Quem não soubesse que "o rapaz", como lhe chamou o treinador do West Ham United, foi funcionário da, passe a publicidade, Pão da Vila, pensaria que antes de sair do Ericeirence, Matheus Nunes se dedicava à nobre arte de maçon, tal a qualidade da "talocha"* que apresentou esta noite em Alvalade. E eu fui um dos sortudos que viu aquela obra de arte, porque foi mesmo ali à minha frente... Há noites felizes. Também ali mesmo à minha frente vi o excelente chapeau de Pedro Gonçalves que daria o terceiro da noite.
Não quero hoje discutir tácticas, jogadores, lesões "cirúrgicas" e o diabo a sete. Quero destacar o trabalho colectivo que me pareceu muito bom. A defesa que com as pedras no lugar mudou da noite para o dia e a par da vitória, quero saudar duas grandes ovações nesta noite amena em Alvalade. A merecida e sentida homenagem a Fernando Chalana e o conforto dos aplausos para Ricardo Esgaio. Pelo primeiro momento demonstramos que somos diferentes e pelo segundo, que temos um treinador que está atento, ao colocá-lo em campo.
E pronto, prá semana lá estou outra vez!
*Talocha é um instrumento utilizado pelo pedreiro para pousar massa de cimento antes de a aplicar numa superfície. Usa-se pelo menos em Tomar para designar uma acção rápida e forte, como o remate aplicado por M.N. ou para uma "solha" nas "trombas" de um qualquer rival;
Jagós - Já o havia escrito em post anterior, é um natural da Ericeira.
Nota: Os direitos do vídeo são da Sportv, não é permitida a reprodução. Logo que haja possibilidade...
Numa homenagem a um enorme jogador de futebol, Fernando Chalana, o Benfica "espetou" 10 ao Nacional.
O que se exige no nosso próximo jogo em casa, numa homenagem merecida aos sócios e adeptos que ainda lá vão, apesar dos pesares, o que se exige é no mínimo uma vitória tão expressiva como aquela do Benfica sobre o Nacional. Afinal estamos a falar de adversários pequenos, ontem, como na próxima jornada em Alvalade.
Muito se discute em Portugal isso do VAR. Ontem vi o Atlético de Madrid - Real Madrid.
As minhas simpatias no futebol espanhol mudaram ao longo dos anos. Comecei por ser adepto do Barcelona, devido a um jogo que vi na RTP - então eram muito raros os jogos transmitidos - e que imenso me marcou: a final da taça do Generalíssimo (pois, então era assim ...) de 1971, em que o Barcelona ganhou ao Valência por 4-3.
Esse ano foi a minha era formativa em termos de futebol, pois também fiquei adepto do Arsenal, e também devido ao triunfo na final da Taça, com um tipo chamado Charlie George, de cabelo comprido (à Beatles, como se diria na época) a brilhar na vitória contra o Liverpool.
E, mais importante, muito mais importante, foi também nesse ano, e também na final da taça, vista na televisão - numa casa onde mais ninguém ligava a futebol - que me fiz sportinguista, tombado para sempre amoroso de Vítor Damas e do maravilhoso verde-e-branco, numa vitória sobre o Atlético de Carnide por 4-1.
Em Espanha depois mudei, já adulto. E claro que por causa de Paulo Futre, que então era rara a emigração dos futebolistas portugueses, passei a adepto do Atlético de Madrid. Algo que resistiu à chegada de Luís Figo ao Barcelona e à sua transferência para o Real Madrid. E à chegada de Cristiano ao mesmo Real. Até porque, de facto, não gosto da cagança merengue e do frenesim catalão. Mas mais do que isso porque essas transferências dos ídolos nacionais já aconteceram em minha fase mais madura, menos dada a paixões e muito mais propensa a irritações. E foram essas irritações que me afastaram, para sempre, do Atlético de Madrid, neste recente início de 2018/19, num "ficais com o Gelson? Ide bugiar".
Como tal gostei bem da derrota de ontem dos colchoneros. Mas aqui entre nós, e a propósito do VAR, antes de protestarmos com o mílimetro a mais ou a menos que os árbitros portugueses concedem ou desconcedem, conviria ver o que fazem os árbitros espanhóis.
"Com a desgraça alheia posso eu bem"? Sim, também é verdade. Mas pelo menos dá para perceber que não estamos pior do que os vizinhos ... Que grande lata que por lá têm.
Adenda: hoje o grande Fernando Chalana faz 60 anos, mas sabe-se que essa chegada a sexagenário é feita em difíceis e tristes condições de saúde. Chalana, ídolo dos vizinhos ali de Carnide, foi um jogador extraordinário. Há cerca de 10 anos foi, como treinador principal interino daquele clube, a Maputo para um torneio quadrangular de fim de época, comandando uma equipa de reservas e jovens. Pude conhecê-lo. A delegação benfiquista foi a uma escola, eu fui lá ver a reacção dos miúdos. Estes estavam esfuziantes por ver os "ídolos" (de facto eram as reservas dos "ídolos" mas isso não alquebrava a euforia juvenil). E claro que ninguém ali conhecia Chalana. Aproveitei para me apresentar e ficámos de conversa uma boa meia-hora. Um homem gentilíssimo. E interessado, coisa tão rara entre os visitantes portugueses - indagando sobre o país, sobre mim, como corria a vida, como a família se adaptava, etc. Tão diferente do "me, myself and I" dos inúmeros patrícios que por lá aportavam, qualquer que lhes fosse a profissão ou meio de origem. Fiquei ainda mais fã ...
Por isso, pelo magnífico jogador, e pela simpatia pessoal, aqui deste meu "Bordeaux" deixo a minha leonina hommage à Chalanix:
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