Tarde e a más horas, sem qualquer proveito para o clube, o Sporting viu-se livre de um tal Bruno Paulista que chegou em Agosto de 2015 e aqui esteve uns anos a passar férias muito bem remuneradas, sem ter contribuído em nada para o nosso futebol. Quase seis anos depois, o brasileiro - agora com 25 anos - regressou ao país natal, abandonando enfim Alvalade, onde recebia cerca de meio milhão de euros de salário anual.
Saiu por rescisão do contrato, por mútuo acordo. Balanço destes anos em que esteve sob contrato da SAD leonina: participou em sete jogos. À média de pouco mais de um por época.
Quando me falam em jogadores que nunca deviam ter vindo, penso sempre neste Paulista: uma perfeita inutilidade que chegou por empréstimo mas com cláusula de compra obrigatória no valor de 3,5 milhões de euros por 80% do passe.
O problema é que, na última década, chegaram pelo menos cem tão inúteis como ele. O que ajuda a explicar muito sobre as dificuldades financeiras que enfrentamos há tempo de mais.
As notícias de hoje indicam que Bruno Paulista, emprestado ao Vasco da Gama, e Tiago Ilori, anteriormente vendido ao Liverpool e actualmente no Reading, podem estar de regresso a Alvalade. A novidade primeiro estranha-se, mas depois começa a fazer algum sentido. Tal como Sérgio Conceição, que reabilitou jogadores como Marega, Aboubakar, Oliver Torres, Adrián Lopez ou Herrera, Marcel Keizer tem vindo a aproveitar futebolistas que já eram dados como descartáveis e a melhorar outros. Wendel, para quem o dialecto de JJ era mandarim e que, mais tarde, também não se enquadrou na táctica do pudim Molotov, de Peseiro, mostra-se agora perfeitamente fluente em flamengo. "Muttley" Acuña impôs-se como um lateral esquerdo que morde as canelas aos alas adversários e ainda arranja tempo para impulsionar o ataque com cruzamentos cheios de raiva, algo para o qual a oposição ainda não encontrou a vacina adequada (tentarem expulsar o homem todos os jogos não conta). Bruno Fernandes, o MVP, parece bom demais para ser verdade e Miguel Luís vai crescendo e até já marcou dois golos na sua época de estreia. Até os "patinhos feios" Diaby, Gudelj e Bruno Gaspar parecem melhorar: o maliano é o jogador de King do baralho leonino. Ele, que em 17 jogos com Peseiro e Tiago Fernandes jogou para nulos, já marcou seis golos (10 jogos) nesta nova era de (números) positivos; o sérvio, é apesar de tudo mais intimidador (By the way, faz lembrar um Jigsaw bonzinho que dá mais opções de vida do que de morte aos seus adversários) como um "6" do que como um "8", posição à qual não dá a fluidez necessária; finalmente, o português, embora continue a apresentar um futebol sofrível, descobriu agora inimanigáveis artes no bilhar, o que já garantiu à equipa uma carambola decisiva.
Com estes exemplos de sucesso, como resistir à oportunidade de dar um novo fôlego à carreira destes dois ainda jovens futebolistas? Ilori é um jogador que perde frequentemente a concentração nos jogos, mas tem algo que parece faltar aos nossos centrais: é supersónico na recuperação defensiva. Limados os pontos-fracos, um perfil assim pode permitir à equipa subir a sua zona de pressão, a partir de um bloco defensivo colocado alguns metros à frente. Também Paulista pode vir a ser importante. Originalmente um "6" que Jorge Jesus insistiu em ver como um "8", o brasileiro tem capacidade de transporte de bola e de passe à distância, necessitando de melhorar a sua intensidade defensiva. Ambos são bons projectos a carecer de desenvolvimento, razão pela qual as suas carreiras ainda não explodiram. Mas, dado aquilo que vamos conhecendo neste mês e meio, haverá melhor treinador do que Keizer para potenciar o seu talento? É que, a continuar assim, o holandês ameaça transformar-se num encantador de leões.
O que escrevemos aqui, durante a temporada, sobre BRUNO PAULISTA:
- Eu: «Meli e Bruno Paulista continuam sem jogar. Foram contratados para quê?» (2 de Dezembro)
- Francisco Chaveiro Reis: «A seis, Petrovic e Paulista são falhanços. Devem ser emprestados e deve apostar-se no regresso de Palhinha.» (20 de Dezembro)
- Rui Cerdeira Branco: «Bruno Paulista? Pois. Entre lesões e apagões, a oferta imensa do meio-campo no início da época pariu um buraco.» (14 de Maio)
A tentativa de desestabilização é tanta que se perde o rigor jornalístico. O Bruno Paulista ainda pode ser convocado para a Lista B, bastava que tivesse menos de 21 anos. Simples.
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