equipa é baixar os braços com demasiada frequência, como se desistisse de lutar ou estivesse já satisfeita com o resultado antes do apito final. Isto originou o segundo golo do Chaves, sofrido aos 90'+6: quase toda a nossa defesa foi apanhada desprevenida, permitindo que Héctor se movimentasse à vontade.

Enfim, ganhámos à tangente numa partida em que ninguém de boa-fé pode acusar o árbitro de nos ter "roubado". Beneficiámos logo aos 8' de um penálti por alegado derrube de Paulinho que se tivesse sido assinalado ao contrário, em lance dentro da nossa área, levaria muitos adeptos a soltar gritos de indignação.

A par do Benfica, somos agora a equipa com mais penáltis favoráveis neste campeonato.

Mesmo assim, seguimos em quarto lugar. Por culpa própria e sem injustiça alguma.

 

Breve análise dos jogadores:

Adán - Merece nota positiva por ter feito uma grande defesa, aos 28'. Permitiu o empate aos 34', traído por um ressalto no solo. Sem culpa no segundo golo, mesmo ao cair do pano.

Diomande - Estreia do jovem marfinense como titular, na posição mais à direita do trio de centrais. Não comprometeu. Pelo contrário, deu boas indicações. Parece mesmo ser reforço.

Coates - Será fadiga? O capitão parece algo lento de reflexos: teve dificuldades nos duelos com João Teixeira e Juninho, ultrapassado em velocidade. Menos influente do que é habitual.

Gonçalo Inácio - Actuou no lugar onde mais rende, como central à esquerda. Talvez por isso, foi desta vez o nosso defesa em melhor nível. Grande corte de carrinho aos 30'.

Bellerín - Não vale a pena querer fazer dele um novo Porro: são jogadores com características diferentes. Este espanhol mais fixado no plano defensivo, mas sem descurar o ataque.

Ugarte - Destacou-se, sem surpresa, na recuperação. Foi varrendo diversas tentativas de construção ofensiva do Chaves. Pena ter visto o amarelo (68') que o afasta do próximo jogo.

Pedro Gonçalves - Melhor em campo, com dois golos - um em cada parte (8' e 61'). O segundo foi espectacular. Derrubado dentro da área aos 83': devia ter sido ele a marcar o penálti.

Nuno Santos - Centrou muito e esteve sempre ligado à corrente, em contraste com Bellerín na ala oposta. Esteve quase a marcar (50'), ofereceu golo a Paulinho (55') e marcou mesmo (70').

Edwards - Jogador de inegável capacidade técnica, acima da média. Excelente passe a isolar Nuno Santos aos 50'. É ele a iniciar o segundo golo, num toque de classe, bem ao seu jeito.

Trincão - Falta-lhe atitude competitiva. Esteve bem num centro que Paulinho desperdiçou, mas transformou um possível remate enquadrado num inócuo passe ao guarda-redes (52').

Paulinho - Azar ou aselhice? A verdade é que falhou um golo isolado à boca da baliza e marcou dois em fora-de-jogo. Esteve melhor ao assistir Nuno Santos no terceiro golo.

Morita - Substituiu Trincão aos 60'. Com a vantagem imediata de fazer adiantar Pedro Gonçalves, um minuto antes do nosso segundo golo. Deu consistência ao meio-campo.

St. Juste - Em campo desde os 71'. Rendeu Diomande, sem brilhar nem arriscar incursões no plano ofensivo, mas também sem comprometer.

Arthur - Substituiu Edwards aos 71'. Encostado à ala direita, primou pela irrelevância. A vontade de mostrar serviço é notória, mas as exibições mais recentes não têm correspondido.

Chermiti - Entrou só aos 80', quando Amorim decidiu tirar Paulinho. Entrou com excesso de ansiedade. Falhou o golo, isolado, aos 82'. E permitiu a defesa no penálti que marcou (85').

Tanlongo - Rendeu Ugarte aos 80'. Bons apontamentos, confirmando ser bom de bola, mas entrou já numa fase de alguma descompressão, quando a equipa geria o resultado.

Rescaldo do jogo de ontem

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Pedro Gonçalves muito cumprimentado pelos colegas: o transmontano bisou em Chaves

Foto: Pedro Sarmento Costa / Lusa

 

Gostei

 

Da vitória em Trás-os-Montes. Missão cumprida: fomos a Chaves e vencemos. Por 2-3, quase replicando o resultado lá alcançado na deslocação anterior, há quatro anos. A segunda parte foi de inequívoco domínio leonino, exceptuando a falha defensiva que permitiu o segundo golo flaviense mesmo ao cair do pano.

 

Da desforra. Com este resultado vingámos a humilhante derrota em casa (0-2) frente à mesma equipa, em Alvalade, logo à quarta jornada desta Liga 2022/2023. 

 

Do bis de Pedro Gonçalves. Rúben Amorim, evidenciando uma casmurrice que começa a desafiar toda a lógica, insistiu em colocá-lo novamente no meio-campo em parceria com Ugarte, quando tinha Morita e Tanlongo no banco. Foi preciso o Chaves empatar - e o tempo começar a escoar-se sem reviravolta no marcador - para o técnico mandar entrar enfim o internacional japonês, por troca com o inútil Trincão, e fazer avançar o transmontano. Isto aos 60'. No minuto seguinte, num belo lance de futebol de ataque, Pedro Gonçalves marcou um golaço - o da reviravolta. Já aos 8' tinha mandado a bola para o fundo das redes, convertendo um penálti. Foi o homem do jogo, igualando João Mário, Gonçalo Ramos (Benfica) e Navarro (Gil Vicente) na lista dos melhores artilheiros do campeonato. É assim quando actua no sítio certo.

 

Da estreia de Diomande. Pela primeira vez como titular, actuando na posição de central do lado direito, o jovem marfinense, de apenas 19 anos, deu boa conta do recado: atento, concentrado, com poderio físico, disciplina táctica e leitura correcta do tempo de intervenção, foi competente no passe e não hesitou em transpor linhas envolvendo-se em lances ofensivos. Promissora estreia deste nosso reforço de Inverno.

 

Dos três golos marcados. Facto que merece ser assinalado pois há seis meses não nos sucedia isto: a última vez que tínhamos rematado com tamanho sucesso fora de casa, nesta Liga, havia sido na jornada inaugural, contra o Braga (3-3). Outro destaque: é a primeira vez, no campeonato em curso, que registamos dois triunfos seguidos como visitantes.

 

De termos sido desta vez os primeiros a marcar. A vencer desde o minuto 8, nunca deixámos a equipa adversária adiantar-se. Caso para sublinhar, sobretudo nos jogos fora de Alvalade, em que temos um saldo ligeiramente positivo (5 vitórias, 2 empates, 4 derrotas) e apresentamos igualdade entre golos marcados e sofridos (16-16, a partir de agora). 

 

Do centésimo jogo de Rúben Amorim na Liga 1. Foi este, agora cumprido, com uma vitória. Oxalá seja sinal de que a estrelinha do treinador leonino voltou a brilhar. Espero que ele contribua para isso, adaptando-se com maior eficácia às dificuldades que lhe surgem pela frente sem insistir sempre nos mesmos processos e nos mesmos protagonistas, até quando se torna evidente que é fundamental haver mudanças.

 

 

Não gostei

 

Do empate (1-1) que se registava ao intervalo. Aos 34', deixámos o Chaves empatar, num vistoso remate cruzado de João Teixeira em que Adán saiu mal na fotografia - ele que seis minutos antes tinha evitado um golo praticamente certo. Parecia um filme que já vimos em diversos desafios ao longo deste campeonato. Felizmente desta vez o desfecho foi diferente.

 

Do golo que sofremos ao cair do pano. Mesmo no último lance da partida, com a bola a deslocar-se a toda a largura da nossa defesa sem ninguém conseguir interceptá-la e Nuno Santos, apático, a falhar o duelo com Hector. Dava a impressão que naquele momento alguns dos nossos jogadores já estavam com os níveis de concentração próximos do zero, talvez a pensar no desafio de quinta-feira, na Dinamarca, para a Liga Europa.

 

De Trincão. Amorim insiste nele, fez até questão de o incluir entre os titulares, mas o ex-Braga voltou a demonstrar que está muito longe de merecer tal confiança. Outra partida em que passou ao lado, sem nada de relevante evidenciar: macio, sem objectividade, incapaz de causar desequilíbrios, facilmente anulado, com pouca resistência ao choque, ficou novamente aquém daquilo de que uma equipa com as aspirações do Sporting necessita. Pior: a sua inclusão no onze titular força Pedro Gonçalves a jogar onde menos rende. Saiu aos 60', por troca com Morita: no minuto seguinte desfizemos o empate. Não terá sido coincidência.

 

De Paulinho. Desta vez rematou, acertando na barra à queima-roupa (25'). E até marcou duas vezes, mas em qualquer dos casos estava fora-de-jogo. Custa entender como é que um avançado com a experiência dele é incapaz de medir o tempo de intervenção de modo a colocar-se atrás do defesa em fracções de segundo. É verdade que fez uma assistência - a segunda nesta Liga - para o nosso terceiro golo, apontado por Nuno Santos aos 70'. Mas não é menos certo que saiu, aos 80', mantendo-se em jejum prolongadíssimo, sem corresponder àquilo que os adeptos mais aguardam dele. Balanço à 21.ª jornada: apenas dois golos no campeonato. Segue em 56.º lugar na lista dos marcadores.

 

Do penálti falhado. Pedro Gonçalves já tinha marcado duas vezes: se marcasse o terceiro, isolava-se como goleador da Liga 2022/2023. Estranhamente, cedeu essa prerrogativa a Chermiti aos 85' - ou por decisão própria ou por imposição do treinador. O miúdo recém-entrado, chamado a converter, permitiu a defesa do guardião flaviense. Impõe-se a pergunta: há uma hierarquia na equipa para os marcadores de grandes penalidades ou estas coisas acontecem à vontade do freguês?

 

Do amarelo exibido a Ugarte. O combativo médio uruguaio viu o nono cartão desta época. Não poderemos contar com ele na partida 22 do campeonato, em que vamos receber o Estoril.

 

Da classificação. Quando faltam 13 jornadas para terminar a prova máxima do futebol, nada se alterou nos lugares da frente: todos os nossos competidores venceram. Continuamos, portanto, a ver o Benfica 15 pontos à nossa frente, o FC Porto com mais dez e o Braga com mais oito.

O dia seguinte

O onze com que o Sporting entrou em campo parecia uma resposta de Rúben Amorim e da equipa ao comentário de Abel Xavier uns dias antes na TV, onde dizia: "Os jogadores de peso do Sporting não têm correspondido." E assim entraram hoje em campo Adán, Coates, Nuno Santos, Trincão e Paulinho, que esta época têm deixado a desejar em termos dos deslizes que cometem em campo e da influência ou liderança que demonstram no seio da equipa.

Por outro lado, mais uma vez, Amorim teimou em Pedro Gonçalves a 8, e se ainda o tivemos a médio nos início da partida, com um amarelo escusado por uma entrada por detrás já depois de termos ficado em vantagem no marcador, ficámos sem ele, passámos a jogar quase em 3-3-4. Com isso o Chaves subiu no terreno, conseguiu lances perigosos e marcou um golo consentido por Adán, depois duma enorme defesa do nosso guarda-redes num lance em que Coates foi facilmente batido.

Já tinha falado dos deslizes de Adán e Coates nesta época?

 

A segunda parte foi toda nossa. O Chaves encostou atrás e Pedro Gonçalves pôde fazer o que faz melhor, marcou o segundo golo e sofreu um penálti. Que devia ter convertido, porque o que fez em Alvalade devia ter repetido em Chaves. Teria sido talvez um "hat trick" que o valorizava e valorizava o Sporting. Obviamente nada contra Chermiti, como nada haveria contra Esgaio se tivesse falhado em Alvalade, mas são coisas que não fazem nenhum sentido em alta competição profissional.

O jogo não acabou sem que o Chaves tivesse chegado ao 3-2 num brinde do Nuno Santos, que ainda estava a comemorar o golo marcado.

 

Paulinho merece um parágrafo só para ele. Cavou o primeiro penálti, claríssimo para os critérios utilizados no futebol português, acertou na barra a 3 metros da baliza num centro de Nuno Santos, viu dois golos anulados por foras de jogo estúpidos, onde teve mais que tempo para procurar o alinhamento correcto, e assistiu para o terceiro golo num lance que esteve quase a invalidar pelos mesmos motivos.

Se fosse a Amorim, trocava o treino do campo por um quadro e um giz, e obrigava-o a escrever 1000 vezes qualquer coisa como: "Quando estou à frente do último defesa e me passam a bola anulam-me a jogada por fora de jogo." Assim, para mim de potencial melhor jogador em campo, passou para potencial maior... em campo.

Melhor jogador, apesar do que não fez no meio-campo, foi isso sim o rapaz ali de perto, o Pedro Gonçalves. Que não tem culpa que o coloquem ali, e que não devia ter prescindido de bater o penálti.

Diomande esteve muito bem mesmo, e a jogar assim o lado direito da defesa entre ele e St.Juste está assegurado, o que permite que Gonçalo Inácio volte à sua posição natural, e consequentemente que Matheus Reis seja um sério candidato a ala esquerdo. Uma bela aquisição que vem resolver muita coisa no plantel.

O árbitro esteve muito bem, deixou jogar e apitou o que viu e o VAR respeitou como devia a opinião dele.

 

E assim o Sporting ganhou em Chaves, com a equipa com quem perdemos em Alvalade na 1.ª volta, num estádio que não deixa boas recordações. Foi lá, no balneário, na ausência do treinador castigado Jorge Jesus, que o ex-presidente começou a cavar o seu triste fim em 17/1/2017 em guerra aberta com os capitães Rui Patrício e William Carvalho, logo depois de termos sido eliminados da Taça e dias depois de termos consentido o empate nos ultimos minutos para a Liga. Foi lá também que empatámos por 2-2, em Janeiro de 1999, o jogo da "grande azia" do Jorge Coroado. Quem quiser ir ao passado e fazer as contas vai descobrir que é um dos estádios deste país mais ingratos para o Sporting.

Assim também o Sporting consegue nesta segunda volta mais 5 pontos do que na primeira com os mesmos adversários. É por aqui que temos de prosseguir se queremos chegar aos lugares que conduzem à Champions. Na prática, vencer os jogos que faltam.

E agora? Agora é ir na quinta-feira ganhar à Dinamarca, com toda a confiança em Rúben Amorim.

Apesar da análise do Abel Xavier, apesar de continuarmos a ter uma falha grave no plantel que salta à vista de todos.

 

PS: Quantas vezes é que desta vez passaram a bola ao Adán?

SL

Prognósticos antes do jogo

Jornada 21: jogamos mais logo, em Chaves, a partir das 19 horas. Entre os convocados por Rúben Amorim, duas novidades: Morita, já recuperado da lesão, e o jovem Diego Callai, habitual guarda-redes da equipa B e uma das promessas da nossa Academia.

Recordo que o desafio da primeira volta terminou muito mal para nós: a equipa transmontana veio vencer-nos por 2-0. Na altura qualifiquei essa derrota em casa de «abalo sísmico», pelo precedente que inaugurava na temporada. Infelizmente, não me enganei.

Na nossa última deslocação a Chaves, já há quatro anos, arrancámos um triunfo difícil,  com golos de Luiz Phellype (2) e Bruno Fernandes.

E agora, como será? Aguardo os vossos prognósticos.

Teorias das relatividades

Na vida tudo é relativo e com o resultado do Porto a nossa derrota com o Chaves tornou-se bastante menos má.

Num caso e noutro, houve claro desrespeito de SCP e de FCP para com os adversários e mesmo horas, dias depois, vi muito pouco mérito a ser reconhecido a Rio Ave e ao Chaves.

Aliás, é pena é que haja poucos destes resultados.

Se houvesse mais jogos destes, em que o clube mais fraco e mais pobre se impõe sem espinhas, talvez as nossas equipas conseguissem ser mais competitivas lá fora, menos perdulárias, menos dadas a individualismos e erros evitáveis.  

O que se viu nos nossos jogadores - e depois nos do Porto - , foi um misto de incredulidade e sensação de chatice porque agora tinham de correr atrás de um resultado positivo que acabou por não aparecer.

Não me parece que num caso e no outro, sejam precisos reforços de 15 milhões. Porque se forem precisos reforços de 15 ou 20 milhões para ganhar a Chaves e ao Rio Ave, então há aqui qualquer coisa que não faz sentido nenhum… Reforços de 15 ou 20 milhões são para ganhar a Porto/Benfica/Sporting e Braga e assim chegar à Champions, não são para vencer clubes ditos pequenos.

Mas também se digam estas duas coisas:

- os clubes pequenos tiveram a ‘sorte’ do jogo (o Porto falhou um penalti e podia ter empatado no tempo de compensação; o primeiro golo do Chaves é quase um acaso, pela trajetória da bola). Não há mérito em ter sorte, mas também não há demérito.

- os clubes pequenos não aguentam este tipo de compromisso nos jogos do seu próprio campeonato. No inconsciente dos seus jogadores e treinadores está a clareza de saberem que lhes darão muitíssimo mais atenção quando competem com um grande do que nos jogos com clubes de valor análogo.

Para chegar onde? A isto: Braga e Benfica haverão de ter também os seus dias em que tudo corre mal e tudo corre bem aos seus oponentes.

Decepcionados, irritados, inconformados

Sporting, 0 - Chaves, 2


Pela primeira vez, fomos derrotados no nosso estádio pelo modesto Chaves, recém-promovido à Liga 1 após estar quatro anos fora do maior escalão do futebol português.

Dois golos sofridos em três minutos, aos 60' e aos 63', ditaram este resultado, testemunhado por mais de 31 mil espectadores no Estádio José Alvalade. E geraram enorme frustração: foi a segunda derrota consecutiva, foi o nosso segundo jogo sem marcar, já levamos oito golos sofridos em quatro jornadas - quase metade (17) do registado em toda a época anterior.

A defesa esteve de novo irreconhecível. O meio-campo foi inoperante. A linha avançada voltou a ressentir-se da ausência de um jogador de referência vocacionado para aproveitar os sucessivos centros, interceptados pela defesa adversária por absoluta incapacidade leonina no jogo aéreo. A equipa produziu 47 cruzamentos, todos infrutíferos.

Descalabro exibicional. Que parece consequência de uma séria quebra anímica.

 

O mais inexplicável é que esta tremideira tem vindo a afectar sobretudo aqueles que já cá estavam, não tanto os que vieram. No sector defensivo, designadamente aquele quarteto inicial que anteontem começou o jogo: Antonio Adán, Gonçalo Inácio, Sebastián Coates e Luís Neto. Todos campeões nacionais em 2021.

A defesa naufragou em Braga, naufragou no Dragão e naufragou agora em Alvalade.

Anda a precisar de nadador-salvador. Ou de um terapeuta emocional.

 

Rúben Amorim pareceu perdido desde o momento em que escalou o onze para este jogo. Deixando no banco St. Juste, o mais caro defesa contratado desde sempre pelo Sporting. Morita, outro reforço, manteve-se também no banco.

Que mais?

Colocou Edwards como avançado-centro sem que o inglês reúna características que o favoreçam nessa posição.

Deu ordem a Pedro Gonçalves - o nosso maior goleador - para recuar no terreno, fixando-o como médio de transição no corredor central. 

Equívocos atrás de equívocos. Com reflexos na leitura do jogo e nas próprias substituições, que não produziram efeito.

Depois foi sempre a derrapar. Até chegar ao ponto de mandar avançar Coates para ponta-de-lança improvisado na meia hora final.

Não admira, neste contexto, que os jogadores derrapassem também.

 

Eis a verdade, cada vez mais indesmentível: o plantel é curto. Perdemos Palhinha, Sarabia, Tabata e Matheus Nunes.

Faltam-nos dois jogadores de qualidade. Um médio posicional, com domínio no jogo aéreo e capacidade de choque, que funcione como primeiro tampão defensivo. E um matador lá na frente, com vocação clara para o golo.

Nenhum dos reforços que chegaram este Verão (Trincão, Rochinha, Morita...) tem estas características.

 

Continuo a considerar também que nos falta um guarda-redes que possa ser de facto substituto e sucessor de Adán a qualquer momento. Basta um castigo, basta uma lesão, para ficarmos com esse lugar desguarnecido. Fazer sentar Israel e André Paulo no banco, em simultâneo, não disfarça esta lacuna.

E a verdade é que também estamos curtos de centrais. Nesta noite de sábado, realmente para esquecer, Gonçalo Inácio fez três(!) posições na defesa, algo impensável numa equipa com os pergaminhos e a ambição do Sporting.

 

Foi um jogo que irritou profundamente a massa adepta.

À hora da despedida, escutou-se uma sonora vaia em Alvalade. Dos adeptos decepcionados, irritados, inconformados com esta derrota.

Injusto para quem já tantas alegrias nos deu? Admito que sim. Mas é a democracia clubística a funcionar no estádio. E um direito inalienável de quem paga bilhete para assistir aos jogos. 

Que o façam no fim, se for o caso, e não no meio das partidas - é o apelo que aqui deixo. 

 

Breve análise dos jogadores:

Adán - Noite infeliz, com responsabilidade no primeiro golo, por deficiente colocação entre os postes, e num lance de que poderia ter resultado o terceiro do Chaves.

Neto - Titular durante a primeira parte, em que foi somando passes errados, jogando com incompreensível nervosismo, sem fazer render a experiência. Saiu ao intervalo.

Coates - Incapaz de fazer sair a bola com qualidade no início das acções ofensivas. Passou a meia-hora final plantado sem préstimo na grande área do Chaves.

Gonçalo Inácio - Talvez a sua pior exibição de sempre na equipa principal. Quase tudo lhe saiu mal - no passe, nas dobras e nos duelos individuais.

Esgaio - Entrou como titular, com Porro a cumprir castigo. Incapaz de acrescentar qualidade no passe lá na frente e sem exibir segurança defensiva.

Ugarte - Canalizou parte do jogo ofensivo na primeira parte. Amarelado num lance em que podia ter visto vermelho, aos 45'+3, saiu para evitar expulsão.

Pedro Gonçalves - Amorim errou ao colocá-lo atrás do tridente ofensivo, mais longe da baliza. Mesmo assim, o remate mais perigoso foi dele: aos 13', atirando ao poste.

Nuno Santos - Desta vez foi titular. Inconformado, jogando mais com o coração do que com a cabeça, centrou muito mas sempre sem perigo. Esforço inglório.

Trincão - Exibição insuficiente. Demonstra boa técnica, mas faltou-lhe intensidade. Nunca foi capaz de fazer a diferença nas diagonais da linha para o centro.

Rochinha - Estreia infeliz como titular. Tentou o golo aos 14', 38', 44' e 45'+3, mas sem conseguir desfazer o nulo. Foi-se apagando, com o conjunto da equipa.

Edwards - Numa equipa sem ponta-de-lança, tentou aproximar-se desta posição. Mas rende mais como interior direito. Activo nos 45' iniciais, apagou-se no segundo tempo 

Matheus Reis - Fez todo o segundo tempo, como central à esquerda, rendendo Neto com Gonçalo a transitar para a direita. Tentou desequilíbrios ofensivos, sem sucesso.

Morita - Fora do onze titular, entrou só aos 60', substituindo Ugarte. Os dois golos surgiram logo a seguir. O japonês, sem culpa nos lances, entrou no pior momento.

St. Juste - Chegou ao Sporting para ser titular da defesa, mas tarda em afirmar-se. Entrou por troca com Esgaio só aos 65'. Continua sem demonstrar ser reforço.

Rodrigo. Foi a última cartada do técnico, entrando aos 74', com Rochinha a sair. Teve ainda tempo para tentar o golo, aos 89', num pormenor de grande classe.

O dia seguinte

O Sporting teve ontem talvez o pior desempenho da era Amorim. Foi o regresso a um filme muito gasto que vimos anos a fio neste Alvalade e no outro, com o adversário nas cordas à beira do “knockout” conseguir perder completamente o controlo do jogo, encaixar duas “batatas” sem saber ler nem escrever e acabar o jogo num desconchavo total.

Mas as nuvens negras há muito pairavam no horizonte. A falta de soluções no plantel, a falta de kgs e cms no eixo central, a falta duma referência na área contrária, tudo isso foi fundamental no desfecho do jogo de ontem.

Quando cheguei a Alvalade e me dei conta do onze inicial logo torci o nariz a tantas alterações e questionei os mais próximos sobre se aquilo iria resultar. Se a de Porro por Esgaio era obrigatória, a de Matheus Reis por Nuno Santos sem a tal referência na área contrária levantava dúvidas, e o recuo de Pedro Gonçalves transformava o tal plano B num plano B+ qualquer nunca antes visto. Na prática eram 4 avançados no onze, um nas costas dos outros 3, com Ugarte sozinho na luta do meio-campo. E olhando para os suplentes via 2 guarda-redes (!), 4 putos, e apenas Morita e St.Juste a dar garantias de experiência e competência.

Mesmo assim, na 1.ª parte tudo parecia correr bem, o Sporting abafava o adversário que não conseguia sair a jogar, os quatro avançados entravam na defesa do Chaves como faca em manteiga quente, e só a falta de sorte de uns (Pedro Gonçalves e Inácio) e a inépcia de outros (Rochinha e Trincão) impedia que o Sporting chegasse ao intervalo com uma vantagem confortável.

 

Para o 2.º tempo esperava-se que o Sporting mantivesse a consistência defensiva e, sabendo que Ugarte tinha sido injustamente amarelado, reforçasse o meio-campo com Morita devolvendo Pedro Gonçalves à sua posição habitual. Mais tarde ou mais cedo a bola iria entrar na baliza do Chaves e acabávamos com o 1-0 do costume.

Amorim fez o contrário.

Com a troca de Neto por Matheus Reis e um Chaves muito mais assertivo na 2.ª parte, o Sporting perdeu toda a consistência defensiva que vinha exibindo, defesa e ala foram-se atrapalhando um ao outro dos dois lados do campo, primeiro surgiu um aviso sério que Adán milagrosamente defendeu, depois um cabeceamento inacreditável sem oposição (era o Trincão que lá estava mais uma vez?) do “canadiano” Vitória e mais um golo caricato em que Inácio tem uma paragem cerebral. Este, já depois da saída do garante de equilíbrio defensivo da equipa, Ugarte. Com essa substituição veio mesmo o descalabro completo da equipa. Depois foi sempre de mal a pior, com um Coates plantado no meio dos defensores contrários, e Rodrigo Ribeiro e St. Juste atirados para a fogueira sem argumentos para acrescentar seja o que for.

Enfim, não vale a pena dizer mais nada para não dizer asneiras.

 

E agora?

Bom, agora eu se fosse o presidente reunia-me com Amorim para tratar da renovação do contrato e acordar com ele o reforço imediato da equipa, a começar no ponta de lança, e o alinhamento da política de comunicação do futebol do Sporting, a começar também por nem mais uma palavra sobre Slimani ou sobre finanças e orçamentos.

Apenas com estabilidade e confiança vamos ter sucesso. Todos sabemos o que se passou com Keizer e de certeza que não queremos voltar ao mesmo.

Acho que é simples a solução. Agora é fazer.

SL

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