Que fique claro: as declarações do Carlos Xavier são lamentáveis. Mas só o Carlos Xavier (que, felizmente, já se retratou por elas) deve ser por elas responsabilizado. O Carlos Xavier é um grande sportinguista, mas não é dirigente do Sporting. Querer responsabilizar o Sporting por isso é ridículo. Há dez anos um célebre deputado e candidato autárquico, ferrenho portista, chamou "magrebinos" aos adeptos de Benfica e Sporting. Onde estava o CD da FPF? E muito bem esteve o presidente Frederico Varandas a falar sobre o caso.
E há vinte e cinco anos ganhávamos a Taça de Portugal, frente ao Marítimo, com dois golos de Iordanov.
Assinalo esta taça porque foi o primeiro título que celebrei, com noção do que isso significava - em 82 tinha cinco anos e foram 13 anos que separaram um do outro. Foi um momento marcante para uma geração de leões.
Foi uma tarde daquelas cheias de esperança e expectativa. Alegre e com alguns nervos, como um pré-Jamor costuma (e deve) ser, uma tarde de sol, festejos e despedidas. O estádio estava cheio, a abarrotar, havia verde nas cabeceiras e tribuna. Ewerton, o guarda-redes do Marítimo, travou um duelo com Iordanov, que o nosso búlgaro acabou por vencer. O jogo está aqui, para quem quiser ver ou rever.
Havia Balakov, Figo - despedimo-nos de ambos ali -, Oceano e Carlos Xavier. Naybet, Marco Aurélio e Vujacic. Nelson, Costinha e Amunike. Ainda entraram Sá Pinto, Filipe e Lemajic. Tínhamos jogadores que marcaram os meus anos de adolescente e ainda hoje recordo perfeitamente e com carinho - mais que alguns mais tardios, a memória tem destas coisas. Era nossa, estava escrito.
Tinha começado a ir assiduamente a Alvalade na época de 1992/93 - antes disso ia pontualmente - e aquela equipa merecia-me todo o respeito e apoio. Vivia os jogos, no campo e na bancada, os cânticos e fumos, adorava dias de ir a Alvalade ou a outro lado, dias de ir ver o Sporting. Vivi com aqueles jogadores momentos felizes e momentos tristes, não só dentro do campo, como sabemos. Foi um título muito merecido.
Nesta altura eu tinha 18 anos, estava a acabar o liceu, tinha sido um ano com altos e baixos, para mim e para o Sporting, mas no fim, naquela hora e meia estava tudo bem e saímos vencedores. No fim do jogo encontrei o meu irmão e amigos queridos de há muitos anos e ainda me lembro do abraço apertado que demos.
O segundo golo foi a emoção geral, parecia dificil fugir-nos, talvez ninguém acreditasse nisso mesmo naquele estádio. No apito final, o Jamor explodiu em euforia, Oceano recebeu a taça e desceu com ela até ao relvado. Deram-se voltas ao estádio todo, uma vez que por todo lado havia leões que a queriam ver de perto e celebrar.
São 25 anos desde que o nó cego que me liga ao Sporting desde sempre apertou mais um pouco.
20 de Outubro de 1982, estádio Vasil Levski (Sófia)
Este estava guardado na memória e foi um daqueles em que pensei para início do meu contributo nesta série.
A esta distância é irrelevante o resultado, inclusive desta eliminatória (da Taça dos Campeões Europeus), ganha pelo Sporting. Começámos a competição eliminando o Dínamo de Zagreb, com um acumulado de 3-1 e haveríamos de cair na eliminatória seguinte, os quartos, frente à Real Sociedad, com vitória em Alvalade por 1-0 e derrota em San Sebastián por 0-2.
Com uma cajadada só poderemos assistir a dois belos golos do Sporting: o do grande Manuel Fernandes e o golaço de Carlos Xavier.
"Sem dúvida. Desde o início foi o objetivo declarado pelo comando técnico e pelo próprio presidente (sobre a conquista do campeonato nacional). É o foco principal e perfeitamente alcançável. Depois de estar arredado de todas as provas, que tinha condições para discutir, é absolutamente imprescindível vencer o campeonato para evitar uma época desastrosa, em que não se ganha nada." Declarações proferidas por Carlos Xavier ao jornal O Jogo.
O problema de que padece este ex-futebolista do Sporting é o mesmo que ex-dirigentes que se reúnem em jantares com o orelhas: Melancianite aguda (sem cura, infelizemente).
Desmistificando a "época desastrosa":
1) Somos a actual equipa a deter os últimos dois troféus nacionais disputados (Taça de Portugal e Supertaça). Tendo a Supertaça sido conquistada na presente época. Um troféu já cá canta e ganho aos "amigos" dos jantares (será que o Dias da Cunha também recebeu uma camisola do Eusébio?)
"Época 2009/2010 : 28 pontos de distância para o campeão.
Época 2010/2011: 36 pontos de distância para o campeão.
Época 2011/2012: 16 pontos de distância para o campeão.
Época 2012/2013: 36 pontos de distância para o campeão.
Época 2013/2014: 7 pontos de distância para o campeão.
Época 2014/2015: 9 pontos de distância para o campeão."
Sendo que esta época 2015/2016, estamos na frente com três pontos de avanço.
O trabalho está a ser desenvolvido, com menos temos feito mais do que se podia esperar. Talvez estes resultados sejam desastrosos... para as aspirações de certas pessoas ou facções. Continuemos em primeiro e pode ser que em Maio deixem de chatear.