lendo a imprensa da especialidade, o Casa Pia arrasou o Sporting, numa superioridade só anteriormente vista quando o Barça de Guardiola espezinhou o Inter de Mourinho.
Não fosse a bota branca de Paulinho e teríamos perdido por tantos que Varandas, Ruben e Viana estariam neste momentos a viver na rua, humilhados e sem nada.
Ah e tal, mas o golo mal validado ao Paulinho foi aos três ou quatro minutos de jogo, estava zero a zero e faltavam uns bons 95 minutos, descontos incluídos. Quem sabe o Sporting pudesse ter hipóteses de ganhar... Seria complicado, mas quem sabe...?
Não interessa! O Sporting só ganhou por causa daquele golo validado por menos de um palmo quando faltavam mais de 90 minutos para jogar!
Toda a gente sabe que se o VAR tivesse varado como deve ser, o Sporting teria perdido por tantos com o Casa Pia, que os regulamentos seriam alterados nessa semana e perderia também os três pontos que ganhou ao Vizela na jornada precedente.
Só os mal intencionados não veem que se houvesse justiça no mundo e no futebol português, o Sporting teria neste momento zero pontos.
Mixed feelings sobre a reação sincera e genuína de Ruben acerca do erro do VAR, no pós match do jogo com o Casa Pia.
Por um lado, é de louvar o desportivismo, que creio ser próprio do nosso clube.
Por outro, vem-nos à cabeça a interrogação permanente sobre se vale a pena ser assim em Portugal.
Porque talvez Amorim devesse ter falado daquela patada em Esgaio no primeiro ou segundo lance do jogo, que creio ser mais que amarelo (e que nem amarelo foi). Ou do penalty óbvio sobre Marcus E. (ainda que sejam penalties da treta, do futebol português).
Pessoalmente abomino este tipo de contabilidade, mas também abomino mosquitos e não é por isso que eles não deixam de me picar na mesma.
Ou seja, fazemos a figura do bem comportado - que nos orgulha – mas no intenso futebol português de lideranças mais fracas que a lanterna de um iphone numa noite de breu, convém não facilitar.
Note-se como o Porto já está de faca na Liga, nos dentes, em todo o lado e mais algum, não falando com os jornalistas em três jogos seguidos, não se mostrando portanto os logótipos dos sponsors nas entrevistas antes e depois (já para não falar dos seus adeptos), sem que nada, absolutamente nada, lhes suceda.
Jogadores leoninos festejam golo de Paulinho, herói desta partida disputada em Rio Maior
Faz muito bem a Paulinho, ter um concorrente interno. Melhorou - e de que maneira - com a chegada de Gyökeres. Agora como segundo avançado, olhando a baliza mais de frente, o ex-Braga vem revelando veia goleadora. Anteontem bisou no estádio municipal de Rio Maior, onde o Casa Pia fez de anfitrião. Cumprida a segunda jornada, já a meteu três vezes lá dentro. No campeonato anterior foi preciso esperar pela 23.ª ronda para que isso acontecesse.
Figura do jogo que vencemos por 1-2, sem dúvida. Mas não o único a merecer elogios neste difícil embate com os casapianos - que na Liga 2022/2023 já nos tinham dado muito trabalho. O internacional sueco voltou a protagonizar uma partida digna de realce: abrindo linhas de passe, procurando a bola, evidenciando robustez física e inegável capacidade técnica. Desta vez não marcou, mas mandou um petardo à barra (29') e fez a bola rasar os postes em duas outras ocasiões.
O Sporting começou muito bem: com jogo fluido, rápido, eficaz. Materializado no primeiro golo, logo aos 3'. Incursão ofensiva de Esgaio, como interior direito improvisado, assistindo Paulinho, que disparou sem deixar a bola tocar na relva - fulminando o guardião Ricardo Batista, ex-Sporting. Golo validado pelo árbitro Nuno Almeida e pelo vídeo-árbitro Hugo Miguel. Assim nos pusemos em vantagem.
Fomos controlando as operações até ao intervalo, que terminou com esta vantagem tangencial. Só uma vez Adán foi chamado a intervir, aos 45'+7, correspondendo com excelente defesa. O longo tempo extra desta primeira parte deveu-se a uma interrupção de 11 minutos forçada pela assistência urgente ao ex-presidente da Câmara Municipal de Rio Maior, Silvino Sequeira, acometido de doença súbita quando se encontrava atrás do banco do Sporting - ele que é fervoroso adepto leonino. Reanimado, foi prontamente conduzido de ambulância ao hospital mais próximo.
A qualidade do espectáculo baixou devido a esta súbita interrupção, perdendo-se parte do fio do jogo da nossa equipa, reforçada com o regresso de Nuno Santos após cerca de um mês de lesão. Fraca dinâmica de Pedro Gonçalves, que voltou a ter prestação sem brilho, enquanto Edwards não conseguia melhor do que uns lances intermitentes.
Mas o menos bom estava lá atrás.
Em novo lapso da nossa organização defensiva, o Casa Pia desenvolveu um ataque rápido que apanhou Gonçalo Inácio encostado à linha esquerda, abrindo uma cratera que Coates foi incapaz de colmatar e Adán agravou ao abandonar precipitadamente a baliza. Assim permitiram que Clayton - o melhor dos "gansos" - empatasse, aos 58'.
Estes erros defensivos pagam-se caros. Felizmente soubemos reagir com mais rapidez do que no jogo contra o Vizela, em que o golo só surgiu no último instante. O segundo de Paulinho nesta sexta-feira concretizou-se aos 61', culminando bom lance colectivo com a bola a rodar rápida até chegar a Nuno Santos, que centrou com precisão geométrica para o colega a meter no sítio certo.
Daí até ao fim a equipa limitou-se a gerir a vantagem. Já com as alas renovadas (Geny substituiu Esgaio e Matheus Reis rendeu Nuno) e a estreia absoluta de Leão ao peito do nosso mais recente reforço, Morten Hjulmand. Alto e loiro, o dinamarquês causou boa impressão. Simplificando o jogo com frieza e precisão de passe.
Triunfo difícil mas merecido frente a um emblema que na época passada derrotou o FC Porto e impôs um empate ao Braga no Minho. As chamadas equipas pequenas estão a estudar cada vez melhor os adversários e a impor-se sem complexos frente aos favoritos. O que é muito salutar para o futebol português.
Já depois do apito final, surgiu a notícia: o golo inicial havia sido mal validado, Paulinho estaria 9 cm deslocado, o que mereceu até um inédito comunicado do Conselho de Arbitragem, bem como o anúncio de que Hugo Miguel entrará em "quarentena" prolongada. Haverá novas intervenções tão céleres e mediatizadas daquele organismo quanto estiverem em causa outras cores? Veremos, atentamente.
Mas dos erros dos árbitros o Sporting não tem culpa alguma. Era mesmo só o que faltava. Seguimos na frente após duas vitórias consecutivas. Vamos com mais dois pontos do que na mesma fase do campeonato anterior. O importante é isto.
Breve análise dos jogadores:
Adán - Grande momento aos 45'+7, quando impediu com instinto felino o Casa Pia de marcar. Mas aos 58' saiu mal da baliza, desguarnecendo-a. Teve culpa nesse golo sofrido. Já vão três.
Diomande - O melhor do nosso trio defensivo. Com apenas 19 anos, revela já muita maturidade. Não apenas a cortar lances perigosos, mas também na saída com bola. Vai longe.
Coates - Continua a acusar excesso de lentidão, preso de movimentos. Desposicionado no lance do golo do Casa Pia, demorou muito a reagir. Fez vários passes longos, com péssima pontaria.
Gonçalo Inácio - Desempenho intermitente. Visão de jogo em passes de ruptura, a sua maior especialidade. Mas também ele com responsabilidade no golo sofrido. Devia ter feito melhor.
Esgaio - Nota positiva. Cumpriu no essencial a missão de patrulhar com eficácia o seu corredor. E destacou-se sobretudo no lance do primeiro golo: a assistência para Paulinho é dele.
Morita - Trabalho de formiguinha a ligar sectores, como trinco improvisado. Sempre em jogo, eficaz nas recuperações. É um elemento muito útil - autêntico "carregador de piano" desta equipa.
Pedro Gonçalves - Após estreia infeliz neste campeonato, voltou a estar muito apagado. Quase irreconhecível. Participa na construção do segundo golo, mas dele espera-se sempre mais.
Nuno Santos - Ei-lo de volta. Depois de ter falhado parte da pré-temporada e o jogo inaugural, regressou ao onze. Ainda com falhas de ritmo, mas já influente. Assistiu no segundo golo.
Edwards - Substituiu Trincão na equipa titular. Iniciou a construção do segundo golo, serviu primorosamente Gyökeres (63'), sofreu penálti não assinalado. Mas demasiado intermitente.
Paulinho - Uma das suas melhores exibições pelo Sporting. Há longos meses que não bisava: a última vez tinha sido para a Taça da Liga. Está mais solto e de pé quente. Foi a figura do jogo.
Gyökeres - Permanente disponibilidade. Não para brilhar individualmente, mas para se integrar no jogo colectivo. Foi alternando com Paulinho na frente de ataque. Mandou um tiro à barra (29').
Geny - Em campo desde os 64', rendendo Esgaio. Exibição sem mácula, confirmando-o como elemento útil sobretudo na manobra ofensiva. Esteve perto de marcar aos 90'+6.
Matheus Reis - Substituiu Nuno Santos aos 64'. Com mais cautelas defensivas do que Geny no flanco oposto, destacou-se num bom cruzamento para Gyökeres aos 84'.
Morten - Boa notícia: temos enfim um médio defensivo de raiz. Em estreia no Sporting, substituiu Edwards aos 75'. Jogou 22', deixando boa imagem. Na qualidade do passe e na leitura de jogo.
Trincão - Entrou aos 87' para o aplauso das bancadas a Paulinho. Pareceu ter surgido em campo já cansado: não conseguiu melhor do que um remate muito frouxo aos 90'+4.
Mateus Fernandes - Substituiu Pedro Gonçalves aos 87'. Disponível para o jogo colectivo, com manifesta vontade de acertar e de se afirmar na equipa. Boa recuperação de bola (90'+1).
De vencer o Casa Pia. Em jogo disputado no municipal de Rio Maior (e porque não no municipal de Leiria, que leva muito mais gente?), por escolha do chamado clube anfitrião, trouxemos de lá três pontos. Frente à mesma equipa que na época passada venceu o FC Porto e impôs um empate ao Braga na pedreira.
De Paulinho. Está em grande, o nosso ponta-de-lança, fazendo enfim jus à posição agora que tem Gyökeres como parceiro lá na frente. Figura do jogo, melhor em campo. Devemos-lhe estes três pontos: foi ele a bisar no 2-1 em Rio Maior. Remate de primeira, sem deixar a bola ir ao chão, metendo-a lá dentro logo ao terceiro minuto (assistência de Esgaio). Fixou o resultado com igual eficácia logo aos 61' (assistência de Nuno Santos). Cedeu lugar a Trincão, aos 87', sob merecida ovação. Já leva três golos marcados - marca só alcançada, no campeonato anterior, à 23.ª jornada.
De Gyökeres. Claro que é reforço, não restam dúvidas a ninguém. Incansável nos duelos, na procura de espaços, na abertura de linhas. Mandou a bola à barra (29'), fê-la rasar o poste (63'). Excelente trabalho na grande área (66'). Esteve quase a concluir com êxito um dos nossos melhores ataques rápidos (79'). Viu o árbitro anular-lhe muito mal, por falta inexistente, uma das suas acções no reduto dos "gansos". Combativo do princípio ao fim.
De Morita. Novamente um todo-o-terreno. Parece actuar no campo todo, dando luta sem fraquejar. Não apenas no meio-campo, onde foi o patrulheiro de serviço, mas em apoio à defesa sem descurar a ligação ao ataque. Todas as grandes equipas têm o seu "carregador de piano": o internacional nipónico cumpre essa missão neste Sporting 23/24.
Da estreia de Morten. O dinamarquês recém-chegado do Lecce (16.º classificado da Liga italiana na época anterior) apresentou-se pela primeira vez de verde e branco a partir dos 75', rendendo Edwards. Jogou 22 minutos, contando com o tempo extra. Exibiu segurança na posse de bola, abrindo linhas de passe. Vai ser-nos muito útil como médio defensivo titular preenchendo a vaga aberta desde a saída de Ugarte.
Do regresso de Nuno Santos. O ala esquerdo veio de lesão, não fez partida exuberante mas cumpriu no essencial ao assistir no segundo golo - replicando o que o ala direito, Esgaio, fizera no primeiro. Substituído aos 64' por Matheus Reis, saiu certamente com esta certeza: missão cumprida.
Do resultado ao intervalo. Vencíamos 1-0, com domínio total em campo. Uma bola à barra, uma grande oportunidade de Paulinho além do golo que marcou, boa adaptação da equipa ao novo sistema dos dois avançados que se vão revezando frente à baliza.
De Rúben Amorim. Tem melhorado a equipa, leu bem o jogo, acertou nas substituições. Mas merece este destaque pela sua honestidade intelectual ao reconhecer, logo nas entrevistas rápidas subsequentes ao apito final, que o Sporting foi indevidamente beneficiado pela validação do primeiro golo, em micro fora-de-jogo. O seu colega do Casa Pia, Filipe Martins, merece igualmente elogio ao não escudar-se nesse lance para justificar a derrota. Dois treinadores em bom nível. Evidenciando uma saudável forma de estar no futebol, em contraste absoluto com o técnico que ainda orienta o FC Porto.
De termos cumprido 16 jogos seguidos sem perder. Se somarmos o de ontem às 14 rondas finais da Liga 2022/2023 e à vitória na abertura do novo campeonato, é este o número de desafios que já levamos sem conhecer o mau sabor da derrota em jogos oficiais.
Da nossa supremacia total perante o Casa Pia. Vitórias leoninas nas últimas 17 partidas. É preciso recuar quase cem anos para registar um empate com esta equipa.
De olhar para a classificação e ver o Sporting em primeiro. Lideramos o campeonato no momento em que escrevo estas linhas. Dois jogos, seis pontos. No campeonato anterior, tínhamos apenas quatro à segunda jornada.
Não gostei
Da vídeo-arbitragem. Má intervenção de Hugo Miguel, que quase em piloto automático validou o primeiro golo, em que parece ter havido microdeslocação de Paulinho (90 milímetros). Sempre defendi que estas microdeslocações não deviam ser assinaladas - já vimos um golo de Pedro Gonçalves, noutro campeonato, ser anulado por supostos 20 milímetros, algo que não é possível acontecer, por exemplo, na Premier League. Erro, no entanto, há que reconhecer - prejudicando também a actuação do árbitro Nuno Almeida. Tal como foi erro não ter sido assinalado um penálti cometido sobre Edwards, igualmente por responsabilidade suprema do vídeo-árbitro.
De sofrermos três golos em dois jogos. Dois contra o Vizela, um agora. Razão evidente, que os números confirmam, para termos ido buscar um médio defensivo rotinado na posição. Quando fomos campeões, em 2020/2021, exibimos na sólida organização defensiva o nosso principal trunfo. Temos de recuperá-lo com urgência.
De Coates. Responsabilidade no golo sofrido, com falha de marcação: deixou o avançado do Casa Pia progredir como quis no corredor central. Ficou tremido na fotografia, intranquilizando o próprio Adán, que saiu mal da baliza neste lance, aos 58'. O internacional uruguaio esteve também muito desastrado nos passes longos, sempre para fora do alcance dos colegas: aconteceu aos 34', 45'+2, 45'+7, 45'+11 e 73'.
De Pedro Gonçalves. Pela segunda jornada consecutiva, passou ao lado da partida. Desligado dos companheiros, volta a falhar a parceria com Morita, deixando quase todo o desgaste nas pernas do japonês. Em largos momentos nem parecia estar em campo.
Da ausência de Daniel Bragança. O nosso médio criativo anda em maré de azar: após ter falhado toda a temporada 2022/2023 por grave lesão, desta vez nem foi convocado por se ressentir ainda do choque com Nuno Moreira na jornada inaugural. Só podemos desejar-lhe rápida recuperação: faz falta à equipa.
Da longa interrupção do jogo na primeira parte. Por grave indisposição do mais conhecido adepto sportinguista de Rio Maior: o antigo presidente da Câmara Municipal Silvino Sequeira, que assistia à partida mesmo atrás do banco leonino. Acometido de grave indisposição, que o deixou inconsciente, foi prontamente assistido por responsáveis clínicos das duas equipas, o que lhe terá salvo a vida. Conduzido de ambulância ao hospital, forçou a interrupção do jogo durante 11 minutos. Oxalá melhore e recupere, tão cedo quanto possível. Merece as nossas saudações leoninas.
A vitória acabou por ser manhosa e ainda por cima com um golo bem bonito, mas marado. É que daqui a uma semana, ou um mês, talvez ganhássemos por margem mais justa e confortável. Porque de certeza que Gyökeres e Paulinho vão afinar cada vez mais a capacidade de enlouquecerem as defesas contrárias; Edwards pode já ter aprendido o que é uma assistência; Inácio pode ter evoluído para só falhar 1 passe em 3, e não 4 em 5; Sua Eminência o Cardeal Pote talvez já tenha vontade de jogar, mesmo na posição que tanto pediu e em que nada faz. Por seu lado esse samurai de abnegação que é Morita já não precisa de acorrer a todas e poderá estabilizar o seu jogo e Hjulmand já terá desenvolvido a segurança, bom posicionamento e simplicidade de passe que demonstrou.
Foi comovente ver a excitação do locutor - acho que agora se diz "jornalista" - da SporTv com a bota branca, não se calava com a bota branca que via despontar atrás do defesa Casa Pia, como se tivesse detetado o maior crime lesa futebol da história do dito. Quem ligar futuramente para esse caneiro decrépito que diga se irão ser tão veementes com outros erros de arbitragem decisivos.
Eh pá repitam lá o jogo, a ver se para a próxima consigo arranjar bilhete.
O Sporting foi a Rio Maior conquistar uns merecidos 3 pontos perante uma equipa do Casa Pia muito bem treinada, com grande intensidade de jogo, e que não vai ser pera-doce para ninguém.
Para este jogo Rúben Amorim apostou na dupla de médios que muito tinha deixado a desejar na segunda metade do jogo com o Vizela, e se Pedro Gonçalves foi massacrado com cargas e faltas e passou ao lado do jogo, Morita fez uma das melhores exibições que lhe vi com a camisola do Sporting, se calhar ao nível de Turim. Depois, quando entrou Hjulmand a fazer o que um 6 tem de fazer em benefício da defesa, logo pensei que o problema do meio-campo está resolvido e muito bem resolvido.
Apostou também numa dupla de avançados, Paulinho e Gyokeres, que também tem tudo para correr bem. O arrasto de um é a oportunidade de outro, e com isso a defesa contrária fica ali com muito para resolver. E a equipa contrária muito condicionada.
Na defesa Coates fez um jogo de sofrimento, pouca coisa lhe correu bem, mas teve em Diomande e Inácio fiéis escudeiros.
Nas alas nenhum dos quatro utilizados se destacou pela positiva ou pela negativa.
Edwards e Trincão continuam em pré-época.
Sobre a arbitragem, um golo a favor do Sporting pelos vistos mal validado, um penálti por assinalar a favor do Sporting, uma carga ofensiva mal assinalada na jogada que deu o golo contrário, amarelos por mostrar aos jogadores do Casa Pia, dizer o quê ? E depois do comunicado do CA APAF, que descobriu que o primeiro erro grosseiro de todos os tempos das linhas de fora de jogo colocadas pelo VAR afinal beneficiou o Sporting? Afinal a Carolina Salgado era virgem quando o Pinto da Costa a descobriu no Calor da Noite? Só pode.
Amanhã à noite em Rio Maior o Sporting irá defrontar um Casa Pia muito bem orientado e estruturado que nos vai fazer a vida bem difícil. E eu vou lá estar, depois do raide bem sucedido à bilheteira de Alvalade.
O jogo inaugural do Sporting lembrou muito a "montanha-russa" que foi a época passada. Primeira parte demolidora mas perdulária, segunda displicente até deixar fugir a vantagem, um final de jogo de nervos, tudo ao molho e fé no Coates.
O grande problema do momento do Sporting é o meio-campo, quer pelas características dos jogadores que compõem a dupla, quer pela sua falta de articulação com alas e interiores no momento de recuperação defensiva, quer pela sua incapacidade física de aguentar 90 e tal minutos em bom desempenho. Espera-se que com a vinda de Hjulmand para a posição 6, Rúben Amorim defina duma vez por todas quem é o titular da posição 8, Pedro Gonçalves, Morita ou (improvável) Daniel Bragança.
Outro problema é a forma como Trincão e Edwards estão a começar a época, desligados, individualistas, desarticulados do resto da equipa. Outro ainda é a falta de adaptação de Catamo e Afonso Moreira à posição de ala, falhos de recuperação defensiva e alérgicos à linha lateral no momento de ataque. Nesse aspecto, Esgaio e Matheus Reis dão outra capacidade nas alas. Se vier Zanoli e Nuno Santos estiver em condições ficamos com as alas bem preenchidas.
Fora isso, Adán e a linha defensiva a 3 garantem solidez defensiva quando tem a bola de frente. Se apanham com bolas perigosas nas costas é porque o meio-campo falha nas coberturas e compensações. O ataque com Pedro Gonçalves, Gyökeres e Paulinho faz mossa a qualquer equipa. Com Trincão ou Edwards isso depende da fase da lua.
De todos os jovens que Amorim levou para a pré-época, Catamo, Jovane e Quaresma incluídos, aquele que melhor aproveitou foi Afonso Moreira. Está ali um novo Nuno Santos, talvez para melhor, assim corrija alguns posicionamentos e decisões. Aparentemente Essugo e Mateus Fernandes perderam o comboio algures. Um não foi ao banco, o outro lá ficou sem entrar para substituir Bragança.
Então o que espero do Casa Pia - Sporting amanhã em Rio Maior? Um Sporting dominador, pressionante, a querer e conseguir marcar cedo e sem levantar o pé do acelerador até ter o jogo resolvido. Oxalá assim aconteça.
Vem aí a segunda jornada: iremos a Rio Maior defrontar o Casa Pia. Já amanhã à noite, a partir das 20.30.
Lembro que na época passada o desafio correspondente a este não foi nada fácil de superar. Acabámos por ganhar 3-4, mas suámos muito. Com Matheus Reis, Diomande, Coates e Gonçalo Inácio a tremerem lá atrás. E só aos 85' chegámos à vitória, quando já jogávamos contra dez desde o minuto 64. O herói dessa partida de Domingo de Páscoa foi Trincão: três golos. Incluindo o nosso mais rápido de sempre, marcado logo aos 17 segundos.
Venho pedir-vos prognósticos para esta ronda. Qual será o resultado e quem marcará os golos da nossa equipa. Façam o favor de não dizerem todos o mesmo, a ver se isto varia um pouco.
Trincão, herói do desafio disputado no Jamor: nunca tinha marcado três num jogo só
Foto: Miguel A. Lopes / Lusa
Grande partida de futebol em Domingo de Páscoa, anteontem: foi até agora o jogo da Liga 2022/2023 com mais golos. Cheio de emoção até ao fim.
Sete golos: eis o maior condimento deste belo cartaz de promoção do futebol que foi o Casa Pia-Sporting. Com os da casa (que continuam a actuar em palco emprestado, desta vez no Estádio Nacional) a revelarem eficácia máxima: três oportunidades, três golos.
A vitória foi difícil, mas foi nossa. Contra a equipa-sensação deste campeonato, que venceu o Braga na Pedreira (0-1), impôs um empate caseiro ao FC Porto (0-0) e só não fez o mesmo com o Benfica, em desafio desenrolado no estádio de Leiria, porque os encarnados foram escandalosamente beneficiados pela arbitragem.
Recém-promovido ao primeiro escalão do nosso futebol, após muitos anos de ausência, o modesto emblema lisboeta aprendeu a bater o pé aos grandes. Assim fez ao Sporting: só aos 85' marcámos o golo da vitória, que fixou o resultado: 3-4. Beneficiando do facto de jogarmos contra dez a partir do minuto 64 devido à expulsão de Fellipe Cardoso, por acumulação de amarelos.
O herói desta partida chama-se Francisco Trincão - no seu melhor desempenho desde que actua de Leão ao peito. Marcou três dos quatro golos (primeiro, segundo e quarto) e está ainda envolvido no terceiro (apontado por Pedro Gonçalves). Estreia do jogador minhoto que fomos buscar ao Barcelona a apontar três de uma vez: nunca tinha alcançado tal proeza desde o início da carreira.
É dele também outro marco: o golo mais rápido do campeonato em curso. Bastaram 17 segundos para a introduzir na baliza. Grau máximo de eficácia. Desde a época 2014/2015 que ninguém se mostrava tão rápido a marcar: acontecera com Adrien ao Boavista, no Bessa.
Nota negativa para a defesa leonina, que andou aos papéis. Quase irreconhecível. A tal ponto que Rúben Amorim tomou uma decisão com o seu quê de inédito: ao intervalo, com 2-2 no marcador, decidiu manter no balneário dois dos três centrais, trocando Diomande por St. Juste e Matheus Reis por Gonçalo Inácio.
Estaria certamente irritado - e preocupado - com tantas falhas defensivas, no plano individual e colectivo.
Os números não iludem: levamos 26 golos sofridos. Metade dos que tínhamos na mesma jornada 27 há dois anos, quando fomos campeões.
A meia hora final foi imprópria para cardíacos, de parte a parte.
A verdade, porém, é que conseguimos empurrar a turma da casa para o seu reduto defensivo, sobretudo a partir do minuto 70. A pressão que exercemos foi tão intensa, já com Arthur a dominar a ala direita e Morita a infiltrar-se com perícia entre linhas, que o golo vitorioso se antevia a qualquer momento - excepto para os pessimistas irrecuperáveis. Aqueles que Rogério Azevedo tão bem descreveu ontem no jornal A Bola: «Leão que é leão pode ter nove pontos de avanço a três jornadas do fim, com vantagem no confronto directo, e mesmo assim desconfia. Torce o nariz, franze o sobrolho e passa as mãos por uma toalha para que esta lhe seque as mãos sempre húmidas».
A verdade é que vencemos. Não liguem àqueles que comentam este jogo como se tivéssemos empatado (como o FCP) ou até perdido (como o Braga).
Outro facto inquestionável: há onze jogos seguidos que o Sporting não perde. Desta vez não se trata de bater qualquer recorde, mas é uma marca já digna de registo. E de respeito.
Bom augúrio para o embate desta quinta-feira contra a Juventus em Turim? Por mim, não hesito na resposta: é afirmativa. Sem torcer o nariz nem franzir o sobrolho.
Breve análise dos jogadores:
Adán - Voltou a sofrer três golos, algo que só tinha acontecido nas jornadas 1 e 3 contra Braga e FC Porto, fora de casa. Sem responsabilidade em nenhum deles.
Diomande - Claramente fora de forma, com pouca intensidade e alguma imprecisão nos passes, algo surpreendente nele. Será culpa do Ramadão. Saiu ao intervalo.
Coates - Tarde desinspirada do capitão, que claudicou nos golos sofridos: lentidão de reflexos e deficiente leitura dos lances. Jogou a ponta-de-lança entre os minutos 68 e 85.
Matheus Reis - Claramente em dia não, esteve mal nos dois primeiros golos do Casa Pia. Apático e trapalhão. O treinador retirou-o do jogo ao intervalo.
Esgaio - Neste seu jogo n.º 200 do campeonato, foi o melhor da nossa defesa - o único sem culpa em qualquer dos golos que sofremos. Aos 39', assistiu Trincão no segundo.
Ugarte - Quase se limitou a recuperar bolas e a vigiar o corredor central, quando o Casa Pia atacava pelos flancos. Falhou remate aos 16': continua sem marcar.
Pedro Gonçalves - Exibição de grande nível. Duas assistências para golo e ele próprio a marcar um - o terceiro, aos 48'. É o rei das assistências da Liga 2022/2023, já com nove.
Nuno Santos - Défice de pontaria nos cruzamentos, que raras vezes lhe saíram bem medidos. Azar ao tentar um alívio na grande área: num ressalto, o Casa Pia marcou o segundo.
Trincão - O seu melhor jogo pelo Sporting. Marcou aos 17'', 39' e 84'. Ainda teve intervenção no terceiro, com um toque de calcanhar cheio de classe para Morita. Tarde de gala.
Edwards - Abusou dos rodriguinhos, dando sempre um toque a mais na bola e perdendo ângulo de remate. Também abusou das quedas a simular penálti. Arriscou ver um cartão.
Chermiti - Dispôs de duas bolas prontas para golo, aos 20' e aos 34', mas permitiu a intervenção da defesa adversária por lentidão e talvez imaturidade. Saiu ao intervalo.
St. Juste - Rendeu Diomande aos 46'. Mais veloz e acutilante, atento às dobras sem perder intenção ofensiva. Podia ter feito melhor no terceiro golo que sofremos.
Gonçalo Inácio - Entrou aos 46', rendendo um desinspirado Matheus Reis. Melhor no passe longo do que o colega. Mas também não saiu isento de culpa no terceiro do Casa Pia.
Morita - Substituiu Chermiti (46'), permitindo a Pedro Gonçalves subir no terreno. Notável precisão no passe, batalhador pela posse de bola. Assistência perfeita no terceiro golo.
Arthur - Rendeu Esgaio (68'). Com maior propensão ofensiva, dinamizou o corredor direito, mais como extremo do que como ala. Contribuiu para o assalto final ao reduto adversário.
Rochinha - Último a entrar, aos 85'. Ainda a tempo de participar na construção do quarto golo, momentos após ter substituído Nuno Santos. Batalhador.
Trincão marcou três golos ao Casa Pia no Jamor: a sua melhor exibição pelo Sporting
Foto: Miguel A. Lopes / EPA
Gostei
Dos três pontos que trouxemos do Jamor. Confronto difícil com o Casa Pia, equipa-sensação do campeonato, que há um ano jogava no segundo escalão e nem tem podido utilizar o seu estádio. Mas cumprimos o essencial: vencemos por 3-4. Estamos na luta, em perseguição constante ao Braga para um lugar no pódio desta Liga 2022/2023.
De Trincão. Foi, de longe, o seu melhor jogo desde que chegou ao Sporting. Talvez tenha sido o jogo que desfez as dúvidas ainda existentes entre os adeptos, projectando-o como potencial craque - e um dos activos mais valiosos do plantel leonino. Marcou três golos - algo que ainda não tinha conseguido numa só partida e que neste campeonato apenas Taremi alcançara uma vez. O primeiro, logo aos 17 segundos, de pé direito. O segundo foi aos 39' - golaço, com a bola bombeada em arco para um ângulo impossível. E o terceiro, que nos valeu a vitória, aos 85'. Exibição de luxo, inquestionável. Melhor em campo, claro.
De Pedro Gonçalves. Outra excelente exibição, confirmando-se como patrão do nosso onze actual. Está cada vez mais influente, mais confiante, mais determinado, com melhor visão de jogo e maior disciplina táctica. Mas precisa de actuar lá na frente, com óbvia vantagem para a equipa. Viu-se ontem, frente ao Casa Pia: um golo (aos 48') e duas assistências (para o primeiro e o terceiro de Trincão). Foi também ele, pela sua combatividade, a estar na origem da expulsão de Fellipe Cardoso, por acumulação de amarelos - o que nos fez jogar contra dez durante cerca de meia hora. Soma e segue: já leva 18 golos marcados na época em curso.
De Morita. Em constante progressão no plantel leonino. Desta vez Rúben Amorim manteve-o fora do onze inicial, certamente a poupá-lo para o desafio de quinta-feira, da Liga Europa, frente à Juventus. Ao intervalo, o técnico percebeu que não podia dar-se ao luxo de manter o internacional japonês no banco. E fez bem: é um médio de características ofensivas que domina muito bem a bola e sabe empurrar a equipa para a frente com intenção e critério. Assistência perfeita, aos 48', a isolar Pedro Gonçalves para o terceiro golo.
Do espectáculo. Em tarde de Domingo de Páscoa, este Casa Pia-Sporting foi um excelente cartaz de promoção do futebol. Emoção constante, intensidade ofensiva, resultado incerto, suspense até ao fim. Estivemos três vezes em vantagem, e por três vezes os "gansos" conseguiram empatar - aos 7', aos 54'+2 e aos 62'. Não esqueçamos que esta é a mesma equipa que, também em casa (mas não no seu estádio), impôs em Janeiro um empate a zero ao FC Porto para o campeonato e em Novembro derrotou o Braga na Pedreira.
Dos golos. Esta foi, até agora, a partida com mais golos na Liga 2022/2023. Foi também aquela em que ocorreu o golo mais rápido - 17 segundos após o apito inicial. Foi ainda a primeira vez que marcámos quatro num só jogo deste campeonato. O golo é o condimento supremo do futebol: eis, portanto, outro ponto a destacar pela positiva.
Do apoio incessante dos adeptos. Nunca faltou aos nossos jogadores o incentivo das bancadas. Mesmo com muitos adeptos a chegar tarde devido às deficientes condições de acesso ao estádio e de entrada no Estádio Nacional, algo que necessita de revisão urgente.
Não gostei
Dos três golos encaixados. Um balde de água fria após cinco jogos seguidos com as nossas redes invioladas. Desde a era de Leonardo Jardim, há dez temporadas, que não estávamos tanto tempo sem sofrer golos.
Da defesa. Desta vez o problema estava lá atrás. Com um trio composto por Diomande, Coates e Matheus Reis. De tal maneira que dois deles saíram ao intervalo: o marfinense, talvez debilitado por estar a cumprir o 20.º dia de Ramadão, e o brasileiro, que teve responsabilidades no primeiro golo - o segundo acaba por acontecer após ressalto, infeliz para nós, em Nuno Santos, que corria para ajudar. As entradas de St. Juste e Gonçalo Inácio ajudaram a estabilizar a linha defensiva, que melhorou no segundo tempo. Mesmo assim, culpas repartidas entre Coates e Gonçalo no terceiro que sofremos. Alguma apatia, pouca dinâmica, desconcentração, incapacidade de prever os movimentos adversários.
De Chermiti. Segunda partida consecutiva a substituir Paulinho, ausente por lesão. Novamente sem fazer a diferença em zonas de decisão. Deixou-se antecipar nas duas flagrantes oportunidades de que dispôs, aos 20' e aos 34'. Sem surpresa, já não regressou após o intervalo. Com apenas 18 anos, tem ainda muito para evoluir.
Do resultado ao intervalo. Estávamos empatados 2-2. Consequência da excessiva lentidão do nosso jogo durante a meia hora inicial e da falta de pressão sobre o portador da bola quando o Casa Pia saía em ataque organizado. Dava a impressão que alguns jogadores - talvez quase todos - estavam já a pensar mais no desafio contra a Juventus, poupando-se neste. Ia-nos saindo caro.
Da classificação. Seguimos em quarto lugar, vendo o Braga com mais cinco pontos, o FC Porto com mais sete e o Benfica a uns inatingíveis 14 pontos. Há cada vez menos tempo e menos espaço de recuperação, quando só faltam sete jornadas. O melhor a que ainda podemos aspirar, realisticamente, é ao último posto do pódio.
Esta foi a canção que Leonard Cohen escreveu, antecipando a eliminação do Arsenal, em Londres ("I didnt come here to London just to fool you") e o jogo a seguir com o Gil Vicente.
Acredito que a nossa rapaziada tenha feito o melhor possível (dentro daquilo que lhes foi deixado fazer), jogaram o melhor que puderam ("Now I've done my best, I now it wasn't much") mesmo que não tenha sido muito.
Enfim, amanhã, no Jamor, onde fomos impedidos de estar na final da Taça de Portugal, vamos dar o nosso melhor e a verdade, como podemos ver abaixo, é que estamos melhor.
Amanhã, às 18 horas, defrontaremos o Casa Pia: brevíssima deslocação entre Alvalade até ao terreno de jogo.
Recordo que no desafio da primeira mão vencemos por 3-1 esta equipa então recém-promovida ao escalão principal do futebol português. O resultado foi melhor do que a nossa exibição. Com 0-1 ao intervalo e já assobios a soarem na curva sul. Rúben Amorim mexeu na equipa ao intervalo, corrigiu erros e a vitória surgiu, com golos de Paulinho, Nuno Santos (um dos melhores do campeonato) e Pedro Gonçalves.
Como será desta vez? Avancem lá com os vossos prognósticos.
Quem terá proposto e quem terá aprovado este título?
Ao tentar fazer um trocadilho com "Amor de Perdição" os génios d' O Jogo escreveram o que não queriam.
Vejamos, se o título fosse: "Jamor de perdição" significaria uma derrota, uma perda, uma perdição.
O contrário de confiar é desconfiar. O contrário de perder é ganhar não é empatar.
Desconfio que se o árbitro se chamasse Tiago Martins e o jogo se tivesse disputado em Leiria, o FC Porto teria tido mais possibilidades de vencer o Casa Pia, da mesma forma "limpa" que os arguidos ganharam aos gansos.
Outra desconfiança que tenho, será que tais adeptos que Sérgio Conceição referiu vivem a 150 km de Lisboa?É que se o treinador furibundo se estava a referir a uma viagem de vinda e volta, a partir do Porto, são cerca de 600 km.
Nota negativa para o FC Porto em campo e para o discurso do treinador.
Desta vez houve dois vencedores: Ferreira e Leão de Queluz. Ambos adivinharam não apenas o desfecho do Sporting-Casa Pia (3-1), mas os marcadores de dois dos nossos três golos: Pedro Gonçalves e Paulinho no primeiro caso, Nuno Santos e Pedro Gonçalves no segundo - Nuno Santos, curiosamente, costuma ficar esquecido pelos nossos leitores nestas rondas de prognósticos.
Felicito também o meu colega Luís Lisboa e os comentadores Jorge Luís e Leão do Algarve. Também eles previram o resultado desta partida, embora com menos pontaria para antever quem marcaria. Estiveram quase.
Nuno Santos festeja após "bomba" que virou o resultado (59')
Um dos chavões mais batidos do futebol diz-nos que "isto não é como começa, mas como acaba". A frase até enjoa, de ser tão utilizada, mas aplica-se como uma luva a este difícil desafio que travámos na noite de sábado ao receber o Casa Pia, recém-promovido ao principal escalão do futebol português.
Há 84 anos que os "gansos" não competiam na primeira divisão nacional. Desde a época 1938/1939, quando os defrontámos e vencemos em duas partidas. Restam muito poucos adeptos vivos desses tempos em que o Sporting passeava classe em qualquer campo do país, na era imediatamente anterior à dos 5 Violinos.
Suámos e sofremos para vencer este Casa Pia dos nossos dias. Que estava à nossa frente na classificação antes de começar o jogo, num merecido quarto posto. Por ter vencido quatro desafios fora de casa: em Guimarães, no Funchal, em Famalicão e Paços de Ferreira.
Impusemos-lhe, à décima ronda, a primeira derrota como equipa visitante. É quanto basta para atestar o valor da turma orientada pelo treinador Filipe Martins e com jogadores de bom nível, como Ricardo Batista, Vasco Fernandes, Fernando Varela, Godwin, Clayton e Romário Baró. O primeiro, guarda-redes, chegou a jogar na nossa equipa A. O último passou pela formação leonina, mas distinguiu-se sobretudo no FC Porto.
O Sporting entrou com mais velocidade do que nas seis partidas anteriores para todas as competições em que havia registado quatro derrotas (contra Boavista para a Liga, contra o Varzim para a Taça e duas contra o Marselha na Liga dos Campeões). Percebia-se que desta vez os nossos jogadores queriam pressionar alto e marcar cedo.
Podiam tê-lo feito se a pontaria fosse mais certeira (Edwards pareceu imitar Bryan Ruiz logo aos 5', falhando à boca da baliza, e Trincão disparou para as nuvens com tudo à sua mercê, aos 20') ou o guardião casapiano não se revelasse em grande forma (negando o golo a Morita e Pedro Gonçalves).
A verdade é que, contra a corrente de jogo, foram eles a marcar. Numa arrancada vertiginosa que deixou a nossa defesa plantada e Adán sozinho perante Clayton, que a meteu lá dentro. No minuto 43', que prometia ser fatídico.
Fomos para o intervalo a perder, escutavam-se sonoros assobios aos jogadores na famigerada Curva Sul, parecia iminente um novo cenário de pesadelo, digno de voltar a pôr tudo em causa neste clube tão bipolar.
Mas a pausa fez bem ao Sporting. Também ao treinador, que tomou as decisões que mais se impunham: mandou sair um desinspirado Trincão, trocando-o por Paulinho, encostou Edwards à linha direita, o lugar adequado para ele, e manteve Morita alguns metros mais adiantado, reforçando o nosso caudal ofensivo. Marsà, magoado, ficou no balneário e Chico Lamba, estreante na primeira equipa, entrou no seu lugar.
O facto é que resultou. Em dois minutos, virámos este jogo disputado anteontem. Aos 57', com Paulinho, a emendar de cabeça uma defesa incompleta de Batista nesta sua estreia como marcador na Liga 2022/2023. E aos 59', por Nuno Santos, numa bomba que o habilita a melhor em campo e desde já se candidata a golo do ano. Porro esteve em ambos os lances, rematando no primeiro e assistindo no segundo.
Aos 65', o tento da tranquilidade. Apontado por Pedro Gonçalves, de penálti, para castigar falta sobre Edwards e logo assinalada pelo árbitro Helder Malheiro.
Até ao fim, só deu Sporting. Já em modo menos fogoso, pensando no desafio europeu que nos aguarda esta quarta-feira em Londres, contra o Tottenham. Deu ainda para trocar Pedro Gonçalves por Arthur, Porro por Nazinho e Ugarte por Mateus Fernandes - outra estreia absoluta no primeiro escalão leonino.
No final, para variar, não houve assobios. Tudo está bem quando acaba bem.
Breve análise dos jogadores:
Adán- Pouco trabalho, desta vez como capitão. Nada podia fazer no golo sofrido, pouco antes do intervalo. Antes, aos 15', tinha visto uma bola bater no poste. Defesa vistosa aos 54'.
Gonçalo Inácio- Chegou a assustar num choque na primeira parte que o forçou a jogar com touca protectora. Começou à direita mas fez todo o segundo tempo no eixo da defesa.
Marsà - Com Coates, Neto e St. Juste ausentes por lesão, o esquerdino catalão vai ganhando espaço na defesa, mesmo jogando à direita. Tocado, já não entrou para a segunda parte.
Matheus Reis- É lateral adaptado a central e nota-se em certas jogadas, como a do golo sofrido, em que coloca o adversário em posição legal. Uns furos abaixo do que já mostrou.
Porro- Dínamo da equipa, junto com o colega da ala oposta. Dominou o corredor direito. Essencial no primeiro golo, com um disparo para defesa muito apertada. Assistiu no segundo.
Ugarte- Médio de contenção, cumpriu no essencial. Travando o passo ao Casa Pia, atento às recuperações (uma notável, aos 77'). Tentou marcar na meia-distância, ainda sem sucesso.
Morita- Vem apurando a classe de jogo para jogo. O melhor do nosso primeiro tempo, com qualidade de passe nas transições ofensivas. Esteve quase a marcar aos 40'.
Nuno Santos- Ninguém o bate em intensidade e na entrega ao jogo. Voltou a ser o mais inconformado. Recompensado com o excelente golo que marcou aos 59'. Indefensável.
Trincão- Amorim continua a apostar nele como titular, mas tarda em mostrar serviço. Perde-se em fintas e não sabe muito bem o que fazer com a bola. Cedeu lugar a Paulinho aos 54'.
Pedro Gonçalves - Clara subida de forma. Quase marcou aos 7'. Ofereceu golo a Trincão aos 20'. Um tiro aos 33' que Ricardo parou. Remate cruzado a rasar o poste (49'). Marcou enfim, aos 65'.
Edwards - Engolido pela defesa adversária enquanto andou algo perdido no eixo do ataque, melhorou com a entrada de Paulinho, que o desviou para a direita, seu terreno preferencial.
Chico Lamba- A maior surpresa desta partida. Lançado em estreia por Amorim, fez todo o segundo tempo, substituindo Marsà. Cumpriu. É ele a iniciar a jogada do nosso golo aos 57'.
Paulinho- Funciona melhor como suplente utilizado? Deu ideia que sim. Entrou aos 54', marcou (de recarga) três minutos depois. O seu primeiro nesta Liga. Muito móvel, arrastou marcações.
Arthur- Rendeu Pedro Gonçalves aos 72'. Entrou com a energia revelada na estreia como Leão contra o Tottenham. Desta vez não marcou mas ganhou canto. Também apoiou a defesa.
Nazinho- Substituiu Porro aos 78'. Sem complexos. Esquerdino no corredor direito, esteve prestes a marcar quando, isolado por Lamba, rematou rente ao poste aos 82'.
Mateus Fernandes - Entrou para o lugar do quase esgotado Ugarte (78'). Estreia absoluta na equipa principal, premiando o seu bom trabalho na equipa B. Atirou por cima aos 85'.
Estava pouca gente como seria de esperar, após o desaire na Taça de Portugal, mas durante todo o tempo não foi regateado apoio à equipa, à parte uma assobiadela desnecessária à saída para o intervalo por parte da bancada sul. Bancada A, que lá por cima assobiavam-se os assobiadores.
Posso estar a ser um pouco exagerado na apreciação ao jogo, mas arrisco a dizer que foi a exibição mais consistente e conseguida desta época a nível interno.
A equipa falhou inúmeros golos na primeira parte é certo, grande parte deles por manifesto nervosismo (querer entrar com a bola pela baliza "adentro" é reflexo disso), mas esteve sempre por cima do adversário, que tem uma bela equipa e pratica um futebol muito bom.
Parecia que aqueles móveis lá na frente deambulavam em frente à cama (baliza) sem saberem muito bem quem era o guarda-fato, quem era o pexixé, quem era a cómoda, ou quem era a mesa de cabeceira.
Parece-me que o que virou o jogo foi o treinador ter percebido que um dos móveis estava ali a mais e colocando um jogador em cima da cama (o que a gente aqui lhe anda a dizer há "séculos"), fez com que finalmente fosse beijado o véu da noiva. E num ápice, fruto também da alteração táctica do adversário que queria defender o resultado com que vinha do intervalo e jogando no passar do tempo e no consequente nervosismo dos nossos, deixou a ala esquerda da sua defesa mais desguarnecida, que é o que Porro gosta e dali saiu o lance do segundo, um golaço do Nuno Santos e do terceiro, um slalom de Edwards que deu penálti.
Em resumo, na primeira parte houve uma carrada de remates e a ineficácia foi gritante e na segunda em cinco remates, três deram golo e permitiram a reviravolta.
Todos esperamos que seja A reviravolta.
Só três pontos nos separam do lugar de acesso directo à liga dos campeões (vamos ganhar por quatro de diferença ao Porto!), só dependemos de nós para lá chegar, vai haver uma paragem de mais de um mês em Novembro e Dezembro, dará para recuperar física e mentalmente os rapazes. Vamos lá, nada está perdido e com a resposta de hoje e a garra desta segunda parte, só se pode esperar o melhor.
Nota final: Não sendo eu um admirador das claques, achei um exagero a carga policial. Eu estou por cima, foi uma coisinha de nada e até agradável à vista e ver a polícia chegar, passados largos minutos do final dos acontecimentos, carregar na "malta", pareceu-me um manifesto exagero. Não vejo isso acontecer no Dragão ou na Luz, mas parece que é moda e dá pica bater no Sporting, seja de que forma for. Esperemos que quem comanda faça o balanço da intervenção e retire conclusões sobre esta disparatada actuação.
Ontem em Alvalade foram quase dois jogos no mesmo, antes e depois da entrada de Paulinho.
O antes foi uma demonstração plena das "virtualidades" do ataque móvel, golos falhados para todos os gostos, falhas defensivas por querer atacar a partir de trás, Marsà diminuido fisicamente por uma falta anterior, sai a uma bola que não era dele, a bola entra no ponta de lança adversário e pelo menos teve a inteligência necessária para não fazer falta, porque seria expulso. E nem regressou do intervalo.
O depois foi um vendaval de futebol ofensivo sob o comando de Paulinho, Edwards acordou da soneca, Pedro Gonçalves libertou-se e Porro e Nuno Santos partiram aquilo tudo. Até Nazinho ia marcando de pé contrário. E as bancadas reagiram de pronto ao que acontecia no relvado. Um final de festa, depois da maior angústia ao intervalo.
Um jogador não vale apenas pelo que faz, vale pelo traz à equipa, pelo que permite aos outros fazer. E como se viu, ao lado dele, a jogar solto e rotativo como fez hoje e não como um inutil pinheiro, todos os outros lá na frente jogam bem melhor, e os lá de trás tem outro tipo de protecção.
Melhor em campo ? Se formos a olhar para os 90mn, Nuno Santos, com Porro logo a seguir. Mas pela importância no resultado final, obviamente o Paulinho. Foi ele que deu a volta ao texto.
Arbitragem medíocre dum árbitro arrogante e medíocre, o não parar o jogo quando o Marsá estava caído depois duma falta para amarelo, o que deu uma hipótese de golo ao Casa Pia, a entrada a varrer por trás sobre o Paulinho sem falta nem cartão, são dois exemplos do festival da asneira que deu hoje em Alvalade. Se calhar quis compensar no final, com o jogo resolvido, não marcando penalti num lance duvidoso com o Chico Lamba. Não aprendeu nada desde a expulsão do Ristovski em Setúbal já lá vão 4 ou 5 anos, é mais um com alergia ao Sporting.
Concluindo, ganhámos, ficámos a 3 pontos dos segundos, e depois se vê, que esta semana temos a Champions.
Algumas questões para o grande treinador Rúben Amorim :
1) Se até o Guardiola se rendeu ao ponta de lança Haaland, se o Bayern anda com saudades do Lewandowski, porquê insistir neste tipo de jogos (a Champions é um caso à parte) num ineficaz ataque móvel que desequilibra defensivamente a equipa, vive à conta da inspiração de momento de três jogadores muito iguais, e precisa de muitas/demasiadas oportunidades para marcar um golo ?
2) Se tivesse de escolher três jovens da equipa B além de Marsà para este jogo não iria escolher exactamente estes. Não que eles tenham estado particularmente mal, mas hoje por hoje existem lá outros que estão com outro rendimento e que muito poderiam ajudar esta equipa.
SL
{ Blogue fundado em 2012. }
Siga o blog por e-mail
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.