Bayern, PSG, Sporting e mais alguns clubes
Jogadores do Bayern celebram conquista da Champions em Lisboa
Devo confessar-vos uma coisa: adorei a campanha do Bayern de Munique nesta Liga dos Campeões.
Por três motivos que passo a detalhar.
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Em primeiro lugar, por ter sido a vitória do modelo clássico de clube desportivo baseado na vontade livremente expressa dos sócios contra o modelo da SAD escancarada a investidores externos, por vezes de proveniência muito duvidosa, como tem sucedido em velhas agremiações do futebol europeu, como Chelsea, Manchester City, Valência e Milan. Ou o próprio Paris Saint-Germain, finalista derrotado nesta Champions disputada em Lisboa, que é, na prática, propriedade de um Estado estrangeiro: o emirado do Catar, que nos últimos nove anos terá investido cerca de 1,3 mil milhões de euros no emblema parisiense (incluindo as contratações de Neymar por 222 milhões e Mbappé por 180 milhões) sem com isso garantir o mais cobiçado título do futebol mundial. O dinheiro ajuda muito, mas não faz milagres.
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Em segundo lugar, por representar o triunfo absoluto do mérito, também em moldes clássicos. A melhor equipa do continente europeu nunca evidenciou qualquer dúvida existencial sobre a essência do futebol: estamos perante um desporto colectivo, que excede a mera soma de talentos individuais. Por mais virtuosos que sejam um Neuer, um Thiago Alcântara, um Kimmich, um Alaba, um Müller, um Pavard ou um Lewandowski, todos eles se reconhecem como parcelas de um todo. O que logo os torna mais fortes.
Ficou a lição para todos quantos ainda não haviam aprendido esta verdade elementar. Começando por aquelas estrelas do relvado que adoram ostentar penteados, exibir tatuagens e coleccionar supostas conquistas amorosas, incapazes de perceber que ninguém ganha sozinho.
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Finalmente, porque esta campanha cem por cento vitoriosa da equipa bávara na Liga dos Campeões 2020 - onze jogos, onze vitórias sem discussão - encerra em definitivo aquelas piadas que dirigiam aos sportinguistas por termos sido duas vezes derrotados frente ao Bayern para a Liga dos Campeões, na temporada 2008/2009, sob o comando de Paulo Bento: 0-5 em casa, 1-7 na Alemanha. «Humilhação histórica», titularam à época os jornais, alguns deles inchados de gozo. Por causa disso, andámos anos a ouvir bocas dos lampiões.
Até agora. É caso para dizer que o Sporting está muito bem acompanhado em matéria de «humilhações históricas» frente ao Bayern, que nesta escalada triunfante espetou 7-2 ao Tottenham, esmagou o Estrela Vermelha por 6-0 fora de casa, dobrou o Chelsea por 7-1 no conjunto das duas mãos e humilhou o Barcelona nos quartos-de-final por uma marca inédita: 8-2. Ao ponto de ter levado Messi a fazer birrinha, ameaçando abandonar a capital catalã.
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Página virada, pois.
De uma coisa podemos gabar-nos: nunca levámos sete secos do Celta de Vigo, essa potência do futebol.