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És a nossa Fé!

O sonho como constante da vida

Sonhar.

Viver.

Viver é sonhar. O sonho faz parte do nosso percurso, da nossa finitude material.

«Eles não sabem que o sonho/ é uma constante da vida/ tão concreta e definida/ como outra coisa qualquer».

Alguns de nós, ao sentirem os cinquenta anos a aproximarem-se (e só eu sei como os meus se aproximam a "mata-cavalos") começam a pensar na merecida reforma, na manta sobre os joelhos, nas tardes a jogar cartas, nos bancos de jardim.

Eu sonho.

Sonho. Inspiro-me em Rómulo de Carvalho (aka António Gedeão) que começou a escrever a publicar poemas com mais de cinquenta anos e que ainda foi a tempo de escrever muita da nossa melhor poesia.

Pela minha parte, espero ir a tempo de fazer aquilo que um ser humano deve, educar um filho, plantar uma árvore, escrever um livro. 

Rómulo/António que tinha como poeta preferido Cesário Verde e que nasceu em 1906. Sporting, portanto.

É de Sporting que queria falar, de nós e do nosso sonho.

O sonho de vencermos a Taça, o sonho de sermos Campeões nacionais.

Está tudo ao nosso alcance, é tudo possível.

Para vencermos a Taça temos de vencer o FC Porto, em casa, na nossa casa, por dois a zero, temos de repetir aquilo que o Belenenses fez, este mês. Depois temos de ser o Sporting de Marco Silva, no Jamor, vencer contra tudo e contra todos a equipa treinada por Sérgio Conceição (o Braga, para os mais esquecidos); a equipa e o treinador serão outros mas a vontade de expulsar "Cédric" será a mesma, não nos iludamos.

Para sermos Campeões precisamos da ajuda do Benfica.

Um Benfica que não se acanhe, que corrompa, que compre, que vouche, que faça tudo para vencer, amanhã. Um Benfica à Benfica.

Com uma vitória do Benfica amanhã e um triunfo do Sporting no Restelo a classificação ficaria:

1.  SL Benfica - 77 pontos

2. Sporting   - 74 pontos* (* assumindo que uma equipa que venceu o Atlético de Madrid e empatou com a Juventus vencerá, facilmente, o Benfica que, recordemos, totalizou zero na Liga dos Campeões).

3. FC Porto     - 73 pontos (menos um jogo)

Assim basta Porto e Benfica perderem um jogo (para além daqueles que referi atrás) para sermos campeões.

Sonhar e acreditar... até ao lavar dos cestos é vindima.

O "muro" da maratona

hit-the-wall.jpg

Diz-se que cerca dos 30 kms está o "muro" da maratona, a vaga da inopinado cansaço, que afoga até os mais bem preparados atletas. Vem-me a imagem à cabeça, sem ponta de desrespeito, quando vejo e leio tantos sportinguistas com a "dor de burro", um travo de descrença, no "será que se chega à meta?". 

Durante anos ouvi críticas a Jesus, que não liga à Europa (ele que levou o nosso "rival", como gosta de dizer, a duas finais europeias), que está "cego" com os títulos domésticos. Agora que reafirma a vontade europeia é criticado. Num ano em que a um título inédito ao clube lhe junta uma bela campanha europeia, em que as esperanças são grandes num percurso imaculado, e na qual está muito bem lançado na Taça de Portugal e no campeonato, três percursos longos e cansativos, verdadeiras maratonas, nas quais a equipa está a cruzar já os 30 e tal kms, parece que muitos temem o desfalecimento, a incapacidade de recuperar o ritmo após o reabastecimento.

Invoco pois o nosso "santo" Carlos Lopes. Inspiremo-nos nele. É meter o passo adequado. A meta parece longe mas é já ali. E é só preciso meter o passo ... Sem descrenças, sem desfalecimentos. E, acima de tudo, sem agoiros. Pois Este Ano É Que É!

Sporting-Feirense

 

Abaixo já o Pedro Azevedo bem elaborou sobre a feira da farra que aconteceu ontem em Alvalade. E o Pedro Correia fez o seu rescaldo do jogo. Não tenho muito mais a dizer a não ser realçar dois dados positivos que eles não sublinharam: "gostei muito" do guarda-redes forasteiro, homem de grande elasticidade que lhe permitiu um punhado de belíssimas defesas e também de apurado sentido ético, demonstrado naquela borra na pintura, ao embaraçar-se no lance do primeiro golo: o resultado era injusto, reconheceu o facto e terá entendido salvaguardar a justeza no resultado; Doumbia marcou um belo golo, em lance onde se mostrou codicioso, com fulgurante rapidez, adequada técnica (aquela finta em corrida) e faro da baliza (um bom remate bem colocado). Julgo que se estreou, finalmente, a marcar no campeonato (tal com Montero). Mostrando-se assim bom e útil avançado, serenando os ânimos algo desanimados dos adeptos saudosos do holandês titular. 

 

E um algo associável: este fim-de-semana Portugal, já detentor (como tão bem sabemos e fruímos) do título europeu de futebol sénior ganhou o europeu de futebol de salão. E antes ganhara o penúltimo campeonato do mundo de futebol de praia. São feitos desportivos mais-do-que-assinaláveis. As selecções portuguesas de futebol - antes as júniores, agora também as seniores - são excepcionais. Está de parabéns a federação pela sua capacidade organizativa. Capaz assim de potenciar o pessoal disponível, formado em clubes: de Ronaldo e Ricardinho até Madjer, aos excepcionais, excelentes, medianos competentes jogadores que por esse mundo vão constituindo carreiras dignas. Chegando a internacionais em Chipre e na Grécia, como Zeca, a ídolos na Turquia como Quaresma ou na Rússia como Danny, a referências na Inglaterra como Fonte ou Cédric, e etc. para não ser cansativo. E os treinadores, como mostra Jesualdo na sua reforma arábica treinando Xavi Hernandez, talvez o maior jogador da sua geração e porventura o futuro grande treinador do Barça. E Paulo Sousa e Pacheco (não esse, mas o outro) na China, mais o Vilas-Boas que se veio embora e o Vítor Pereira que o substituiu, que aquela "árvore das patacas" parece não ter fim. Ou Jardim brilhando na França, como tanto tem brilhado. E Marco Silva, por estes dias, anunciado como "the next big thing" neste talvez de substituir o histriónico Conte no Chelsea (este mais ou menos chamou estúpido ao Abramovich, está visto que sai). E a coqueluche Carvalhal, a encantar o País de Gales, içando o Swansea a golpes de táctica e de pastéis de nata. Para além do para sempre "special one", ainda que cada vez mais sisudo, mesmo desencantado a fazer o  melhor campeonato do MU desde há anos. E etc. para não ser ainda mais cansativo. E os clubes também, que li há dias, aquando do fim do "mercado de inverno", que no último ano Portugal foi, e de muito longe, o país que mais lucrou com as transferências de jogadores, o que lhes junta também uma mão-cheia de mais ou menos gabirús empresários da bola, que muito sabem da dessa poda de sacar taco aos clubes estrangeiros. Em suma, clubes a valorizarem passes desportivos e a lucrarem neste mercado mundial sobreaquecido. Imensos jogadores a brilharem ou cumprirem, por cá e alhures. Um país de treinadores de futebol, como antes terá sido de poetas, tantos migrando, alguns com enorme notoriedade.

 

Dito tudo isto, como é possível que num futebol que produz tantos praticantes, treinadores, dirigentes, de clubes e de federação, e ainda os tais "amariolados" empresários, que conseguem tamanhos sucessos, individuais e colectivos, como é possível, dizia eu, que ainda nos apareçam incompetentes como os árbitros (de campo e de cabine, dita video) de ontem, neste Sporting-Feirense? Quando acabará este corporativismo arbitral, quando se quebrará isto? Pois é óbvio, acusações de malandragem à parte, que num futebol de excelência como o é o português, os árbitros são, e de longe, o sector tecnicamente mais fraco. O que se passou ontem foi pungente. Nem o árbitro de campo está preparado para esta actividade de futebol profissional, saltitão nervosinho e incoerente nos métodos (ora vê as imagens ora não vê, que palhaçada ...) que é. Nem o tipo da cabine sabe as regras. É inaceitável. E é melhor fazer finca-pé nisto quando se ganha, que é para não se dizer que as críticas vêm da azia da derrota. Os gajos são maus. Mesmo. E o resto do futebol português, mesmo com todas as suas mazelas e tropelias, não merece tanta incompetência.

 

Grande borregada

A minha filha tem 15 anos, nunca viveu em Portugal, ainda assim é sportinguista (também com o pai que tem mal seria que não o fosse), foi uma vez a Alvalade (empate 1-1 com o poderoso Paços de Ferreira, se não estou em erro), e desde os seus 6 ou 7 anos vai de vez em quando (menos agora, lá no estrangeiro e eu por cá) ombreando no sofá com o depauperado pai, assim a ver a bola. Aconteceu isso no último Benfica-Sporting, em casa de bons amigos. E depois, já nós caminhando para o carro, desabafava ela (repito, nos seus 15 anos, sem conhecimentos enciclopédicos da matéria) "oh pai, é sempre a mesma coisa, há anos que é isto, levamos um golo no fim dos jogos". Não, não estou a dizer "que da boca das crianças sai a verdade". Pois ela já não é uma criança (ai, que saudades, ai, ai, como dizia o lampião Carlos Pinhão). Estou, pura e simplesmente, a dizer que até uma jovem nada fanática e algo distante destas coisas da bola constata o constatável.

Dito isto, grande borregada em Setúbal. Não inesperada - aos 81  minutos disse para mim (só no sofá) "hum, isto acaba empatado", forma muito minha de tentar esconjurar as nuvens demoníacas que sentia no horizonte. Disse-o sem que o Vitória tivesse feito algo de relevante até ao momento. Mas porque é assim, a gente habituou-se. Para mim, falando honestamente, este empate esvazia as hipóteses do título quase até ao mínimo - são muito anos a virar frangos ..., já sei onde isto vai acabar. 

Mas há análises a fazer. Muitos outros percebem bem mais de futebol do que eu, e terão explicações endógenas para esta borregada d'hoje e para a situação mais abrangente. Uns falarão dos défices das acções no banco do treinador, outros das tácticas incorrectas, ou das disponibilidades físicas dos jogadores, de desiquilíbios no plantel, etc. Também posso opinar. Mas não tenho conhecimentos especializados, prefiro ler. Mas tenho a minha perspectiva sobre os fundamentos do falhanço. A qual se alimenta da minha formação profissional (sou antropólogo): o problema é cultural. Digamos que é uma cultura de cagança, de arrogância. 

Explico-me: aos 87 minutos o querido Bruno Fernandes faz uma bela cabriola na área alheia, passa 3 ou 4 ou 5, remata e o guarda-redes alheio defende, in extremis como se dizia antes, a bola vai ao poste e segue para fora, originando canto. Bruno Fernandes é filmado na sequência. Ri-se. Não diz "foda-se, caralho, puta que pariu esta merda" e outras coisas similares das quais são feitos os diálogos dentro de campo, entre jogadores, com os árbitros (como Fábio Coentrão mostrou, com exuberância, aquando do penalti), entre os treinadores, o público, os apanha-bolas, os seguranças (a quem os iletrados chamam stewards) e etc. Não se irrita em proto-desespero por não ter marcado um golo que, naquele momento, significaria a quase impossibilidade de outro resultado que a vitória. Não, ri-se, como se tivesse falhado o 4-0, ou um tricórnio, ou até uma lendária manápula (a quem alguns chamam manita porque sonham ser espanhóis, em substituição dos catalães, pois estes hoje em dia muito relapsos a essa condição). É este o problema deste Sporting. A cagança. Por isso outros marcam que se fartam no fim dos seus jogos, quando precisam. E nós levamos. 

Ok, pronto. Prometo que no meu próximo postal direi mal dos emails, dos árbitros, dos obesos paineleiros do Benfica ou do Sérgio Conceição. 

Desconto de tempo

Stromp-Sporting-2017-18-equipamento.jpg

Começa este fim-de-semana a segunda volta do campeonato de futebol. A equipa está a dois pontos da frente. Está invicta: leio hoje que isso só aconteceu por sete vezes na história e que apenas por duas vezes isso não teve como corolário o título. Para esta etapa da época tem a segunda melhor pontuação nos campeonatos da última década (um ponto menos do que há dois anos). Enfrentou uma liga dos campeões dificílima e jogou-a muito bem, com três excepcionais exibições (na Grécia, em Turim, em Alvalade com a Juventus) e três outros bons jogos, talvez a merecer melhor sorte final. Nessa campanha mostrando uma excelente armadura táctica, boa condição atlética e patenteando alguns excelentes jogadores. Contratou-se bem, os dois "veteranos" para a defesa recuperaram a condição física e mostram que vieram para somar, Piccini afinal é mesmo jogador. E se Acuña é mesmo competente, Bruno Fernandes foi uma jogada mais do que certeira. Com o plantel assim constituído a equipa está nas meias-finais das taças nacionais e na Liga Europa. Qual o ambiente geral após este "primeiro semestre"? Algum apoucamento dos feitos, muito martirizado pelo jogo menos conseguido em Alvalade com o Porto e com o engasganço na Luz. Críticas constantes ao entendimento táctico de Jesus. E a autoflagelação por causa da contratação de Alan Ruiz e alguns outros (os vizinhos de Carnide abasteceram-se com Douglas, "anteciparam-se-nos" no Gabigol, mostraram Seferovic e lamentam-se tão menos; ali a norte de Gaia pagaram 20 milhões por Oliver Torres e nem é assunto). Somos (um plural pois meto-me todo  neste caldeirão) mesmo insuportáveis.

 

O que desejo para o segundo semestre? Que ninguém ande por aí a dizer que "iremos comemorar para o Marquês". O título deverá ser comemorado no estádio de Alvalade, nossa casa. E se não coubermos todos temos as cercanias.

O fascinante mundo da matemática

Não haja dúvidas de que a matemática é uma actividade fascinante, que tanto dá para descobrir qual é o acorde inicial de A Hard Day's Night quanto para esclarecer alguns aspectos engraçados das contas do nosso campeonato. Por exemplo, o leitor Mário João escreveu o seguinte comentário neste post do Pedro Correia: "a verdade é que o Sporting, ao contrário do Benfica, deixou de depender de si próprio para ser campeão". Tão verdadeiro quanto falso. Senão repare-se: é verdade que o Sporting já só pode disputar três pontos directamente com o Porto, estando a quatro de distância, enquanto o Benfica ainda vai disputar seis, estando a cinco. Mas basta o Benfica ganhar uma vez esses três pontos (e admitindo que tudo o resto se mantém igual) para isso deixar de ser verdade: o Sporting também só passará então a depender de si próprio para ser campeão e com vantagem de um ponto sobre o Benfica. Ou seja, a dependência do Benfica apenas dos seus próprios resultados para ser campeão implica voltar a fazer o Sporting depender apenas dos seus próprios resultados para ser campeão. Por isso, força Benfas, dá cabo deles!

 

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