Como era de esperar, o Bayer Leverkusen sagrou-se campeão da Bundesliga. Pela primeira vez, na história do clube! A cinco jornadas do fim e depois de uma goleada caseira de 5:0 sobre o Werder Bremen. Os adeptos explodiram e invadiram o relvado. Mas correu tudo bem, a festa foi bonita. E os adeptos garantem que vão continuar a festejar, jornada após jornada, até ao fim do campeonato (imagens Sapo).
Podia dizer-se que esta conquista, por parte da equipa chefiada por Xabi Alonso, se deveu ao fracasso do Bayern de Munique. A equipa bávara está de facto a fazer uma das suas piores épocas. Porém, mesmo que estivesse em forma, dificilmente roubaria o título ao Leverkusen, que, em 29 jogos, venceu 25 e empatou quatro.
A quebra da monotonia na Bundesliga, com o Bayern a ganhá-la nos últimos onze anos, não foi completa, pois, se há uma equipa a sagrar-se campeã tão cedo, não se pode propriamente falar de um final de época excitante. Enfim, para o clube, os seus adeptos e Xabi Alonso, que ainda não tinha currículo digno de nota como treinador, foi, com certeza, a realização de um sonho.
Entretanto, não se pode falar de falta de suspense na 2ª Bundesliga, que, nesta época, tem, por vezes, merecido mais destaque do que a 1ª, tão grande é a refrega pelos três lugares cimeiros, sendo o Hamburgo SV um dos envolvidos. As perspectivas não são, mais uma vez, animadoras para o principal clube da segunda maior cidade alemã (à frente de Munique). Mas, sobre isso, escreverei num outro dia.
Desde a época de 2012/13 que a Alemanha não conhece outro campeão a não ser o Bayern de Munique. Onze campeonatos seguidos! A equipa bávara já soma trinta e dois títulos, note-se, desde 1963/64, época em que foi criada a Bundesliga. O campeonato mais aborrecido do mundo?
Este ano, tudo indica que essa hegemonia será quebrada. E o responsável chama-se Xabi Alonso.
Muita gente (entre adeptos e funcionários do clube e de outros clubes) torceu o nariz quando Xabi Alonso foi contratado como treinador do Bayer Leverkusen. Como jogador, aliás, não se lhe podia exigir mais. Foi estrela de três dos maiores clubes europeus: Liverpool, Real Madrid e o próprio Bayern de Munique. E, com a seleção espanhola é o que se sabe: dois campeonatos europeus e um mundial.
Mas chega isso para se ser bom treinador? Na verdade, quando ele chegou ao Bayer Leverkusen, a 5 de outubro de 2022, o seu currículo era muito magro. Sim, esteve uma época no Real Madrid… a treinar os sub-14! Mudou-se, depois, para o seu País Basco natal, a fim de treinar a Real Sociedad (onde começara a sua carreira). Aí, esteve cerca de três anos… a orientar a equipa B! Quando chegou ao Bayer Leverkusen, muita gente se perguntou se ele era “mister” digno de figurar na Bundesliga.
Diga-se de passagem que o Bayer Leverkusen, nesse outubro de 2022, se estava a aproximar perigosamente do fundo da tabela. Xabi Alonso, ainda assim, acabou a época em sexto lugar, com acesso à Liga Europa. Por isso, deram-lhe mais um voto de confiança. E ele superou todas as expectativas.
Neste momento, o Bayer Leverkusen conta 64 pontos, em 24 jogos. Não perdeu uma única vez (o que é obra, na Bundesliga) e empatou quatro. Leva dez (10!) pontos de vantagem sobre o Bayern de Munique, segundo classificado, 14 sobre o terceiro, VfB Stuttgart, e vinte (!) sobre o quarto, Borussia Dortmund, a minha grande desilusão da época (sou fã). Além disso, teve uma performance brilhante na fase de grupos da Liga Europa, atingindo o pleno de 18 pontos. E chegou às meias-finais da Taça da Alemanha (DFB Pokal).
Acho muito bem, apesar de não se poder dizer que a Bundesliga se tornou verdadeiramente interessante. Apenas houve mudança de protagonista. Já é alguma coisa.
Conclusão:
Bayer Leverkusen campeão da Alemanha? Sim! Para variar.
Vencedor da Liga Europa? Não! Por razões óbvias. Mas não há dúvida de que será um osso muito duro de roer. Espero que o nosso Sporting só o encontre na final.
Curiosidade: na época de 2014/15, o Bayer Leverkusen começou a ser treinado por um certo Roger Schmidt, não sei se conhecem. Conseguiu um quarto lugar e, na época seguinte, um terceiro. No entanto, em 16/17, perante um certo descalabro, o tal senhor que talvez alguns conheçam foi despedido a meio da época. Acontece.
No fim-de-semana, reiniciaram as jornadas da primeira e da segunda divisões da Bundesliga. Não consegui acompanhar os jogos de Sábado (o dia principal da jornada), mas vi, ontem à noite, o resumo televisivo dos dois jogos de Domingo da 1ª Bundesliga. O Bayern foi ganhar 2:0 ao campo do Union Berlin e o 1.FC Köln (Colónia), depois de igualmente ter estado a ganhar por 2:0, acabou por consentir num empate, em casa, frente ao Mainz 05.
Apesar de muitos aspetos caricatos, estes primeiros jogos durante a crise pandémica não deixaram de ter pontos interessantes.
Os jogadores entram em campo de máscara, suponho que serão obrigados a usá-la nos balneários. Não cheguei a apurar se lá também têm de respeitar a distância de segurança e se vão para o duche mascarados. O certo é que, ao entrar em campo, tiram as máscaras e, depois, jogam como sempre, ou seja, muito contacto físico, de corpos suados, embora não festejem os golos amontoados, aos abraços. Penso, porém, que não adianta tentar ver lógica nisto.
Quem se encontra no banco, tem de usar máscara e respeitar as distâncias. Conclusão: apenas há lá lugar para o treinador e um ou dois colaboradores e falam uns com os outros sem se aproximarem. Se, porém, o treinador sente necessidade de se aproximar das quatro linhas, para berrar ordens ou palavras de incentivo, pode tirar a máscara e gritar, como sempre.
Como disse, porém, há aspetos que achei interessantes. Apesar de os berros ecoarem no estádio vazio (aumentando a sensação de isolamento), sentimo-nos mais perto dos jogadores, pois conseguimos ouvi-los bem (embora nem sempre se entenda o que berram, o que até será aconselhável). O facto é que, em certos momentos (golos, ou situações polémicas) até nos esquecemos da falta de público, tal é a berraria em campo. Confesso que gostei. Dá a sensação de que somos envolvidos na intimidade da equipa.
De referir ainda a sensação de normalidade, ao ouvir o noticiário radiofónico com os resultados do futebol.
Veremos que consequências isto trará na evolução da pandemia. Espero que não sejam más, embora sem considerar outros pontos, como o impacto desta situação especial na vida privada/familiar dos jogadores e o facto de, no fundo, eles servirem de cobaias numa experiência que ninguém sabe como acabará.
Permitam-me uma pausa para falar de algo que não tem a ver com o Sporting (a não ser por se tratar de um clube que foi seu adversário, há pouco tempo). E porquê? Porque há várias épocas que a Bundesliga não andava tão interessante, devido ao domínio incontestável do Bayern de Munique.
Ontem, o Bayern perdeu o primeiro lugar ao ser batido por 1:0 pelo... Dortmund (por acaso, o meu clube favorito, neste país onde vivo). A crise está aberta no clube bávaro, o treinador Carlo Ancelotti encontra-se em dificuldades e, apesar de Pep Guardiola ter sido bastante criticado enquanto esteve à frente de uma das melhores equipas do mundo (havia quem dissesse que a sua tática não se adequava ao futebol alemão) o certo é que o clube nunca esteve em tão maus lençóis durante a sua regência.
Assim se aproximou o Dortmund novamente do topo da tabela, contacto que parecia ter perdido, devido a uma fase menos boa. Encontra-se agora em 3º lugar (embora empatado em pontos com o Colónia e o Hertha Berlim), a 3 pontos do Bayern e a 6 do líder.
E por falar em líder, essa é a segunda grande surpresa: o RB Leipzig, que na época passada jogava na 2ª divisão, lidera agora a Bundesliga!
...a bela exibição de Carlos Mané, pelo Estugarda, ontem na Taça da Alemanha, ante do Borussia M´gladbach. O extremo fez um jogo de sacrificio, correndo quilómetros, ajudando a defender e sendo dos melhores a atacar. Não chegou para seguir em frente, mas a atuação do camisola 15 ficou na retina.
A Liga alemã vendeu os direitos televisivos por um valor record de 1,4 mil milhões de Euros.
«[A venda dos direitos] É um passo importante para garantir a viabilidade do futebol alemão. A Bundesliga tem agora condições para continuar a ser uma das três ligas mais fortes da Europa em termos de receitas», afirmou Christian Seifert, diretor da Bundesliga.
Mais uma vez e tendo em conta as diferentes realidades, o que fez o Benfica?
Nunca um jogo que decide quem sobe/desce de divisão foi tão importante! A Alemanha está hoje de olhos postos na 1ª mão da partida entre o Hamburgo SV (o 16º classificado da Bundesliga) e o Greuther Fürth (3º classificado da 2ª divisão), às 20h30m, hora local (em Portugal, uma hora mais cedo). O Hamburgo SV, cujo capitão é a antiga estrela da seleção holandesa Rafael van der Vaart, conta com uma Taça dos Campeões, uma Taça das Taças e seis campeonatos no seu palmarés. Mas as dificuldades dos últimos tempos, a par da simpatia que nutro pelo clube, pois moro perto de Hamburgo, fizeram-me compará-lo ao Sporting, na malograda época passada (também ficaram em 7º lugar). Porém, enquanto os nossos leões depressa subiram a um lugar mais de acordo com o seu prestígio, o clube alemão desceu mais baixo do que nunca e vê-se obrigado a um play-off para não descer de divisão (o que aconteceria pela primeira vez).
Os adeptos do Hamburgo SV estão com o coração nas mãos. E eu quase também...
Adenda: o nosso comentador jc foi mais rápido que eu (ver comentários): o Hamburgo SV não passou do 0-0 em casa. Aqui bem visível a desolação de Rafael van der Vaart, depois do jogo:
Adenda 2: Foi rés vés, mas o Hamburgo conseguiu superar este obstáculo, ao empatar no estádio do Greuther Fürth por 1:1. Os momentos finais foram emocionantes, a equipa da casa esteve perto de marcar o segundo golo. Enfim, o Hamburgo conseguiu salvar o estatuto de nunca ter descido de divisão. Mas anunciam-se medidas drásticas para tirar o clube da crise, incluindo a dissolução de todo o management. Veremos se terão tanto sucesso como o Sporting...
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