Foge que vem aí o Matic
Pode alguém que é agredido vender-se ao agressor?
Eu responderia: Não!
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Pode alguém que é agredido vender-se ao agressor?
Eu responderia: Não!
Pelo que vou lendo nas notícias da imprensa especializada, Joelson Fernandes corre o risco de deixar o Sporting sem ter feito sequer meia parte de um jogo na primeira divisão do futebol. Tem contabilizados 37 minutos na Liga 2019/2020 e já chegam a Alvalade apelos cobiçosos ao "rapto" do jogador, que conta apenas 17 anos e quatro meses.
Destaca-se nesta corrida o Arsenal, que andou a jogar às escondidas com o Sporting nos casos de Cristiano Ronaldo e Bruno Fernandes, acabando por ser fintado pelo Manchester United. Ao que parece, o clube londrino não quer agora ficar para trás na corrida ao passe de Joelson, avaliado em 45 milhões de euros (quantia fixada por contrato de Março de 2019). E contará, para o efeito, com o apoio expresso do empresário Kia Joorabchian, e do próprio pai do miúdo, que funciona como tutor de Joelson por este ser menor, mas em articulação directa com o referido indivíduo.
É uma história velha como o mundo, esta dos pais que contam facturar com o talento e o suor dos filhos. O Sporting está doutorado nesta matéria, como sabemos.
Até por isso, não consigo compreender como se incorporam na equipa principal miúdos da formação sem as devidas salvaguardas contratuais para o Clube. Os precedentes nos casos Eric Dier, Bruma e Ilori - lançados na equipa principal durante a malfadada época 2012/2013 - deviam funcionar como alerta permanente em Alvalade para que nada disto se repita.
Afinal o erro volta a ser cometido. Joelson entra no "clube dos grandes" sem ter dado aval, através do pai-tutor, à renovação do contrato. Que inicialmente lhe fixava uma cláusula de 100 milhões de euros, tendo baixado para 80 milhões. O pré-acordo não foi honrado e nem sequer a hipótese alternativa de 60 milhões parece de momento em equação. O que nos pode privar de um inegável talento da Academia de Alcochete que mal chegou a dar contributo desportivo ao clube que o formou.
Espero, sinceramente, que os meus receios não se confirmem e que o desfecho desta história seja o melhor. Mas os maus exemplos do passado fizeram-me muito desconfiado em tudo quanto se relaciona com Joelson. Porque eu já vi este filme. E sei que nunca acaba bem para o Sporting.
Bruma deu nega ao FC Porto, preferindo jogar no PSV, contrariando aqueles que nos últimos dias já o consideravam como reforço seguro no estádio do Dragão.
Confesso que a notícia me satisfaz: detestaria ver actuar um jogador que sempre apreciei, formado na Academia de Alcochete, com a camisola de um clube rival do Sporting.
Desejo boa sorte ao Bruma lá pela Holanda.
Continuo sem perceber por que motivo Fernando Santos tem convocado Pizzi ou Bruma, por exemplo, para os mais recentes jogos da selecção nacional de futebol enquanto deixa Nani de fora.
Alguém me explica qual é o critério?
MAIS
MENOS
Empresários e agentes, muitas vezes meros parasitas do futebol, prejudicam com frequência as carreiras dos profissionais: veja-se o caso de Rafa, exemplar nesta matéria. Ou o que aconteceu com Bruma, que tinha uma carreira promissora, chegou a internacional sub-21 e estaria hoje talvez com lugar cativo na selecção A se tivesse continuado no Sporting.
Preferiu dar ouvidos a um parasita. O resultado está à vista: podia ter sido um novo Nani mas só conseguiu ser um novo Djaló.
Neste momento Bruma estará mil vezes arrependido de ter dado o mau passo que deu, escutando quem não devia, rodeando-se de escroques que se faziam seus amigos. "Preciso de jogar, acabou a conversa, já o disse ao treinador", desabafou o avançado formado na Academia de Alcochete, visivelmente agastado por permanecer à margem das escolhas do técnico do Galatasaray.
Já vão longe os dias em que Bruma, podendo jogar, não o fazia. No Sporting. Rasgando compromissos contratuais, recusando comparecer nos treinos, faltando a reuniões com o presidente leonino. Queríamos vê-lo jogar e ele apenas sonhava com milhões de euros a voar longe de Alvalade. O destino trocou-lhe as voltas: agora quer ele jogar sem concretizar este desejo.
Por estes dias, podia disputar a Liga dos Campeões vestido de verde e branco. Podia integrar-se na melhor equipa do Sporting da última década. Podia continuar a contar com o entusiástico apoio das bancadas no estádio que tão generosamente sempre o acolheu. Os falsos amigos recomendaram-lhe outro destino. Despacharam-no para a Turquia, onde até hoje nunca se sentiu feliz nem realizado. Deixou de jogar, deixou de marcar, deixou de escutar os aplausos calorosos de quem via nele um novo ídolo.
Aprende com os pontapés da vida, Bruma. Derrota por goleada todos aqueles que te aconselham a renegar as raízes. E finta para sempre os escroques.
Na essência, o que distingue a tão pouco criticada saída de Leonardo Jardim da tão criticada saída de jovens jogadores como Dier, Ilori e Bruma?
Nada.
Pode-se discutir a forma como agiram, a integridade das declarações, os comportamentos mais ou menos adequados, e afins, mas no fim de contas, todos sairam pelo mesmo motivo. Dinheiro!
Inclusivamento considero que qualquer um dos três jogadores referidos tomou uma melhor opção de carreira que Leonardo Jardim (que neste momento treina um plantel de qualidade inferior ao do Sporting). Se foi enganado só tem que se demitir.
Bruma
Começava a desenhar-se um problema no Sporting. Relacionado com Bruma, um dos astros da nossa academia subitamente guindado à equipa principal sem salvaguarda prévia do seu vínculo contratual. O jovem extremo, que deu nas vistas em alguns jogos realizados na segunda metade da Liga 2012/13, tinha ligação ao clube até 2014 mas um ano antes já o seu advogado andava a proclamar nos jornais a invalidade dessa meta contratual.
Parecia o início de um braço-de-ferro inaceitável entre o jogador e o clube que lhe deu formação e um lugar ao sol.
Segundo o jornal A Bola, o empresário de Bruma reivindicaria um milhão de euros a título de "prémio de assinatura". Caso contrário ameaçava projectar o atleta noutras direcções, nomeadamente clubes ingleses e alemães.
«Aparentemente, o empresário já optou. Ambiciona ganhar o máximo de dinheiro no mais curto prazo possível. Nem que isso tenha elevados custos no percurso profissional do jovem luso-guineense. Mas a decisão final caberá ao própro Bruma. Ele terá de decidir se prefere ser um novo Bebé, que cedo de mais rumou às terras de Sua Majestade com grandes parangonas jornalísticas que em nada o ajudaram, ou se não lhe será muito mais útil completar a sua formação em Alvalade, ganhando maturidade competitiva e a disciplina táctica de que tanto carece. Porque em futebol, desporto colectivo, não basta ser bom no plano da técnica individual. Nem basta ser bom de pés: é fundamental saber usar a cabeça.»
Palavras minhas, aqui publicadas a 4 de Junho de 2013. Como se já adivinhasse o que viria a seguir.
Há um ano, Bruma era ídolo em Alvalade e apontado como um dos mais promissores talentos da novíssima geração do futebol português. Em época de vacas magas, bastou-lhe ter marcado um golo e concretizado três assistências na equipa principal, ao longo de três meses, para colher rasgados aplausos e preencher manchetes que lhe subiram demasiado cedo à cabeça. Manipulado por empresários e advogados pouco escrupulosos, na mira do lucro fácil, o jovem avançado fez tábua rasa do seu compromisso com o Sporting: faltou a reuniões com o presidente, começou a abandonar os treinos e um belo dia declarou que queria mudar de ares alegando que o vínculo contratual com o clube estaria já fora de prazo.
Bruno de Carvalho não foi em cantigas. Bruma só saiu quando houve um clube disposto a pagar por ele um preço que o presidente do Sporting considerou justo. E o jovem lá rumou ao Galatasaray há oito meses, a troco de 12 milhões de euros. Isto só depois de a Comissão Arbitral Paritária, numa decisão tomada por unanimidade, ter considerando "totalmente improcedentes" as teses alegadas pelo advogado e pelo tutor do dianteiro formado na academia de Alcochete, dando inteira razão ao nosso clube no braço-de-ferro entretanto gerado.
A sorte foi madrasta para o rapaz nascido na Guiné-Bissau. Marcou um golito em Dezembro, lesionou-se com gravidade em Janeiro e acabou emprestado ao modesto Gaziantepspor até ao final da temporada. Um clube que luta para não descer: encontra-se em quarto lugar do campeonato - a contar do fim.
Não voltei a ouvir falar dele. O que só confirma como é volátil a idolatria no mundo do futebol. E como são frágeis os espíritos incapazes de lidar com ela.
Se tivesse sabido resistir ao canto das sereias, Bruma estava hoje na antecâmara da Champions ao serviço do clube que fez dele um futebolista profissional. E com passaporte garantido para o Campeonato do Mundo a disputar dentro de semanas no Brasil.
Saber esperar é uma rara virtude. No futebol como na vida.
Mas há males que vêm por bem. Pelo menos este folhetim permitiu sublinhar uma evidência: com o Sporting não se brinca.
No futebol português nunca faltam defensores das mais vergonhosas arbitragens. A de João Capela, na Luz, encontrou um entusiástico defensor na pessoa do presidente da APAF, José Gomes. "Está de consciência tranquila e acho que fez um bom trabalho", declarou o responsável máximo pela corporação dos árbitros portugueses em declarações ao jornal Record. Caucionando assim, ao arrepio da justiça desportiva, uma actuação que mereceu a crítica unânime dos especialistas na matéria.
O futebol é assim: vai de novela em novela. Ficava para trás o capítulo Capela, abria-se o capítulo Bruma. Com uma declaração do empresário do jovem avançado leonino, Cátio Baldé, a puxar pelos incipientes galões do seu pupilo, aparentemente já de olhos postos no Campeonato do Mundo de 2014: "Bruma reza todos os dias para que Portugal se apure para o Mundial. É muito jovem e tem uma ambição: considera que neste momento, humildemente, que é uma alternativa credível ao Nani."
Havia ali, aparentemente, a intenção de dar um passo maior que a perna.
Muito a propósito, comentando ainda o dérbi disputado na antevéspera, o Francisco Mota Ferreira escrevia nesse dia 23 de Abril de 2013 estas palavras que ameaçavam revelar-se proféticas: "Gostei da actuação de Bruma. É um grande jogador e dizem os jornais que o Sporting está a fazer tudo para que fique connosco. Já começou a ser assediado e, se não se acautelarem as coisas, iremos perdê-lo."
Wolfswinkel só marcou um golo desde que foi para Inglaterra
Galatasaray confirma lesão grave de Bruma
Ilori com problemas musculares no Granada
Clube de Pedro Mendes com a corda na garganta
PSV de Schaars com maior crise de resultados em 40 anos
DECEPÇÃO DO ANO: BRUMA
No futebol, como na vida, estas coisas são frequentes: muitos prometem, mas só alguns conseguem cumprir. Tenho-me lembrado disto a propósito de alguém que até ao final da época passada era uma das figuras mais idolatradas pelos adeptos sportinguistas. Faltou-lhe muito pouco para ter Alvalade a seus pés. Quis o destino, porém, que Bruma optasse por outros voos em busca do dinheiro fácil e da glória instantânea. Virando costas a uma das melhores épocas de sempre do Sporting.
A cupidez e a ganância de alguns que o rodeavam originou este passo atrás na sua vida desportiva. Que, paradoxalmente, resultou num excelente encaixe financeiro para o nosso clube, superior à transferência de Wolfswinkel para o Norwich escassos meses antes. E proporcionou a Bruno de Carvalho uma das vitórias mais saborosas do seu ainda curto mandato no plano extra-desportivo quando a Comissão Arbitral Paritária deu inteira razão ao Sporting no conflito com o jogador, cujo advogado alegava que Bruno já não possuía vínculo contratual com o clube que lhe proporcionou o essencial da sua formação no futebol.
O jovem atacante nascido há 19 anos em Bissau e lançado por Jesualdo Ferreira na equipa principal do Sporting em 10 de Fevereiro de 2013 rumou então ao Galatasaray, assistindo à distância de um continente à glória renascida dos leões no campeonato português. No final do ano, um jornal turco adiantava que o jogador poderia ser emprestado a outro clube para se afirmar como titular e ganhar rodagem. Até ao momento, o luso-guineense fez apenas um golo no Galatasaray.
Haveremos de voltar a aplaudi-lo, nomeadamente nos jogos da selecção nacional. Mas a magia quebrou-se, talvez para sempre, a partir do momento em que Bruma - um dos mais promissores elementos da academia de Alcochete - começou a faltar a reuniões com Bruno de Carvalho para renovação do contrato alegando, entre outros argumentos absurdos, que não ouvira o despertador tocar.
As grandes expectativas são assim: geram por vezes grandes desilusões. Mas a vida continua. E o futebol também.
Decepção do ano em 2012: Elias
Onde estavas tu ontem à noite? Em lugar nenhum.
Record, 10 de Fevereiro de 2013:
Título: Bruma estreia-se nos convocados
Legenda: Bruma está blindado por uma cláusula de 30 milhões
Texto: "Bruma é a grande novidade da convocatória de Jesualdo Ferreira para o embate com o Marítimo. O jovem extremo da equipa B é visto em Alvalade como um dos maiores talentos da formação, mas até ao momento ainda não havia sido chamado para nenhum jogo oficial da equipa principal.
Aos 18 anos, em processo de renovação com os leões, com quem tem contrato até 2016 (cláusula de rescisão de 30 milhões de euros), Bruma cativou a atenção de Jesualdo Ferreira que, ao contrário de Sá Pinto, Oceano ou Vercauteren, nunca tinham incluído o internacional sub-20 nas suas opções da equipa principal. [sic]
Bruma soma sete golos na equipa B, gosta de actuar preferencialmente pelo lado esquerdo do ataque e faz da velocidade e capacidade técnica as principais características.
Aliás, o jovem atacante tem sido muito assediado por clubes estrangeiros, com o Manchester City no topo da lista dos principais interessados, situação que tem motivado os responsáveis leoninos a procurar blindar o jogador."
Os sublinhados do texto são meus
Sporting recebe 12 milhões do Galatasaray pela transferência de Bruma
Quem ontem ouvisse, unidos em rara sintonia, os representantes do Benfica e do FC Porto na SIC Notícias confessando-se surpreendidos e até preocupados com a decisão da Comissão Arbitral Paritária sobre o caso Bruma deve ter ficado esclarecido sobre a cobiça dos dois clubes ao nosso jogador.
No programa Dia Seguinte, o benfiquista Rui Gomes da Silva considerou que aquela decisão - tomada por unanimidade - "abre uma caixa de Pandora", no que foi de imediato secundado pelo portista José Guilherme Aguiar. Ambos estavam confiantes num desfecho muito diferente deste caso, apoiados naquilo a que Gomes da Silva chamou "opinião unânime das pessoas especializadas em direito desportivo" e que Guilherme Aguiar qualificou de "peritos em direito desportivo": a CAP trocou-lhes as voltas ao considerar no seu acórdão - sem possibilidade de recurso - que as normas aplicáveis neste caso não são as da FIFA nem da UEFA mas as do direito do trabalho português.
"Cada país passa a aplicar a sua legislação a todo o momento, consoante os casos", escandalizou-se o benfiquista. "Estou completamente de acordo com o Rui Gomes da Silva", secundou de imediato o portista. Deixando ambos antever os interesses inconfessados dos respectivos clube em sacar Bruma ao Sporting.
Razão acrescida para darmos os parabéns ao departamento jurídico do nosso clube pelo excelente trabalho que está a fazer.
O Bruma apresenta-se a Alvalade para trabalhar. O que significa regressar à casa que o acolheu desde os 13 anos. O Bruma renova o contrato: aumenta o ordenado, aumenta o tempo de duração do vínculo, aumenta a claúsula de rescisão. O Bruma volta a ganhar competitividade na equipa B e faz uma espécie de reload. O Bruma é depois reintegrado na equipa principal e o Sporting fica mais forte. Para quê complicar?
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