Intervalo publicitário
TUDO É TABU, o meu novo livro
A ideia de escrever TUDO É TABU foi germinando a partir dos múltiplos casos de "cancelamento cultural" ocorridos no início desta década. Acentuaram-se nos meses iniciais de 2023, com notícias quase simultâneas de purgas a livros de Ian Fleming, Agatha Christie e Enid Blyton. Trechos inteiros das obras destes autores foram alvo da tesoura censória, por vezes de forma absurda. Os «adoráveis dentes brancos», num romance de Agatha Christie, tornaram-se «bonitos dentes». Um «rosto moreno», num dos livros dos Cinco, passou a «rosto bronzeado». O 007 deixou de visitar um clube de strip tease, o que poderia perturbar as almas mais sensíveis. Pouco faltará para vermos este célebre espião, mulherengo e copofónico, trocar o bife em sangue e o dry martini por um prato de tofu com água das Pedras.
Investiguei casos similares. Aprofundei o que havia. Fui indagando outros temas, noutras latitudes. Confirmei informações, seleccionei o que estava comprovado, pondo em prática a minha experiência de quatro décadas no jornalismo.
Pensei inicialmente reunir algumas dezenas de exemplos de novas censuras. Afinal foram mais de cem. Tenho uma pasta com muitos casos que sobraram: optei pelo número redondo, tão emblemático.
Múmia tornou-se palavra proibida no Museu Britânico: agora só há «pessoas mumificadas».
Proliferam apelos públicos ao «cancelamento de Gauguin», exigindo até a remoção de quadros nos museus franceses, porque o pintor terá praticado indecorosos actos sexuais quando vivia no Taiti, na década final do século XIX.
Lincoln é suspeito de racismo, daí o seu nome ter sido banido pela direcção de uma escola no distrito de São Francisco, na Califórnia.
Num agrupamento escolar do Canadá dezenas de livros considerados «imorais» foram reduzidos a cinzas: o auto-de-fé, testemunhado por alunos e familiares, ficou registado em vídeo para putativos efeitos pedagógicos. Entre as obras incineradas incluíam-se álbuns de banda desenhada, como Astérix Conquista a América.
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