Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

És a nossa Fé!

Prognósticos para a final

É já conhecido um finalista deste Campeonato do Mundo: a Argentina, que ontem derrotou de forma categórica a Croácia por 3-0: Messi, com 35 anos, sobrepôs-se a Modric - que tem 37 anos, a idade de Cristiano Ronaldo. Em mundiais anteriores, noutras épocas, era raríssimo encontrar tantos trintões ainda em destaque nas respectivas equipas. O que só demonstra como se evoluiu em metodologia de treino, acompanhamento clínico e fisiológico dos jogadores e até a nível mental e comportamental. Nada a ver, um ídolo de agora com os de gerações precedentes.

Mas o que venho pedir-vos, ainda a tempo, é o vosso palpite para a final que vai disputar-se neste domingo. Quem ganha, e por que números, e quem irá marcar o(s) golos(s) nesse embate do Catar. Sabendo-se que falta ainda conhecer a outra selecção finalista: o França-Marrocos decorre hoje, a partir das 19 horas.

Quem acertar, ou andar mais próximo, recebe um prémio.

A equipa de alguns

Com Fernando Gomes e Fernando Santos a equipa de todos nós do Europeu de França foi-se transformando aos poucos da equipa de alguns, da coligação de interesses das duas "nádegas" como dizia o nosso ex-presidente que mandam no futebol português muito bem explorada pelo maior empresário do mundo para fazer a montra para a próxima estação.

Portugal entrou em campo com nove jogadores da coligação em 11 e terminou com 12 em 16, incluindo um brasileiro batoteiro e arruaceiro naturalizado a martelo para não fugir do Porto a custo zero. Não falando dum cadastrado Pepe que sempre encontra na selecção o seu local de redenção, fazendo muito por isso tenho que admitir.

O que se viu em campo foi o costume, uma equipa sem rotinas por falta dum onze base definido e  a viver da inspiração de alguns jogadores excelentes. Uma equipa com medo de partir para cima do adversário, a querer lá chegar devagar e devagarinho e ao ritmo do toca e foge, até levar com um golo mais que consentido por um guarda-redes que devia estar a pensar para onde segue em Janeiro. A perder por 1-0 ao intervalo lá veio o "vamos lá cambada, todos à molhada, que isto é futebol total" incluindo a entrada dum Cristiano Ronaldo que farto de apanhar pancada de tudo e todos incluindo o seleccionador é que iria resolver aquilo. E lá fomos.

E, verdade se diga, depois de termos perdido com a Sérvia o acesso directo ao Mundial, depois de termos a sorte de não termos de defrontar a Itália, chegar aos oitavos de final no Catar com uma goleada contra a Suiça já não foi nada mau para uma selecção nacional transformada em equipa de alguns.

Extremamente infeliz a forma como Fernando Santos geriu o assunto Cristiano Ronaldo, desde mentindo numa conferência da imprensa até humilhando o melhor jogador do mundo na seguinte. Das duas uma, ou o Cristiano não ia ao Catar por não reunir condições físicas e psicológias para o efeito, ou então a equipa teria de ser construída à volta dele, porque só a presença dele prende ou distrai dois ou três jogadores contrários ao contrário dum jovem armado em pistoleiro. E construir a equipa à volta dele é aproveitar as rotinas dos dois Manchesters dando todo o palco a Bruno Fernandes e Bernardo Silva, Dalot, Cancelo e Rúben Dias e projectando Rafael Leão na ala. Palhinha poderia ser o factor de equilíbrio duma equipa rotinada em campo. Nada disso aconteceu, William Carvalho, João Mário, Ruben Neves e Octávio foram entrando e saindo para a zona do meio-campo, impedidndo qualquer sentido colectivo, o sempre inutil André Silva e um Ricardo Horta que não passa dum jogador mediano foram entrando lá para a frente. João Felix é aquilo mesmo que o Simeoni diz dele, é um jogador de momentos, quando é preciso não está lá para resolver.

Parece que dez jogadores não viajam no avião da comitiva da FPF, pois decidiram ficar no Catar com as respetivas famílias. São eles Rui Patrício, Raphael Guerreiro, Cristiano Ronaldo, Rafael Leão, Bruno Fernandes, Matheus Nunes, Rúben Neves, Bernardo Silva, João Cancelo e Diogo Dalot. Pois ficou no Catar aquele que deveria ter sido o núcleo duro da selecção.

Agora só espero que Fernando Santos tenha a dignidade de se demitir, até para melhor resolver a sua questão fiscal, e que venha alguém que recupere a selecção de todos nós.

Uma palavra para o Catar que organizou muito bem o primeiro mundial de futebol numa nação/emirato árabe e muçulmana,  claro que com aquelas questões que conhecemos, como a forma como o obteve ou os direitos dos trabalhadores, das mulheres e das minorias sexuais (como era em Portugal no tempo de Salazar ou como é ainda hoje nas estufas de Odemira?), mas apesar de tudo propiciando um ambiente de festa de homens, mulheres e crianças que pode transformar mentalidades e abrir caminhos para o futuro não apenas para o Catar mas para toda aquela região.

SL

Catar, catariano ou catarense

descarregar.jpg

 

Parece haver ainda dúvidas sobre a grafia no nosso idioma da palavra Catar, aludindo ao Estado anfitrião do Campeonato do Mundo de Futebol. Convém desfazê-las junto de quem sabe. Para o efeito, nada como recorrer ao Ciberdúvidas - o melhor consultório digital que conheço sobre a língua portuguesa.

Catar - transliteração da fonética arábe - é topónimo já consagrado em dicionários e prontuários. Rejeitando-se a aberrante transliteração inglesa Qatar, «impossível à luz da tradição ortográfica portuguesa», como assinala o José Mário Costa. E muito bem: cada língua com a sua norma. Convém acrescentar que os respectivos gentílicos podem ser catarianos ou catarenses. Qualquer das fórmulas é aceitável.

Bem sei que nada disto se relaciona directamente com desporto. Mas um pouco de cultura nunca é de mais. Neste blogue também.

Super-Bruno põe Portugal nos oitavos

Mundial 2022: triunfo contra o Uruguai (2-0)

descarregar.webp

Bruno Fernandes, melhor em campo, celebra segundo golo contra o Uruguai

(Foto:  Kirill Kudryavtsev/AFP)

 

Outro dia péssimo para os profetas da desgraça, que andam a salivar para cair em cima da selecção nacional, ansiando por derrotas. São tempos complicados para estes tugas sempre prontos a denegrirem as nossas cores e os nossos jogadores. Apoiam seja quem for que actue contra nós.

Tiveram azar. Portugal venceu ontem o Uruguai, por 2-0, num desafio em que foi claramente superior. Segundo triunfo consecutivo, após a nossa vitória frente ao Gana (que ontem derrotou a Coreia do Sul) na ronda inaugural do Grupo H do Campeonato do Mundo.

Este desafio superado com sucesso teve um sabor muito especial. Por ser a desforra da partida que há quatro anos nos afastou do Mundial 2018, nos oitavos-de-final, com dois golos de Cavani enquanto Pepe marcava pelo nosso lado. Desta vez o veterano avançado uruguaio ficou em branco, tal como os seus compatriotas Darwin Nuñez, ex-Benfica, e Luis Suárez.

 

Jogo de sonho para Bruno Fernandes, de novo o melhor em campo no Catar. Marcou os dois golos, aos 54' e aos 90'+3 - este de grande penalidade. E teve duas excelentes oportunidades para ampliar a vantagem mesmo ao cair do pano, aos 90'+8 e aos 90'+9: a primeira só travada por grande defesa do guardião Rochet, a segunda foi ao poste.

Destaque também para Pepe, que regressou à equipa das quinas para se confirmar como eficaz patrão da defesa, Diogo Costa (desta vez sem deslizes) com duas defesas dignas de nota muito elevada e Cristiano Ronaldo, que mesmo sem marcar teve intervenção decisiva no nosso primeiro golo, com desmarcação que baralhou Rochet. 

Justificam igualmente aplauso os "nossos" João Palhinha e Matheus Nunes, em campo desde o minuto 82: ambos contribuíram para consolidar o domínio leonino. Deviam ter entrado mais cedo.

Nota negativa para a saída de Nuno Mendes, aos 41, aparentemente por agravamento da lesão que já sofrera. Enquanto esteve em campo foi um dos melhores. Ao contrário do apagadíssimo João Cancelo e do desinspirado Rúben Neves. Diogo Dalot e Palhinha merecem ser titulares.

 

Os tais profetas andavam a uivar maus agoiros há largas semanas. Enganaram-se redondamente até ao momento. A selecção portuguesa é apenas a terceira a qualificar-se para a fase seguinte, ainda antes de disputar o terceiro jogo - será na sexta-feira, contra a Coreia do Sul treinada por Paulo Bento. Além de nós, por enquanto, só França e Brasil confirmaram presença nos oitavos-de-final.

O que fazer? Manter o apoio, claro. Falo por mim - e tenho a certeza de que falo pela esmagadora maioria dos portugueses.

Os outros vão continuar a resmungar e a lançar pragas. Mas agora em tom mais baixo, quase em surdina. É outra boa notícia.

Portugal venceu, Cristiano Ronaldo marcou

Mundial 2022: triunfo contra o Gana (3-2)

1024.jpg

CR7 celebra após marcar, de penálti, o primeiro dos nossos três golos contra o Gana

 

Hoje é um péssimo dia para os urubus que adoram transportar maus agoiros no bico. Um péssimo dia para os pregoeiros da desgraça.

Presumo, por isso, que seja também um dia calmo no nosso blogue.

São sempre assim, as madrugadas e manhãs que se seguem às vitórias - sejam do Sporting, sejam da selecção nacional. Ao contrário das ressacas dos desaires, quando o trânsito fica engarrafado por aqui.

Esta é talvez a característica que mais detesto em muitos portugueses: anseiam pelo fracasso dos compatriotas. Daí a diferença abissal entre a enxurrada de gente que se apressa a comentar quando há derrotas e a calmaria que se segue aos triunfos.

 

Hoje é um desses dias.

 

Portugal estreou-se ontem a vencer no Mundial de 2022. Superou o Gana, derrotando por 3-2 uma das melhores selecções do continente africano.

Portugal comanda isolado o Grupo H, aproveitando o empate registado no soporífero Coreia do Sul-Uruguai - tristemente assinalado por ser o único jogo até agora de um campeonato do mundo disputado neste século sem um só remate a qualquer das balizas.

Portugal viu o seu melhor jogador de sempre marcar o primeiro dos três golos: Cristiano Ronaldo conquistou um penálti e converteu-o de forma exemplar. Mostrando, a quem ainda tivesse dúvidas, que continua a ser mais-valia aos 37 anos e 9 meses.

Portugal acaba de ver CR7 superar mais um recorde: é o primeiro jogador da história do futebol a marcar em cinco campeonatos do mundo (2006, 2010, 2014, 2018, 2022) e também o primeiro a facturar em dez fases finais de grandes competições futebolísticas (contando com os golos apontados nos Europeus de 2004, 2008, 2012, 2016 e 2021).

 

Um dia sem história, portanto. Outro dia tranquilo aqui no blogue.

Inaceitável

Sem-nome-39.jpg

 

Aconteceu no Estádio José Alvalade, há cinco dias, embora não por culpa da SAD do Sporting. Toda a responsabilidade deve ser imputada à Federação Portuguesa de Futebol, "inquilina" do nosso recinto para o jogo particular Portugal-Nigéria, de preparação para o Mundial (vitória portuguesa por 4-0).

Centenas de espectadores que pretendiam assistir ao jogo foram impedidos de entrar pelos assistentes de recinto desportivo só por usarem camisolas distribuídas pela Amnistia Internacional, semelhantes a coletes de trabalhadores da construção civil, com alusões críticas às violações dos direitos humanos no Catar e às mortes de centenas de operários imigrantes que sucumbiram em condições desumanas na construção dos estádios.

É totalmente inaceitável. Algo próprio de um Estado totalitário. E dói-me ainda mais por ter ocorrido no nosso estádio, embora à revelia da estrutura leonina. A FPF - instituição de utilidade pública, como lhe é reconhecido por diploma legal - não pode colocar-se à margem das normas constitucionais portuguesas.

Temos de dizer-lhes sem margem para dúvida: Portugal não é o Catar. E Alvalade não é coutada da FPF, mesmo em dias de jogos das selecções.

Hoje

2022_FIFA_World_Cup.svg.webp

 

Hoje começa o 22.º Campeonato do Mundo de Futebol. Aquele que é, de longe, o mais caro de sempre - num mundo devastado por guerras várias, inflação galopante e uma crise energética e alimentar sem precedentes neste século.

Tendo como país anfitrião o Catar, monarquia do Golfo Pérsico onde são violados elementares direitos humanos.

Questiono-me como os futebolistas encararão este Mundial. Os políticos de todas as tendências, já sei: irão lá em excursão, para se exibirem num palco com transmissão global, indiferentes aos alertas da Amnistia Internacional, da Organização Internacional do Trabalho e do Observatório dos Direitos Humanos

Vou acompanhar? O menos possível, confesso. Não deixando de ver, em directo ou em diferido, os três jogos da selecção portuguesa - contra o Gana (24 de Novembro), o Uruguai (28 de Novembro) e a Coreia do Sul (2 de Dezembro). 

Mas sempre com a noção clara de que nada disto devia realizar-se ali.

Os nossos

IMG-20221110-WA0015.jpg

 

Enquanto adepto do Sporting, sinto-me representado na selecção portuguesa de futebol. Por jogadores que, mesmo usando hoje outros emblemas, continuam a ser sportinguistas. Como, por exemplo, Bruno Fernandes, Nuno Mendes, João Palhinha e Matheus Nunes - além do incomparável Cristiano Ronaldo, o melhor futebolista português de todos os tempos. 

Para não variar, o Sporting destaca-se nesta convocatória por ser o clube mais formador de jogadores da selecção: oito, no total. 

O Sporting está também representado no Catar pelas selecções do Uruguai (Coates e Ugarte), Japão (Morita) e Gana (Fatawu). Motivos acrescidos para acompanhar o percurso destas selecções se este Campeonato do Mundo nos suscitar algum interesse.

Mundial: um teste à vossa perspicácia

Fernando Santos divulga amanhã a lista dos jogadores que irão ao Mundial do Catar. Recordo que entre os 55 pré-convocados, anunciados a 23 de Outubro, figuram cinco portugueses do Sporting: Gonçalo Inácio, Nuno Santos, Pedro Gonçalves, Trincão e Paulinho.

Venho perguntar-vos: acreditam que algum destes cinco figurará entre os 26 eleitos pelo seleccionador? Aguardo as vossas respostas e a justificação para elas.

Quem quiser antecipar os 26 que irão ao Campeonato do Mundo, sinta-se à vontade. É um teste à vossa perspicácia. Darei o devido destaque aos que se aproximarem mais da escolha definitiva.

 

P. S. - Fatawu está entre os pré-convocados da selecção do Gana, que defrontará Portugal. Porro foi pré-convocado pela Espanha. Morita estará presente, pelo Japão. Coates e Ugarte, com grande probabilidade, também estarão no Catar.

As selecções totalistas

Ronaldo-Fernando-Santos.jpg

 

Apenas dez selecções garantiram a presença em todas as fases finais de Campeonatos do Mundo neste século. 

Uma delas é a portuguesa.

 

Estivemos em 2002 (com António Oliveira), 2006 (com Luiz Felipe Scolari), 2010 (com Carlos Queiroz), 2014 (com Paulo Bento) e 2018 (com Fernando Santos). Estaremos no Mundial do Catar, no fim deste ano, novamente com Santos ao leme da selecção.

Além da nossa, eis as outras selecções totalistas: Alemanha, Argentina, Brasil, Coreia do Sul, Espanha, França, Inglaterra, México e Japão.

 

Seis campeões do mundo, portanto.

Estamos bem acompanhados.

Fernando Santos enfrenta Paulo Bento

Os dados estão lançados: a selecção portuguesa de futebol vai defrontar as da Coreia do Sul, Gana e Uruguai na fase de grupos do Campeonato do Mundo. 

Com um aliciante suplementar: será um embate entre Fernando Santos e Paulo Bento, seu antecessor à frente da equipa nacional e actual seleccionador da Coreia do Sul. A coisa promete.

Parabéns, Bruno

image.jpg

 

Venho dar-te os meus calorosos parabéns, meu caro Bruno. Felicitando-te pelo teu jogo de ontem. Foste a figura do decisivo desafio que acaba de nos colocar na rota do Campeonato do Mundo - e bem mereces esta distinção. Vencemos por 2-0 a briosa Macedónia do Norte que havia derrotado a Alemanha e eliminado a Italia, campeã da Europa.

Os dois golos da partida foram marcados por ti.

Espero que tenham servido para calar de vez os teus detractores. Aqueles que insistem em dizer que não deves ser titular da selecção nacional. Que não rendes, que não corres, que não brilhas, que não marcas.

São os do costume: aqueles que estão sempre prontos a denegrir os compatriotas que se destacam da mediania, alvejando-os com estas balas letais que são as palavras. Dando assim razão a uma escritora francesa contemporânea que nos alerta: «A liberdade de odiar jamais esteve tão descontrolada nas redes sociais, mas a liberdade de falar e de pensar nunca esteve tão vigiada na vida real.» 

 

Por vezes até parece que precisamos de pedir licença para elogiar os nossos. Para enaltecer aqueles que demonstram estar à altura dos melhores futebolistas do globo.

Não por acaso, a tua saída do Sporting para o Manchester United constituiu a maior receita de sempre em Alvalade.

Não por acaso, tens brilhado na Premier League. Confirmando esta triste realidade: é sempre mais fácil um português suscitar aplauso entre os estrangeiros do que entre os próprios compatriotas.

Pergunta ao Cristiano Ronaldo, que ontem esteve a ser alvejado durante largos minutos por vários comentadores na TV. Coitado, ele cometeu o pecado de não ter assinado qualquer golo contra a Macedónia. Apenas te ofereceu de bandeja o primeiro, que tão bem marcaste.

 

Se alguém merece estar no Mundial és tu, meu caro Bruno Fernandes.

Confesso-te que vibrei ainda mais com esta qualificação de Portugal - a sexta consecutiva, não falhámos uma presença numa fase final do certame máximo do futebol neste século XXI - por teres sido tu a figura do jogo. E ver-te ovacionado por 48 mil espectadores no Dragão, incluindo por gente que ali certamente te assobiou noutros tempos, quando lá jogaste vestido de verde e branco.

Aquele teu segundo golo, que aos 65' confirmou a nossa presença no Catar fazendo levantar o estádio, é um excelente emblema desta modalidade que continua a apaixonar o mundo. Previste a manobra do Jota, que te serviu a partir da esquerda com um magnífico passe longo, correste para o local exacto onde a bola ia cair e nem a deixaste pousar: trataste logo de disparar a bomba com o teu pé-canhão.

 

Um dos primeiros a felicitar-te, aposto, foi o teu amigo Stefan Ristovski. Ontem, por uma vez, eram adversários. Mas ele até colaborou naquela perda de bola aos 32' que permitiu um rapidíssimo contra-ataque português - e o teu primeiro golo, em parceria com o Ronaldo. Confirmando que o valor supremo do futebol é demonstrar à sociedade que o todo consegue ser maior do que a soma das partes.

Desporto colectivo, como antes se dizia, quando os comentadores usavam uma linguagem simples e clara.

Se alguém percebe disso, és tu.

 

Deixa os imbecis ganir.

Deixa os invejosos destilar fel anónimo nas redes ditas sociais.

Não dês importância àqueles que se dizem sportinguistas mas ainda te insultam quando já comprovaste ser mais Leão do que qualquer deles. 

Tu vais ao Mundial - supremo patamar na carreira de um futebolista. Enquanto eles ficam, cada vez mais afundados no sofá.

Catar-22 (3)

neves.jpg

[Repito-me, pois na sequência dos meus Catar-22 e Catar-22 (2)]

Acabo de ver a segunda parte do Brentford-Wolverhampton (1-2). Bruno Lage colocou sete portugueses como titulares e três como suplentes. E o excelente Neto continua em recuperação de grave e prolongada lesão... Terceira vitória consecutiva da sua equipa, que está embrenhada na luta pelos lugares europeus, agora aparentemente colocada no 8º lugar - mas até poderá estar melhor, dado que entre o 4º (Manchester United) e este 8º a distância são apenas 4 pontos à 22ª jornada mas os clubes têm diferentes jogos realizados.

Ou seja, o Wolverhampton - a "alcateia portuguesa", como bem lhe chamou o locutor televisivo - está a fazer um belíssimo campeonato para um clube da sua dimensão económica e desportiva. Hoje fez mais uma segura e competente exibição, tendo ganho através de um belo golo de João Moutinho, o qual fez ainda o cerebral passe para o segundo golo - sim, exactamente João Moutinho, esse que (não me canso de o repetir) os profissionais do comentário televisivo e jornalístico insistem que "já não tem pedalada" para jogar na selecção portuguesa. Segundo golo esse que foi marcado, a dez minutos do fim, através de (mais) um magnífico remate de "meia-distância" de Rúben Neves, o qual ainda viria a fazer um passe magistral para um golo que acabaria por ser anulado devido a fora-de-jogo centimétrico.

No final do jogo exultavam nas bancadas os calorosos adeptos do clube, a viverem um verdadeiro apogeu na sua história de 150 anos. E fazem-no reconhecendo quem os conduz a tais píncaros, louvando-se no cântico "We've got Neves". E ao ver este acertados cachecóis só consigo repetir o que há anos aqui resmungo: como é possível que passem as épocas e as competições e Rúben Neves seja preterido na selecção por jogadores como William ou Danilo? Que seleccionador temos tido? Porque "não temos Neves"?

Catar-22 (2)

jm.jpg

Este é um postal na sequência deste meu pré-Natal Catar-22. E estou ciente que algo apoquentará alguns adeptos que continuam a ter uma visão servil (ou seja, de servos que adoram a servidão) do mundo do futebol. Esses que reclamam uma fidelidade afectiva dos jogadores aos seus clubes (o célebre "amor à camisola", essa superstição consagrada nos malvados tempos da "lei do passe"). Enquanto estes últimos assumem uma visão empresarial, estipulando preços pela cedência (que nunca "venda") das licenças desportivas desses mesmos jogadores, e desde a mais tenra idade destes. E, inclusivamente, tratam essas licenças em termos económico-financeiros como património. Enfim, se o futebol e seu clubismo é espaço de paixão, não obrigando à reflexão, também não obriga ao mais radical impensamento. Convoca-o, é certo. Mas não obriga a tal. E, nisso, não obriga a que não se apreciem jogadores que não são do "nosso" clube. Ou que não tiveram uma percepção de si próprios como se de item patrimonial alheio fossem. Adiante...

Vi ontem o resumo de meia-hora do Manchester United-Wolverhampton. É evidente que não dá para perceber o jogo como se o tivesse visto na totalidade. E que assistir na tv - sempre atrás da bola - também é menos esclarecedor do que no campo. Ainda assim deu para perceber que o Wolverhampton foi superior. Um domínio que teve como corolário uma vitória no mítico Old Trafford, a primeira em mais de 40 anos. A equipa surgiu com 6 portugueses titulares: José Sá, que se tem destacado nesta sua primeira época no melhor campeonato do mundo, afirmando-se como saudável alternativa ao nosso querido Rui Patrício; Nelson Semedo, a reafirmar-se depois de um salto para o Barcelona, talvez para si exagerado; Rúben Neves, um jogador extraordinário e com uma regularidade impressionante; João Moutinho, um verdadeiro maestro; Daniel Podence, que fez uma jogatana; Trincão, que pouco vi mas que pode estar a passar por um processo similar ao de Semedo. Jogou ainda Fábio Vieira, o jovem avançado, entrado quando ainda se registava o 0-0. No banco estava ainda Bruno Jordão, jogador que desconheço. Na bancada, ainda a recuperar da gravíssima lesão que sofreu há já 8 meses, ficou o esplêndido ariete Pedro Neto. E jogaram também Gimenez e Marçal, que passaram pelo futebol português. No banco, como é sabido, estava Bruno Lage, o treinador já campeão nacional português e que, aquando desse seu período vitorioso, se destacou também pelo seu bom trato, uma elegância e até humor a que estávamos então desabituados e que, felizmente, teve recente continuidade, como bem sabemos.

Do outro lado, neste Manchester United menos, que é o da actualidade, jogou o nosso CR7 e o treinador deixou Bruno Fernandes no banco. Ter-se-á arrependido, fê-lo entrar aos 60 minutos e ele foi o mais perigoso dos jogadores do seu clube. Diante deste painel não pude deixar de torcer pelo Wolverhampton, e não só pela minha habitual tendência para apoiar o "underdog". Como deixar de apoiar uma verdadeira selecção portuguesa, caminhando no melhor campeonato do mundo, um colectivo pejado de futebolistas de diversa origem clubística (Porto, Sporting, Benfica, Braga) com um simpático e competente treinador português?

No final do jogo realço alguns pontos:

a) insisto no que venho aqui dizendo há anos, Rúben Neves é um grande jogador, está há cinco épocas no mais difícil e intenso futebol mundial, brilha no cerne da sua equipa, defende e ataca (é um grande rematador de meia-distância - e ontem ia marcando um golo "de bandeira"). É totalmente incompreensível que não seja, e desde há muito, titular da nossa selecção;

b) João Moutinho, aos 34 anos, depois de uma excelente carreira no Sporting, Porto e Mónaco, tornou-se um verdadeiro símbolo neste histórico do futebol inglês (há algum tempo foi escolhido como o melhor profissional de sempre deste clube com 150 anos). É um grande profissional e um magnífico jogador. Ontem jogou os 90 minutos, pautou o jogo da sua equipa, actuando na pressão defensiva, estipulando o constante contra-ataque, marcando o ataque continuado. E marcou o golaço decisivo aos 80 minutos. E esta sua prestação (tal como a dos outros jogadores) tem sido uma constante ao longo deste campeonato, tal como foi nas épocas transactas. Ou seja, não venham os comentadeiros da bola, os jornalistas desportivos, os bloguistas e seus comentadores, os frenéticos das redes sociais, botar que Moutinho já não tem "pedalada", arcaboiço físico, para jogar na selecção. O que lhe pode faltar, como a qualquer outro, é um verdadeiro enquadramento táctico, uma equipa - viu-se isso muito bem no naufrágio da Luz face à Sérvia.

c) Lage está a fazer um excelente campeonato na sua estreia a titular em Inglaterra (fora adjunto de Carvalhal, outro tipo com um discurso nada abrasivo). Herdou equipa e molde de Espírito Santo, que fez uma belíssima carreira no clube - promoção à Premier League, dois 7ºs consecutivos e um 13º, num ano fustigado de lesões graves nos avançados titulares. E vem desenvolvendo, e não estragando, o que herdou. Um futebol de contenção, jogando argutamente com as armas que tem face a clubes com orçamentos muito maiores, e estando no topo daquilo a que será normal almejar. Julgo que é caso para dizer que os nossos rivais cometeram um erro histórico ao despedi-lo devido a uma época atabalhoada e - ao que constou - alguma instabilidade ou irreverência do plantel. E não é por pirraça, qual "boca" para o lado, que digo isso. Pois esse frenesim da aversão aos treinadores também é histórico no nosso clube. Que seja passado para nós. E que continuem eles assim, é o meu desejo.

{ Blogue fundado em 2012. }

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Pesquisar

 

Arquivo

  1. 2025
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2024
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2023
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2022
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2021
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2020
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2019
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2018
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2017
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2016
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2015
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2014
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2013
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2012
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D