Seja a história de João Vaz, actualmente, Maria João Vaz seja a história da contagem dos campeonatos de futebol.
A Telecel quando contratou aquela publicidade era um pastor, homem, que andava no campo com as suas ovelhas e atendia o telefone portátil (na altura era um tijolo, que pesava mais que as botas de travessas do Peyroteo, mas era o que havia).
Vamos reescrever a história e dizer que aquele João afinal era a Maria João?
O mesmo para os campeonatos nacionais de futebol.
O Campeonato de Portugal disputou-se de 1922 a 1938, a partir de 1935 disputou-se, também, a Liga Experimental.
Duas competições distintas, a primeira com todo o peso da tradição, a segunda como uma competição subalterna, os participantes desta Liga qualificavam-se para o Campeonato de Portugal. A primeira Liga Experimental disputada, segundo os jornais da época, nem troféu teve.
Ora foi esta Liga Experimental que o Benfica, manhosamente, adicionou aos títulos de campeão nacional.
A minha proposta é simples e fácil de executar, até 1939, os títulos serão contabilizados com a designação da altura.
O Benfica acrescentaria ao palmarés três Ligas Experimentais e diminuiria três títulos de campeão nacional, o Porto acrescentaria uma Liga Experimental e diminuiria um título de campeão nacional, os restantes clubes ficariam iguais.
O Sporting venceu o Salgueiros por 0-4 e foi campeão no Porto depois de 17 épocas sem conhecer o doce sabor de o ser.
Na côdea, a comemoração, o Sporting campeão.
Alguns jogadores, também, o presidente.
No miolo e é do miolo que vamos falar hoje, uma selecção campeã.
Campeã da Europa de sub-16, sem fretes, sem "yes-men", com coragem.
O nome do treinador: António Violante
O nome dos 13 heróis e o clube onde jogavam:
1. Bruno Vale (FC Porto)
2. Raul Meireles (Boavista)
3. Carlos Marques [capitão] (Sporting)
4. Pedro Ribeiro (FC Porto)
5. Nuno Baptista (Boavista)
6. Custódio (Vitória Sport Clube) [Guimarães]
7. Hugo Viana (Sporting)
8. Valdir (Sporting)
9. Ricardo Quaresma (Sporting)
10. João Paiva (Sporting)
11. Sílvio (FC Porto)
12. Toninho (FC Porto)
13. Luís Afonso (FC Porto)
Quem estiver interessado pode pesquisar imagens do jogo, os dois golos foram marcados por um jogador do Sporting, Ricardo Quaresma, a selecção foi capitaneada por um jogador do Sporting, Carlos Marques, o maestro do meio-campo foi um tal Hugo Viana, em campo estiveram cinco jogadores do Sporting e mais um, Custódio, que passaria os melhores momentos da carreira de leão rampante no peito.
Selecção de sub-16, campeã da Europa, na altura não existiam agentes, nem favores, nem clubes que, obrigatariamente, tinham de ter jogadores na selecção.
Existiam seleccionadores sem medo de enfrentar os "poderes" instituídos.
Vencemos o campeonato nacional de futebol a duas jornadas do fim, com a maior pontuação conseguida desde sempre à 32.ª jornada (82 pontos) e após 25 rondas consecutivas no comando da prova, em que nos mantemos invictos.
Há 19 anos que não festejávamos um título destes. Que nos vale, desde logo, cerca de 23 milhões de euros - pelo ingresso automático na Liga dos Campeões. E tendo ao leme da equipa o segundo treinador campeão mais jovem da história do nosso clube: Rúben Amorim, com 36 anos. Só antecedido por Juca, que conduziu o Sporting ao título na época 1961/1962.
Proezas atrás de proezas. Eis outra: há 68 anos que não conquistávamos a prova máxima do futebol português num ano ímpar. O anterior foi o da época 1952/1953, ainda com alguns dos Cinco Violinos no plantel.
A melhor notícia da noite foi a da glória no relvado, alcançada ao minuto 36 do jogo Sporting-Boavista, quando Paulinho marcou o golo da nossa vitória contra a equipa portuense. O golo que nos deu acesso imediato ao título.
A segunda melhor notícia veio da boca de Rúben Amorim. Ao garantir, na conferência de imprensa pós-jogo, que vai permanecer no Sporting na próxima temporada. Nem pensar em desviá-lo de Alvalade.
Sinto uma alegria imensa, por todos os motivos. E também por isto.
Quando ainda faltam 13 jornadas para terminar a Liga 2020/2021, temos já tantos pontos (55) como os que somámos no fim do campeonato 2007/2008 (treinador: Paulo Bento).
E não só.
Também já levamos mais sete pontos do que no fim do campeonato 2009/2010 (treinadores: Paulo Bento e Carlos Carvalhal). E do campeonato 2010/2011 (treinadores: Paulo Sérgio e José Couceiro). E mais 13 do que no tristíssimo campeonato 2012/2013 (treinadores: Sá Pinto, Oceano, Franky Vercauteren e Jesualdo Ferreira).
Imagine-se um estádio onde se "joga" à porta fechada, sem público, com som de "música ambiente" para evitar o silêncio e fotografias de adeptos nas bancadas para fingir que há gente a ver ao vivo.
Imagine-se um "jogo" em que os jogadores tudo fazem para manter distância física dos rivais em vez de procurarem o contacto, se abstêm de tossir, espirram sempre para a dobra do cotovelo, engolem o cuspo e fogem da bola para evitarem contagiar ou ser contagiados num lance dividido. Com receio permanente de que lhes sejam imputadas responsabilidades por opções que não tomaram, como está patente no ponto 1 do "código de conduta" elaborado pela Direcção-Geral de Saúde: se algo correr mal, a culpa será deles.
Eis a "nova normalidade" da terceira volta da Liga 2019/2020. Com regresso agora previsto para 4 de Junho, como anunciou Pedro Proença, alterando a data inicialmente apontada pelo primeiro-ministro e assinalando que se trata da "25.ª jornada".
Está equivocado: o que vai acontecer - se acontecer - será algo inteiramente novo. Com regras diferentes e sem a salvaguarda de elementares princípios da equidade desportiva, fundamentais para a credibilidade da competição.
Sou contra a realização desta "terceira volta", inédita no futebol português. Por ferir de forma grosseira a verdade desportiva. Na primeira divisão, ao estabelecer regras diferentes para os clubes (umas equipas jogarão nos próprios estádios e outras não voltarão a jogar em casa). Entre a primeira e a segunda divisão, ao aplicar critérios antagónicos para o desfecho das respectivas ligas profissionais (prolongando uma e anulando outra). E sobretudo ao nível do chamado "Campeonato de Portugal", como o meu colega João Goulão já escreveu neste blogue em termos inequívocos.
A situações idênticas aplicam-se princípios que não podiam ser mais diferentes. Perante o aplauso dos basbaques e com o monolitismo acrítico a imperar entre os colunistas da imprensa. Opinando em causa própria, quase todos defendem que o futebol "regresse", mesmo que as regras sejam mandadas às malvas.
Fariam bem melhor os clubes em montar estruturas desportivas que atenuassem os efeitos de uma potencial segunda vaga desta pandemia, estabelecer regras de competição em reforço da transparência e salvaguardar os seus direitos numa altura em que se aproxima o fim do vínculo contratual de muitos jogadores.
Acima de tudo, fariam bem melhor em rever de alto a baixo as suas precárias bases financeiras. O que vale para o conjunto da indústria futebolística, que tem movimentado fortunas muito mal distribuídas e tornou-se prisioneira de uma rede de intermediários sem escrúpulos. Estes agem como verdadeiros parasitas dos clubes ao ponto de lhes determinarem as prioridades orçamentais enquanto arruinam as carreiras de muitos futebolistas promissores, alvos de indecorosos leilões que mais parecem versões actualizadas das antigas "praças de jorna" para recrutar mão-de-obra.
E não adianta varrer a porcaria para debaixo do tapete: é cada vez mais evidente que o negócio não gera liquidez suficiente para manter tanta prosperidade de fachada e tanta ostentação postiça. Que sirvam de alerta peças jornalísticas como a da Eurosport, que há dias aludia ao FC Porto como «monumento em perigo».
Se este período de paralisia forçada imposto pela pandemia não serviu para reflectir sobre tudo isto, não serviu para nada.
Como ontem acentuava aqui o João Goulão, é inaceitável que duas ligas de futebol profissional sejam tratadas de forma antagónica pelo poder político e pelas autoridades federativas. Em nome de que critério de equidade o modelo que serve para a Liga 1 (realização das jornadas em falta até à conclusão da época desportiva 2019/2020) é oposto ao modelo adoptado para a Liga 2 (conclusão imediata da competição, sem apuramento de vencedor)?
Entre os efeitos secundários da pandemia em curso no capítulo do desporto, o mais intolerável será o aprofundamento das chocantes assimetrias já existentes no futebol português - o que parece indiciar-se, desde logo, pelo facto de apenas representantes de três clubes terem sido admitidos na selecta reunião realizada há dias no palacete de São Bento para definir os passos mais urgentes a dar na modalidade. Que o Sporting tenha sido um desses três clubes não é motivo para silenciarmos a indignação.
Seis, dos oito clubes apurados para o playoff que dariam acesso aos dois que subiriam à 2.ª liga, ficaram estupefactos com o critério que a Federação Portuguesa de Futebol tomou ao optar por Vizela e Arouca para ascenderem de imediato às ligas profissionais, por impossibilidade de se reatar o Campeonato de Portugal. Recorde-se que a subida de divisão no Campeonato de Portugal é decidida através de um playoff com os dois primeiros classificados das quatro séries. Com a classificação atual, apuravam-se as seguintes equipas: Vizela e Fafe pela série A; Arouca e Lusitânia pela série B; Praiense e Castelo Branco pela série C e Olhanense e Real SC pela série D.
A Federação, através do seu Comunicado Oficial CO-0438, indicou, para ascender à 2.ª Liga, os dois clubes com maior número de pontos (Vizela e Arouca) entre séries diferentes, com base no "mérito desportivo". Tal situação contraria a informação que a Federação deu a estes clubes, quando no início de abril informou que a breve trecho iriam indicar a data de início dos treinos, o local onde se iria realizar o playoff e as respetivas datas dos jogos.
Assim, como é possível utilizar este critério que a Federação utilizou, quando de certa forma premeia os mais pontuados em séries completamente diferentes, com clubes diferentes e realidades diferentes, onde, como se sabe, a estratégia objetiva dos clubes não está em fazer o maior número de pontos em relação às equipas das outras séries, mas lutar pelos dois primeiros lugares da sua série que dêm acesso ao tal playoff?
Os seis clubes preteridos sentem-se ludibriados, mais que não seja pela forma "habilidosa" como a Federação resolveu esta situação. A verdade desportiva foi varrida de uma forma fácil, para já não falar dos prejuízos económicos que estes clubes sofreram, pois foram mais dois meses de despesas que poderiam ser evitados se em abril a Federação tivesse dito logo quais os dois clubes que "queria" que subissem à 2.ª Liga.
Verdadeiramente não é este o caminho que queremos. Percebemos que atravessamos um período difícil, onde todos as decisões têm que ser muito bem amadurecidas, mas a VERDADE tem que ser sempre dita, seja na saúde, na política ou no desporto.
Do nosso maior período de jejum sem conquistar o troféu máximo do futebol português. E da pior classificação de sempre do Sporting num campeonato nacional.
Goleados pelo Benfica na Supertaça. Com metade dos pontos de uma equipa recém-promovida à Primeira Liga e seis jogadores na miserável partida de ontem a fazerem só agora a pré-época. Rumo ao terceiro treinador à sexta jornada.
Em 2013/14, à 25.ª jornada, seguíamos na segunda posição, com 57 pontos. A 7 do Benfica e com mais 8 do que o FC Porto. Com 47 golos marcados e 17 sofridos. Treinador: Leonardo Jardim.
Em 2014/15, à 25.ª jornada, seguíamos na terceira posição, com 53 pontos. A 12 do Benfica e a 8 do FC Porto. Com 46 golos marcados e 22 sofridos. Treinador: Marco Silva.
Em 2015/16, à 25.ª jornada, seguíamos na segunda posição, com 59 pontos. A 2 do Benfica e com mais 4 do que o FC Porto. Com 49 golos marcados e 15 sofridos. Treinador: Jorge Jesus.
Em 2016/17, à 25.ª jornada, seguíamos na terceira posição, com 51 pontos. A 12 do Benfica e a 11 do FC Porto. Com 47 golos marcados e 26 sofridos. Treinador: Jorge Jesus.
Em 2017/18, à 25.ª jornada, seguimos na terceira posição, com 59 pontos. A 8 do Porto e a 3 do Benfica. Com 49 golos marcados e 16 sofridos. Treinador: Jorge Jesus.
Dos episódios mais caricatos (passados uns anos) e mais desesperantes (na altura) do futebol português. Ainda antes do "consulado" pintocostista e de todas as suas manigâncias, o Porto-Sporting de 1975 e o golo do apanha-bolas ...
Demonstrando ser exímio em reescrever a história, com o episódio da retirada da foto de Jesus do conjunto vencedor do campeonato 2014-15 como paradigma e a data de fundação como bitola, quer por força transformar uma coisa experimental em definitiva, mesmo que essa coisa experimental tenha existido em simultâneo com a coisa oficial e válida à época.
Vale tudo, para estes pantomineiros.
Só falta, e eu já assisti a piores e tresloucados actos, considerar oficial o troféu do Etílico Ferreira.
Uma coisa é criticar a equipa por um jogo pouco conseguido, outra é demolir tudo: que o teinador não presta, que a equipa não presta, que é tudo uma vergonha. Vale a pena lembrar como começou o campeão do ano passado: uma derrota no Funchal, seguida por uma vitória à rasquinha na Luz com o Gil Vicente e um empate em Alvalade. Pouco depois, viria um empate na Luz com o Belenenses. Acho que a maior parte dos benfiquistas já tinham desistido do campeonato nessa altura. Até então, o Porto tinha ganho praticamente tudo, com excepção de um empate no Estoril, se bem me lembro. Com mais ou menos um terço do campeonato, parecia encaminhado para mais uma vitória óbvia, embora (estranhamente) tivesse o Sporting às canelas. Viu-se como acabou tudo. Acho que ao fim de uma jornada (ou até de três) proferir sentenças definitivas sobre a equipa e o campeonato é uma coisa sem sentido.
Dito isto, parece-me importante constatar que a quebra de rendimento da equipa a partir da meia hora do jogo com a Académica não é fácil de compreender; que o William é o problema principal do Sporting, nomeadamente no que toca a saber se fica ou não; e que uma solução para marcar golos é urgente.
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