Eu não sei quanto numa equipa ganhadora é qualidade técnica e quanto é "o resto". O que sei é que sem o "resto" nunca se ganha. Temos qualidade técnica sem dúvida, grandes jogadores e temos margem clara de melhoria.
Mas o resto, caramba...
Agora sobre o resto:
1) Sporar e Tiago Tomás numa das mais belas competitividade que vi e que me parece absolutamente saudável. Como acontece com os outros. Ainda há ajustes a fazer mas temos banco...
2) Ainda bem que o equipamento era branco porque deixou claro que os nossos jogadores comeram a relva e ainda se foram ao matope.
3) A comemoração do golo de Jovane é um hino à união de um equipa e ao "onde vai um vão todos".
4) A entreajuda dos jogadores ao longo de todo o jogo é outro hino ao que se pode chamar "equipa".
5) A frescura fisica é incrível. É caso para perguntar: o que aconteceu nos outros anos?
6) A união treinador/balneário esta óptima. Vê-se e quase se respira...
7) O palco é dos artistas. A estrutura trabalha nos bastidores, aparece menos e está mais assertiva.
8) A comunicação começa a dar um ar da sua graça.
9) E finalmente, sem carneirismos como alguns detractores logo tentaram, parece-me bem que onde vai um vão todos (ou a esmagadora maioria) também um pouco fora das quatro linhas.
Não sei se este ano "é que é", mas que este caminho me está a dar um gozo danado, ai isso está!
Sporting, única equipa invicta do campeonato à sétima jornada. E também, segundo dados estatísticos ontem divulgados pelo canal 11, a que fez mais remates enquadrados às balizas adversárias até agora: 44. Mais do que FC Porto, Braga e Benfica (todos com 42), incomparavelmente mais do que o último da lista (o V. Guimarães, com apenas 14). O que diz muito do perfil ofensivo do nosso onze titular e da qualidade do treino ministrado aos jogadores.
Tenho lido, até por aqui em diversas caixas de comentários, que Rúben Amorim «falhou os objectivos» para que foi contratado. Porque foi incapaz de impedir que o Sporting ficasse «no pior lugar de sempre» do campeonato português. O quarto, após FC Porto, Benfica e Braga.
Estes dislates só podem ser provocados pela ignorância ou pela falta de memória, ampliadas pela estupidez que corre à solta nas redes sociais. Amorim foi contratado à 23.ª jornada da época passada não para qualquer objectivo de curto prazo mas para preparar um plantel capaz de conquistas desportivas.
Mesmo assim, nesses 11 jogos que a equipa ainda fez sob o seu comando para a Liga 2019/2020, registou seis vitórias, três empates e duas derrotas - ambas, neste caso, frente a FC Porto e Benfica. Melhoria face aos 11 desafios anteriores (seis vitórias, um empate e quatro derrotas). E já sem contar com Bruno Fernandes, nosso melhor jogador dessa temporada.
O problema estava no plantel, como muitos de nós assinalámos desde o primeiro dia. Aliás bastava lembrar como se mostrava a equipa em campo: lenta, apática, sem iniciativa, sem nervo, sem alegria.
O trabalho do técnico só pode ser avaliado a partir do momento em que tem intervenção activa na escolha dos jogadores para a nova temporada. Verdadeiros reforços, não nomes sacados de algum fundo de catálogo, como sucedera um ano antes.
O resultado está à vista. Quatro anos depois, o Sporting volta a comandar isolado o campeonato, com mais golos marcados e menos golos sofridos do que qualquer outra equipa. Pedro Gonçalves - um desses reforços - já é apontado como melhor jogador da Liga. Há uma aposta decisiva nos talentos da formação leonina. E voltamos a ter um campeão europeu no onze titular.
Apontar responsabilidades a Rúben Amorim pelo quarto lugar do campeonato anterior - em que foi o quarto técnico a orientar a equipa, após Marcel Keizer, Leonel Pontes e Silas - equivale a atribuir culpa a Jesualdo Ferreira pelo péssimo desempenho leonino na Liga 2012/2013, quando o veterano técnico foi também o quarto e último treinador da temporada, após Sá Pinto, Oceano e Franky Vercauteren. Ou seja: não faz qualquer sentido. Mesmo tendo Jesualdo assumido, ainda no mês de Dezembro de 2012, as funções de manager desportivo - portanto já então com efectivas responsabilidades no futebol leonino.
Essa, sim, foi a nossa pior temporada de sempre. Não só pelo inédito e humilhante sétimo lugar do Sporting, mas também pela pontuação alcançada no final do campeonato: apenas 42 pontos. Menos 18 do que em 2019/2020.
Aliás, conferindo o desempenho da equipa leonina no último quarto de século - desde que a vitória passou a valer três pontos nas competições futebolísticas portuguesas -, verifica-se esta evidência: as piores pontuações, além da já mencionada, ocorreram nas épocas 1997/1998 (56 pontos), 2002/2003 (59), 2007/2008 (55) e 2011/2012 (59).
Quanto ao nosso quarto lugar da época passada, basta consultar a mesma tabela estatística. Nestes últimos 25 anos, ocorreu também em 1997/1998, 1998/1999, 2009/2010 e 2011/2012. Nada de novo, infelizmente.
Depois dum arranque de temporada muito marcado pelo surto viral que afectou meio plantel e a subsequente eliminação no acesso à Liga Europa, o Sporting conseguiu apoiar-se no excelente trabalho do final da época passada e num mercado de verão muito bem conseguido para alcançar, após sete jornadas decorridas, o primeiro lugar da liga, a uma distância clara dos restantes.
Mas como toda a gente sabe, isto não é como começa é como acaba, e é preciso saber se a equipa vai ter resistência, engenho e sorte para prosseguir na liderança e chegar ao final no podium, pelo menos assegurando o acesso à Champions do próximo ano.
Resistência desde logo para lidar com as armadilhas que lhe vão colocar pelo caminho. Os poderes mafiosos não dormem. Um destes dias vamos sofrer duma forma ou de outra. Resistência também para lidar com os inimigos internos que estão à espera do primeiro desaire para pôr cá fora toda a raiva que agora têm de engolir.
No que respeita ao engenho, nota-se que quase todos os jogadores estão a crescer neste modelo de Rúben Amorim, mesmo quando são colocados em posições a que estão menos habituados, e nalguns casos mesmo a ter explosões de rendimento surpreendentes como acontece com Pedro Gonçalves, Porro ou Nuno Mendes. Continua a faltar o tal ponta de lança mais posicional e artilheiro, Sporar faz um trabalho notável fora da área mas falha demasiado dentro dela. Na defesa, nota-se a falta dum Mathieu de pé direito, que limpe aquele lado da defesa e marque uns golaços de livre.
Concluída esta série de quatro adversários acessíveis, vem aí e até final de 2020 - assim o Covid o permita, e para além da eliminatória da taça contra o Sacavenense, e num ritmo semanal - outra série de quatro adversários mais ou menos equivalentes em termos de dificuldades, Moreirense (C), Famalicão (F), Farense (C) e Belenenses (F). Com os principais adversários ocupados também com a Champions e a Liga Europa, temos tudo para passar um Natal descansado e fecharmos o ano na liderança.
«Desde Marcel Keizer (2018/2019) que os leões não ganhavam três jogos consecutivos fora de casa nesta prova [campeonato] e desde Jorge Jesus (2017/2018) que não o conseguiam no arranque.»
A Bola, hoje
«Sporting venceu nas três primeiras deslocações [no campeonato nacional de futebol]. Só tinha acontecido quatro vezes no século XXI: com Paulo Bento, em 2006; com Leonardo Jardim, em 2013; e com Jorge Jesus, em 2015 e 2017.»
Mais logo, com uma semana de atraso em relação aos rivais provocada por imposições sanitárias em contexto de crise pandémica, a equipa principal do Sporting inicia a prestação no campeonato de futebol 2020/2021.
É isso que me interessa hoje. Como sempre fiz e sempre faço, em dias de jogo, nada mais me concentra a atenção senão isto: o apoio inequívoco à equipa. Uma espécie de lema que sigo sem quebras há quase nove anos.
Na véspera do início da Liga 2020/2021, surgiu a decisão da Direcção-Geral da Saúde: o Sporting-Gil Vicente, previsto para amanhã, terá de ser adiado. Devido à proliferação de infecções com Covid-19 no emblema de Barcelos, onde já existem 19 casos diagnosticados.
Mas é precisamente aqui que começam a suscitar-se dúvidas. Mais que legítimas.
Problema? O carácter aleatório destas decisões, que passam a ser confiadas a delegações locais e regionais da autoridade sanitária sem definição prévia dos critérios objectivos para este efeito, traçados a nível nacional.
A partir de que grau de contágio fica o jogo protelado sine die? Um, dois, quatro, seis, dez infecções? Ninguém esclarece. E houve imenso tempo para traçar directrizes claras, concisas e compreensíveis.
Se uma equipa tiver quatro ou cinco jogadores comprovadamente com Covid-19 e outra não tiver nenhum, esta equipa é penalizada, vendo o jogo adiado, comprometendo toda a sua programação desportiva? E para quando, sabendo que o calendário futebolístico 2020/2021 é mais apertado que nunca? Convém não esquecer que esta época começa cerca de cinco semanas depois do prazo habitual e terminará mais cedo do que é costume.
A nova data para o Sporting-Gil Vicente tornou-se uma incógnita. O que é grave, desde logo, pelo precedente que inaugura. E pelo cenário caótico que propicia.
A partir de agora a Liga - organizadora da principal competição de futebol - fica dependente de pareceres avulsos das delegações locais ou regionais da DGS. Nisto, ao menos, a directora-geral da Saúde foi clara: «A decisão será sempre da autoridade de saúde local.»
Mas quem é essa autoridade? Um só médico, como aconteceu no abortado Feirense-Chaves?
O campeonato começa hoje num enquadramento sanitário errático e flutuante, antevendo-se decisões eventualmente tomadas à la carte, ao sabor dos caprichos de um delegado de saúde que até pode ter manifestas inclinações clubísticas.
Quem poderá beneficiar com isto?
Eis um caso que convém acompanhar com a máxima atenção: é o que faremos no És a Nossa Fé. Pela minha parte, fica a promessa.
Borja, Nuno Santos e Rodrigo Fernandes incluem-se entre os já confirmados no momento em que escrevo estas linhas.
As infecções agora detectadas forçaram ontem o cancelamento do Troféu Cinco Violinos, que este ano contaria com a participação do Nápoles. Recorde-se que Vietto já havia sido infectado com Covid-19, há cerca de um mês, durante o período de férias que gozou em Espanha.
Isto não augura nada de bom neste regresso à principal competição do futebol português - na sequência do que já sucedeu no escalão secundário, com dois jogos entretanto adiados para data que ninguém consegue antecipar.
O calendário pode tornar-se caótico em função de sucessivos adiamentos. Em alternativa, corre-se o risco de acumulação de derrotas por falta de comparência de determinadas equipas, impossibilitadas de reunir os jogadores necessários. Pelo menos dois clubes europeus - o Slovan Bratislava, da Eslováquia, e o Prishtina, do Kosovo - já foram afastados das competições europeias por este último motivo.
Tudo é incerto. Num momento como este, qualquer previsão torna-se mais frágil que nunca.
ADENDA:Mais quatro casos confirmados, a somar aos três identificados ontem: também Gonçalo Inácio, Max, Pedro Gonçalves e Renan têm Covid-19.
Braga, Boavista, Famalicão, Rio Ave e provavelmente Guimarães. Porto, Benfica e Sporting. Parecendo que não, conto oito equipas que entram na Liga com vantagem em ter futebol positivo, competitivo porque contam com bons jogadores. Seja para vender os jogadores, seja para ganhar taças, são equipas que entram em campo para vencer sempre (ou quase sempre). Sinceramente não me lembro de uma coisa assim. Creio que isto beneficia o Sporting de Amorim.
Um clube sem grandes hábitos de vitória, como é infelizmente o Sporting no futebol nas últimas décadas, não pode deixar de aproveitar as falhas dos seus rivais e os momentos em que estão menos bem. Neste século, esta época foi a terceira em que isto aconteceu, depois das de 2001 e 2005. Esses foram os campeonatos mais mal perdidos pelo Sporting de que eu me lembro. Em ambos ficámos incrivelmente em terceiro, com os nossos principais rivais enfraquecidos. Com um pouco mais de paciência, estabilidade e bom planeamento, foram dois títulos que não deveriam ter fugido ao Sporting. E o mesmo se pode dizer nesta época. O FC Porto foi um justo campeão, mas foi o campeão mais fraco dos últimos anos. A campanha europeia não engana. Poucos discordarão que aquela equipa de 2018 que Bruno de Carvalho tanto destratou levando os jogadores a rescindir teria sido tranquilamente campeã este ano. Mesmo se, naturalmente, entretanto alguns jogadores tivessem saído, desde que se tivesse mantido a equipa técnica e o núcleo duro. Convém os sportinguistas terem isto presente. Agora a realidade não foi essa, e não podemos fingir que nada sucedeu. Os acontecimentos do verão de 2018 fragilizaram muito a equipa e o clube. Talvez fosse irrealista exigir um Sporting tão competitivo como aquele de 2018. Mesmo assim, estes foram o Benfica e o FC Porto mais fracos (simultaneamente) da década. Seria exigível que o Sporting estivesse, pelo menos, ao nível destes clubes. Ter tido um Sporting tão longe daqueles dois clubes este ano é inaceitável e só revela incompetência.
O Sporting Clube de Portugal terminou esta época em 4.º lugar do Campeonato, atrás dum clube regional dirigido por um “trolha” mal educado, sem ganhar nenhum troféu, perdendo quase todos os desafios com os 3 primeiros, e o que se pode dizer de mais suave sobre esta época é que foi desastrosa.
Não foi a primeira e não vai ser a última do Sporting. E muitas vezes elas aconteceram depois de épocas de sucesso e de vitórias. Por exemplo, em 73/74 ganhámos Campeonato e Taça, e ficámos por muito pouco fora da final da Liga Europa de então, para logo João Rocha dar cabo daquilo tudo, despedir o grande Mário Lino e ficarmos em 3º lugar com vários treinadores pelo meio sem nada ganhar. Em 81/82 voltámos à dobradinha, para depois o mesmo presidente dar outra vez cabo daquilo tudo, despedir o grande Malcolm Allison, deixar ir Eurico e Inácio, e voltarmos ao 3º lugar. Em 01/02 voltámos à dobradinha com Dias da Cunha para acabar de novo em 3º lugar na época seguinte: dessa vez não foi preciso despedir o treinador, alguém se encarregou de destruir o Jardel. Terceiro lugar esse em que teríamos terminado esta época se o jovem e promissor Matheus Nunes se tivesse alinhado pelo Neto em vez de ter deixado a bota onde deixou, ou se o Uribe não tivesse torcido o joelho quando marcou o golo lá no Porto.
Mas se a última época não nos trouxe outra dobradinha pelo menos trouxe duas taças ganhas ao Porto, aquele mesmo clube que limpou o campeonato deste ano.
Então parece realmente que estamos num clube sem cultura de sucesso, que não sabe agradecer as vitórias e as conquistas quando acontecem, e encontrar nelas motivos para se superar e ir à procura de mais.
Acabámos a época passada a festejar no Jamor, a pôr de joelhos o Porto e reduzir o seu treinador a um imbecil mal-educado. O que fizemos a seguir? Desprezámos o treinador holandês que nos tinha levado lá, andámos a encontrar forma de vender tudo o que mexesse. a começar pela estrela da companhia, e com isso a desestabilizar um balneário que tinha mostrado união e competência. Mesmo com algumas boas ideias e boas intenções pelo meio, nomeadamente ter levado um grupo de jovens talentosos para estágio.
A factura começou na Supertaça, com uma derrota humilhante, e continuou no final do período de transferências, quando um desestabilizado Coates conseguiu cometer três penáltis. O treinador ganhador foi sumariamente despedido para vir o pobre treinador dos sub-23 fazer o seu triste número de losango, e depois vir outro pobre artista sonhador e dado ao improviso, sem unhas para o instrumento. Entretanto lá saiu a estrela da companhia, para logo fazer a diferença num dos grandes clubes do mundo.
Finalmente o instinto de sobrevivência falou mais forte e veio enfim um treinador a sério, que logo fez a diferença em todos os aspectos - técnico/tácticos, evolução de jogadores, lançamento de jovens - mas que não chegou para limpar toda a porcaria que até então tinha sido feita. Com a ironia de ser a única razão para que o clube de Braga acabasse com os mesmos pontos e nos tivesse retirado o terceiro posto.
Chegados aqui, espera-se que a dupla Varandas-Viana consiga aprender com os erros cometidos e dar a volta ao texto. Falo numa dupla, porque ainda ninguém conseguiu perceber onde começa e acaba o protagonismo dum e doutro nas coisas boas e más que têm acontecido. E é isso mesmo que choca e preocupa. Ninguém é responsável, ninguém dá a cara. Amorim sai da Luz como eu saí de ver o jogo, completamente f..., Beto nem vê-lo, Viana em parte incerta, Varandas por algum lado. Ficou Coates a dizer o que tinha de ser dito.
E ouvimos e lemos dum Feddal, dum Adan, dum Porro. Bom podemos dizer que serão três Netos, "carregadores de piano", importantes num plantel. Mas então onde estão os novos pianistas? Os novos Mathieus, Coates, Acuñas, Brunos Fernandes, Nanis e Bas Dosts? Estavam lá quando entraram, não estavam? Dois ainda estão, espero que não se lembrem de os despachar.
Apesar disso, a solução não está em destituir quem lá está para entrar outro palerma (ou o que lhe quisermos chamar) qualquer. Também não está com certeza na venda da SAD a algum investidor russo ou chinês, ou no regresso do alucinado ex-presidente para tentar fazer o que nunca conseguiu.
O problema está em encontrar os meios e as condições para recuperarmos o lugar que é nosso, um dos três grandes clubes de Portugal, lutarmos pelo título e voltarmos à Champions.
Materializou-se ontem aquilo que virtualmente já o era, o Sporting Clube de Portugal está há dezoito anos sem ser campeão.
Dezoito anos onde, por vários motivos, fomos deixando escapar o título. Aliás, foram mais os anos em que o título nos deixou escapar a nós do que o contrário. Provavelmente, nestes dezoito anos, poderíamos ter sido campeões quatro vezes. O que, sendo muito melhor que a triste realidade, não seria nada de especial para a nossa grandeza.
Dezoito anos onde vimos mais adeptos nossos serem assassinados às mãos de rivais do que títulos. Dezoito anos onde vimos o Bruno Cortez ser campeão e o Bruno Fernandes não passar de um terceiro lugar.
E nem se pode dizer "ah mas esteve perto". Não estivemos nunca perto de ser campeões porque o Sporting nunca percebeu como se jogava este jogo. Fomos enfiando cada vez mais o barrete do Calimero em vez de arregaçar as mangas e ir à luta. Aliás, as alianças estratégicas foram precisamente o nosso papel no jogo: estar de joelhos, a servir de degrau para a escalada de quem foi vencendo.
Como percepciono uma culpa tão grande como a minha azia, a travessia no deserto tem os seguintes rostos:
Frederico Varandas (2 épocas)
Artur Torres Pereira (1 época)
Bruno de Carvalho (6 épocas)
Luís Godinho Lopes (3 épocas)
José Eduardo Bettencourt (2 épocas)
Filipe Soares Franco (4 épocas)
António Dias da Cunha (3 épocas [desde o último título])
Até ontem, no final do jogo, o clube e os adeptos, em vez de ficarem com uma fome danada, frustrados e a querer mais e melhor, foram-se meter a celebrar as vitórias da sua cabeça. Uns celebraram só perder por dois no Dragão, outros celebraram a oficialização da época com mais derrotas na hossa História, outros chegaram mesmo a celebrar o título do Porto porque "pelo menos não foi o Benfica". E assim vamos nós.
Ontem também foi o dia em que os sócios do Sporting viram que o seu número reduziu. Temos, neste momento, cerca de 107k sócios. Um número que nos devia fazer corar de vergonha por dois motivos. O primeiro por termos andado a fazer de conta que éramos mais, o segundo por em três milhões de adeptos não se encontrar mais gente capaz de dedicar ao Clube pouco mais que um maço de tabaco por mês.
Ontem toda esta tragédia atingiu a maioridade. Dezoito anos. Dezoito anos de um caixa de óculos, virgem, fechado numa cave, a ser um troll na internet.
Sai à rua, Sporting! Sai com querer, sai com garra, sai com fome!
O FC Porto acaba de sagrar-se campeão nacional de futebol, a duas jornadas do fim, na mais atípica época desportiva de que há memória. Manda o elementar desportivismo que saibamos dar os parabéns ao clube vencedor.
Adoro estas manhãs a seguir aos jogos do Sporting, quando ganhamos.
Cinco desafios superados sob o comando do actual treinador - 13 pontos conquistados em 15 possíveis. Somos a equipa com melhor desempenho pontual desde o recomeço da competição, apesar de termos perdido vários jogadores cruciais desde o início da segunda volta - desde logo Bruno Fernandes, mas também Acuña e Vietto (entretanto lesionados) e Mathieu (que acaba de abandonar prematuramente a profissão, também devido a lesão).
Temos, em simultâneo, a nossa equipa mais jovem desta Liga: ontem o mais velho em campo era o capitão Coates, com 29 anos. Média de idades no onze titular: 22,8.
"Apostar na formação" deixou de ser um slogan vazio e tornou-se realidade.
É sempre assim: o Sporting ganha e poucos aparecem.
Quanto mais vai ganhando, mais tranquilas são estas águas.
Se tivéssemos empatado, já rondavam vozes agoirentas por aí.
Se tivéssemos perdido - por um golo que fosse, até marcado com a mão - e nestas caixas de comentários logo desaguava um caudal de "verdadeiros adeptos" (reais ou virtuais) a ferver de indignação, urrando aos quatro ventos, exigindo decapitações "para ontem". Do presidente, do treinador, dos jogadores, se calhar até do roupeiro.
Tudo aos gritinhos.
Prefiro assim. Manhã calma, sem vuvuzelas anónimas na posta restante cá do blogue. E mais três pontos amealhados.
Mar chão e ventos de feição. Bom para singrar.
{ Blog fundado em 2012. }
Siga o blog por e-mail
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.