Ecos do Europeu (3)
Dois jogos muito contrastantes. Um bem disputado, com emoção quase até ao fim e uma qualidade técnica superior. O outro, cheio de momentos maçadores, com as defesas a superiorizarem-se sobre os ataques. A tal ponto que o único golo registado foi marcado por um dos centrais na própria baliza.
O primeiro, disputado há dois dias em Berlim, foi o Croácia-Espanha. Com o aliciante de vermos ainda em acção o fabuloso Modric, Bola de Ouro 2018, agora com 38 anos, e por outro lado o adolescente Lamine Yamal, do Barcelona - aos 16 anos, é o mais jovem participante de sempre numa fase final dum Europeu. De imediato escalado para o onze titular espanhol. Extremo canhoto jogando de pés trocados junto à linha direita, fez jus à fama que lhe chegou tão cedo: foi um dos obreiros da vitória. Com uma assistência e uma pré-assistência.
Os croatas, que dias antes tinham vencido Portugal num jogo de preparação para o Euro-24, desta vez não souberam aproveitar as oportunidades. Ao contrários dos espanhóis, bafejados por uma exibição superlativa de Fabián Ruiz, médio-centro do PSG - autor do passe de ruptura de que nasceu o golo inicial, de Morata, e ele próprio autor do segundo, numa extraordinária jogada individual dentro da área que partiu os rins aos centrais adversários antes de fuzilar as redes. Estava encontrado um dos primeiros heróis deste Europeu.
Carvajal, que já se destacara com um golo decisivo no recente triunfo do Real Madrid na final da Liga dos Campeões frente ao Borussia, marcou o terceiro neste confronto com os croatas. Eis um lateral direito com vocação nata para goleador.
Três oportunidades, três golos. Em contraste, a equipa de Modric nem de penálti conseguiu: desperdiçou o tento de honra, aos 81'. Estreia com o pé esquerdo da selecção que em 2018 se sagrou vice-campeã do mundo. Enquanto os espanhóis não deixaram margem para dúvida: são mesmo candidatos. A fúria vermelha está de volta. Se é que alguma vez se foi.
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O mesmo não pode dizer-se dos franceses, com pálida exibição esta noite, em Dusseldorf, perante os austríacos. Mbappé destacou-se, mas pela negativa: aos 8', rematou à malha lateral; aos 45'+1, desperdiçou excelente passe de Griezmann a isolá-lo; aos 51', só com o guarda-redes pela frente, pegou mal na bola, atirando ao lado.
Dembélé protagonizava lances sem sentido junto à linha direita, Griezmann exibia gritante ineficácia na conversão de livres e Giroud saltou do banco também para falhar uma emenda junto à baliza. Emblemas de uma França aburguesada, que se limitou a deixar o marfim correr, confiante na inépcia ofensiva dos austríacos. Que até podiam ter marcado, aos 36', por Baumgartner.
Valeu aos gauleses um momento de azar da turma adversária, quando Wöber introduziu a bola na própria baliza, traindo o guarda-redes. Como diria um político português, em contexto bem diferente, foi uma vitória por poucochinho. Num Campeonato da Europa espera-se muito mais.
Espanha, 3 - Croácia, 0
Áustria, 0 - França, 1